Violet
O resto do jantar transcorreu em um silêncio agradável, e eu estava grata por isso. Damon, sabiamente, permitiu que eu ficasse com meus pensamentos, sem tentar preencher o espaço com palavras desnecessárias. Agora, enquanto descíamos no elevador em direção ao térreo, minha mente fervilhava com tudo que ele havia proposto.
Casar-me com um homem que acabei de conhecer. Fazer parte de um acordo que poderia mudar nossas vidas. Parecia insano, mas... também fazia sentido de uma forma estranha. Claro, havia tantas coisas que poderiam dar errado. E se o casamento de fachada se complicasse? E se as pessoas desconfiassem? Eu seria capaz de sustentar essa mentira por um ano? E o que aconteceria comigo depois que Damon conseguisse o que queria? Essas perguntas giravam na minha cabeça, uma após a outra, como engrenagens de um relógio descontrolado.
Mas, então, uma sensação de satisfação amarga começou a tomar conta de mim. Eu me imaginei ao lado de Damon, vivendo uma vida de luxo e sucesso, enquanto Eathan... Eathan nos observava de longe. Como seria para ele me ver casada com alguém como Damon? Ser forçado a conviver com isso, talvez até me servir, considerando que ele ainda trabalhava para Damon. O pensamento me agradava de uma forma que eu não queria admitir. Eu sabia que isso o destruiria, que cada vez que ele me visse, seria um lembrete constante do que ele perdeu. E, sinceramente, depois de tudo o que ele me fez, essa perspectiva me enchia de uma satisfação vingativa.
E então havia Rosalind, a ex-namorada que misteriosamente reapareceu com uma história de doença. Eu sempre desconfiei disso. Talvez fosse cruel de minha parte pensar assim, mas algo nunca me pareceu certo. E com os contatos de Damon... talvez eu finalmente pudesse descobrir a verdade. Seria tão simples pedir a ele para investigar isso discretamente. Uma palavra aqui, outra ali, e logo eu saberia se ela estava realmente doente ou se tudo isso era apenas uma manobra para reconquistar Eathan, o homem que ela desprezou quando seguiu seu sonho de ser modelo. A possibilidade de desmascará-la, de revelar a verdade e mostrar a todos quem Rosalind realmente era... isso me dava uma sensação de poder.
Sim, havia riscos nesse acordo. Mas também havia uma chance de eu sair vitoriosa, de finalmente virar o jogo. E quanto mais eu pensava nisso, mais eu me convencia de que poderia fazer isso funcionar.
Já na porta do Space Nedlle, Damon então se virou para mim.
- Não quero pressioná-la Violet, eu entendo o quão insano essa proposta é, mas é o que eu tenho a oferecer, e não posso esperar muito por uma resposta - Ele deu um passo a frente, pousando suas mãos na minha cintura - quero que entenda que seremos marido e mulher, mas não vou encostar as mãos em você sem necessidade.
- E qual seria a necessidade de agora? - Perguntei, sentindo o calor de suas mãos atravessarem o tecido da minha roupa e entrarem em contato com a minha pele.Damon aproximou seus lábios do meu ouvido me fazendo virar levemente o rosto, e foi assim que eu o vi, parado em frente a um carro de luxo, com os olhos arregalados.
Eu o vi antes que ele me visse. Eathan estava encostado no carro, provavelmente esperando alguma instrução ou um novo destino. Eu senti uma onda de antecipação percorrer meu corpo, mas permaneci calma ao lado de Damon, fingindo estar alheia ao que estava por vir.
Então, o momento aconteceu. Eathan levantou os olhos e me viu. O choque em seu rosto foi imediato e inconfundível. Seus olhos se arregalaram, e por um segundo, ele congelou, como se não conseguisse acreditar no que via. Eu, a mulher que ele abandonou no altar, ali... ao lado de Damon, seu chefe. A expressão de confusão em seu rosto foi como um golpe, e eu quase pude ver o pânico tomando conta dele.
Ele deu um passo para frente, mas logo recuou, sem saber o que fazer. Era óbvio que ele estava perdido. Sua boca se abriu ligeiramente, como se fosse dizer algo, mas nenhuma palavra saiu. O desespero começou a tomar forma em seus olhos, que agora se moviam freneticamente entre mim e Damon, como se buscasse alguma explicação, algum sentido para a cena que se desenrolava diante dele.
