✯AGNÊS WALDORF✯
Meus olhos vão se abrindo aos poucos por conta da claridade do quarto. Estou sonolenta ainda, mas sei que estou deitada no peito de Andrew e um de seus braços está envolta de mim.
Meu coração se acelera e eu prendo o fôlego. Merda, não deveria ter feito o convite para ele dormir aqui. Minha cama cabe quatro de mim, mas sempre acordamos abraçados e constrangidos por isso.
Tiro seu braço com cuidado para não acordá-lo. Fico por alguns segundos observando com um sorriso bobo seu semblante calmo. Com os lábios entreabertos e as maçãs do rosto com uma leve coloração rosada.
Seus cabelos castanhas estão bagunçados, o que o deixa ainda mais... Preciso me arrumar para escola!
Depois de alguns minutos volto para o quarto e minha cama está arrumada, Andrew não está mais lá e nem mesmo no quarto. Reviro os olhos para mim mesma. Só quero me mudar de uma vez por todas, ir para a faculdade e parar de me sentir estranha por causa do idiota que vive me provocando e confundindo minha cabeça.
— Meu Deus, como você está gostosa! — Aylla se joga na minha cama, depois de passar por mim e deixar um tapa leve na minha bunda.
— Admite que você é sapatão e que me quer — brinco, ouvindo suas gargalhadas e a vendo balançar a cabeça em negação.
— Nós somos gêmeas e eu já não suporto eu mesma, imagina você.
Termino de passar o batom vermelho vinho e arrumo meus cabelos em um rabo de cavalo, deixando algumas mechas onduladas soltas. Okay, acho que isso dá pro gasto.
Descemos as escadas e já consegui ouvir a briga dos meus pais. Nos aproximamos da sala de jantar e eles pararam de gritar um com o outro, prestando atenção em nós.
— Tudo bem? — Aylla pergunta sentando-se à mesa e pegando uma xícara de café preto.
— Sim! Só toma seu café logo e vai pra escola. — Minha mãe respondeu grossa e lançou um olhar furioso para meu pai.
— Qual é o problema deles? — cochicho para Andrew ao me sentar no lado dele.
— Estamos escutando, Agnês — avisou meu pai, me fazendo arrumar minha postura e forçar um sorriso. — Não queremos mais você e Andrew dando festinhas ou dormindo na mesma cama. Estamos entendidos? — Levanto as sobrancelhas e deixo uma risada debochada escapar.
— Por quê? — questiono apoiando meu queixo mas mãos. — Durmo com Andrew desde que vocês saíam e ficavam quase um mês longe de casa
Quando eu tinha só 4 anos e tinha medo de dormir sozinha. — Meu pai está irritado, sei disso. Por isso estou usando chantagem emocional, a intenção é que ele se sinta culpado mesmo.
— Acho que vocês já estão bem grandinhos para dormir juntos!
— É só eu que tô pensando merda nesse “dormir juntos”? — pergunta Aylla, fazendo nós todos olhar para ela e Andrew começar a rir.
— Vai pra escola agora, Aylla! — ordena minha mãe, apontando para a porta e semi cerrando os olhos para minha irmã.
— Só tô falando que...
— Vai! Agora! Aylla! — fala em pausas, está vermelha de raiva. Não sei por que ela está assim, acho que o fato de eu ter tocado na ferida de que ela é uma péssima mãe, a magoou um pouco.
Minha irmã levanta irritada, pegando as chaves na mesa ao lado da porta e batendo com força ao sair. Legal, agora vou ter que ir com Andrew ou pedir para ir com alguma das garotas.
— Olha só, Agnês. É a última vez que eu contrato uma faxineira para limpar a bagunça que você fez! Eu não quero mais festas nessa casa! E se você passar por cima das minhas ordens, vai acabar em um colégio interno!
Estou chocada. Com o queixo caído e os olhos arregalados. Ela nunca fala comigo desse jeito, na maioria das vezes nem liga para as coisas que eu faço.
Sinto meus olhos marejados e meus lábios trêmulos. Não posso chorar agora, não na frente dela.
— Mãe, nós vamos pra escola. Tenha um bom dia — fala Andrew levantando e me puxando junto com ele.
Sinto algumas lágrimas molhar meu rosto e rapidamente passo o dorso da mão para afastá-las.
— Ei, ela só tá nervosa. Acho que acabou perdendo um paciente na mesa de cirurgia e você sabe como ela fica quando isso acontece. — Andrew se justifica por ela, parando em minha frente e me abraçando.
Seguro o choro e apenas deixo que me conforte. Se minha mãe soubesse o quanto consegue me deixar mal com suas palavras, talvez deixasse a língua dentro da boca mais vezes!
