PedroViviane admirava a cidade ao meu lado. Depois do jantar, pedi para que um dos funcionários retirasse as coisas do quarto e assim nós dois poderíamos ficar, mas a vontade. Sentada ao meu lado, minha princesa via do alto as luzes que iluminavam a noite paulista. A única coisa que pedi que deixassem em cima da mesa que ficava ali na varanda era a caixinha com a joia que seria a surpresa final da nossa noite.—Acho que vou ligar para a Fátima e saber o que nosso filho anda fazendo — impeço que Viviane se levante para pegar o celular na sua bolsa.—Não precisa se preocupar com nada Viviane. Nosso filho essa hora já deve estar dormindo. Se algo tivesse acontecido, tenho certeza de que a Fátima ou até mesmo a sua avó teriam nos avisado. Tento deixar Viviane, mas calma. Eu tinha muitos planos para depois do nosso jantar. O anel que eu entregaria dois anos atrás, ela já havia descoberto então eu precisava de uma outra forma de fazer o pedido de casamento e dessa vez de forma correta.A n
PedroSeu Neto e eu esperávamos por Vitória. A garota nos avisaria o momento em que Viviane se encontrava pronta para assim darmos início a cerimônia. Hoje era o dia, mas importante na minha vida. Viviane se tornaria minha esposa para todo o sempre. Todos esperavam a chegada da noiva. Seu Neto e eu nos encontrávamos atrás do altar enquanto Viviane terminava de se arrumar na salinha.—José não conseguiu chegar para o casamento, mas mandou avisar que torce pela sua felicidade ao lado da Viviane.—Ele me contou que não teria como vim e avisou que espera com ansiedade o convite do batizado do segundo filho.Nós dois rimos assim que falo. Viviane me contou que pararia de tomar a medicação. Que ter mais um filho, mesmo com Francisco ainda pequeno. Assim os dois cresceriam juntos.Enquanto conversa com meu amigo, vi Lucas se aproximando de mim. O garoto parecia nervoso e me chamou para conversar em particular.—Chefe, não queria estragar o casamento do senhor, só que preciso contar que a Viv
Leonardo Sentado sozinho no primeiro bar que encontrei, depois que saí da casa dos meus pais. Minha rotina agora era do trabalho para casa, com parada para o jantar com minha família. Há seis meses eu vivia assim. Tentando focar no trabalho, projetos e propostas que eu analisava todos os dias. A vida deu um giro de 360º depois que Marcelo foi preso e agora aguardava o julgamento em um dos presídios da cidade. Por dias ele tentou me manipular, chantagear, porém, eu não deixei que ele dominasse novamente minha vida profissional. Minha mãe palpitava sobre um novo casamento, por conta do partido que sempre batia na tecla de que um político casado com família sempre seria bem-visto aos olhos da população. Sara estava de volta ao Brasil e retomamos nossa relação. Nos encontrávamos a noite em seu apartamento, conversávamos sobre nossas vidas, evitando falar do meu casamento com Viviane e do que eu fiz para tentar conquistar o amor dela. Quando me encontrava com Sofia, ela comentava algo sobr
3 anos e meio depois...VivianeSentada na varanda conversando com minha melhor amiga e vovó, observava o movimento àquela hora do dia na rua. Ester brincava de casinha com Duda a filha da Vitória com Lucas. 4 anos se passaram desde a volta do Pedro, minha separação, meu novo casamento com o pai dos meus filhos. Estrela Guia agora se encontrava tão diferente de 8 anos atrás. Eu agora estava com 26 anos. Casada com o amor da minha vida, dona de duas docerias na cidade e vivendo uma vida que nunca esperava viver. Tanta coisa mudou em nossa comunidade. Tanto para o bem quanto para o mau. Pedro dizia que pensava em se aposentar e passar os negócios para o Lucas. No fundo eu sabia que era apenas da boca para fora isso. Meu marido amava o que fazia e se orgulhava de tudo que construiu com o passar dos anos. Aos 40 anos, se tornou conhecido pelo pulso firme com que lidava com as coisas, os negócios não tão certos, bem ele continuava fazendo. Porém não era, mas alvo da polícia como antes. Eu
