Leonardo
— Leonardo Martinez, me diz que é uma brincadeira tudo isso e você não vai se enfiar numa favela, morro ou comunidade?. O nome que você quiser escolher para um local infestado de bandidos!.Respiro novamente, tentando não responder aos berros da minha mãe. As vezes ela esquece que já sou um homem e não um moleque de 18 anos que saiu de casa para estudar medicina fora do país.— Mamãe por favor, não seja preconceituosa com o que fala de pessoas que nem a senhora não conhece. Eu vou ajudar na clínica que o secretário vai inaugurar na comunidade e será apenas duas vezes na semana. A senhora sabe bem como gosto de ajudar e não sei por que esse desespero todo.Soraia Martinez me trata como uma criança, não entende o amor que sinto em ajudar os mais necessitados sabendo que posso fazer mais do que muitos por aí. Depois de ficar um tempo trabalhando no médico sem fronteiras, eu voltei para o Brasil e recebi uma proposta para ser o diretor de uma comunidade perto da Brasilândia, e aceitei sem nem mesmo pensar na proposta. Ele me apresentou a ideia. O, o local para ser a clínica já estava pronto e mesmo sabendo que tudo ali era apenas por interesse político, algo me atraiu para no desafio que teria pelos próximos anos ali com aquelas pessoas.— Filho, me ouça, seu pai com certeza não vai aceitar essa loucura quando retornar de viagem.Enquanto escolho uma camisa social para a reunião que iria participar, mamãe ao meu lado segue com seu mesmo discurso.—— Acredito que meu pai não vai se meter no meu trabalho, além disso, vou continuar clinicando no hospital e já avisei a senhora que será apenas 2 vezes por semana, e já me informaram que tudo está pacificado por lá. Tudo bem que não entendo muito disso, mas o Luiz me contou que o tal dono do lugar não mexe com drogas e apenas com armas. Como se fosse fazer diferença no crime que ele comete .— Respondo para mamãe que fica horrorizada ao me ouvir falar de bandidos com tanta naturalidade.— Esses anos cuidando daquela gente deixou você louco, só pode!.Visto minha camisa, arrumando por dentro da calça social e olho para minha mãe que nunca muda seu jeito preconceituoso de ser.— Aquela gente como a senhora ama vomitar as palavras , são importantes para mim do mesmo jeito que os ricos que atendo naquele hospital. Agora a senhora me dá licença? T que tenho uma reunião com o governador agora cedo, e provavelmente vou almoçar com ele e não devo voltar para casa. E não precisa correr para ligar para o meu pai, que eu pretendo fazer isso quando ele voltar.Dou um beijo no rosto dela e saio apressado pegando minha carteira, o terno e o celular. Quanto mais tempo ficar ao lado da minha mãe, mais drama ela vai fará e não quero me irritar com dona Soraia. Não depois de ficar tantos meses fora e retornar para assumir meu cargo no hospital da família.Desço até a garagem, entrando no carro e dirigindo para o escritório do governador. Ligo o som e Marisa Monte começa a cantar uma das minhas canções favoritas. Com certeza papai vai me apoiar por ter aceitado esse desafio em atender pessoas carentes da comunidade. Saber que o chefe de lá era um ex-policial federal que escondia ser o filho do antigo dono da comunidade me faz parecer entrar em um filme do Martin Scorsese. O que leva uma pessoa com uma profissão que serve para defender as pessoas se virar para atuar do lado errado da lei? Estaciono na vaga reservada para visitantes, trancando o carro e cumprimentando a jovem recepcionista, q. Que sorrir para mim ao me ver passar pela porta de entrada.— Bom dia, senhor Leonardo, o governador aguarda sua chegada.A jovem me recepciona me indicando o corredor para qual devo caminhar. Estive ali no palácio do governo poucas vezes em minha vida. Geralmente meu pai era quem participava de tudo e assim que terminei a residência há 6 anos atrás, eu decidi trabalhar por um tempo no programa médico sem fronteiras. Queria viver essa experiencia única antes de assumir de vez o hospital que meu pai é dono e fundador. Agora, aos 34 anos, vou começar um desafio novo, confesso que me sinto nervoso e ao mesmo tempo excitado por trabalhar em um lugar que jamais em minha vida ousei pensar que trabalharia. Até mesmo os países em que atendi e digo que muitos eram apenas miséria e pobreza não me deixaram ansiosos para saber o que eu encontraria quando enfim pudesse começar a trabalhar.