— Vamos chegar atrasados — aviso já percebendo que ficamos tempo demais abraçados.
Andrew arruma o capacete dele na minha cabeça e sobe na moto, me dando uma ajuda para subir. Me agarro à sua cintura e fecho os olhos. Odeio andar de moto! Ainda mais com ele que anda numa velocidade em que o vento chega a doer.
— Andrew — o chamo e escuto ele resmungar alguma coisa. — Vai devagar, tá!? — Ele começa a rir e eu reviro os olhos.
— Não é que eu esteja maliciando isso... Mas ficou estranho — diz, já ligando a moto e acelerando ela.
É claro que ele estava maliciando. Depois que eu falei até eu mesma acabei fazendo isso. O pior é que nem tenho palavras para respondê-lo... Sempre tenho uma resposta na ponta da língua, mas não quando se trata de sexo e de Andrew; duas palavras que não deveriam estar na mesma frase.
Sei que minhas bochechas estão vermelhas só de pensar nisso. Só espero ir logo para a faculdade. Me mudar, ir pra longe de Blake, Elizabeth e principalmente Andrew. Mas ao mesmo tempo, não sei como seria minha vida sem ele. Já que o máximo de tempo que ficamos longe um do outro foi quando ele tinha dezesseis anos e fugiu de casa por dois meses.
Nossos pais haviam brigado — como sempre —, Andrew foi expulso do time por bater em um garoto que passou a mão na minha bunda. Ele também tinha terminado com a namorada e tudo estava uma bagunça. Não o culpo de ter fugido, eu mesma queria fazer isso.
Nossa relação de irmãos sempre foi muito estranha, isso eu reconheço. Claro, acho que com o tempo melhora. Ainda somos só dois adolescentes com pais idiotas que pensam que dinheiro significa tudo.
— Nos vemos no intervalo, e obrigada por me trazer — digo descendo da moto. Não espero ele falar nada e saio rápido, entrando na escola e logo indo para o corredor onde está meu armário.
Sinto um puxão no meu braço e acabo dentro de uma sala escura — a contra gosto —.
— Me machucou! — Vejo o vermelhidão que ficou no meu braço e esfrego o lugar. — O que foi, Bryan? Por que me fez entrar nessa sala? — Tento soar firme, mas seus olhos escuros me intimidam.
✯ANDREW WALDORF✯— Que lindo hein, Sr.Waldorf! — Olho para a dona da voz e Aylla está com as mãos na cintura e a sobrancelha arqueada. — Esqueceu que seus pais são médicos? — pergunta com sarcasmo e se aproxima.— E os pais são só meus agora? — questiono lhe oferecendo um cigarro.— Só quando eles surtam e começam a incomodar — sorri pegando e ascendendo logo em seguida. — Cadê a Agnês?— Por que eu saberia? Deve estar com as líderes de torcida — respondo indiferente. A verdade é que eu já procurei ela pela escola toda e estou quase surtando.Agnês não apareceu em nenhuma aula, não a vi nos corredores e nem pela escola. Já passou cinco minutos desde que o sinal de saída tocou
✯AGNÊS WALDORF✯Ódio, ódio, ódio e mais ódio! É só isso que consigo sentir nesse momento. Meus pais estão cogitando seriamente em me mandar para a casa da minha avó materna.Já faz três dias que eu e minha mãe brigamos e ela ainda está com essa ideia maluca na cabeça.— Mamãe mandou você colocar um vestido branco, uma sapatilha e passar um batom rosa. — Reviro os olhos para a voz de Aylla que está deitada na minha cama.— Por quê? — questiono ainda em frente ao closet. Apenas de lingerie e os cabelos ainda úmidos por conta do banho recente.— A diretora viu o Andrew com uma garota atrás da escola e disse que os filhos da dona Elizabeth eram problemáticos. — Seu tom de deboche me faz rir.— E por que eu tenho que usar branco? — pergunto, olhando para o vestido preto de couro.— Vamos à igreja para a mamãe poder provar que nossa fam
✯ANDREW WALDORF✯Ficamos horas no shopping esperando Agnês comprar várias roupas e sapatos. Eu e Aylla ficamos comendo e carregando sacolas, como sempre.E agora já estamos a quase duas horas no mercado, sendo que ficaremos naquela casa apenas por uma semana.—Pra que tudo isso? — questiono, vendo Agnês colocar no carrinho mais bebidas do que posso contar. — Não vamos ficar eternamente naquela casa — aviso.— São só algumas poucas garrafas de diversão. — Sorri, voltando a colocar mais dos líquidos destilados dentro do carrinho.— Festa hoje? — Aylla questiona voltando com vários salgadinhos e doces. Acho que sou o único que tem uma alimentação saudável.— Talvez. Quem sabe o Andrew não convida aquela “amiga” dele que a diretora viu os dois juntos atrás da escola — resmunga indiferente, mexendo no celular.— O nome dela é Lívia Seatle, gracinha. — A
