✯ANDREW WALDORF✯
— Que lindo hein, Sr.Waldorf! — Olho para a dona da voz e Aylla está com as mãos na cintura e a sobrancelha arqueada. — Esqueceu que seus pais são médicos? — pergunta com sarcasmo e se aproxima.
— E os pais são só meus agora? — questiono lhe oferecendo um cigarro.
— Só quando eles surtam e começam a incomodar — sorri pegando e ascendendo logo em seguida. — Cadê a Agnês?
— Por que eu saberia? Deve estar com as líderes de torcida — respondo indiferente. A verdade é que eu já procurei ela pela escola toda e estou quase surtando.
Agnês não apareceu em nenhuma aula, não a vi nos corredores e nem pela escola. Já passou cinco minutos desde que o sinal de saída tocou e ela ainda não apareceu.
— As garotas já foram pra casa, somos quase os únicos nessa escola. — Olho para ela e deixo uma risada escapar.
— Estava no banheiro com a Vitória durante cinco minutos?
— O-o que? Não! Claro que não! — Desvia o olhar para o chão.
Aylla não consegue mentir, e muito menos me enganar. Já faz tempo que notei a proximidade excessiva delas, mas não quis falar por pensar que estava imaginando coisas. Mas agora, tenho certeza que minha irmã está apaixonada pela melhor amiga.
— Estão juntas? Isso está tão na cara que...
— Não estamos juntas. Sabe que mamãe e papai me matariam e depois matariam a Vitória — fala olhando para a fumaça do cigarro, um tanto deprimente... Porém está certa.
Nossos pais sonham com a família perfeita, eles tentam nos moldar para que sejamos essa família e quando qualquer coisa sai do controle... Eles simplesmente fazem de tudo para mudar isso.
Na maioria das vezes sinto pena deles. Um filho doente da cabeça que se sente atraído pela irmã, uma filha deprimida que é lésbica e não se assume, uma outra filha patricinha que faz de tudo para chamar atenção e contrariá-los.
— O que faria no meu lugar? — pergunta se virando para mim. — Tirando a parte que você é o favorito deles — completa, com uma revirada de olhos.
— Iria dizer a verdade. Sobre tudo, não só sobre a Vitória — digo me referindo às marcas em seus braços que ela esconde toda vez que precisa sair do quarto.
— Andrew, não é tão fácil. Pra eles eu já sou a estranha da família, e agora...
— Caralho, Aylla! Você é perfeita! Além de linda é inteligente, extraordinária, com uma índole invejável. Não importa o que o Blake e a Elizabeth ou qualquer outra pessoa diga, você é incrível e já deveria saber disso.
Ela me abraça forte, sei que está chorando e não faço ideia se é de emoção, tristeza; ou qualquer coisa do tipo
— Te amo, seu traveco — fala com um sorriso, se afasta e limpa as lágrimas.
— Também te amo, capivara. — Ela da uma risada alta e me empurra de leve.
Aylla e Agnês são parecidas só de rosto. Agnês tem o cabelo comprido e loiro, enquanto Aylla platinou os cabelos e cortou na altura do queixo. Minha mãe quando a viu desse jeito quase teve um infarto. Mas foi ainda pior quando ela colocou um piercing no nariz. Sempre admirei minha irmã por isso, por fazer tudo que ela quer sem nem se importar se alguém vai dizer algum coisa. Ela realmente é incrível e eu espero que nossos pais aceitem sua orientação sexual.
•••
— Merda, Agnês! Atende essa droga de celular! — Desligo bufando e jogo meu celular na mesinha de centro.
Já são 20h e nenhum sinal de vida. As piores coisas já se passaram pela minha cabeça e a cada segundo que se passa eu ligo novamente para ela.
— Eu vou ir atrás dela — aviso para meus pais que estão sentados no sofá, olhando um programa idiota de televisão. Como se nem estivessem se importando com a filha deles estar desaparecida desde de manhã.
— Por Deus, Andrew! Ela deve estar com algum garoto. Quando Agnês chegar eu xingo ela e a coloco de castigo, agora senta quieto aí. — A encaro perplexo.
Quantos anos ela acha que a Agnês tem? 5? Vai colocá-la de castigo? Toda vez minha mãe acha um novo jeito para me desapontar e esfregar na minha cara que ela não é uma boa pessoa. Talvez ela só esteja sobrecarregada, mas deveria deixar de ser tão... Tão idiota!
Assim que abro a porta para ir atrás de Agnês, a vejo na minha frente, prestes a girar a maçaneta.
— Oi — fala passando por mim. — Tudo bem? Você está péssimo.
— Aonde você foi? Que merda estava fazendo? — Qualquer resquício de paciência que eu tinha... Acabou de ir ralo abaixo.
— Eu estava com o Bryan na...
— COM O BRYAN? O MESMO BRYAN QUE ESTAVA FALANDO QUE A QUALQUER MOMENTO IRIA PEGAR VOCÊ? — Não consigo me controlar.