— Senhor, é aqui a sala de reunião . A jovem responde, me trazendo de volta ao presente e dou um sorriso para ela, abrindo a porta entrando o governador e o secretário de saúde.Ambos foram colegas de faculdade do meu pai, e agora me dariam um novo desafio.— Leonardo, filho! Eu não acreditei quando o Luiz me contou que você aceitou a minha proposta, e não vejo a hora de te ver trabalhando ali!. Tenho certeza de que Soraia quer me matar ao saber que te fiz esse convite.Marcelo me abraça ao me reencontrar, e mesmo sabendo que ele é um bom homem, também sei que existem interesses obscuros no meio disso tudo. Mas o que me importa é ajudar, e se para isso eu precisar fechar os olhos para algumas coisas, eu fecho e faço meu trabalho.—Quando Ricardo souber, tenho certeza de que terá orgulho, e saiba que você terá segurança reforçada e vai descobrir que o Pedro não é um homem tão mal assim como pintam. Por mais que ele tenha se desviado pelo caminho, cuida daquela gente com mãos de ferro e ajuda com o que pode, principalmente com as crianças .— Luiz me responde e disfarço um sorriso ao ouvir aquilo. Tratando bem ou não, continua sendo crime, mas não quero me indispor, apenas balanço a cabeça em acordo.— Bom, vamos começar, porque estou curioso para entender agora toda essa proposta.***Viviane—Pronto! Mesa posta e comida preparada do jeito que o Pedro gosta.Admiro meu trabalho naquele dia, estava extremamente cansada, mesmo assim a comida estava feita eu tinha certeza de que ele iria gostar ao provar.Vejo a hora no relógio, é quase 8 da noite e e o Pedro me mandou mensagem avisando que estava perto de chegar. Antes de tomar banho e me trocar, mando mensagem para Joana e ela me confirma que vovó tomou todos os medicamentos, e que assiste a novela e logo vai dormir.Saio da cozinha da enorme mansão que Pedro construiu na comunidade. Muitas meninas dali sonham em viver ao lado dele, mas como Vicky sempre me fala, a única que tem acesso a tudo aquilo sou eu. Mesmo sabendo da obsessão por mim, eu não quero viver ao lado dele mesmo que ele não canse de falar que ficarei ao seu lado até quando ele quiser.Vou para o quarto abrindo o closet e tirando um dos vestidos que tenho guardado ali. Para facilitar minha vida, decidi com o passar do tempo , deixar alguns itens pessoais e roupas na casa, e assim não teria que ficar levando e trazendo as coisas para casa dele.Escolhi a primeira peça que vi e deixo em cima da cama, com a peça intima, e tiro meu short, e camiseta e entro no banheiro. Um banho quente ajudaria a relaxar a tensão e me deixaria calma para a noite que me esperava.***PedroTive que viajar para o Rio de Janeiro, em uma reunião importante com um dos chefes de lá, mas retornei antes da data por saber que por incompetência de alguns, os homens invadiram meu território e algum forasteiro tentouando ocupar meu lugar e vender as drogas que todos sabem que é proibido. Posso ser alguém que não vive conforme a lei, mas drogas é algo que jamais quis experimentar na vida e não será agora depois de velho que vou concordar. As armas que vendo e compro, as mercadorias que chegam de fora já são mais do que suficientes para continuar meu negócio e pretendo que fique assim por muito tempo.— Bigode, você vai até a comunidade vizinha e descobre quem foi oa filha da puta que ousou vender as drogas aqui enquanto eu estava fora. Já falei que aqui não quero essas paradas e se eu descobrir que tem gente daqui envolvida, pode ter certeza de que coisas boas não vão acontecer.Abro a gaveta e tiro de lá minha pistola e coloco por dentro da camisa. Depois de um dia cansativo de reuniões com outros membros e de saber que em breve o médico chefe irá assumir a clínica que mandei construir na comunidade com o ajuda do governador e do secretário, sinto que chegou a hora de relaxar e encontrar minha morena.Viviane, minha mulher e a garota, que assim que coloquei os olhos 2 anos atrás me apaixonei e fiz dela minha.— Chefe, antes que você vá para a casa só quero avisar que a vozinha está segura e dona Viviane depois de passar horas no salão da Vicky foi para sua casa na hora certa.