Leonardo— Leonardo, não consigo acreditar em tudo que ouvi e li — mamãe seguia desconfiada, achando que Marcelo era inocente. Que um complô foi armado, porque ele era um homem justo, correto e que jamais faria algo assim.—Soraia, não seja ingênua, minha querida. Às vezes achamos que conhecemos alguém e no final tudo não passa de um personagem.Papai, afirmava enquanto eu permanecia calado na sala apenas ouvindo. Depois que a polícia revistou minha sala, não encontrando nada que me prejudicasse, foram embora e logo depois vim para casa dos meus pais. A notícia nas mídias sociais, pipocavam com acusações piores do que a polícia descobriu. Durante o jantar, a conversa foi a prisão dele e agora seguia o mesmo assunto. Mamãe não acreditava que um homem “bondoso” como Marcelo cometeria crimes horrendos como os que ele estava sendo acusado.—Pai, não sei se devo continuar com o cargo de secretário — desde o momento que Pedro saiu da minha sala a polícia apareceu logo depois, me peguei pens
LeonardoNunca na vida imaginei, que estaria em uma delegacia esperando para conversar com um preso. Ao chegar em casa depois do jantar na casa dos meus pais, enquanto trabalhava no escritório, recebi a ligação de um dos advogados do Marcelo. Na mensagem, o homem exigia a minha presença na manhã seguinte. Que eu precisava ir até lá para ter uma reunião com Marcelo, relacionado às questões da secretária. Claro que era uma mentira, com certeza os celulares dos advogados estavam sendo rastreados. Apenas respondi com um “sim” e agora me encontrava aqui nessa sala, com um policial me vigiando a todo instante como se eu fosse o bandido ali. Disfarçava o nervosismo, concentrando em um ponto qualquer daquela sala, aguardando a entrada do Marcelo. Quase 15 minutos depois, que mais parecia horas, a porta se abriu e ele entrou escoltado por dois policiais.— Garoto, não precisa ficar aqui vigiando a nossa conversa. Você e seus companheiros aí do lado sabem o que devem fazer a partir de agora.Ma
PedroViviane admirava a cidade ao meu lado. Depois do jantar, pedi para que um dos funcionários retirasse as coisas do quarto e assim nós dois poderíamos ficar, mas a vontade. Sentada ao meu lado, minha princesa via do alto as luzes que iluminavam a noite paulista. A única coisa que pedi que deixassem em cima da mesa que ficava ali na varanda era a caixinha com a joia que seria a surpresa final da nossa noite.—Acho que vou ligar para a Fátima e saber o que nosso filho anda fazendo — impeço que Viviane se levante para pegar o celular na sua bolsa.—Não precisa se preocupar com nada Viviane. Nosso filho essa hora já deve estar dormindo. Se algo tivesse acontecido, tenho certeza de que a Fátima ou até mesmo a sua avó teriam nos avisado. Tento deixar Viviane, mas calma. Eu tinha muitos planos para depois do nosso jantar. O anel que eu entregaria dois anos atrás, ela já havia descoberto então eu precisava de uma outra forma de fazer o pedido de casamento e dessa vez de forma correta.A n
PedroSeu Neto e eu esperávamos por Vitória. A garota nos avisaria o momento em que Viviane se encontrava pronta para assim darmos início a cerimônia. Hoje era o dia, mas importante na minha vida. Viviane se tornaria minha esposa para todo o sempre. Todos esperavam a chegada da noiva. Seu Neto e eu nos encontrávamos atrás do altar enquanto Viviane terminava de se arrumar na salinha.—José não conseguiu chegar para o casamento, mas mandou avisar que torce pela sua felicidade ao lado da Viviane.—Ele me contou que não teria como vim e avisou que espera com ansiedade o convite do batizado do segundo filho.Nós dois rimos assim que falo. Viviane me contou que pararia de tomar a medicação. Que ter mais um filho, mesmo com Francisco ainda pequeno. Assim os dois cresceriam juntos.Enquanto conversa com meu amigo, vi Lucas se aproximando de mim. O garoto parecia nervoso e me chamou para conversar em particular.—Chefe, não queria estragar o casamento do senhor, só que preciso contar que a Viv
