Apenas Irmãos
Apenas Irmãos
Por: Agnes Sparks
Provocações

✯AGNÊS WALDORF✯

  — Você não manda em mim, Andrew! — esbravejo batendo a porta com força. Na maioria da vezes, meu irmão consegue me irritar tanto ao ponto de me fazer odiá-lo. 

Entendo que esteja me protegendo, mas isso é chato e irritante. Deveria saber que já não preciso mais dele. Eu já tenho dezoito anos, não sou mais a garotinha inocente e delicada que sempre chamava o irmão para tudo. Meus pais e Andrew parecem não aceitar o fato de que Aylla e eu crescemos. 

Não posso sair de casa, a não ser que Andrew me leve. Eu não posso nem ficar mexendo até tarde no celular. Meus pais só podem ter ódio de mim. 

A única pessoa que me entende é Aylla. Minha irmã gêmea e melhor amiga. Claro, todos pegam mais no meu pé e deixam ela mais livre, e isso foi ela mesma que conquistou com toda sua birra e personalidade forte. 

Ter uma irmã gêmea tem o lado bom e o ruim. Todos sempre acham Aylla melhor do que eu, sempre estão comparando nós duas. As únicas pessoas que não idolatram minha irmã, é meus pais e meu irmão. 

Na escola eu sou popular, mesmo minhas “amigas” preferindo ela do que eu. Eu sou líder de torcida e sou amiga de um dos garotos do time de futebol americano. Andrew é o líder dos Quarterback, enquanto Aylla é só... A Aylla. 

Eu amo minha irmã, não estou tentando transformá-la em alguém insignificante, apenas acho que não existe motivos para fazerem uma comparação entre nós. Isso já ficou chato! 

— Uma hora vai ter que sair daí, gracinha — provoca Andrew abrindo a porta do meu quarto. 

Jogo uma almofada na porta e ele a fecha antes, dando risadas e resmungando piadinhas. Que ódio desse garoto! 

Meu irmão pode ser tudo, menos um amor de pessoa. 

Ele é extremamente irritante, arrogante, debochado e adora estar em um pedestal. Eu também sou assim, por isso não o julgo. 

Meus pais dão toda liberdade do mundo para Andrew. Isso porque ele é homem, nunca fez nada de errado e sempre trás para casa alguns troféus e medalhas. Andrew é literalmente o garoto troféu dos nossos pais, mesmo com toda sua fama de canalha e mal educado. Isso parece passar despercebido pelos ouvidos de dona Elizabeth e o babaca que chamo de pai. 

— Agnês, brigou com seu irmão de novo? — A voz desgostosa de minha mãe me tira dos meus devaneios. 

Olho para porta e vejo ela de braços cruzados, com uma sobrancelha arqueada e um semblante de aborrecimento. E como sempre, Andrew atrás dela com um sorriso divertido. 

— O que? Andrew quem está me mantendo presa em casa, eu só queria ir ao cinema com Vitória e Aylla — digo levantando abrupta da cama. 

— Cinema? A casa do seu namoradinho virou cinema? — Respiro fundo, tentando não pular no pescoço de Andrew e apertar forte até que ele perca a consciência. 

Ao contrário do que muitos pensam, ter irmão mais velho é horrível! Andrew é só um ano mais velho do que eu e, mesmo assim vive controlando a minha vida. 

— Bryan não é meu namoradinho! — esbravejo dando um passo a frente e cerrando os punhos. 

— Já chega disso, Agnês! Seu irmão é seu responsável quando não estou em casa. Se ele disse que você não vai sair, então você não vai! — Meu rosto fica vermelho de raiva. 

Minha mãe logo passa por Andrew, saindo bufando do meu quarto. Que ódio! Ela é uma mãe horrível! Será que não consegue perceber isso? 

Andrew sorri debochado e se aproxima. 

Ele me conhece e sabe que estou explodindo de raiva. Meu rosto vermelho e mandíbula travada também já deixam na cara. 

— Acho que a mamãe já deixou claro, não é? — Sorri vitorioso, tirando alguns fios loiros de cabelo do meu rosto. Analiso brevemente seus olhos verdes esmeralda, e o deboche que exala de Andrew. — Eu mando em você quando ela não está. — Todo o sarcasmo em sua voz, serve para que eu perca o controle e comece a desferir tapas em seu peitoral. 

— Não está fazendo nem cóce... — cantarola, sendo interrompido pela dor do soco forte que dou em seu estômago. Balanço a mão no ar, sentindo toda a ardência. Eu não deveria ter batido tão forte. — Meu Deus, Agnês! Qual o seu problema? — Curva seu corpo, enquanto leva as mãos ao lugar onde acabei de bater. 

Sorrio satisfeita e me afasto dele. 

— Você é o meu problema, Andrew. Então, agora sai do meu quarto e me deixa em paz. — Me deito novamente na cama e pego meu celular, fingindo ignorar sua existência. 

— Estou falando sério, Agnês — anuncia me fazendo levar meu olhar até ele — Não é pra ficar com o Gonzalez — conclui me analisando sério. 

Dou uma risada incrédula e o vejo erguer as sobrancelhas. 

— Não conhece Bryan como eu, Andrew. 

— É justamente por conhecer ele que estou te falando para manter distância. 

Logo sai do quarto, fechando a porta e me deixando a sós com meus pensamentos. 

Talvez Bryan só seja ele mesmo quando está comigo. Por isso Andrew acha que ele não é uma boa pessoa, mas está enganado. 

Bryan Gonzalez é meu melhor amigo. Sua pele bronzeada faz com que ele seja um destaque. 

Claro, Bryan não chega aos pés de Andrew. Mas está em segundo lugar entre os garotos mais bonitos do colégio. 

— Pensando em que? — pergunta minha irmã se jogando ao meu lado. Fitando o teto e logo olhando para mim. 

— Em Andrew — digo e Aylla entorta o rosto em uma careta engraçada. — Não exatamente no Andrew, mas nos garotos bonitos da escola — concluí. 

— Com certeza o mais bonito é o Bryan e o Edu — fala em tom firme. Esboço um sorriso divertido e ela entende. — Ok! Talvez Andrew esteja no último lugar dessa lista. — Dou uma risada alta e empurro seu ombro. 

Minha irmã é totalmente o meu oposto. É engraçada e sincera. Usa roupas largas e sempre está de tênis, enquanto uso saltos e vestidos apertados. 

Em dezoito anos, só vi Aylla usar vestidos em algum evento idiota de nossos pais que pagam de família perfeita... Sendo que só nos veem apenas no café da manhã e/ou jantar. 

Meu pai Blake é uma planta. Não exatamente uma planta, mas ele não fala com nós. Nunca se envolve nas nossas brigas e só serve para posar para as fotos e fazer seu trabalho — cirurgião plástico —. 

Já minha mãe, Elizabeth... Não consigo vê-la como alguém legal, alguém que eu queira seguir os passos. Ao contrário, eu não quero ser igual a ela. Ela só serve para brigar e mandar em nós. Algumas vezes também idolatra meu irmão e me proíbe de fazer qualquer coisa. 

Diz que preciso andar nos trilhos, igual a um trem. Preciso ser a filha e mulher perfeita. A mulher que um homem sonha e aprova. Sem falar palavrões e usar roupas decotadas. Ela está tentando me fazer submissa a um homem, e odeio isso nela. 

Minha vontade é mandá-la para os quintos do inferno, mas nunca o faço. 

Meu mundo não gira em torno de homem ou relacionamentos. 

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