Capítulo 459
Abelardo segurou a caneta esferográfica e escreveu numa folha:

[Quero vê-lo. Você pode ajudar a marcar um encontro?]

Lúcia observou os olhos do pai, cheios de desejo. Não sabia o que ele pretendia com Sílvio, mas tinha ciência de que esse era um dos poucos desejos que seu pai mencionara.

A culpa por ter arruinado a vida de seus pais e da família Baptista pesava sobre ela. Como poderia recusar o único pedido de Abelardo? Lúcia sentia que não tinha como dizer não, mesmo sabendo que um encontro entre eles não seria adequado.

Se ao menos soubesse que o encontro no dia seguinte teria consequências tão devastadoras, ela teria feito de tudo para evitar que Sílvio fosse à sua casa no Natal.

Mas, infelizmente, a vida não oferece "se", só uma infinidade de imprevistos e sofrimentos.

Lúcia piscou os olhos secos.

Abelardo escreveu mais uma vez:

[Não se preocupe, não vai acontecer nada. O Natal é para ser celebrado em família.]

Ela mordeu os lábios, sufocando a dor que sentia, mas ainda assim
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