Quando Júlio voltou, ele contou ao Ademir que tudo estava resolvido, e que ele próprio havia entregue o grampo de borboleta diretamente nas mãos da pequena borboleta.Ademir então ficou tranquilo.Agora, poderia viajar com a mente mais leve e seguir para o exterior, onde se submeteria ao tratamento.Ele estava cego havia quase seis meses, e o tratamento durou cerca de mais seis meses.Dessa vez, o tratamento foi um sucesso.Ele pôde ver novamente!Ademir acreditava que essa recuperação tinha algo a ver com a sorte que a pequena borboleta havia lhe trazido.Após recuperar a visão, a primeira coisa que ele fez ao voltar foi procurar por ela.Mas, infelizmente, ela já havia desaparecido.Nos anos seguintes, a pequena borboleta nunca mais apareceu.Sua memória voltou ao presente.Agora, vendo Vitória se aproximando, cada passo dela fazia seu peito apertar, os olhos começando a se encher de lágrimas.Com medo de assustá-la, Ademir pegou o grampo de borboleta e, com cautela, o estendeu até e
Vitória percebeu que Ademir estava com uma expressão estranha e perguntou: — Você tem algo urgente para fazer? — Tenho. — Ademir assentiu, se levantando. — Desculpe, Vitória, eu preciso ir. — Não precisa pedir desculpas. — Vitória, compreensiva, não o impediu. — São tantos anos de amizade, você acha que vou me preocupar com esses detalhes? Se você tem algo a fazer, vá logo. Ademir, agradecido, disse: — Então eu vou indo. Vamos nos falar depois. — Se cuide na estrada! — Vitória se levantou e o observou sair. Um sorriso sutil se formou em seus lábios. Com a mão, ela apertou lentamente o broche de borboleta que segurava, sentindo a tensão aumentar....No carro, Júlio ligou para Bruno: — Você precisa manter a Karina aí. O Ademir está a caminho. — Vou tentar. Após desligar, a porta do salão se abriu e Karina saiu. Bruno, preocupado, se apressou para bloqueá-la, dizendo: — Karina, o Ademir já está chegando, por favor, espere um pouco mais. — Não. — Karina sorriu
A boca de Karina estava cheia de comida, e ela apenas balançou a cabeça. No entanto, ela não olhou para ele. Ademir sentiu uma dor no peito, sabia que a havia magoado ao deixá-la esperando sozinha a noite toda: — E amanhã à noite, que tal? Eu vou fazer a reserva no restaurante, e garanto que vou chegar antes de você. — Não precisa. — Karina continuou balançando a cabeça, pegando um pedaço de rabanete picante, e murmurou em voz baixa. — Só resta esse. — Eu te sirvo mais. — Ademir se levantou imediatamente, pegando o prato vazio. Mas logo percebeu que não sabia onde o prato estava. Procurou na geladeira, mas não encontrou nada. Então, disse: — Vou chamar a Wanessa. — Não precisa. — Não tem problema. — Ademir insistiu. — Você não queria mais, não? — Eu disse que não precisa. — Karina franziu a testa e deixou o garfo de lado. — Por que você sempre faz isso? Se eu preciso ou não, eu mesma decido. Sua voz estava claramente carregada de frustração. Ademir percebeu
— Você não precisa saber. — Karina, tentando suportar a dor, retirou a mão.Ele não precisava saber?Ademir estreitou os olhos, que eram lindos e penetrantes:— Você é minha esposa, sua mão está machucada, e eu não preciso saber?— Tem algum problema? — Karina sorriu levemente, sem que sua voz demonstrasse qualquer alteração emocional, tão tranquila quanto se estivesse apenas enunciando um fato. — Você passou a noite com a Vitória comemorando o aniversário, e eu também não sabia, não é?O quê?Mais do que um sentimento de culpa, Ademir estava surpreso. Comemorando o aniversário juntos? Aproveitando que ele estava absorto, Karina sacudiu o braço e subiu as escadas.Aniversário?Ademir franziu a testa, lembrando de repente que era o seu aniversário.Então, Karina o convidou porque queria comemorar seu aniversário?Ele se arrependeu imediatamente ao pegar o celular e discar um número.— Ademir. — Do outro lado da linha, era Bruno.Ele estava com Karina o tempo todo. Se Karina queria faze
