Quebrando regras

✯AGNÊS WALDORF✯

Ódio, ódio, ódio e mais ódio! É só isso que consigo sentir nesse momento. Meus pais estão cogitando seriamente em me mandar para a casa da minha avó materna. 

Já faz três dias que eu e minha mãe brigamos e ela ainda está com essa ideia maluca na cabeça. 

— Mamãe mandou você colocar um vestido branco, uma sapatilha e passar um batom rosa. — Reviro os olhos para a voz de Aylla que está deitada na minha cama.

— Por quê? — questiono ainda em frente ao closet. Apenas de lingerie e os cabelos ainda úmidos por conta do banho recente. 

— A diretora viu o Andrew com uma garota atrás da escola e disse que os filhos da dona Elizabeth eram problemáticos. — Seu tom de deboche me faz rir. 

— E por que eu tenho que usar branco? — pergunto, olhando para o vestido preto de couro.  

— Vamos à igreja para a mamãe poder provar que nossa família não está perdida... — Isso chega até ser engraçado. Elizabeth tenta provar a todos que é uma boa mãe, menos para os próprios filhos. 

Pego o vestido preto e curto de couro, as botas que vão até os joelhos e os jogo em cima da cama; fazendo Aylla arregalar os olhos.

— Você não vai com isso, vai? — pergunta incrédula. 

— Vou. — digo decidida. A porta do quarto se abre e paro de respirar no mesmo segundo. 

Aposto que ele estava correndo, por isso o corpo e cabelos úmidos, enquanto a camiseta branca está jogada em seu ombro. O abdômen bem definido, brilhante por conta das gotículas de suor. 

Seus olhos estão no meu corpo. Descendo pelas minhas coxas e voltando para os meus seios. Nenhum de nós dois consegue dizer alguma coisa, mas tenho certeza que estamos pensando no mesmo. Caralho ele é muito... Gostoso! 

— Andrew fecha a porta! Ela tá sem roupa! — Aylla grita jogando uma almofada na porta. Tirando nós dois do transe.

— É que... — Posso ouvir sua voz do outro lado. Ele saiu tão rápido que só agora consegui raciocinar direito. — Seu celular chegou — avisa, logo posso ouvir seus passos se distanciando do meu quarto. 

Sem perceber, estou com as pernas apertadas uma a outra. Sentindo meu corpo quente e o ar voltando de arrasto para meus pulmões. Tentando tirar todos os pensamentos que envolvem Andrew e seu belo tanquinho pelo qual eu nem deveria estar lembrando novamente.

— Esse garoto é muito lerdo — fala Aylla ficando escorada pelos cotovelos. — Você está bem? Tá vermelha. 

Balanço a cabeça, afastando os pensamentos. Apenas abro um grande sorriso para ela e concordo com a cabeça. Estou bem, ótima, pensando em vários atos impuros e prestes a ir para a igreja com a roupa mais ousada que eu tenho. 

Esse vestido ficou apertado demais, curto demais e ousado demais. Estou desconfortável. Ele mal me deixa respirar. Mas é lindo e se ajustou perfeitamente ao meu corpo. 

Deixando meus seios apertados, minhas pernas maiores e minha cintura fica. A bota preta de cano alto também ficou perfeita, me dando alguns centímetros a mais de altura.

— Até o padre vai querer pegar você. — Abro um sorriso convencido pelas suas palavras e termino meu look com um batom vinho. 

Descemos as escadas e por incrível que pareça Andrew já estava lá. Sentado no sofá, totalmente lindo e destraído. Com uma calça preta de moletom e um casaco jeans por cima do moletom branco.

Sua roupa típica para festas, o que me faz duvidar se estamos indo mesmo à igreja. Claro, me vesti assim para provocar meus pais, e talvez Andrew pelo mesmo motivo.

— O que vocês dois estão vestindo? — Minha mãe questiona incrédula e Andrew percebe nossa presença. Olhando diretamente para mim e depois para o meu corpo. Okay, isso já está ficando estranho demais e me deixando com pensamentos que não deveriam de forma alguma estar na minha cabeça.

— Roupas? — provoco com ironia, abrindo um sorriso e dando uma voltinha para que ela (e Andrew, principalmente) veja o quanto esse vestido ficou apertado em mim. 

— Podem subir agora e se trocar! Andrew quero você de blazer e Agnês coloque um vestido longo e solto! — esbraveja, apontando para as escadas, como se nós fôssemos mesmo obedecer e subir agora pra trocar de roupa.

— Quer saber, mamãe? — caminho até a mesa de centro, pegando as chaves da minha Lamborghini e voltando meu olhar para Elizabeth. — Nós não vamos mais pra igreja. Não somos seus cachorrinhos, e no momento que aprender isso, então terá o nosso respeito — digo em tom firme, que a deixa soltando faísca pelos olhos e com os punhos cerrados. — Vocês vem? — pergunto e Andrew se levanta no mesmo instante.

— Deixa que eu dirijo. — Pisca para mim e logo passa na minha frente. 

Entro no carro no lugar do carona e Aylla vai atrás. 

— Não acredito que fizemos mesmo isso — diz minha irmã, se inclinando e apoiando os braços nos bancos. 

Eu também não acredito. Estou eufórica e com o coração disparado, só imaginando a desculpa que ela vai inventar pelos três filhos ter sumido minutos antes de ir para a “casa de Deus”. 

— Pra onde vamos? — pergunta Andrew, já com o carro ligado e as mãos no volante.

— Ainda tem aquele chalé que o papai te deu? — Meu sorriso cresce, imaginando tudo o que podemos fazer lá. Três adolescentes em uma casa, só pode terminar em festas, bebidas e tudo o que nossos pais sempre nos proíbem de fazer. 

— Óbvio que tenho. — Arranca com o carro, ignorando as relutâncias de Aylla. 

— Eles vão zerar nossas contas bancárias e a culpa vai ser de vocês! Seus doidos, loucos, bizarros! — Se atira para trás, me fazendo rir e voltar a olhar para frente. Ela está certa em tudo o que disse, mas não importa o que vai acontecer depois. É melhor do que ficar presos à Elizabeth e sua hipocrisia. — Sabem quantos carros podemos comprar com o dinheiro que tem nas nossas contas? MUITOS! — Volta a tocar no assunto, me fazendo revirar os olhos. 

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