A sala de estar da mansão dos Hoffmann era tão opulenta quanto fria, com móveis elegantes que não conseguiam esconder a atmosfera pesada que pairava no ar. Nikolas e Anya estavam de pé, lado a lado, enquanto Klaus, Elisa e Liam os observavam com expressões variadas – na ordem - de desdém, pesar e desconfiança. O silêncio que se seguiu enquanto se acomodavam era tenso, quase sufocante.Depois de se acomodar, Klaus inibiu qualquer intenção da filha em falar, esticando a palma aberta quando ela tentou fazê-lo, tomando ele a frente em ser o primeiro a quebrar o silêncio com seu tom cortante e cheio de aspereza.— Espero que tenha vindo aqui para abrir mão da guarda de Maximilian — jogou afiado como a lâmina de uma espada, sem qualquer preâmbulo em expor seu maior desejo: a guarda total do único neto.Um ardor de raiva percorreu o corpo de Anya, mas ela se manteve firme, endireitando os ombros e olhando diretamente nos olhos do pai, com a confiança que por anos ele fez questão de oprimir co
Após a saída de Nikolas e Anya, a tensão na sala de estar da mansão dos Hoffmann pulsava no ar. Klaus, com os punhos cerrados ao lado do corpo, sentia a raiva fervilhar dentro de si. Sua expressão, antes marcada pela frieza, agora exibia a fúria incontrolável.— Inútil! — explodiu, sua voz reverberando pelas paredes da sala, enquanto se virava bruscamente para Liam. — Você é um completo inútil! Como ousa deixar isso acontecer? — Avançou um passo, apontando o dedo acusadoramente para o ex-marido de sua filha, que ainda estava atordoado pelas revelações e ameaças de Nikolas e Anya.Liam, normalmente tão seguro de si, recuou instintivamente, o coração batendo rápido. Abriu a boca para se defender, mas Klaus não lhe deu tempo.— Eu te dei tudo, tudo! — Klaus continuou destilando seu desprezo. — E em troca, não consegue nem ao menos garantir a guarda do meu neto? Agora corremos o risco de perder Maximilian para aquele... aquele advogado do diabo que você permitiu voltar à vida da minha filh
Diferente da sala de estar da casa dos Hoffmann, a da mansão dos Oliveira era acolhedora, com móveis simples, mas elegantes, e a luz suave do final da tarde inundava o ambiente através das janelas. Clara sentada em sua poltrona favorita, os olhos escuros brilhando com curiosidade enquanto observava o casal à sua frente. Nikolas e Anya sentados juntos no sofá, as mãos entrelaçadas, ambos parecendo aliviados e ansiosos ao mesmo tempo.— Então o que aconteceu? — Clara perguntou com um sorriso caloroso, percebendo o nervosismo no rosto de Anya.Nikolas apertou levemente a mão de Anya antes de começar a explicar.— Mãe, tem muita coisa que precisamos te contar. Coisas que aconteceram no passado e que, infelizmente, nos afastaram. — Seu olhar se suavizou ao encontrar os olhos da mãe. — O pai de Anya fez de tudo para nos separar há cinco anos. E, pior ainda, ele teve a ajuda da Laura, esposa do Ricardo. Ela mentiu e manipulou a pedido dele para que Anya acreditasse que eu a tinha traído. Esse
Os passos apressados de Carla ecoavam no corredor de acesso ao quarto de Liam. Ela havia passado a tarde inteira mantendo Maximilian ocupado, garantindo que o menino não notasse a presença de sua mãe na casa. Agora, depois de colocar o pequeno para dormir, estava ansiosa para saber como havia sido a conversa com Anya.Ao abrir a porta do quarto de Liam, ela encontrou-o de pé, encarando a escuridão pela janela. Algo na postura rígida de Liam a fez hesitar. Ele parecia prestes a explodir como um vulcão.— Liam... — chamou cautelosa. — Como foi à conversa com Anya?Liam se virou abruptamente, os olhos azuis gelados cravados em Carla com uma intensidade furiosa. Sem responder, ele deu alguns passos largos em sua direção, agarrando o rosto dela com uma mão forte. O aperto era firme, cruel, como se ele estivesse tentando esmagá-la.— Estou cansado, Carla. Cansado de ser tratado como um fantoche por essa maldita família! — A voz de Liam estava carregada de raiva.Inesperadamente, ele a empur
