Damon
Eu a encarei por um momento, buscando as palavras certas. Não podia assustá-la, mas também não havia tempo a perder com rodeios. Ela precisava entender que essa era uma oportunidade única para ambos. Respirei fundo e comecei.
- Violet, minha situação é um tanto... complicada. Meu pai faleceu recentemente e, no testamento, deixou uma condição peculiar. Para que eu possa receber a herança que tenho direito, preciso estar casado.
Ela me olhou com uma mistura de curiosidade e ceticismo. Era uma proposta absurda, eu sabia disso, mas continuei.
- Eu sei que acabou de passar por algo horrível, e a última coisa que quer agora é outro relacionamento, mas... e se usássemos essa situação a nosso favor? Nós dois podemos ganhar com isso. Se você se casar comigo, terá a chance de esfregar na cara do seu ex que você está melhor, muito melhor na verdade. E não vai ser difícil, já que ele é... bom, o meu motorista. - Fiz uma pausa, observando a surpresa tomar conta de seu rosto. - Imagine como ele vai se sentir quando tiver que te ver todos os dias, sentada no banco de trás, vivendo a vida que ele, eu aposto, sempre sonhou.
Violet franziu o cenho, absorvendo a proposta. Vi uma faísca de interesse acender nos olhos dela, mas ainda havia dúvidas.
— Por que seu pai colocaria uma condição dessas?
Eu segurei o olhar dela por um instante, ponderando o quanto deveria dizer. Então, soltei um suspiro contido.
— Ele gostava de controle. E achava que um casamento resolveria tudo.
Violet arqueou uma sobrancelha, avaliando minhas palavras. Eu podia ver as peças se encaixando na mente dela. Só precisava garantir que ela não fizesse perguntas que eu não estava pronto para responder.
Ela ponderou, mas eu sabia que o acordo já estava começando a fazer sentido para ela. Eu apenas precisava garantir que não haveria nenhuma surpresa.
- Mas há uma coisa que você precisa saber. O acordo tem que durar um ano para ser válido. E será um casamento real aos olhos de todos, exceto para as pessoas em quem confiamos. Aos olhos do mundo, seremos marido e mulher. Teremos de manter as aparências e fazer tudo parecer... legítimo. Além do mais, eu pagarei uma quantia justa por sua participação, e faremos um acordo que funcione para nós dois.
Dei um sorriso discreto.
- A decisão é sua, Violet. Mas eu te garanto que essa é a melhor maneira de se vingar dele... e, para mim, uma forma de garantir o que é meu por direito.
Ela estava sentada à minha frente, e por um momento, eu me perdi em sua expressão enquanto ela considerava a minha proposta. Havia algo intrigante em Violet. A maquiagem dela era sutil, sem exageros. Um delineado discreto ao redor dos olhos que os deixava ainda mais penetrantes, e um leve toque rosado nas bochechas que destacava sua pele clara. Simples, mas eficiente. Nada nela parecia forçado ou exagerado.
A roupa que ela escolheu também refletia essa simplicidade atraente. Um conjunto chique, elegante, mas sem ser formal demais. A blusa de seda que ela usava caía perfeitamente sobre seu corpo, de um jeito que mostrava classe sem precisar de acessórios extravagantes. A saia, justa na medida certa, completava o visual. O estilo dela era intencionalmente discreto, mas ao mesmo tempo, ela parecia brilhar de um jeito que poucas mulheres conseguem.
E eu me vi pensando... como alguém consegue ter uma mulher assim e a largar no altar? Violet era linda, de uma maneira que não se encontrava em todas as esquinas. Não era só a aparência dela — havia algo na sua postura, na forma como ela mantinha a cabeça erguida, mesmo tendo passado por uma humilhação tão pública.
Eu sabia que essa situação era complicada, mas quanto mais a observava, mais tinha certeza de que ela era a pessoa certa para o meu plano. E quanto mais eu olhava para Violet, mais eu me perguntava como Tompson teve a audácia de deixá-la de lado.
Ele tinha feito a pior escolha da vida dele.
Violet ficou estava em silêncio e eu a deixei com seus pensamentos enquanto fazia a escolha da minha refeição. Levantei o braço e chamei um garçom.
