1° Capítulo

Violet

- Violet, querida - Minha cerimonialista me para assim que desço do carro em frente a igreja.

- Algum problema? - Perguntei.

Megan, minha melhora amiga, estava vermelha como um pimentão, e me olhava com os olhos pegando fogo enquanto apertava o celular contra o ouvido.

- O noivo… - Minha cerimonialista gaguejou, e meu coração palpitou.

Megan se aproximou batendo os pés e estendeu o celular para mim. Peguei o aparelho de suas mãos.

- Alô?

- Vi, meu amor…

- Onde você está? - O cortei, já sentindo um enorme bolo na garganta.

- Precisamos remarcar, é a Rosalind, ela passou mal e…

- Remarcar?

- Sei que irá entender amor, Rosalind não tem ninguém. Peça para a cerimonialista falar com o padre, aproveite a festa com nossos convidados e amanhã nos casamos no cartório.

- O que você está dizendo, Eathan? - Praticamente gritei.

Eu estava ali, parada em frente à igreja, com as mãos trêmulas segurando o buquê, o coração acelerado, o vestido que demorou meses para ficar pronto. Tudo parecia um sonho. Não, um pesadelo.

- Eu... não vou conseguir ir para o casamento. Preciso ir, depois te mando uma mensagem.

Por um momento, as palavras não faziam sentido. Eu repeti a frase dele na minha cabeça, tentando encontrar algum vestígio de mal-entendido. Não, ele não podia estar dizendo isso. Não naquele momento. Não agora, quando tudo estava pronto, quando eu estava pronta.

Minha mente lutava contra a realidade que se impunha. Isso não pode ser real. Não deveria ser real. Era como se o chão sob meus pés estivesse se abrindo, sugando todo o ar ao meu redor. Minha visão ficou turva, não de lágrimas — ainda não. Era o choque, o vazio de perceber que o homem que eu pensei que me amava estava me abandonando na pior forma possível.

A dor veio em ondas, cada uma mais forte do que a anterior, cada uma quebrando algo dentro de mim. Eu me sentia uma idiota. Uma tola por acreditar em suas promessas, por sonhar com o futuro que ele nunca teve a intenção de construir comigo. E então, lentamente, a dor começou a mudar. O que antes era um buraco no meu peito, agora começava a queimar.

A raiva.

Como ele ousou? Como ele teve a coragem de me deixar assim? Por ela? As lágrimas que eu segurava agora queimavam em meus olhos, mas eu não ia deixar que caíssem por ele.

Ele pode ter fugido, mas o que ele não sabia... é que essa foi a última vez que ele fugiu de mim. Eu não seria mais a tola que o esperaria, não seria mais a mulher que aceitava suas desculpas esfarrapadas.

Este era o fim. De verdade. Não havia mais espaço para ele na minha vida, nem na minha história.

Eu abri a porta da igreja sozinha. O som ecoou pelo salão silencioso, cada passo meu reverberando nas paredes decoradas com flores brancas, perfeitas demais para o que estava prestes a acontecer. Meu coração batia forte no peito, mas não era nervosismo — era a mistura de dor, humilhação e raiva queimando dentro de mim.

Quando cruzei o corredor central, todos os olhares se voltaram para mim. Rostos cheios de expectativa, sorrisos nervosos, olhares curiosos. Ninguém entendia. Ninguém sabia. Os murmúrios começaram, baixos, uma onda crescente de perguntas não ditas. O que estava acontecendo? Onde estava o noivo? Por que eu estava sozinha?

Eu parei no meio do caminho, bem no centro, respirando fundo. Senti os olhos me perfurando, cada pessoa esperando uma explicação. E eles teriam uma.

 - Não haverá casamento - Minha voz soou alta e clara, cortando o ar, deixando um silêncio profundo logo depois. O choque estampado em cada rosto me deu uma pontada de satisfação amarga. 

Algumas pessoas ainda pareciam não acreditar. Eu vi a confusão, a tentativa desesperada de alguns em entender o que eu estava dizendo. Mas não importava. Eu precisava encerrar aquilo. Precisava colocar um fim nessa farsa.

Mais murmúrios, dessa vez de incredulidade. Alguns tentaram se levantar, fazer perguntas, mas eu já tinha dito tudo o que precisava. Aquele dia, aquele vestido, aquela igreja... tudo estava acabado. Eu dei um último olhar para as pessoas ali, para aquela cena que deveria ter sido o meu dia perfeito, e virei as costas, caminhando em direção à saída com o alívio de quem finalmente se livra de um peso insuportável.

Eu estava ferida, mas ao mesmo tempo, livre.

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