Talvez, desde o início, ele já tivesse pensado em comemorar o aniversário com a Vitória.Ela deveria, dali em diante, guardar seu coração e deixar de fazer essas coisas bobas. Ela se esforçava tanto, mas ele não precisava disso, e no final, só acabava deixando todo mundo constrangido.Deitada na cama, com a luz apagada, Karina se preparava para dormir.Mas, de repente, ela ouviu um barulho vindo da porta.Parecia que a fechadura estava girando?Karina imediatamente se virou, se sentando na cama.Nesse momento, a porta foi aberta, a luz principal acendeu, iluminando todo o quarto.Ademir entrou, jogando a chave sobre o sofá com desprezo.Karina ficou paralisada. Ela se esqueceu de que aquela era a casa dele, como ele poderia não ter a chave do quarto?Ademir caminhou em sua direção e, com um movimento calmo, se sentou de pernas cruzadas na cama:— Não vai me deixar entrar? Então, onde eu vou dormir? Este é o nosso quarto, metade é meu.Karina o encarou por dois segundos, então assentiu
Então, com cuidado e delicadeza, ele a deitou na cama. Segurou ela nos braços, sem dar chance para que ela fugisse.— Eu já te falei, tudo o que eu disse não vale nada? Eu te disse que não trairia o casamento, por que você não acredita em mim? — Disse ele.Karina o encarou fixamente:— Sr. Ademir, eu acredito que você é um homem de moral. Seu corpo será fiel ao casamento.Ele recebeu uma boa educação, com um forte senso de moralidade e responsabilidade, e, após tanto tempo juntos, ela tinha confiança nisso.— Mas, não é apenas a traição física que é traição. A traição psicológica também é traição. — Karina pensou um pouco, sentindo que suas palavras não estavam certas, então se corrigiu. — Eu falei errado. Seu coração... Nunca esteve aqui comigo...Ademir a interrompeu, perguntando:— Você realmente acha que tem consciência ao falar assim? Ele tinha sido bom com ela, será que ela havia se esquecido de tudo isso?— Está certo. — Karina aceitou com humildade, reconhecendo que suas pala
— Desculpa, foi minha culpa. Eu aceito a punição....No dia seguinte, Karina ainda estava dormindo, não completamente acordada, quando sentiu uma coceira nas mãos.— O que você está fazendo? — Ela perguntou impacientemente.— Te acordei? — Ademir respondeu em voz baixa. — Já vou sair. Só vou passar mais um pouco de pomada na sua mão, depois você pode continuar dormindo. Quando acordar, se lembre de passar também. Tem que passar quatro vezes por dia.— Que irritante! — Karina puxou as cobertas e cobriu a cabeça.Ademir sorriu, resignado, mas com um toque de carinho.O temperamento de Karina não era dos mais explosivos, mas foi vivendo com ela que Ademir percebeu que ela tinha uma certa tendência a ficar mal-humorada logo ao acordar. Quando ela dormia o suficiente, tudo bem, mas quando não dormia o suficiente, o mau humor era bem evidente.— Não vou te incomodar mais. Dorme aí.Karina abriu os olhos novamente, já era mais de dez horas.Ela não tinha trabalho naquele dia, apenas precisav
Às dez da noite, no Hotel Dynasty.Karina Costa olhou para o número na porta: Suíte Presidencial 7203.“É aqui.”Seu celular vibrou com uma mensagem de Lucas Costa: [Karina, sua tia concordou. Contanto que você acompanhe bem o Sr. Francisco, eu pago imediatamente as despesas médicas do seu irmão.]Karina leu a mensagem, com uma expressão neutra em seu rosto pálido.Ela já estava entorpecida, incapaz de sentir dor.Depois que seu pai se casou novamente, ele deixou de se importar com ela e seu irmão. Durante mais de dez anos, eles foram deixados à mercê dos maus-tratos e até abusos da madrasta.Faltar roupas e comida era normal; insultos e espancamentos eram frequentes.Desta vez, devido a dívidas de negócios, eles a forçaram a dormir com um homem!Quando Karina se recusou, eles ameaçaram cortar o tratamento do irmão dela.Seu irmão tinha autismo, e o tratamento não podia ser interrompido.Mesmo os tigres, por mais ferozes que sejam, não comem seus filhotes. Lucas era pior que um animal!