5° Capítulo

Violet

Era loucura, eu sabia.

Mas eu não conseguiria ter paz sem falar com ele. Ele quem eu ainda nem sabia o nome, não que ele tenha me dado muita brecha para perguntas.

- Cheguei - Falei no telefone enquanto entrava no Space Needle.

- Você ainda não me mandou a localização em tempo real - Megan grunhiu ao telefone.

- Sossegue, se ele fosse me sequestrar não teria me chamado em um restaurante no maior ponto turístico da cidade - Entrei no elevador e comecei a subir.

- Você sabe que ai só tem frutos do mar né? Fácil dele enfiar um camarão na sua boca e te matar.

- Sim, Megan, ele viu na bola de cristal dele que sou alérgica a frutos do mar.

As portas do elevador se abriram me dando vista para o restaurante giratório mais famoso de Seattle, era engraçado o fato de que eu moro aqui a minha vida inteira e nunca tinha pisado meus pés aqui. Ser alérgica ao preto principal também não incentivava a visita.

- Vou desligar.

- Localização em tempo real, Violet. Ou eu juro que apareço ai antes mesmo de você sentar a bunda na cadeira.

Desliguei a chamada e mandei a localização para que Megan ficasse mais tranquila. Parando em frente ao balcão da recepcionista eu travei, não sabia bem o que dizer.

- Reserva? - Ela me olhou com um sorriso simpático que não chegava aos olhos. Anos de experiência provavelmente.

- Eu acho que sim. Meu nome é Violet e…

- Me acompanhe - Ela apenas girou sob seus saltos e saiu andando.

Mesmo meio atordoada eu a segui até o outro lado do restaurante, onde menos pessoas estavam. Por ser fora de temporada o restaurante estava agradável, mas em temporada aqui era uma verdadeira loucura de turistas.

Eu o vi, e no mesmo segundo, como em um estalo, o reconhecimento, segui a recepcionista em modo automático, extasiada.

Ele me olhou, e com o olhar preguiço me avaliou de cima a baixo. Quando parei ao seu lado e a recepcionista se retirou ele então levantou, puxou a cadeira e sinalizou para que eu me sentasse.

- Isso foi um erro - Eu disse apertando minha bolsa contra meu peito - Desculpe.

Ia me virar e correr dali quando senti sua palma quente segurar meu cotovelo com delicadeza, ele puxou levemente me fazendo virar para olhá-lo e eu soltei o ar que nem sabia que estava prendendo desde que o reconheci.

- Provavelmente, sim, é um erro. Mas acho que deveria primeiro me escutar para depois decidir.

- Você está brincando comigo, não está? - Perguntei, já sentindo meu coração acelerar.

- Por que estaria? - Ele parecia realmente confuso.

- Está dizendo que é pura coincidência o chefe do meu noivo estar na porta da minha igreja e propor uma forma de me vingar? - Puxei meu braço para longe do seu toque - não sei que tipo de brincadeira doente você e Eathan estão planejando mas eu vou embora.

Me virei novamente para ir embora, e novamente ele me segurou, dessa vez com um pouco mais de firmeza, me fazendo olha-lo.

- Não sei se entendi.

Seus olhos castanhos dançavam pelo meu rosto, parecia tentar memorizar cada detalhe como um admirador e sua obra de arte. Alguém quem que está vendo a solução para seus problemas, como ele havia mencionado.

- Eu estava fora de mim na igreja, meio zonza depois de ter sido deixada no altar, por isso não te reconheci. Mas achou mesmo que eu não o reconheceria agora? Por Deus meu noivo trabalha para você a mais de três anos!

Quando meus olhos pousaram nos de Damon, fui pega de surpresa pela intensidade com que ele me olhava. Ele era o tipo de homem que não passava despercebido, com uma presença forte e quase imponente. Alto, seus ombros largos e postura confiante faziam qualquer um se sentir pequeno ao lado dele. O terno escuro que usava parecia feito sob medida, destacando seu físico atlético, mas não era só isso que chamava atenção.

Seu rosto, com traços marcantes, parecia esculpido com perfeição. O maxilar firme e bem definido, a barba ligeiramente por fazer, que lhe dava um ar de despretensiosa elegância, e os lábios que mantinham uma linha séria, como se sempre estivesse em controle da situação. Mas eram os olhos que mais me intrigavam. Castanhos profundos, quase dourados à luz, cheios de uma intensidade que me fez sentir como se ele enxergasse além do que eu deixava transparecer. Havia algo de misterioso e perigoso ali, uma mistura entre charme e poder que ele exalava sem esforço.

- Eu posso garantir que não faço a menor ideia do que você está falando. Por que não se senta e me conte quem é seu marido? Assim podemos evitar mais olhares curiosos.

- Olhei em volta e de fato, algumas pessoas nos olhavam com estranheza. Damon voltou a puxar a cadeira, e mesmo contra todos os meus princípios, eu sentei.

Ele ajeitou o terno e voltou a sentar, me servindo com o vinho que já estava na mesa.

- Vou pular a apresentação, já que aparentemente você me conhece - Ele pegou o cardápio e começou a olhá-lo - então me diga, quem é o seu noivo?

Damon era o exemplo da arrogância viva. Cansei de ouvir Eathan reclamar de como seu chefe esnobava e não fazia questão de nada e nem ninguém. Mas apesar disso, sempre senti uma malícia de suas falas, como se Damon fosse um estilo de anti-herói, que mesmo sendo um babaca estremo, ainda sim era alvo de admiração do meu noivo.

- Como que alguém trabalha para você a tanto tempo e você não a conhece? - Perguntei e ele deu de ombros.

- Se você me disser um nome, pode me ajudar - Ele me olhou por cima do cardápio.

- Eathan - Falei pegando minha taça e bebericando o vinho tinto.

Não era uma expert em vinhos. Mas algo me dizia que este que estava na garrafa em nossa mesa valia mais que o meu apartamento.

- Damon juntou as sobrancelhas e o canto dos seus olhos enrugaram levemente.

- Eathan Tompson - Falei surpresa pela falta de conhecimento do cara.

- Seu noivo é o meu motorista? - Ele parecia chocado - Ele me pediu folga para te abandonar no altar?

Senti minhas bochechas corarem, a vergonha me fez desviar meus olhos dele para a garrafa de vinho tinto.

- Certo, sinto muito, foi rude - Ele jogou o cardápio para o lado - apenas fiquei surpresa com a coincidência.

- Coincidência? - Perguntei amarga.

- Lógico. Ou você acha que Tompson me contou que pretendia te largar e me mandou lá para te acudir? - ele se recostou na cadeira - não me leve a mal, eu não negaria ser o seu afago, mas ele é a merda de um motorista, você acha mesmo que eu faria algo do tipo por um?

Eu estava chocada.

- Sua arrogância veio do útero ou você a conquistou com o tempo? - Perguntei.

Damon então sorrio, quase como se eu o tivesse elogiado da melhor maneira possível. Achei que pessoas assim só existissem em livros.

- Por mais agradável que a conversa esteja sendo, acredito eu que você não tenha vindo aqui para saber o quão terrível eu consigo ser. Vamos esclarecer um ponto caso não seja nítido, eu não fazia ideia que você tinha qualquer relação com meu motorista, mas ao meu ver isto pode ser um grande benefício para você.

- Como?

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