- Eu gostaria de uma Cauda de Lagosta e para a minha acompanhante… - Olhei para Violet que parecia prestes a se afogar na taça de vinho - Violet?
Violet levantou o rosto atordoada, perdida nos próprios pensamentos.
- O que vai querer comer? - Perguntei tranquilo, tentando não pressioná-la muito.
- Não, obrigada. Sou alérgica a frutos do mar. - Temos uma opção de costela de porco - O garçom a informou. - Ah, então pode ser - Ela tentou sorrir para ele, mas mais pareceu uma careta.O garçom se afastou e então ela virou a taça de vinho de uma vez só, bebendo o líquido escarlate como se fosse água.
VioletO resto do jantar transcorreu em um silêncio agradável, e eu estava grata por isso. Damon, sabiamente, permitiu que eu ficasse com meus pensamentos, sem tentar preencher o espaço com palavras desnecessárias. Agora, enquanto descíamos no elevador em direção ao térreo, minha mente fervilhava com tudo que ele havia proposto.Casar-me com um homem que acabei de conhecer. Fazer parte de um acordo que poderia mudar nossas vidas. Parecia insano, mas... também fazia sentido de uma forma estranha. Claro, havia tantas coisas que poderiam dar errado. E se o casamento de fachada se complicasse? E se as pessoas desconfiassem? Eu seria capaz de sustentar essa mentira por um ano? E o que aconteceria comigo depois que Damon conseguisse o que queria? Essas perguntas giravam na minha cabeça, uma após a outra, como engrenagens de um relógio descontrolado.Mas, então, uma sensação de satisfação amarga começou a tomar conta de mim. Eu me imaginei ao lado de Damon, vivendo uma vida de luxo e sucesso
DamonParei ao lado de Tompson e coloquei as mãos no bolso. Ele parecia perdido, desolado, olhando a ex-noiva como se estivesse nascendo uma terceira cabeça dos seus ombros.- Francamente, Tompson, hoje só o seu corpo veio trabalhar não é - Chamei sua atenção e ele praticamente pulou.Vi o desdém em seus olhos, a confusão e a indecisão do que iria acontecer a partir dali.- Ou você acorda para a vida, ou tem muita gente esperando a chance de receber a metade do salário que você ganha.Eu o vi engolir o orgulho como se fosse areia, esticou a mão e abriu a porta, enquanto voltava a olhar para Violet, que agora estava entrando em um táxi sem nem olhar para trás.- Algum problema? - Perguntei fazendo a minha melhor versão de desentendido.- De onde o senhor a conhece? - Ele perguntou um pouco incerto.- Não que seja da sua conta, mas… - fingi pensar - é, realmente não é da sua conta - Entrei dentro do carro - aposto que sua noiva não ficaria contente em vê-lo babando em outra mulher, abre
Violet- Você só pode estar de brincadeira - Megan arrancou a rolha do vinho e encheu duas taças. - É loucura, eu sei, mas… - Mas? Mas nada Violet, você não pode estar mesmo considerando isso! Amiga nós não estamos em uma telenovela turca.Peguei a taça e tomei um gole, nem de longe sentindo o mesmo saber do vinho que eu estava tomando uma hora atrás.- Você tinha que ver a cara do Eathan, Meg, ele só faltou cavar um buraco e se enfiar nele. - Eu não sei se acredito nessa coincidência do cara ser chefe do Eathan. - Talvez seja o carma finalmente a meu favor, como você sempre diz, o carma tarda mas não falha. - Isso é muito maior que carma, Violet - Megan cruzou as pernas como índio para se sentar no sofá - ele não está pedindo para vocês só fingirem uma relação, ele quer casamento Vi, papeis de cartório e pelo amor de Deus, ele quer que isso dure um ano inteiro! - Eu sei que parece insano - eu digo, passando as mãos
DamonDepois que deixei Violet, segui direto para a empresa. Havia algumas pendências para resolver, reuniões que não poderiam esperar. Mas, mesmo enquanto discutia números e prazos, minha mente voltava para o encontro. Voltava para Violet. Como ela processaria tudo aquilo? As chances estavam a meu favor, mas ainda assim, havia uma parte de mim que se perguntava: e se ela não aceitar?Quando cheguei em casa, o cansaço do dia bateu. Tirei os sapatos com um suspiro de alívio e me servi de um bom whisky, sentindo o calor do líquido descendo pela garganta enquanto caminhava até a varanda da cobertura. A cidade se estendia à minha frente, iluminada, movimentada. Mas eu estava distante disso. Meus pensamentos estavam ainda no restaurante, naquela proposta maluca que coloquei na mesa.Antes que pudesse me perder mais nos meus devaneios, o telefone vibrou no bolso. Era Edgar. De novo.