— Reforça a segurança da casa da dona Zélia, que essa noite a neta não volta para casa e quero aproveitar a noite ao lado dela. Avisa o Luquinha que vamos sair cedo depois do café.Saio do escritório, louco para encontrar com ela e me afundar naquele corpo que tanto amo e me faz bem. Viviane não sabe o quanto me tem em suas mãos e por ela eu mato qualquer homem que ouse olhar para ela.Viviane—Sim vovó, não vou dormir essa noite em casa. O Lucas me ligou avisando que o Pedro pediu para reforçar a segurança da casa e não se preocupa que nada vai acontecer com a senhora. Tudo bem, amanhã assim que ele sair para o trabalho eu volto para casa, tudo bem?Me despeço da minha avó e ouço um carro estacionar na garagem, pela hora o Pedro chegando e corro para a cozinha, para aquecer o molho.Enquanto mexo nas panelas, sinto uma mão rodeando minha cintura e beijando minha nuca deixando meu corpo se arrepiando ao toque dele.Maldita reação que sempre me deixa assim, cada vez que os dedos dele tocam em qualquer parte do meu corpo traidor.Me recrimino em pensamento, por sentir o que sinto cada vez que ele acaricia minha pele.—Comida com cheiro bom — ele continua beijando minha nuca indo para o meu pescoço.—Espero que tenha resolvido tudo e consiga encontrar quem ousou entrar aqui para vender o que não é permitido.Me viro ficando de frente para ele, passando os braços em tor
VivianeÉ sempre assim com Pedro. Se eu digo “não”, ele reage daquela forma imediatamente e me trata como se fosse nada. Vou para o banheiro e faço minha higiene matinal, depois tomo um banho gelado lavando tudo que houve na noite passada, volto para o quarto e visto a primeira roupa que encontro. Como vou ficar em casa, não tem necessidade de me arrumar apenas para servir as manias do Pedro. Quando vou para a cozinha, encontro Maria terminando de arrumar a mesa, ela me olha com o olhar de desprezo de sempre. Quando Pedro não está por perto, ela me trata como os lixos que costuma lidar, mas claro que na frente do chefe ela coloca o sorriso falso e se finge de boa.— Maria, pode arrumar o nosso quarto? Quero tomar o café sozinho com minha mulher.Pedro dá ordem e claro que aquela bruxa não dá nem mesmo um suspiro. Sempre se mostrando de boazinha, mas não passa de uma cobra maldita.***LeonardoO dia da inauguração da clínica na comunidade chegou e depois de muita discussão com mamãe,
LeonardoAssim que chego, sou recepcionado por Luiz e Marcelo que estão acompanhados das esposas Lúcia e Mariane. Até tentei convencer minha mãe a vir comigo, mas dona Soraia prefere a morte que se juntar ao lado de gente inferior como ela adora falar.— Enfim, nosso convidado de honra chegou e já fui avisado de que Pedro está estacionando o carro.Olho para as pessoas presentes e percebo que homens estão armados mesmo que discretamente. Sei que tanto Luiz como Marcelo trabalham em conjunto com o famoso Pedro cobrando pela segurança das lojas da região e até mesmo de alguns moradores com uma condição melhor que ali viviam.— Estou curioso para conhecer o dono de tudo por aqui — dou um sorriso sincero ao ver a pequena clínica que mesmo de fora, parecia bem-organizada, e pelo que Luiz me contou, todos os equipamentos necessários estavam instalados no lugar.***PedroDepois de passar tudo para os garotos sobre a segurança da Viviane, sigo com Luquinha e Bigode até onde os convidados imp
VivianeChamo a neta da dona Noca, que me acompanha de volta a casa da mãe. Lucy é um pouco mais jovem que eu, estuda na escola da comunidade e sonha em se tornar médica um dia.—Vivi, o seu Pedro arrumou tudo tão bem hoje que as meninas lá da rua detrás disseram que a festa vai até a madrugada.Pego na mão dela, caminhando ao seu lado mudando o assunto para algo que eu me sinto bem em conversar. Chegamos até dona Noca e avisei que precisava retornar para onde o Pedro estava que pela voz no microfone logo a fita seria cortada e nós dois estaríamos de volta.Me despeço de vó e neta caminhando com aqueles dois idiotas atrás como se fossem uma sombra que não me deixam em paz.Me aproximo do Pedro que conversava com o governador e o secretário de saúde. As madames esposas dos dois, apenas me olhavam com reprovação. Com certeza deveriam achar que eu não passava de uma vadia que dormia com bandido para ter algum tipo de luxo.**LeonardoDepois de esbarrar na garota do olhar, mas lindo que