Eu pensei que ela poderia estar em algum hospital ou ter sido sequestrada. Mas estava só com aquele desgraçado do Gonzalez!
— Andrew ele é meu AMIGO! — altera o tom de voz. Está vermelha, provavelmente irritada.
— Tá e por que não atendeu o celular? Está há horas sumida, não poderia ter dado um sinal de vida? Caralho, Agnês, sabe tudo que se passou na minha cabeça durante essas horas?
— Já chega, Andrew! Sem palavrões! — Minha mãe chama nossa atenção. — Agnês, me dá o celular e vai pro seu quarto!
— O que? Por quê? — pergunta parando ao pé da escada e se virando bruscamente para direção da minha mãe.
Elizabeth nem vai conversar com ela antes? Qual é o problema dessa família? Realmente, não tem como ser normal tendo pais como Blake e Elizabeth!
— Agora, Agnês! — esbraveja esticando a mão, esperando que ela coloque o maldito celular lá.
Bom, pelo menos meu pai não está se envolvendo. Na verdade, nem está olhando para nós. Só fica olhando para aquela tv como se nada mais importasse... E talvez não importe.
— ANDREW FUGIU DE CASA POR MESES E SÓ PORQUE EU NÃO ATENDI A PORRA DO CELULAR EU DEVO FICAR DE CASTIGO? — Meus olhos se arregalam. Nunca imaginei que ela fosse chegar a esse ponto.
Gritar com a nossa mãe e usar palavrão na mesma frase!? Elizabeth vai matar ela.
— Ele é homem! — diz minha mãe entre dentes, dando dois passo a frente.
— FODA-SE! — Joga o celular no chão e sobe as escadas como se quisesse afundar os degraus.
Não acho que ela está errada, nem certa. Elizabeth é acima de tudo nossa mãe, mas trata Agnês muito mal e já estava mais do que na hora de receber uma resposta que a fizesse ficar quieta.
E ela realmente ficou. Está tão perplexa que nem diz nada.
— Blake, ou eu coloco essa garota em um colégio interno ou eu mando ela direto para a casa da minha mãe! De onde ela não sai tão cedo! — avisa Elizabeth, parando na frente do meu pai de braços cruzados.
Está bufando de tanta raiva. E eu estou começando a suar frio. Agnês não pode ir morar com a vovó. Ela tem que ficar aqui.
✯AGNÊS WALDORF✯Ódio, ódio, ódio e mais ódio! É só isso que consigo sentir nesse momento. Meus pais estão cogitando seriamente em me mandar para a casa da minha avó materna.Já faz três dias que eu e minha mãe brigamos e ela ainda está com essa ideia maluca na cabeça.— Mamãe mandou você colocar um vestido branco, uma sapatilha e passar um batom rosa. — Reviro os olhos para a voz de Aylla que está deitada na minha cama.— Por quê? — questiono ainda em frente ao closet. Apenas de lingerie e os cabelos ainda úmidos por conta do banho recente.— A diretora viu o Andrew com uma garota atrás da escola e disse que os filhos da dona Elizabeth eram problemáticos. — Seu tom de deboche me faz rir.— E por que eu tenho que usar branco? — pergunto, olhando para o vestido preto de couro.— Vamos à igreja para a mamãe poder provar que nossa fam
✯ANDREW WALDORF✯Ficamos horas no shopping esperando Agnês comprar várias roupas e sapatos. Eu e Aylla ficamos comendo e carregando sacolas, como sempre.E agora já estamos a quase duas horas no mercado, sendo que ficaremos naquela casa apenas por uma semana.—Pra que tudo isso? — questiono, vendo Agnês colocar no carrinho mais bebidas do que posso contar. — Não vamos ficar eternamente naquela casa — aviso.— São só algumas poucas garrafas de diversão. — Sorri, voltando a colocar mais dos líquidos destilados dentro do carrinho.— Festa hoje? — Aylla questiona voltando com vários salgadinhos e doces. Acho que sou o único que tem uma alimentação saudável.— Talvez. Quem sabe o Andrew não convida aquela “amiga” dele que a diretora viu os dois juntos atrás da escola — resmunga indiferente, mexendo no celular.— O nome dela é Lívia Seatle, gracinha. — A
✯AGNÊS WALDORF✯Eu odeio ele, eu preciso odiá-lo! Andrew é tudo de ruim que um homem poderia ser. Não existe nada bom nele!Ele é alto demais, é arrogante, egocêntrico e canalha demais. E também tem aquele corpo... Todas nós sabemos que os mais bonitos são os magrinhos, não garotos que nem ele com aquele abdômen sarado, aquela entrada em V bem na cintura e aquele sorriso malicioso que só por Deus.Okay isso não está dando certo. Tentar odiá-lo e achar ele a pessoa mais feia do mundo é totalmente impossível de fazer.Preciso pensar em outra coisa então. Qualquer coisa que faça minha mente e corpo esquecer hoje mais cedo quando o empurrei na piscina.Se eu fosse normal estaria surtando e dizendo para ele manter distância de
