Capítulo 2

Leonardo

— Leonardo Martinez, me diz que é uma brincadeira tudo isso e você não vai se enfiar numa favela, morro ou comunidade?. O nome que você quiser escolher para um local infestado de bandidos!.

Respiro novamente, tentando não responder aos berros da minha mãe. As vezes ela esquece que já sou um homem e não um moleque de 18 anos que saiu de casa para estudar medicina fora do país.

— Mamãe por favor, não seja preconceituosa com o que fala de pessoas que nem a senhora não conhece. Eu vou ajudar na clínica que o secretário vai inaugurar na comunidade e será apenas duas vezes na semana. A senhora sabe bem como gosto de ajudar e não sei por que esse desespero todo.

Soraia Martinez me trata como uma criança, não entende o amor que sinto em ajudar os mais necessitados sabendo que posso fazer mais do que muitos por aí. Depois de ficar um tempo trabalhando no médico sem fronteiras, eu voltei para o Brasil e recebi uma proposta para ser o diretor de uma comunidade perto da Brasilândia, e aceitei sem nem mesmo pensar na proposta. 

Ele me apresentou a ideia. O, o local para ser a clínica já estava pronto e mesmo sabendo que tudo ali era apenas por interesse político, algo me atraiu para no desafio que teria pelos próximos anos ali com aquelas pessoas.

— Filho, me ouça, seu pai com certeza não vai aceitar essa loucura quando retornar de viagem.

Enquanto escolho uma camisa social para a reunião que iria participar, mamãe ao meu lado segue com seu mesmo discurso.

—— Acredito que meu pai não vai se meter no meu trabalho, além disso, vou continuar clinicando no hospital e já avisei a senhora que será apenas 2 vezes por semana, e já me informaram que tudo está pacificado por lá. Tudo bem que não entendo muito disso, mas o Luiz me contou que o tal dono do lugar não mexe com drogas e apenas com armas. Como se fosse fazer diferença no crime que ele comete .—  Respondo para mamãe que fica horrorizada ao me ouvir falar de bandidos com tanta naturalidade.

— Esses anos cuidando daquela gente deixou você louco, só pode!.

Visto minha camisa, arrumando por dentro da calça social e olho para minha mãe que nunca muda seu jeito preconceituoso de ser.

— Aquela gente como a senhora ama vomitar as palavras , são importantes para mim do mesmo jeito que os ricos que atendo naquele hospital. Agora a senhora me dá licença? T que tenho uma reunião com o governador agora cedo, e provavelmente vou almoçar com ele e não devo voltar para casa. E não precisa correr para ligar para o meu pai, que eu pretendo fazer isso quando ele voltar.

Dou um beijo no rosto dela e saio apressado pegando minha carteira, o terno e o celular. Quanto mais tempo ficar ao lado da minha mãe, mais drama ela vai fará e não quero me irritar com dona Soraia. Não depois de ficar tantos meses fora e retornar para assumir meu cargo no hospital da família.

Desço até a garagem, entrando no carro e dirigindo para o escritório do governador. Ligo o som e Marisa Monte começa a cantar uma das minhas canções favoritas. Com certeza papai vai me apoiar por ter aceitado esse desafio em atender pessoas carentes da comunidade. Saber que o chefe de lá era um ex-policial federal que escondia ser o filho do antigo dono da comunidade me faz parecer entrar em um filme do Martin Scorsese. O que leva uma pessoa com uma profissão que serve para defender as pessoas se virar para atuar do lado errado da lei? 

Estaciono na vaga reservada para visitantes, trancando o carro e cumprimentando a jovem recepcionista, q. Que sorrir para mim ao me ver passar pela porta de entrada.

— Bom dia, senhor Leonardo, o governador aguarda sua chegada.

A jovem me recepciona me indicando o corredor para qual devo caminhar. Estive ali no palácio do governo poucas vezes em minha vida. Geralmente meu pai era quem participava de tudo e assim que terminei a residência há 6 anos atrás, eu decidi trabalhar por um tempo no programa médico sem fronteiras. Queria viver essa experiencia única antes de assumir de vez o hospital que meu pai é dono e fundador. Agora, aos 34 anos, vou começar um desafio novo, confesso que me sinto nervoso e ao mesmo tempo excitado por trabalhar em um lugar que jamais em minha vida ousei pensar que trabalharia. Até mesmo os países em que atendi e digo que muitos eram apenas miséria e pobreza não me deixaram ansiosos para saber o que eu encontraria quando enfim pudesse começar a trabalhar.

— Senhor, é aqui a sala de reunião .

 A jovem responde, me trazendo de volta ao presente e dou um sorriso para ela, abrindo a porta entrando o governador e o secretário de saúde.