Eu podia ver o tormento em seu rosto. O suor começava a brilhar em sua testa, e suas mãos tremiam levemente. Ele estava em completo desespero, e isso era exatamente o que eu queria. Ele estava preso entre duas realidades conflitantes: a mulher que ele havia deixado para trás e o homem para quem ele agora trabalhava. Era como se, de repente, o chão sob seus pés tivesse desaparecido, e ele não soubesse mais para onde correr.
Por um momento, nossos olhares se encontraram. E foi nesse instante que eu vi. Ele sabia. Ele sabia que tudo mudou, que eu não era mais a mulher que ele podia simplesmente deixar de canto e pegar depois. E, pela primeira vez em muito tempo, eu senti uma vitória silenciosa, algo que queimava dentro de mim, enquanto ele continuava lá, sem saber o que fazer.
- Um homem só aprende quando perde - Damon sussurrou no meu ouvido e então se afastou minimamente - você tem o meu número.
Então ele me beijou, um casto e singelo beijo na bochecha e caminhou calmamente até seu carro.
DamonParei ao lado de Tompson e coloquei as mãos no bolso. Ele parecia perdido, desolado, olhando a ex-noiva como se estivesse nascendo uma terceira cabeça dos seus ombros.- Francamente, Tompson, hoje só o seu corpo veio trabalhar não é - Chamei sua atenção e ele praticamente pulou.Vi o desdém em seus olhos, a confusão e a indecisão do que iria acontecer a partir dali.- Ou você acorda para a vida, ou tem muita gente esperando a chance de receber a metade do salário que você ganha.Eu o vi engolir o orgulho como se fosse areia, esticou a mão e abriu a porta, enquanto voltava a olhar para Violet, que agora estava entrando em um táxi sem nem olhar para trás.- Algum problema? - Perguntei fazendo a minha melhor versão de desentendido.- De onde o senhor a conhece? - Ele perguntou um pouco incerto.- Não que seja da sua conta, mas… - fingi pensar - é, realmente não é da sua conta - Entrei dentro do carro - aposto que sua noiva não ficaria contente em vê-lo babando em outra mulher, abre
Violet- Você só pode estar de brincadeira - Megan arrancou a rolha do vinho e encheu duas taças. - É loucura, eu sei, mas… - Mas? Mas nada Violet, você não pode estar mesmo considerando isso! Amiga nós não estamos em uma telenovela turca.Peguei a taça e tomei um gole, nem de longe sentindo o mesmo saber do vinho que eu estava tomando uma hora atrás.- Você tinha que ver a cara do Eathan, Meg, ele só faltou cavar um buraco e se enfiar nele. - Eu não sei se acredito nessa coincidência do cara ser chefe do Eathan. - Talvez seja o carma finalmente a meu favor, como você sempre diz, o carma tarda mas não falha. - Isso é muito maior que carma, Violet - Megan cruzou as pernas como índio para se sentar no sofá - ele não está pedindo para vocês só fingirem uma relação, ele quer casamento Vi, papeis de cartório e pelo amor de Deus, ele quer que isso dure um ano inteiro! - Eu sei que parece insano - eu digo, passando as mãos
DamonDepois que deixei Violet, segui direto para a empresa. Havia algumas pendências para resolver, reuniões que não poderiam esperar. Mas, mesmo enquanto discutia números e prazos, minha mente voltava para o encontro. Voltava para Violet. Como ela processaria tudo aquilo? As chances estavam a meu favor, mas ainda assim, havia uma parte de mim que se perguntava: e se ela não aceitar?Quando cheguei em casa, o cansaço do dia bateu. Tirei os sapatos com um suspiro de alívio e me servi de um bom whisky, sentindo o calor do líquido descendo pela garganta enquanto caminhava até a varanda da cobertura. A cidade se estendia à minha frente, iluminada, movimentada. Mas eu estava distante disso. Meus pensamentos estavam ainda no restaurante, naquela proposta maluca que coloquei na mesa.Antes que pudesse me perder mais nos meus devaneios, o telefone vibrou no bolso. Era Edgar. De novo.