✯ANDREW WALDORF✯—Você tem noção do tamanho dessa merda? — É uma tortura fingir estar escutando Bryan. Eu detesto esse cara e mesmo depois de levar uma surra ele continua tentando ser meu amigo, qual é a desse idiota?— Seus pais são ricos, eles podem comprar outro carro para você — retruco colocando a bebida para dentro.Olho para a garrafa em minha mão e olho para Bryan já embriagado. Estou prestes a quebrar essa garrafa na cabeça dele.— Ela deveria ter aceitado que não era mulher o suficiente pra mim, não quebrar a porra do meu carro zero. — Reviro os olhos e saio andando na direção da piscina.Sentando na borda e colocando meus pés na água. Agnês e Lívia conversam sobre roupas e sapatos — hoje com certeza é o dia das falsas amizades —, enquanto Aylla e Vitória estão trocando olhares e risadas.Tento não pensar e muito menos olhar para Agnês, mas ela está perfe
✯AGNÊS WALDORF✯Meu coração está acelerado, minha cabeça me condenando por ter feito isso e meu corpo implorando para que eu continue com as provocações.Estou só de roupa íntima, na mesma cama que Andrew e sei que depois do que aconteceu na cozinha, nós nem deveríamos estar juntos assim... Tão perto.Fiquei irritada mas ao mesmo tempo aliviada por ele ter colocado a coberta por cima de mim. Estou tentando deixá-lo louco, mas nem sei o motivo disso... Já que se acontecesse algo entre nós eu iria surtar e me odiar pelo resto da vida.Ninguém além de nós precisaria saber disso, mas mesmo assim eu me sentiria suja. Ele é meu irmão, filho dos meus pais com o mesmo DNA do que eu.— Não consigo dormir. — Me
✯ANDREW WALDORF✯Sinto Agnês se desfazer dos meus braços e sair da cama. Abro os olhos devagar e vejo a claridade do sol invadindo o quarto pelas frestas da cortina.Pisco algumas vezes e volto meu olhar para ela. Abrindo um sorriso por vê-la ainda sem roupa, andando pelo quarto como se estivesse procurando alguma coisa.— Pode parar de olhar para a minha bunda? — ironiza, me fazendo revirar os olhos e fitar o teto. Ninguém mandou ela dormir desse jeito é ser tão... Porra! Irmã, minha irmã e só isso!— Vai fazer o que? — pergunto, me espreguiçando e logo levantando da cama.— Eu vou tomar banho, assim que eu achar meu celular. — Arqueio as sobrancelhas, desviando rápido o olhar do seu corpo quando ela se vira para mim. — Homens — resmunga bufando.— Pra que iria precisar do celular? E eu vou tomar banho primeiro. — Pego uma toalha e vou em direção ao ba
✯AGNÊS WALDORF✯Minhas bochechas estão queimando, nunca estive com tanta vergonha antes. Eu deveria ter batido antes de entrar e... Realmente fui pega de surpresa. Aylla nunca me disse que gostava de... Disso. E Vitória já até mesmo ficou com Andrew, não achei que ela também fosse... Lésbica?Sinto os braços dele me envolver em um abraço apertado e carinhoso, acariciando meus cabelos e aproximando nossos corpos casa vez mais.Lá no quarto, o clima estava tão pesado que precisei intervir. Coloquei um basta, mais uma vez. O abraçando e lembrando que somos irmãos, e qualquer coisa que esteja acontecendo entre nós além de fraterno, é totalmente errado e nojento. Não falei com essas palavras, mas acho que ele entendeu mesmo assim.Nossos corações estão tão acelerados que não sei se é o meu ou o dele que estou sentindo, quase ouvindo que tão alto e descontrolada as batidas. Meu rosto se perde na curva de seu p
✯ANDREW WALDORF✯Que tipo de hipnose essa garota sabe fazer? Não é possível que eu esteja perdendo todo o meu bom senso por causa da minha irmã mais nova... Um ano mais nova, mas mesmo assim, eu sou o que conserta as merdas dela e toma as decisões de adulto.Mas agora, porra! Agnês não me deixa nem com um mínimo resquício de sanidade. Perco tudo quando estou com ela, quando olho para seu corpo, e depois para seus lábios perfeitos e viciantes.Estou enlouquecendo, se alguém pudesse ler todos os meus pensamentos eu já estaria em um hospício tratando minha doença. É que... Agnês é diferente de qualquer uma, tem um jeito único e especial que me faz ceder aos seus pedidos. Seu sorriso angelical, e com um corpo escultural... Porra, ela é perfeita em todos os sentidos.Gosto até mesmo do seu jeito de falar, com ironia e deboche em cada sílaba. Os sorrisos forçados, ou carregados de malícia.