3° Capítulo

Violet

- Você não pode mesmo estar considerando encontrar esse cara - Megan me olhou com uma careta.

- Só estou curiosa - Mexi o drink em minha mão e tomei o resto em um gole.

Estávamos em um resort em Alki Beach, aproveitando minha lua de mel. Fazia quatro dias desde que Eathan me abandonou no altar, e a humilhação ainda queimava em meu peito. Se não fosse por Megan, que me arrastou para este resort que já estava pago não sei o que seria de mim nesta semana de férias que tirei para a minha lua de mel.

Quatro dias desde que um estranho se debruçou na janela do meu táxi, e me prometeu ser a resposta para o que eu precisava.

- Ta certo que o cara era bonitão, mas estava na cara que ele é doido da cabeça, amiga.

- Sabe o mais estranho? Ele me era familiar, mas não consigo lembrar da onde.

Olhei o cartão mais uma vez, completamente preto, apenas com um número escrito em uma fonte comum branca. Simples e elegante pra caralho. Sem nem um maldito nome.

- Você deve ter visto ele em algum desses documentários de serial killers que você gosta de assistir - Megan falou levantando um braço e pedindo mais uma rodada de drinks, então ela se virou na espreguiçadeira para pegar sol nas costas.

Encarei o cartão como se magicamente ele fosse me dar todas as respostas que eu precisava. Eu estava tomada pelo ódio quando conversamos, então não lembro bem do seu rosto. Lembro dos cabelos cor de cobre, os olhos castanhos como mel que me olharam com confiança, mas não lembro de mais nada. Mas eu sabia que o conhecia, apenas não conseguia me lembrar de onde.

- Você precisa é de um ano sabático, nada de homens - Megan agarrou o cartão da minha mão e o jogou dentro da bolsa - ou melhor, você deveria virar lésbica, diga não aos homens.

- Falou a que não vive sem - Acusei apontando o dedo.

- Quem não vive sem homem é a minha Little Meg. Infelizmente.

O garçom chegou com os drinks e eu acompanhei Megan, me virando de costas para pegar sol de outro ângulo.

O meu celular então voltou a tocar. Devia ser a nonagésima ligação de Eathan que eu ignorava, apenas estava com o celular para responder a minha mãe, a coitada estava mais desolada que eu.

Emmet e Gael também estavam sendo ignorados por mim. Não que eu não quisesse falar com meus irmãos, mas escutar “eu te avisei” não estava nos meus planos. Minha única sorte era os dois não terem conseguido ganhar licença das forças especiais para virem ao meu casamento, depois de matar Eathan eles não me deixariam mais um minuto em paz até estarem satisfeitos em esfregar na minha cara o quão certo estavam sobre meu noivo ser um babaca.

- Por mais que eu odeie dizer isso. Uma hora você vai precisar falar com ele - Megan apontou com o queixo para o celular, que voltou a tocar com mais uma ligação de Eathan.

- Eu sei, mas com a raiva que eu estou, vou acabar perdendo a linha - Abandonei o drink no chão e deitei a cabeça sob meus braços - eu já me humilhei de mais, aceitei muita coisa quieta, estou cansada Meg.

- Tudo vai melhorar, amiga.

Desde a adolescência, eu era completamente apaixonada por Eathan. E foi um verdadeiro inferno vê-lo se apaixonar por outra garota, enquanto eu continuava presa na m*****a friendzone. Rosalind era o tipo de garota popular, a quem todos idolatravam, quase lambendo o chão por onde ela passava. Eu assisti Eathan babar por ela durante um ano inteiro até finalmente conseguir sua atenção. Por dois anos, vi os dois viverem o que parecia um conto de fadas, enquanto eu ficava ali, amargurada, sentada no camarote designado à "melhor amiga de infância", sem poder fazer nada além de observar.

Quando a escola acabou, Rosalind decidiu tentar a sorte como modelo e, como esperado, abandonou Eathan. Eu o vi desmoronar. Chorar, gritar, perder o controle. E então, ele começou a sair com todas as garotas da cidade, tentando desesperadamente apagar qualquer vestígio de Rosalind de sua memória.

Eu sei, não foi uma das minhas ideias mais brilhantes ter dormido com Eathan naquela época. No fundo, eu sabia que não passaria de mais uma tentativa fracassada de preencher o vazio que Rosalind deixou. Mas foi naquele momento que ele, finalmente, pareceu notar minha existência. Talvez por influência de nossos pais, que eram amigos muito antes de nós dois nascermos, Eathan me pediu em namoro, e, não muito tempo depois, em casamento. De alguma forma, apaguei Rosalind da minha mente. Com uma aliança brilhando no meu dedo, achei que ela não seria mais um problema.

Mas nosso relacionamento era tão frágil quanto um castelo de areia. Tudo desmoronou no instante em que ela voltou. Sem carreira, sem família, sem amigos. E com um maldito câncer. Sei que pode parecer cruel, mas sempre soube, lá no fundo, que aquilo não passava de uma desculpa. Rosalind nunca desistiu de Eathan, e o câncer foi o pretexto perfeito para tomar de volta o homem que ela jogou fora quando seus sonhos de modelo fracassaram.

Durante o último ano eu tive que lutar pela atenção do meu noivo com o amor da sua vida, e eu estava exausta de mais.

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