Catarina era o diamante dos olhos de Dominique. Desde o dia em que ela nasceu, ele soube que ela seria responsável por trazer grandes benefícios para si de alguma forma. Sujo e sem escrúpulos, ele enxergou nos olhos azuis e cabelos loiros uma preciosidade que poderia ser muito útil futuramente. Desde um bebê, até um idoso, ele era o tipo de homem que tenta tirar proveito de todas as coisas — ou pessoas — que passam por sua vida.Se você tem a infelicidade de fazer parte da vida de Damiano em algum momento, pode ter certeza que algum tipo de utilidade para ele, você terá.Essas são as suas normas, e todos que tem o que querem a partir dele, precisam dar algo que ele queira tanto quanto.Ele gostava de trabalhar com trocas, sentia que era bom ajudar e ser ajudado, apesar de na maioria das vezes, ele ser o único que tira vantagem da situação proposta.Completamente enganador, ele vestia a sua melhor máscara de acordo com quem ele estivesse disposto a negociar.Há muitos anos, Dominique e
Catarina estava se sentindo exausta. Não conseguia dormir há dias, mal comia e não via sentido em se manter arrumada ou apresentável de forma alguma.Sua vida havia parado pela segunda vez. A primeira, aconteceu há muitos anos, e felizmente, ela mal se lembrava.Porém, agora ela tinha o terrível papel de se recordar de outra memória ruim que havia adquirido ao longo da sua vida.Seu corpo parecia como uma casca vazia, perambulando sem qualquer destino ou direção, se sentindo perdida ao refletir qual seria o motivo de passar por algo do tipo.Andando às pressas no corredor, parecia querer fugir de algo; ou melhor, de alguém.Suas pernas trêmulas seguiam em direção ao seu quarto, e qualquer coisa que pensasse em se colocar em seu caminho, deveria ter muito cuidado ao mexer com os seus objetivos. No entanto, Victoria parecia ignorar completamente o sinal de pare explícito em seus olhos quase sangrentos de raiva ao fitá-la em frente a porta do quarto, se mantendo firme em seus posicioname
— Você sente vontade de ir embora daqui? — Victoria perguntou, observando atentamente as expressões de Catarina.— Claro que sim, é algo que eu desejo desde a minha adolescência. — Catarina respondeu, observando os desenhos que haviam no teto de seu quarto.— E o que te impede? — a ruiva perguntou de uma maneira inocente.— Bom, vejamos. Meu pai tem contato com líderes de outros países, tem um enorme poder de armamento, contato com o mercado ilegal e outras máfias. Mesmo se eu fizesse o plano perfeito, não seria o suficiente para fugir dele. — a loira parecia frustrada, sentindo seus olhos marejados novamente.Ela não queria chorar, estava cansada de chorar. Na verdade, estava exausta de toda a merda que precisou aturar durante o último mês.— Sinto muito que seja dessa forma, Catarina. Não é justo. — Victoria respondeu.— Não é mesmo, mas a vida é assim. Você também está aqui e não merece, não é mesmo? — a loira deu um sorriso frustrado, não parecendo nem um pouco contente.— Isso é
O telefone tocava repetidamente, e nenhum sinal de Damiano ao perceber sua demora para atender a ligação.Victoria começou a se sentir nervosa, já que seria sua única chance de entrar em contato com ele e perceber o que estava acontecendo, para finalmente entender o motivo da sua ausência, indo contra o que haviam combinado.Na terceira tentativa, o telefone chamou quase todas às vezes necessárias para encerrar a ligação, e somente no último momento, finalmente foi possível ouvir o ruído de alguém do outro lado da linha do telefone.— Catarina? — a voz rouca de Damiano perguntou. Ele estava confuso, em toda sua vida, nunca havia recebido uma ligação de sua irmã.Sem responder ele, ela passou o telefone para Victoria, que o segurou em suas mãos sem saber o que fazer.Ela estava completamente muda, sem entender como deveria agir.— Alô? — Ele continuou perguntando, se sentindo confuso.— Responde, Victoria. Pode falar. — Catarina a tranquilizou rapidamente.— O-Oi. — a ruiva disse de ma