A noite chegou com seu manto de tranquilidade em volta da residência dos Oliveira, no quarto que ocupava dentro da casa principal, Anya estava de pé em frente à janela, observando pensativa o jardim iluminado por pequenas luzes distribuídas pelo gramado. Seu coração pesado com a tensão dos últimos dias e, principalmente, pela discussão com seu pai.A voz fria e controladora dele ainda ecoava em seus ouvidos, as palavras cruéis gravadas em sua mente, pressionando-a a abrir mão do filho a favor dele. Ele queria que ela se dobrasse à vontade da família, que abandonasse sua luta por Max, algo que há muito ela deixou claro ser impossível. Jamais deixaria seu doce menino com alguém que nunca tratou os demais com o mínimo de respeito e consideração.Esfregou as mãos pelos braços, aquecendo-os, afastando o frio cortante que a atingia só em pensar nele. Tinha sido manipulada por tanto tempo sem nem mesmo saber. Seus olhos azuis, geralmente calmos, agora brilhavam com uma determinação feroz. Ess
O quarto estava imerso em uma penumbra suave, iluminado apenas pela luz suave da lua que entrava pela janela entreaberta, desenhando silhuetas delicadas nas paredes. Deitados na cama, Nikolas e Anya se aconchegavam um no outro.Com a cabeça repousando no peito de Nikolas, Anya ouvia o ritmo constante do coração dele. A sensação de segurança que ele transmitia a fazia relaxar como não se lembrava de ter feito em muito tempo.Nikolas, por sua vez, tinha um braço ao redor dela, a observando com ternura e desejo, admirando cada detalhe de seu rosto, a forma como seus olhos fechados refletiam paz, e o leve sorriso que brincava em seus lábios.— Nunca pensei que teríamos essa chance novamente — ele confessou, os dedos brincando suavemente com os fios do cabelo dela —, de estar aqui, juntos e planejando nosso casamento.Anya levantou os olhos para ele, encontrando o olhar profundo e intenso de Nikolas. Seus corações pareciam bater em uníssono, conectados de uma maneira que apenas eles entendi
A noite estava clara e serena, a lua crescente pairava no céu, lançando o suave brilho prateado sobre Anya e Nikolas de braços dados, aproveitando para estender o encontro caminhando na pracinha próxima do elegante restaurante em que estiveram. O jantar havia sido perfeito, repleto de conversas doces e olhares cúmplices.O caminho era ladeado por flores que balançavam suavemente com a brisa noturna, o aroma suave delas os envolvendo, criando uma atmosfera de paz e encantamento. Sorridente, Anya se aconchegava a Nikolas, sentindo-se amada e protegida.— Foi uma noite perfeita — disse observando fascinada o rosto bonito e másculo de seu noivo.Nikolas sorria, seguindo devagar até ficarem embaixo de um ipê roxo, parando e com isso fazendo com que Anya também parasse. Ela olhou para ele, confusa por um momento.Ele soltou seu braço e se ajoelhou diante dela, tirando do bolso as calça social um objeto que estendeu a frente do corpo: uma pequena caixa de veludo negro.O coração de Anya disp
Carla estava parada atrás de Maximilian na entrada da imponente mansão dos Hoffmann, observando com um olhar sombrio a aproximação de um carro preto que deslizava silenciosamente pelo longo caminho pavimentado. Mal conseguia disfarçar o ressentimento que se avolumava em seu peito com a visita da futura esposa de Liam.Tendo ouvido o aviso de Liam mais cedo, sabia exatamente o que aquela visita significava para as ilusões que criou em torno do relacionamento deles, e a raiva queimava em seu interior num fogo incontrolável.O carro parou e, entre seus ocupantes, uma jovem de aparência delicada, com longos cabelos castanhos apareceu, usava um longo azul claro que realçava sua beleza pueril. Movia-se com elegância, seguida de perto pelos pais, um casal visivelmente ansioso, com roupas formais, mas não tão luxuosas quanto as que os Hoffmann costumavam usar.Carla mordeu o lábio ao observar Liam, adiantando-se até a família, ajeitando o blazer feito sob medida com um sorriso galante estampa