VivianeAcordo pensando no que me espera naquele dia. A noite foi longa, vovó não conseguia dormir por conta das dores de cabeça e não sei o que fazer para melhorar a saúde dela.Nasci e cresci nessa comunidade, e agradeço por ter uma casa mesmo que numa comunidade e apesar de tudo eu sou muito feliz aqui.— Viviane, meu amor, me traga um copo de água?Vovó Zélia é a única pessoa que tenho nesse mundo. Meus pais morreram a 10 anos atrás quando estava prestes a completar 8 anos. Era uma tarde de domingo onde todos comemoravam o feriado santo, a polícia invadiu a favela por conta de uma denúncia e com isso do nada os homens entraram atirando em quem viam pela frente. Depois dali, apenas nós duas vivíamos numa casa com três cômodos em uma parte privilegiada da favela por conta do meu pai que quando vivo, era amigo do antigo chefe daqui. Logo depois que Seu Chico faleceu por conta de um infarto fulminante, o filho mais velho Pedro é quem assumiu tudo. Pedro é um ex-policial federal expuls
Leonardo— Leonardo Martinez, me diz que é uma brincadeira tudo isso e você não vai se enfiar numa favela, morro ou comunidade?. O nome que você quiser escolher para um local infestado de bandidos!.Respiro novamente, tentando não responder aos berros da minha mãe. As vezes ela esquece que já sou um homem e não um moleque de 18 anos que saiu de casa para estudar medicina fora do país.— Mamãe por favor, não seja preconceituosa com o que fala de pessoas que nem a senhora não conhece. Eu vou ajudar na clínica que o secretário vai inaugurar na comunidade e será apenas duas vezes na semana. A senhora sabe bem como gosto de ajudar e não sei por que esse desespero todo.Soraia Martinez me trata como uma criança, não entende o amor que sinto em ajudar os mais necessitados sabendo que posso fazer mais do que muitos por aí. Depois de ficar um tempo trabalhando no médico sem fronteiras, eu voltei para o Brasil e recebi uma proposta para ser o diretor de uma comunidade perto da Brasilândia, e ac
Viviane—Sim vovó, não vou dormir essa noite em casa. O Lucas me ligou avisando que o Pedro pediu para reforçar a segurança da casa e não se preocupa que nada vai acontecer com a senhora. Tudo bem, amanhã assim que ele sair para o trabalho eu volto para casa, tudo bem?Me despeço da minha avó e ouço um carro estacionar na garagem, pela hora o Pedro chegando e corro para a cozinha, para aquecer o molho.Enquanto mexo nas panelas, sinto uma mão rodeando minha cintura e beijando minha nuca deixando meu corpo se arrepiando ao toque dele.Maldita reação que sempre me deixa assim, cada vez que os dedos dele tocam em qualquer parte do meu corpo traidor.Me recrimino em pensamento, por sentir o que sinto cada vez que ele acaricia minha pele.—Comida com cheiro bom — ele continua beijando minha nuca indo para o meu pescoço.—Espero que tenha resolvido tudo e consiga encontrar quem ousou entrar aqui para vender o que não é permitido.Me viro ficando de frente para ele, passando os braços em tor
VivianeÉ sempre assim com Pedro. Se eu digo “não”, ele reage daquela forma imediatamente e me trata como se fosse nada. Vou para o banheiro e faço minha higiene matinal, depois tomo um banho gelado lavando tudo que houve na noite passada, volto para o quarto e visto a primeira roupa que encontro. Como vou ficar em casa, não tem necessidade de me arrumar apenas para servir as manias do Pedro. Quando vou para a cozinha, encontro Maria terminando de arrumar a mesa, ela me olha com o olhar de desprezo de sempre. Quando Pedro não está por perto, ela me trata como os lixos que costuma lidar, mas claro que na frente do chefe ela coloca o sorriso falso e se finge de boa.— Maria, pode arrumar o nosso quarto? Quero tomar o café sozinho com minha mulher.Pedro dá ordem e claro que aquela bruxa não dá nem mesmo um suspiro. Sempre se mostrando de boazinha, mas não passa de uma cobra maldita.***LeonardoO dia da inauguração da clínica na comunidade chegou e depois de muita discussão com mamãe,