LeonardoDirigindo de volta para casa, depois de tudo dando certo. Mal posso esperar para começar a clinicar ali. Não é apenas as pessoas que conheci naquele pouco tempo que estive presente naquele lugar. Muitas senhoras de idade me falaram que estavam tão felizes, por enfim médicos presentes em qualquer horário. Os atendimentos seriam separados por dias, desde as crianças até mesmo as pessoas com mais idade. No caminho lembro da garota ao lado do tal Pedro, lembrando do olhar de anjo que ela tem ao ter encontrado Viviane pela primeira vez naquela pequena viela.Depois que o homem saiu, perguntei discretamente para uma das pessoas o nome da garota descobrindo que ela era namorada do chefe e fui avisado que ficasse o, mas longe que pudesse daquela mulher.Rir ao lembrar das palavras da senhorinha que respeitava um bandido como se ele fosse um deus.Entro na garagem de casa, ao descer encontro minha mãe me esperando. Ela dá um suspiro aliviada ao me ver chegar inteiro.— Até que enfim
VivianeAcordei cedo, vovó não estava muito bem, mas não me deixou faltar ao curso. Em breve estaria terminando o último modulo e por ter faltado por vários dias, por ter ficado na casa com Pedro, vovó me pediu que fosse e assim não me prejudicaria na reta final.Pedro viajou para o Rio de Janeiro, tinha negócios para tratar por lá e deixou a comunidade nas mãos do Lucas, já que o Bigode foi acompanhando-o.A inauguração da clínica nas redes sociais foi um sucesso e claro que os comentários positivos apenas deixaram o Pedro mais orgulhoso do que ele já era. Pelo que me contaram o diretor era atencioso e tratava todos os pacientes da mesma forma. Lembrei do encontro com ele e realmente o homem estava mais para galã do que para médico.Arrumava as minhas coisas dentro da bolsa, naquele dia foi aula apenas de doces e ao pegar meu avental para guardar, me recordei do motivo em ter ido a casa de Pedro pela primeira vez.2 Anos atrás—Minha filha, aceite essa diária e mesmo de menor não vai
PedroDepois de finalizar o encontro com um empresário importante do Rio, volto para o hotel em que sempre fico hospedado. Ao entrar encontro Jéssica nua escolhendo um dos vestidos que comprou em um dia na cidade maravilhosa. Ela era sobrinha da Maria, sabia que não se bicava com Viviane, mas ela foi a escolhida para me fazer companhia naquela viagem.—Aí amor, pensei que iria demorar mais um pouco. Olha pra mim ainda nem escolhi o vestido para nosso jantar.Jéssica se aproxima de mim, esfregando seu corpo no meu, deslizando sua mão até meu membro que endurece ao toque dos dedos dela sob o tecido do jeans.—Eu tomo banho e em 20 minutos, saímos que não é bom deixar os anfitriões nos esperando.Seguro seu cabelo com força, beijando seus lábios com uma certa brutalidade e Jéssica, continua massageando meu pau até que me afasto dela, despindo minha roupa e entrando no banheiro.Antes de subir, falei com um dos garotos e já estava sabendo que Viviane se encontrava em casa, junto com dona
LeonardoUma semana se passou desde que comecei a clinicar na comunidade e em poucos dias, conheci tantas pessoas e histórias que em anos de profissão nunca tinha sequer imaginado. Muitas mulheres com filhos que se perderam para as drogas e o crime. Me impressionou descobrir que Pedro apesar de ser um bandido, era alguém que cuidava dos moradores com mãos de ferro. Depois que assumiu de vez a comunidade, fez mudanças tentando pacificar o lugar, feito que conseguiu com ajuda de pessoas importantes. Como já tinham me dito era proibido bocas de fumo, Pedro tinha grande amizade com pessoas da política e com isso conseguia verbas para que os mais novos pudessem ter um bom futuro. Era irônico ao menos para uma pessoa como eu, que cresceu ouvindo sobre o mundo do crime, saber que o dono do morro em que eu atendia não aceitava drogas e vivia do tráfico de armas e mercadorias ilegais vindo de fora.Esperava a próxima paciente, até que Lucia entrou me avisando que a senhora que atenderia naquel