Indo para casa, Damiano recebeu uma notificação de um dos homens de seu pai, dizendo que ele estaria fora durante a noite e o próximo dia. Vendo a mensagem chegar em seu celular já tarde da noite, ele se arrependeu de talvez não ter planejado algo antes, pois seria a oportunidade perfeita que ele teria para tirar Victoria e Alexa de lá.Ele não sabia como ela ia reagir ao saber que a sua amiga está sendo mantida em cárcere tão perto de onde ela dormia tranquilamente todas as noites. Mas desde que descobriu, Damiano entra em contato com Cortez para verificar se existe alguma forma de levá-la embora sem a desconfiança de Damiano.Por fim, bolaram um plano que seria o provável de dar certo. Mas, ao mesmo tempo, ele se sente em dúvida ao pensar que seria mais arriscado salvar Alexa, do que Victoria quando tiver a oportunidade.É como se precisasse escolher, já que essa chance pode ser a única que tenha em muito tempo.Ele acelerava o carro constantemente, quase como se pensasse que isso f
Os lábios de Damiano e Victoria se tocaram, finalmente, os lembrando da sensação viciante que os invadiu quando sentiram um ao outro pela primeira vez.Dessa vez, Victoria estava por baixo do corpo de Damiano, o agarrando com as suas pernas, tentando o trazer ainda para mais perto, como se já não estivessem juntos o suficiente durante o contato.Sentir ele daquela forma era ainda mais tentador, e o calor que a consumia fazia parecer como se sua pele estivesse pegando fogo.Ele não conseguia dizer uma palavra sequer, completamente tomado pelas sensações inebriantes ao sentir que finalmente estava a tocando novamente.Porém, por mais que fosse incrivelmente fácil continuar e terminarem o que tanto desejam começar, Victoria se lembrou do real motivo de tê-lo chamado até o local.Mesmo sentindo sua falta, não podia ignorar que o acontecera com Catarina era muito mais urgente do que qualquer desejo que eles sentissem um pelo outro.— Espera. — Victoria cessou os beijos interruptos que havi
Damiano estava completamente desolado. Era como se todo o seu chão tivesse se despedaçado contra os seus pés.Durante muito tempo, ele enxergou seu pai com devoção. Mesmo ele sendo cruel e tirano com seus próprios filhos, ele ainda conseguia enxergá-lo de maneira respeitosa e terna. Demorou muito tempo até que ele começou a ter real consciência da pessoa que seu pai realmente era, e mesmo assim, ele continuou em uma negação constante, tentando se forçar a acreditar que ele agia da maneira que deveria agir, independente do que pensassem ou achassem correto.Ele era um homem íntegro, rígido o suficiente e descente. Pelo menos essa foi a imagem que foi se desfazendo aos poucos, conforme ele foi enxergando o que sua família realmente fazia.Durante a adolescência, ele passou a acompanhá-lo em reuniões, serviços e até mesmo boates parceiras, lugares onde uma criança não deveria estar, e mesmo assim, Dominique nunca se importou o suficiente para deixá-los de fora de um negócio tão pesado e
Damiano deixou Catarina ainda sentindo o seu coração apertado ao pensar na dor que sua irmã estava sentindo. Ele se culpou, mesmo sem precisar, como se ele pudesse ter impedido algo que aconteceu enquanto ele estava fora.Não haveria o que fazer, independente do que sentia, estava feito.O que podia fazer para ajudá-la, era se manter ao seu lado, e tentar compensar seus anos de ausência como o irmão que nunca foi. Não sabia se isso iria ser o suficiente, mas ele precisava tentar. Tinha que tentar, caso contrário, jamais se perdoaria por permitir que sua irmã se perdesse aos poucos em sua própria mente.Ele estava parado em frente a sua porta, encostado na estrutura de madeira, sentindo como se o seu corpo estivesse prestes a desmoronar. No entanto, precisava deixar claro para Victoria o quanto se sentia grato ao ver a maneira como ela insistiu para ajudar Catarina.Dentre tantas pessoas, como ele, seu pai, e os funcionários que a cercam, ela foi a única que teve sensibilidade para se