VioletQuando entrei na cafeteria, o aroma do café fresco envolveu-me como um abraço caloroso. A sensação de ansiedade pairava no ar enquanto eu procurava por Damon. Assim que o vi, sentado à mesa, meu coração acelerou um pouco mais. Ele estava vestido com uma roupa de corrida, os cabelos desgrenhados de um jeito que só parecia realçar sua beleza. Não era atração, pelo menos não da maneira como eu costumava sentir. Mas, convenhamos, ninguém poderia negar: Damon era incrivelmente bonito.- Eu tenho uma dúvida - Foi a primeira coisa que falei ao parar ao lado de Damon, que parou de tomar seu café para me olhar com os olhos cerrados.- Eu estranharia se não tivesse. Sente-se, Violet.Sentei-me em frente a ele, hesitante. Um segundo se passou em que me permiti admirar a simplicidade daquela imagem — Damon ali, relaxado, e
DamonEnquanto Violet falava, eu não podia deixar de pensar em como tudo aquilo parecia provar o que eu já sabia desde o início: eu não tinha me enganado sobre ela. Havia uma força em Violet que era impossível ignorar. Não era o tipo de mulher que aceitaria ser empurrada para as margens da própria vida. Ela tinha sido deixada para trás uma vez, mas não deixaria isso acontecer de novo — e agora, aqui estava ela, tomando as rédeas da situação, colocando condições, estabelecendo suas próprias regras. E que não eram poucas.- Eu imagino que nós teremos que morar na mesma casa, mas não dormiremos no mesmo quarto, vamos tentar dar o máximo de privacidade possível um ao outro…Eu admirei a determinação com que ela conduzia a conversa. A forma como os olhos dela brilhavam ao falar com firmeza só confirmava que, mesmo com todas as consequências e as chances de dar errado, ela estava totalmente dentro. Não havia hesitação. E eu sabia que isso não tinha nada a ver comigo, ou com qualquer atração
VioletEra uma vez, uma garota chamada Violet que teve seu café derrubado de maneira nada elegante por um total desconhecido — e adivinhem? Aquele foi só o primeiro desastre do dia. O "causador" em questão? Damon. Sim, ele mesmo, o nosso “Príncipe Encantado” moderno, que trocou o cavalo branco por uma roupa de corrida e uma expressão de “ei, você parece péssima, está tudo bem?”.Claro, eu poderia ter ignorado. Mas ele estava parado ali, com um charme que quase me fez esquecer da bagunça na minha roupa e da humilhação do meu pedido de casamento recente. Eu soltei um suspiro e, por algum motivo, decidi contar. Falei que meu relacionamento andava tão bem quanto um cachorro em cima de patins, e que eu tinha uma ilusão de que o pedido de casamento, recém-feito, talvez desse uma última chacoalhada no romance. Deu para ver que
DamonMinha mãe estava sentada diante de mim, impecável como sempre, com um conjunto escuro e discreto, a combinação perfeita de elegância e severidade. O rosto firme e o olhar de poucos amigos deixavam claro o quanto ela desaprovava tudo o que acabara de ouvir, a história que eu e Violet passamos horas planejando na noite anterior. Havia uma tensão gelada no ar, uma que eu conhecia bem.— Damon, você está se precipitando — ela afirmou, sem rodeios, cruzando as mãos sobre o colo, os olhos cravados em mim com a mesma intensidade que uma águia observa sua presa. — Isso é pelo testamento, não é? Acha mesmo que essa farsa será suficiente? — Ela se inclinou um pouco para a frente, a voz baixa, mas afiada. — Se for esse o caso, garanto que você não verá a cor desse dinheiro.Eu podia sentir a raiva bo
VioletEstava no sofá da sala dos meus pais, sentindo o peso da notícia que tinha acabado de dar. Minha mãe segurava a mão do meu pai, ambos com os olhos arregalados, como se tentassem entender o que eu acabara de contar. Minha mãe parecia lutar para dizer algo, mas ficava em silêncio, enquanto meu pai, um pouco mais duro, apenas balançava a cabeça devagar, atordoado.No tablet apoiado sobre a mesa de centro, meus irmãos gêmeos, Emmet e Gael, apareciam em vídeo chamada. Estavam em seus uniformes militares, a quilômetros de distância, e, pelo que me parecia, prontos para sair da tela e me sacudir. Eles nunca gostaram de Eathan, mas ainda assim o impacto do meu anúncio foi maior do que esperavam.— Você ficou maluca, Violet?! — Emmet praticamente gritou, sua voz saindo nítida e irritada do outro lado da tela. — Como assim va