A boca de Karina estava cheia de comida, e ela apenas balançou a cabeça. No entanto, ela não olhou para ele. Ademir sentiu uma dor no peito, sabia que a havia magoado ao deixá-la esperando sozinha a noite toda: — E amanhã à noite, que tal? Eu vou fazer a reserva no restaurante, e garanto que vou chegar antes de você. — Não precisa. — Karina continuou balançando a cabeça, pegando um pedaço de rabanete picante, e murmurou em voz baixa. — Só resta esse. — Eu te sirvo mais. — Ademir se levantou imediatamente, pegando o prato vazio. Mas logo percebeu que não sabia onde o prato estava. Procurou na geladeira, mas não encontrou nada. Então, disse: — Vou chamar a Wanessa. — Não precisa. — Não tem problema. — Ademir insistiu. — Você não queria mais, não? — Eu disse que não precisa. — Karina franziu a testa e deixou o garfo de lado. — Por que você sempre faz isso? Se eu preciso ou não, eu mesma decido. Sua voz estava claramente carregada de frustração. Ademir percebeu
— Você não precisa saber. — Karina, tentando suportar a dor, retirou a mão.Ele não precisava saber?Ademir estreitou os olhos, que eram lindos e penetrantes:— Você é minha esposa, sua mão está machucada, e eu não preciso saber?— Tem algum problema? — Karina sorriu levemente, sem que sua voz demonstrasse qualquer alteração emocional, tão tranquila quanto se estivesse apenas enunciando um fato. — Você passou a noite com a Vitória comemorando o aniversário, e eu também não sabia, não é?O quê?Mais do que um sentimento de culpa, Ademir estava surpreso. Comemorando o aniversário juntos? Aproveitando que ele estava absorto, Karina sacudiu o braço e subiu as escadas.Aniversário?Ademir franziu a testa, lembrando de repente que era o seu aniversário.Então, Karina o convidou porque queria comemorar seu aniversário?Ele se arrependeu imediatamente ao pegar o celular e discar um número.— Ademir. — Do outro lado da linha, era Bruno.Ele estava com Karina o tempo todo. Se Karina queria faze
Talvez, desde o início, ele já tivesse pensado em comemorar o aniversário com a Vitória.Ela deveria, dali em diante, guardar seu coração e deixar de fazer essas coisas bobas. Ela se esforçava tanto, mas ele não precisava disso, e no final, só acabava deixando todo mundo constrangido.Deitada na cama, com a luz apagada, Karina se preparava para dormir.Mas, de repente, ela ouviu um barulho vindo da porta.Parecia que a fechadura estava girando?Karina imediatamente se virou, se sentando na cama.Nesse momento, a porta foi aberta, a luz principal acendeu, iluminando todo o quarto.Ademir entrou, jogando a chave sobre o sofá com desprezo.Karina ficou paralisada. Ela se esqueceu de que aquela era a casa dele, como ele poderia não ter a chave do quarto?Ademir caminhou em sua direção e, com um movimento calmo, se sentou de pernas cruzadas na cama:— Não vai me deixar entrar? Então, onde eu vou dormir? Este é o nosso quarto, metade é meu.Karina o encarou por dois segundos, então assentiu
Então, com cuidado e delicadeza, ele a deitou na cama. Segurou ela nos braços, sem dar chance para que ela fugisse.— Eu já te falei, tudo o que eu disse não vale nada? Eu te disse que não trairia o casamento, por que você não acredita em mim? — Disse ele.Karina o encarou fixamente:— Sr. Ademir, eu acredito que você é um homem de moral. Seu corpo será fiel ao casamento.Ele recebeu uma boa educação, com um forte senso de moralidade e responsabilidade, e, após tanto tempo juntos, ela tinha confiança nisso.— Mas, não é apenas a traição física que é traição. A traição psicológica também é traição. — Karina pensou um pouco, sentindo que suas palavras não estavam certas, então se corrigiu. — Eu falei errado. Seu coração... Nunca esteve aqui comigo...Ademir a interrompeu, perguntando:— Você realmente acha que tem consciência ao falar assim? Ele tinha sido bom com ela, será que ela havia se esquecido de tudo isso?— Está certo. — Karina aceitou com humildade, reconhecendo que suas pala
