Capítulo 4

Viviane

É sempre assim com Pedro. Se eu digo “não”, ele reage daquela forma imediatamente e me trata como se fosse nada. Vou para o banheiro e faço minha higiene matinal, depois tomo um banho gelado lavando tudo que houve na noite passada, volto para o quarto e visto a primeira roupa que encontro. 

Como vou ficar em casa, não tem necessidade de me arrumar apenas para servir as manias do Pedro. Quando vou para a cozinha, encontro Maria terminando de arrumar a mesa, ela me olha com o olhar de desprezo de sempre. Quando Pedro não está por perto, ela me trata como os lixos que costuma lidar, mas claro que na frente do chefe ela coloca o sorriso falso e se finge de boa.

— Maria, pode arrumar o nosso quarto? Quero tomar o café sozinho com minha mulher.

Pedro dá ordem e claro que aquela bruxa não dá nem mesmo um suspiro. Sempre se mostrando de boazinha, mas não passa de uma cobra m*****a.

***

Leonardo

O dia da inauguração da clínica na comunidade chegou e depois de muita discussão com mamãe, saio de casa diretamente para a favela Estrela Guia. Depois de algumas pesquisas, descobri que o chefe daquele lugar era um policial federal com uma certa fama que logo depois descobri que era filho do antigo dono do lugar. Mesmo sendo um bandido respeitado e traficante de armas e mercadorias vindo de fora, ele não aceitava boca de fumos por ali e os usuários eram obrigados a comprar suas drogas em favelas vizinhas. 

Paro o meu carro na entrada e vejo crianças brincando, homens e mulheres dançando e pelo que notei, era um dia de festa. Bandeiras de festas e faixas onde se lia bem-vindos novos médicos e enfermeiros. Um sorriso brotou nos meus lábios por saber que a profissão que amo seria valorizada mesmo de uma forma um pouco torpe, já que teria que trabalhar sob os mandos e desmando do famoso Pedro Pascoal.

***

Viviane

— Viviane, vai demorar muito ou precisa se embelezar ainda mais?

Pedro me espera na sala reclamando da demora em me vestir. Enrolo o quanto posso para não ter que participar daquela festa, mas sei que se recusar terá consequências, e durante os dias que fiquei na casa dele, por um milagre me tratou bem e até mesmo trouxe a vovó para me visitar.

Escolhi um vestido de alças curto de um tom salmão, e mesmo Pedro querendo que eu use algo chamativo, não sou desse jeito e nem sou como as piranhas que morrem para ter a atenção dele. Naquele dia decidi alisar meu cabelo que caía em uma cascata negra, na orelha um brinco de argola de ouro e no pescoço um colar com o pingente de perola que Pedro me deu de aniversário.

Pego minha bolsa de festa, checo se não esqueci nada e saio do quarto encontrando-o ao celular impaciente e falando com alguém.

— Se algo der errado essa noite, saiba que vou pegar vocês e quebrar os dedos de cada um.

Pedro desliga o celular, guarda no bolso da calça jeans e se vira para mim com um sorriso ao me ver arrumada.

— Pensei que tinha esquecido do nosso compromisso.

Me abraça depositando um beijo em meus lábios e me trazendo para mais perto dele.

— Se minha presença não fosse importante, te levaria para o nosso quarto e passaria o resto do dia dentro de você.

— Você ficou reclamando da minha demora. Estou aqui e você já pensa em transar comigo!

Me afasto dele arrumando meu vestido e sento o tapa na minha bunda da sua mão pesada.

— Eu gosto quando sua língua ferina está no modo ativado. Mas prefiro ela mais ainda lambendo meu pau ao invés de falar demais como agora. 

Segura meu braço com um pouco de força e tento me soltar, mas ele me traz para mais perto dele.

— Hoje vamos ter a presença de gente importante e o médico responsável, que pelo que já me avisaram, chegou aqui na comunidade. Espero que você não fique desfilando esse seu corpo entre os homens e não saía de perto de mim.

Suspiro sentindo a mão dele apertando ainda mais o meu braço, sabendo que vou ter que ficar ao lado dele como uma boneca sem opinião apenas para satisfazer seu ego por ter uma garota mais nova ao seu lado.

Saímos da casa em direção a garagem. Pedro destranca o carro, entramos e somos seguidos por mais dois veículos que fazem a nossa segurança. Ele acha que não ouvi, mas Bigode foi até a casa na noite passada informando que Zezinho, o chefe da favela ao lado que é um traficante merdinha que acha que pode tudo, planejava um ataque. Quando Pedro ainda trabalhava como policial federal em uma das operações contra o tráfico de drogas, o pai de Zezinho foi preso e morto na cadeia um ano depois

— Posso ao menos ficar junto da Vicky quando chegarmos lá?

Enquanto ele dirige com atenção mesmo estando no mesmo bairro, Pedro não se distrai e tá sempre atento a todos os lados. Em menos de 5 minutos ele estaciona o carro junto aos veículos chiques, que pelo o que noto, é de autoridades e de alguns empresários que pagavam para Pedro para terem uma certa segurança.

— Eu deixo você ficar com aquela sua amiga, mas é só enquanto converso com o governador e aquele secretário de merda. Você sabe, sem olhar para os lados, muito menos conversar com algum estranho que ousar se aproximar de você.

Concordo, mas sabendo que vou dar um jeito de escapar dos urubus que trabalham para ele. 

— Eu quero apenas me divertir um pouco. Você sabe que a vovó não vai poder participar e sabe também que odeio ter que ficar sorrindo pra todo aquela gente chata que adora te bajular.

Pedro segura minha nuca com um pouco mais de força e beija meu pescoço, passando a língua em minha pele, descendo a mão até minha calcinha e apertando meu clítoris por cima do tecido com força.

— Faça o que eu te disse. Assim que a fita for cortada, dou um jeito de irmos embora, sabe bem que preciso viajar na próxima semana e vou ficar longe de você por 3 dias.

Antes que eu possa responder, ele me beija da forma rude e segura meu cabelo com força, me mostrando que sempre será meu dono.

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