VioletQuando entrei na cafeteria, o aroma do café fresco envolveu-me como um abraço caloroso. A sensação de ansiedade pairava no ar enquanto eu procurava por Damon. Assim que o vi, sentado à mesa, meu coração acelerou um pouco mais. Ele estava vestido com uma roupa de corrida, os cabelos desgrenhados de um jeito que só parecia realçar sua beleza. Não era atração, pelo menos não da maneira como eu costumava sentir. Mas, convenhamos, ninguém poderia negar: Damon era incrivelmente bonito.- Eu tenho uma dúvida - Foi a primeira coisa que falei ao parar ao lado de Damon, que parou de tomar seu café para me olhar com os olhos cerrados.- Eu estranharia se não tivesse. Sente-se, Violet.Sentei-me em frente a ele, hesitante. Um segundo se passou em que me permiti admirar a simplicidade daquela imagem — Damon ali, relaxado, e
DamonEnquanto Violet falava, eu não podia deixar de pensar em como tudo aquilo parecia provar o que eu já sabia desde o início: eu não tinha me enganado sobre ela. Havia uma força em Violet que era impossível ignorar. Não era o tipo de mulher que aceitaria ser empurrada para as margens da própria vida. Ela tinha sido deixada para trás uma vez, mas não deixaria isso acontecer de novo — e agora, aqui estava ela, tomando as rédeas da situação, colocando condições, estabelecendo suas próprias regras. E que não eram poucas.- Eu imagino que nós teremos que morar na mesma casa, mas não dormiremos no mesmo quarto, vamos tentar dar o máximo de privacidade possível um ao outro…Eu admirei a determinação com que ela conduzia a conversa. A forma como os olhos dela brilhavam ao falar com firmeza só confirmava que, mesmo com todas as consequências e as chances de dar errado, ela estava totalmente dentro. Não havia hesitação. E eu sabia que isso não tinha nada a ver comigo, ou com qualquer atração
VioletEra uma vez, uma garota chamada Violet que teve seu café derrubado de maneira nada elegante por um total desconhecido — e adivinhem? Aquele foi só o primeiro desastre do dia. O "causador" em questão? Damon. Sim, ele mesmo, o nosso “Príncipe Encantado” moderno, que trocou o cavalo branco por uma roupa de corrida e uma expressão de “ei, você parece péssima, está tudo bem?”.Claro, eu poderia ter ignorado. Mas ele estava parado ali, com um charme que quase me fez esquecer da bagunça na minha roupa e da humilhação do meu pedido de casamento recente. Eu soltei um suspiro e, por algum motivo, decidi contar. Falei que meu relacionamento andava tão bem quanto um cachorro em cima de patins, e que eu tinha uma ilusão de que o pedido de casamento, recém-feito, talvez desse uma última chacoalhada no romance. Deu para ver que
DamonMinha mãe estava sentada diante de mim, impecável como sempre, com um conjunto escuro e discreto, a combinação perfeita de elegância e severidade. O rosto firme e o olhar de poucos amigos deixavam claro o quanto ela desaprovava tudo o que acabara de ouvir, a história que eu e Violet passamos horas planejando na noite anterior. Havia uma tensão gelada no ar, uma que eu conhecia bem.— Damon, você está se precipitando — ela afirmou, sem rodeios, cruzando as mãos sobre o colo, os olhos cravados em mim com a mesma intensidade que uma águia observa sua presa. — Isso é pelo testamento, não é? Acha mesmo que essa farsa será suficiente? — Ela se inclinou um pouco para a frente, a voz baixa, mas afiada. — Se for esse o caso, garanto que você não verá a cor desse dinheiro.Eu podia sentir a raiva bo