— Desculpa, foi minha culpa. Eu aceito a punição....No dia seguinte, Karina ainda estava dormindo, não completamente acordada, quando sentiu uma coceira nas mãos.— O que você está fazendo? — Ela perguntou impacientemente.— Te acordei? — Ademir respondeu em voz baixa. — Já vou sair. Só vou passar mais um pouco de pomada na sua mão, depois você pode continuar dormindo. Quando acordar, se lembre de passar também. Tem que passar quatro vezes por dia.— Que irritante! — Karina puxou as cobertas e cobriu a cabeça.Ademir sorriu, resignado, mas com um toque de carinho.O temperamento de Karina não era dos mais explosivos, mas foi vivendo com ela que Ademir percebeu que ela tinha uma certa tendência a ficar mal-humorada logo ao acordar. Quando ela dormia o suficiente, tudo bem, mas quando não dormia o suficiente, o mau humor era bem evidente.— Não vou te incomodar mais. Dorme aí.Karina abriu os olhos novamente, já era mais de dez horas.Ela não tinha trabalho naquele dia, apenas precisav
Às dez da noite, no Hotel Dynasty.Karina Costa olhou para o número na porta: Suíte Presidencial 7203.“É aqui.”Seu celular vibrou com uma mensagem de Lucas Costa: [Karina, sua tia concordou. Contanto que você acompanhe bem o Sr. Francisco, eu pago imediatamente as despesas médicas do seu irmão.]Karina leu a mensagem, com uma expressão neutra em seu rosto pálido.Ela já estava entorpecida, incapaz de sentir dor.Depois que seu pai se casou novamente, ele deixou de se importar com ela e seu irmão. Durante mais de dez anos, eles foram deixados à mercê dos maus-tratos e até abusos da madrasta.Faltar roupas e comida era normal; insultos e espancamentos eram frequentes.Desta vez, devido a dívidas de negócios, eles a forçaram a dormir com um homem!Quando Karina se recusou, eles ameaçaram cortar o tratamento do irmão dela.Seu irmão tinha autismo, e o tratamento não podia ser interrompido.Mesmo os tigres, por mais ferozes que sejam, não comem seus filhotes. Lucas era pior que um animal!
Karina se apressou para voltar para casa.Um homem de meia-idade, gordo e com a cabeça semi-careca, estava sentado no sofá da sala, olhando furioso para Vitória.— Uma estrela em ascensão, eu prometi que me casaria com você! Como ousa me enganar e me deixar esperando a noite toda?Vitória aguentava a humilhação. Nem se falava que Francisco usava essa desculpa todas as vezes para se aproveitar das mulheres. Mesmo que ele estivesse realmente disposto a se casar com Vitória, isso seria uma armadilha! Quem se atreveria a se casar com ele?Vitória teve o azar de ser notada por ele.Mas seus pais, preocupados com ela, fizeram Karina substituir Vitória.Só que não esperavam que Karina fugisse na última hora!Eunice falou cuidadosamente:— Sr. Francisco, sinto muito, a menina não entende as coisas, por favor, perdoe ela.Lucas falou timidamente:— Por favor, não fique zangado.— Não ficar zangado? — Francisco disse muito irritado. — Impossível! Já que Srta. Vitória não está disposta, eu não a
— Sr. Ademir. — Francisco de repente parou de andar. No círculo comercial, todos que tinham algum status conheciam Ademir. — O que o senhor está fazendo aqui?Ademir nem olhou para ele, com os olhos fixos em Vitória, que não parava de chorar.Essa mulher era a garota que na noite passada chorava delicadamente em seus braços...De repente, ele levantou a mão e deu um tapa forte em Francisco, jogando-o no chão!Francisco imediatamente cuspiu um dente, ainda coberto de sangue.A família de Vitória estava tão assustada que nem ousava respirar.Os lábios finos de Ademir se curvaram em um sorriso sarcástico. Sua voz, indiferente, era como uma lâmina fina e afiada:— Você ousa tocar na minha pessoa?!Francisco, caído no chão, cobria a boca, falando tremulamente:— Sr. Ademir, eu não sabia que ela era sua pessoa, eu não a toquei, juro! Por favor, me perdoe!Ademir não acreditou em suas palavras e olhou para Vitória.— É verdade?Vitória balançou a cabeça, atordoada:— Não, não é...— Saia daqu