Ambos foram colegas de faculdade do meu pai, e agora me dariam um novo desafio.

— Leonardo, filho! Eu não acreditei quando o Luiz me contou que você aceitou a minha proposta, e não vejo a hora de te ver trabalhando ali!. Tenho certeza de que Soraia quer me matar ao saber que te fiz esse convite.

Marcelo me abraça ao me reencontrar, e mesmo sabendo que ele é um bom homem, também sei que existem interesses obscuros no meio disso tudo. Mas o que me importa é ajudar, e se para isso eu precisar fechar os olhos para algumas coisas, eu fecho e faço meu trabalho.

—Quando Ricardo souber, tenho certeza de que terá orgulho, e saiba que você terá segurança reforçada e vai descobrir que o Pedro não é um homem tão mal assim como pintam. Por mais que ele tenha se desviado pelo caminho, cuida daquela gente com mãos de ferro e ajuda com o que pode, principalmente com as crianças .— 

Luiz me responde e disfarço um sorriso ao ouvir aquilo. Tratando bem ou não, continua sendo crime, mas não quero me indispor, apenas balanço a cabeça em acordo.

— Bom, vamos começar, porque estou curioso para entender agora toda essa proposta.

***

Viviane

—Pronto! Mesa posta e comida preparada do jeito que o Pedro gosta.

Admiro meu trabalho naquele dia, estava extremamente cansada, mesmo assim a comida estava feita eu tinha certeza de que ele iria gostar ao provar.

Vejo a hora no relógio, é quase 8 da noite e e o Pedro me mandou mensagem avisando que estava perto de chegar. Antes de tomar banho e me trocar, mando mensagem para Joana e ela me confirma que vovó tomou todos os medicamentos, e que assiste a novela e logo vai dormir.

Saio da cozinha da enorme mansão que Pedro construiu na comunidade. Muitas meninas dali sonham em viver ao lado dele, mas como Vicky sempre me fala, a única que tem acesso a tudo aquilo sou eu. Mesmo sabendo da obsessão por mim, eu não quero viver ao lado dele mesmo que ele não canse de falar que ficarei ao seu lado até quando ele quiser.

Vou para o quarto abrindo o closet e tirando um dos vestidos que tenho guardado ali. Para facilitar minha vida, decidi com o passar do tempo , deixar alguns itens pessoais e roupas na casa, e assim não teria que ficar levando e trazendo as coisas para casa dele.

Escolhi a primeira peça que vi e deixo em cima da cama, com a peça intima, e tiro meu short, e camiseta e entro no banheiro. Um banho quente ajudaria a relaxar a tensão e me deixaria calma para a noite que me esperava.

***

Pedro

Tive que viajar para o Rio de Janeiro, em uma reunião importante com um dos chefes de lá, mas retornei antes da data por saber que por incompetência de alguns, os homens invadiram meu território e algum forasteiro tentouando ocupar meu lugar e vender as drogas que todos sabem que é proibido. Posso ser alguém que não vive conforme a lei, mas drogas é algo que jamais quis experimentar na vida e não será agora depois de velho que vou concordar. As armas que vendo e compro, as mercadorias que chegam de fora já são mais do que suficientes para continuar meu negócio e pretendo que fique assim por muito tempo.

— Bigode, você vai até a comunidade vizinha e descobre quem foi oa filha da puta que ousou vender as drogas aqui enquanto eu estava fora. Já falei que aqui não quero essas paradas e se eu descobrir que tem gente daqui envolvida, pode ter certeza de que coisas boas não vão acontecer.

Abro a gaveta e tiro de lá minha pistola e coloco por dentro da camisa. Depois de um dia cansativo de reuniões com outros membros e de saber que em breve o médico chefe irá assumir a clínica que mandei construir na comunidade com o ajuda do governador e do secretário, sinto que chegou a hora de relaxar e encontrar minha morena.

Viviane, minha mulher e a garota, que assim que coloquei os olhos 2 anos atrás me apaixonei e fiz dela minha.

— Chefe, antes que você vá para a casa só quero avisar que a vozinha está segura e dona Viviane depois de passar horas no salão da Vicky foi para sua casa na hora certa.

— Reforça a segurança da casa da dona Zélia, que essa noite a neta não volta para casa e quero aproveitar a noite ao lado dela. Avisa o Luquinha que vamos sair cedo depois do café.

Saio do escritório, louco para encontrar com ela e me afundar naquele corpo que tanto amo e me faz bem. Viviane não sabe o quanto me tem em suas mãos e por ela eu mato qualquer homem que ouse olhar para ela.

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