Poético

Sem ocultar seu nervosismo, batendo o pé direito incessantemente no lustroso piso, Karen aguardava na recepção do elegante prédio permissão para falar com o maior traidor de todos os tempos.

Consultou o relógio de pulso pela enésima vez desde que passou pelas portas eletrônicas. Já se passara meia hora e nada. Sabia que a demora em permitir sua passagem era proposital. Ele nunca gostou dela e censurava-se por demorar tanto a perceber esse fato, por ter um dia acreditado nas mentiras daquele verme egocêntrico.

Andou até a bancada da recepcionista.

— Não dá pra ser mais rápida e liberar a minha entrada?

— Senhora...

— Senhorita — corrigiu, completando com arrogância: — Futura esposa de Rodrigo Montenegro, dono de metade de tudo isso aqui.

A atendente, levantando uma fina sobrancelha, analisou Karen de cima a baixo, logo depois executando o processo inverso até encarar os irados olhos dela com uma expressão neutra.

— Informei a sua presença duas vezes, como a senhorita pediu — a mulher d
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