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Capítulo 2 - O Pesadelo Começa

Sarah foi empurrada para o banco de trás de um carro que arrancou em alta velocidade. Cada solavanco na estrada era um lembrete cruel da situação em que ela havia sido colocada. Tudo parecia um pesadelo do qual não conseguia despertar.

Ela perdeu a noção do tempo. Sempre que tentava erguer o véu para ver onde estava, uma mão pesada a impedia. Quando tentava falar, uma voz áspera cortava o silêncio com um:

— Cala a boca!

Aquelas palavras ecoavam em sua mente como uma ameaça constante.

Seus dedos tremiam, e as palmas estavam encharcadas de suor.

— "Como isso aconteceu? Como cheguei a esse ponto?" — pensou.

Aquele dia deveria ser especial — era o seu aniversário de 18 anos. Em vez disso, ela estava sendo arrastada para um destino incerto. Nem mesmo seu pai, que sempre prometera protegê-la, parecia se lembrar disso.

— "Papai disse que me buscaria depois da cerimônia..." — pensou Sarah, sentindo o desespero crescer. — "Então, por que me deixou com esse homem horrível?"

O carro finalmente parou, e a porta foi aberta bruscamente. Sarah mal teve tempo de reagir antes de ser puxada para fora. Seus joelhos cederam ao impacto contra o chão frio e áspero. Uma dor aguda percorreu seu tornozelo, e lágrimas brotaram em seus olhos, mas ela as conteve.

— Levante-se! — a voz dele soou como um comando imperativo, carregada de impaciência. Sem dar espaço para qualquer resposta, ele a agarrou pelo braço e a puxou com força em direção à casa imponente que se erguia diante deles.

Sarah tropeçou várias vezes enquanto subiam as escadas. Seu coração batia acelerado, mas o homem não parecia se importar. Ela tentou falar, tentou explicar, mas ele não dava sinais de que a ouvia.

— Eu não sou a Anna! — Sarah tentou dizer, mas ele apenas apertou seu braço com mais força, impedindo-a de continuar.

Cada passo era um esforço. Seus pensamentos corriam em círculos.

— “Se ao menos ele parasse para ouvir... Eu poderia explicar tudo”! — a expressão fria e tensa dele dizia que isso não aconteceria.

Ao chegarem a um quarto espaçoso, Sarah tentou mais uma vez argumentar:

— Por favor, ouça! Isso foi um engano! Eu não sou quem você pensa, eu...

Ele se virou rapidamente, com a expressão sombria.

— Cale a boca! — Sua voz era firme, mas o tom carregava frustração e raiva contida

— Você acha que eu não sei o que está acontecendo? Vocês planejaram tudo isso!

Sarah sentiu o estômago revirar — "ele sabe? Como"?

— Seu pai a entregou como se você fosse uma mercadoria — disse ele, com o tom carregado de sarcasmo — E você aceitou sem hesitar. Não finja que é inocente.

— Isso não é verdade! Sarah rebateu — com a voz trêmula — eu não tive escolha...

Thomas soltou uma risada fria, sem qualquer traço de humor.

— Guarde sua desculpa para si mesma — Thomas deu um passo à frente, a voz se tornando mais sombria.

— Tire a roupa e vá para a cama — a voz dele estava fria e autoritária — e pode deixar o véu, não precisa tirar.

Sarah recuou, horrorizada.

— Eu não vou fazer isso.

Ele franziu o cenho, claramente irritado.

— Faça o que eu digo. Não me faça perder o pouco de paciência que me resta.

Sarah engoliu em seco, sentindo o medo se transformar em raiva.

— Meu pai... Ele vai vir me buscar.

Ele ergueu uma sobrancelha, cínico.

— Seu pai? Aquele homem não vai voltar. Ele já conseguiu o que queria.

As palavras caíram sobre Sarah como uma tempestade gelada.

— “Eles me abandonaram?” Sarah não queria acreditar, mas a frieza nas ações de seu pai mais cedo fazia sentido agora.

Ele suspirou, exausto.

— Você pode tornar isso mais fácil ou mais difícil. Já perdi tempo demais com você.

Sarah cruzou os braços, decidida a não ceder. Mas antes que pudesse reagir, ele a segurou pelos ombros e a empurrou na direção da cama. Suas mãos estavam firmes, mas não cruéis — ele parecia mais frustrado do que violento.

O tempo pareceu desacelerar. Ele se aproximou, e Sarah soube, com uma clareza angustiante, que algo terrível estava prestes a acontecer.

Ela tentou resistir, tentou gritar, mas o medo e a pressão daquele momento a deixaram paralisada. Seus músculos não respondiam como deveriam.

Sentiu o peso sufocante da situação, e sua mente começou a se desligar da realidade.

— “Isso não pode estar acontecendo... É um pesadelo... Só pode ser um pesadelo...” Sarah pensou, enquanto tudo ao seu redor parecia desvanecer.

O tempo perdeu o significado — horas poderiam ter passado, ou poderia ser apenas minutos, ela não sabia dizer. Quando tudo terminou, ele se afastou em silêncio, com os olhos frios e vazios.

Sarah sentiu o corpo pesado e dormente, a mente entorpecida pela tentativa desesperada de se proteger do que acabara de vivenciar.

— Saia da minha casa antes do amanhecer — ele ordenou friamente — e não ouse aparecer na minha frente nunca mais.

As palavras cortaram Sarah como lâminas.

Quando ele finalmente saiu do quarto, a última centelha de força de Sarah também se apagou. Ela desabou no chão, o corpo tremendo incontrolavelmente. O ar parecia denso demais para respirar, e a única coisa que conseguiu foi se encolher contra a parede.

— Papai... por favor... Vem me buscar... — murmurou, com um fio de voz.

As palavras escaparam de seus lábios como uma súplica frágil e desesperada. Mas o eco de sua voz morreu no vazio do quarto. Não havia ninguém ali para ouvir.

Com dificuldade, ela tentou se levantar, mas suas pernas estavam tão fracas que caiu novamente. Uma dor lancinante atravessou seu corpo, e ela abraçou os próprios joelhos, sentindo as lágrimas quentes deslizarem pelo rosto.

Tudo o que conseguiu dizer, num sussurro abafado, foi:

— Por que... ninguém me ajudou...?

A noite foi longa e cruel. Sarah permaneceu imóvel, encarando o vazio. Em algum momento, não soube se desmaiou ou caiu em um sono pesado de exaustão.

Quando o amanhecer começou a despontar no horizonte, a luz pálida da madrugada entrou pela janela. Sarah ainda estava no chão, tentando reunir forças para fugir — não apenas daquela casa, mas da sombra opressora que sua vida havia se tornado.

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