✯AGNÊS WALDORF✯Eu odeio ele, eu preciso odiá-lo! Andrew é tudo de ruim que um homem poderia ser. Não existe nada bom nele!Ele é alto demais, é arrogante, egocêntrico e canalha demais. E também tem aquele corpo... Todas nós sabemos que os mais bonitos são os magrinhos, não garotos que nem ele com aquele abdômen sarado, aquela entrada em V bem na cintura e aquele sorriso malicioso que só por Deus.Okay isso não está dando certo. Tentar odiá-lo e achar ele a pessoa mais feia do mundo é totalmente impossível de fazer.Preciso pensar em outra coisa então. Qualquer coisa que faça minha mente e corpo esquecer hoje mais cedo quando o empurrei na piscina.Se eu fosse normal estaria surtando e dizendo para ele manter distância de
✯ANDREW WALDORF✯—Você tem noção do tamanho dessa merda? — É uma tortura fingir estar escutando Bryan. Eu detesto esse cara e mesmo depois de levar uma surra ele continua tentando ser meu amigo, qual é a desse idiota?— Seus pais são ricos, eles podem comprar outro carro para você — retruco colocando a bebida para dentro.Olho para a garrafa em minha mão e olho para Bryan já embriagado. Estou prestes a quebrar essa garrafa na cabeça dele.— Ela deveria ter aceitado que não era mulher o suficiente pra mim, não quebrar a porra do meu carro zero. — Reviro os olhos e saio andando na direção da piscina.Sentando na borda e colocando meus pés na água. Agnês e Lívia conversam sobre roupas e sapatos — hoje com certeza é o dia das falsas amizades —, enquanto Aylla e Vitória estão trocando olhares e risadas.Tento não pensar e muito menos olhar para Agnês, mas ela está perfe
✯AGNÊS WALDORF✯Meu coração está acelerado, minha cabeça me condenando por ter feito isso e meu corpo implorando para que eu continue com as provocações.Estou só de roupa íntima, na mesma cama que Andrew e sei que depois do que aconteceu na cozinha, nós nem deveríamos estar juntos assim... Tão perto.Fiquei irritada mas ao mesmo tempo aliviada por ele ter colocado a coberta por cima de mim. Estou tentando deixá-lo louco, mas nem sei o motivo disso... Já que se acontecesse algo entre nós eu iria surtar e me odiar pelo resto da vida.Ninguém além de nós precisaria saber disso, mas mesmo assim eu me sentiria suja. Ele é meu irmão, filho dos meus pais com o mesmo DNA do que eu.— Não consigo dormir. — Me
✯ANDREW WALDORF✯Sinto Agnês se desfazer dos meus braços e sair da cama. Abro os olhos devagar e vejo a claridade do sol invadindo o quarto pelas frestas da cortina.Pisco algumas vezes e volto meu olhar para ela. Abrindo um sorriso por vê-la ainda sem roupa, andando pelo quarto como se estivesse procurando alguma coisa.— Pode parar de olhar para a minha bunda? — ironiza, me fazendo revirar os olhos e fitar o teto. Ninguém mandou ela dormir desse jeito é ser tão... Porra! Irmã, minha irmã e só isso!— Vai fazer o que? — pergunto, me espreguiçando e logo levantando da cama.— Eu vou tomar banho, assim que eu achar meu celular. — Arqueio as sobrancelhas, desviando rápido o olhar do seu corpo quando ela se vira para mim. — Homens — resmunga bufando.— Pra que iria precisar do celular? E eu vou tomar banho primeiro. — Pego uma toalha e vou em direção ao ba
✯AGNÊS WALDORF✯Minhas bochechas estão queimando, nunca estive com tanta vergonha antes. Eu deveria ter batido antes de entrar e... Realmente fui pega de surpresa. Aylla nunca me disse que gostava de... Disso. E Vitória já até mesmo ficou com Andrew, não achei que ela também fosse... Lésbica?Sinto os braços dele me envolver em um abraço apertado e carinhoso, acariciando meus cabelos e aproximando nossos corpos casa vez mais.Lá no quarto, o clima estava tão pesado que precisei intervir. Coloquei um basta, mais uma vez. O abraçando e lembrando que somos irmãos, e qualquer coisa que esteja acontecendo entre nós além de fraterno, é totalmente errado e nojento. Não falei com essas palavras, mas acho que ele entendeu mesmo assim.Nossos corações estão tão acelerados que não sei se é o meu ou o dele que estou sentindo, quase ouvindo que tão alto e descontrolada as batidas. Meu rosto se perde na curva de seu p