Leonardo Sentado sozinho no primeiro bar que encontrei, depois que saí da casa dos meus pais. Minha rotina agora era do trabalho para casa, com parada para o jantar com minha família. Há seis meses eu vivia assim. Tentando focar no trabalho, projetos e propostas que eu analisava todos os dias. A vida deu um giro de 360º depois que Marcelo foi preso e agora aguardava o julgamento em um dos presídios da cidade. Por dias ele tentou me manipular, chantagear, porém, eu não deixei que ele dominasse novamente minha vida profissional. Minha mãe palpitava sobre um novo casamento, por conta do partido que sempre batia na tecla de que um político casado com família sempre seria bem-visto aos olhos da população. Sara estava de volta ao Brasil e retomamos nossa relação. Nos encontrávamos a noite em seu apartamento, conversávamos sobre nossas vidas, evitando falar do meu casamento com Viviane e do que eu fiz para tentar conquistar o amor dela. Quando me encontrava com Sofia, ela comentava algo sobr
3 anos e meio depois...VivianeSentada na varanda conversando com minha melhor amiga e vovó, observava o movimento àquela hora do dia na rua. Ester brincava de casinha com Duda a filha da Vitória com Lucas. 4 anos se passaram desde a volta do Pedro, minha separação, meu novo casamento com o pai dos meus filhos. Estrela Guia agora se encontrava tão diferente de 8 anos atrás. Eu agora estava com 26 anos. Casada com o amor da minha vida, dona de duas docerias na cidade e vivendo uma vida que nunca esperava viver. Tanta coisa mudou em nossa comunidade. Tanto para o bem quanto para o mau. Pedro dizia que pensava em se aposentar e passar os negócios para o Lucas. No fundo eu sabia que era apenas da boca para fora isso. Meu marido amava o que fazia e se orgulhava de tudo que construiu com o passar dos anos. Aos 40 anos, se tornou conhecido pelo pulso firme com que lidava com as coisas, os negócios não tão certos, bem ele continuava fazendo. Porém não era, mas alvo da polícia como antes. Eu
VivianeAcordo pensando no que me espera naquele dia. A noite foi longa, vovó não conseguia dormir por conta das dores de cabeça e não sei o que fazer para melhorar a saúde dela.Nasci e cresci nessa comunidade, e agradeço por ter uma casa mesmo que numa comunidade e apesar de tudo eu sou muito feliz aqui.— Viviane, meu amor, me traga um copo de água?Vovó Zélia é a única pessoa que tenho nesse mundo. Meus pais morreram a 10 anos atrás quando estava prestes a completar 8 anos. Era uma tarde de domingo onde todos comemoravam o feriado santo, a polícia invadiu a favela por conta de uma denúncia e com isso do nada os homens entraram atirando em quem viam pela frente. Depois dali, apenas nós duas vivíamos numa casa com três cômodos em uma parte privilegiada da favela por conta do meu pai que quando vivo, era amigo do antigo chefe daqui. Logo depois que Seu Chico faleceu por conta de um infarto fulminante, o filho mais velho Pedro é quem assumiu tudo. Pedro é um ex-policial federal expuls
Leonardo— Leonardo Martinez, me diz que é uma brincadeira tudo isso e você não vai se enfiar numa favela, morro ou comunidade?. O nome que você quiser escolher para um local infestado de bandidos!.Respiro novamente, tentando não responder aos berros da minha mãe. As vezes ela esquece que já sou um homem e não um moleque de 18 anos que saiu de casa para estudar medicina fora do país.— Mamãe por favor, não seja preconceituosa com o que fala de pessoas que nem a senhora não conhece. Eu vou ajudar na clínica que o secretário vai inaugurar na comunidade e será apenas duas vezes na semana. A senhora sabe bem como gosto de ajudar e não sei por que esse desespero todo.Soraia Martinez me trata como uma criança, não entende o amor que sinto em ajudar os mais necessitados sabendo que posso fazer mais do que muitos por aí. Depois de ficar um tempo trabalhando no médico sem fronteiras, eu voltei para o Brasil e recebi uma proposta para ser o diretor de uma comunidade perto da Brasilândia, e ac