A manhã seguia tranquila, com o aroma do café preenchendo a cozinha e os sons animados das crianças ecoando pela casa. Thomas observava Sarah se movimentar com naturalidade, servindo o café da manhã enquanto Aurora e Adrian falavam empolgados sobre como seria a nova rotina com o pai morando ali.Era um momento de paz, algo que ele há muito tempo não experimentava. Mas, mesmo com essa sensação de plenitude, Thomas sabia que ainda havia um capítulo inacabado de sua história – um que ele precisava encarar para seguir em frente.Respirando fundo, ele se aproximou de Sarah e segurou sua mão delicadamente. Ela ergueu os olhos para ele, imediatamente percebendo a seriedade em seu semblante.— O que foi? — perguntou ela, suavemente.Thomas hesitou por um instante, mas então decidiu que não havia mais espaço para silêncios.— Quero que conheça meus pais — disse ele, direto.Sarah franziu ligeiramente a testa, surpresa.— Seus pais?— Sim. Quero que você os conheça... e quero que as crianças os
O caminho até a mansão Lewantys foi silencioso. Thomas dirigia com os olhos fixos na estrada, sua expressão séria, quase tensa. Sarah percebeu a inquietação dele, sentindo os dedos do dele apertarem com mais força o volante a cada quilômetro que os aproximava do destino.Ela pousou sua mão suavemente sobre a dele.— Vai ficar tudo bem — disse ela, oferecendo um sorriso de encorajamento.Thomas suspirou, soltando o ar lentamente antes de entrelaçar seus dedos nos dela.— Espero que sim.No banco de trás, Adrian e Aurora estavam animados, fazendo perguntas sem parar.— Eles vão gostar de nós, mamãe? — perguntou Aurora, sua voz cheia de expectativa.— Claro que sim, querida — Sarah respondeu, virando-se para olhá-los. — Vocês são incríveis. Como poderiam não gostar?Thomas abriu um pequeno sorriso ao ouvir aquilo. O otimismo de Sarah era algo que ele aprendera a admirar.A mansão Lewantys surgiu no horizonte, imponente e intocada pelo tempo. Era uma arquitetura clássica com grandes portõ
O casamento não precisava ser grandioso. Nem Thomas, nem Sarah desejavam algo extravagante. Para eles, o mais importante era que aquele momento fosse real, sincero, e que celebrasse tudo o que viveram até ali.A celebração foi planejada de forma ágil, sem ostentação, mas repleta de significado. Apenas um pequeno grupo compareceu: Arthur, o amigo mais próximo do casal, sempre presente nas horas difíceis; Kathalina, a antiga noiva de Thomas, que, mesmo enfrentando a dor do que já viveram, teve um papel importante para que ele e Sarah encontrassem o seu caminho; e, naturalmente, Aurora e Adrian, que não conseguiram disfarçar a alegria de ver os pais finalmente formalizando o amor que os unia.A modesta capela que recebeu a cerimônia tinha um charme especial, adornada apenas com flores brancas e sutis velas. O ar era leve, repleto de emoções, e cada olhar, cada gesto, carregava um significado profundo.Sarah apareceu vestindo um vestido sofisticado, porém sutil, feito de um material leve
O sol da manhã invadia suavemente o quarto, iluminando os traços relaxados de Sarah enquanto ela terminava de arrumar a mala. O clima na casa estava leve, mas um pequeno debate vinha animando o casal desde que haviam aceitado o presente inesperado de Margaret: a lua de mel.Thomas, sentado na beirada da cama, olhava para a tela do celular com uma expressão de dúvida, enquanto Sarah dobrava uma peça de roupa e suspirava.— Então, já decidimos? — ela perguntou, lançando um olhar divertido para o marido.Thomas ergueu os olhos para ela, arqueando uma sobrancelha.— Não é tão simples assim. Temos que pensar no tempo que temos disponível, na logística e, claro, em algo que realmente valha a pena.Sarah cruzou os braços e o encarou com um sorriso desafiador.— Tradução: você quer complicar uma decisão simples.Thomas riu, jogando o celular na cama antes de se aproximar dela e envolver sua cintura com os braços.— Eu só quero que seja perfeito.Sarah passou os dedos pelos cabelos dele, incli
Thomas observava Sarah a todo instante, fascinado por cada pequeno detalhe – o jeito como seus cabelos se movia com a brisa, como seus olhos brilhavam sob o sol dourado, como seu sorriso parecia ainda mais bonito quando ela estava completamente relaxada.— O que foi? — Sarah perguntou quando percebeu o olhar dele.— Meu Deus, você está... radiante. — disse ele, sem conseguir esconder a admiração em seu olhar.Thomas a puxou para perto, envolvendo-a pela cintura.— Só estou gravando esse momento na memória.Sarah sorriu, repousando as mãos no peito dele.— Então espero que esteja aproveitando cada segundo.Ele abaixou a cabeça, os lábios roçando suavemente nos dela.— Você não faz ideia.O sol se pôs no horizonte, tingindo o céu de tons dourados e avermelhados, e a brisa noturna carregava o cheiro do mar. Thomas e Sarah estavam na varanda, um brinde silencioso marcado pelo som das taças se tocando.A conversa fluía fácil, repleta de risadas, sussurros cúmplices e olhares carregados de
Sarah entrou correndo na sala, atraída pelo tom intenso das vozes de seus pais. Ambos estavam sentados, imersos em uma discussão acalorada. Algo nas expressões frias e calculadas de seus rostos a fez parar no meio do caminho.— Filha, venha aqui — disse seu pai. A voz fria, como de costume, agora carregava uma gravidade incomum.Sarah se aproximou, hesitante. Antes que pudesse perguntar, ele disparou:— Hoje é um dia decisivo para nossa família. Você vai comparecer no lugar de sua irmã na cerimônia de casamento dela.Os olhos de Sarah se arregalaram, incrédulos.— O quê? — exclamou. — Isso não é possível! É o casamento da Anna! Ela precisa estar lá, não eu.Seu pai cruzou os braços e franziu o cenho.— Anna desapareceu. Resolveu nos abandonar no pior momento. Este casamento é um acordo comercial firmado há anos, e não podemos arcar com os custos da quebra do contrato.Sarah balançou a cabeça, tentando processar a situação.— Papai, isso não faz sentido! Vocês podem conversar com o noi
Sarah foi empurrada para o banco de trás de um carro que arrancou em alta velocidade. Cada solavanco na estrada era um lembrete cruel da situação em que ela havia sido colocada. Tudo parecia um pesadelo do qual não conseguia despertar.Ela perdeu a noção do tempo. Sempre que tentava erguer o véu para ver onde estava, uma mão pesada a impedia. Quando tentava falar, uma voz áspera cortava o silêncio com um:— Cala a boca!Aquelas palavras ecoavam em sua mente como uma ameaça constante.Seus dedos tremiam, e as palmas estavam encharcadas de suor.— "Como isso aconteceu? Como cheguei a esse ponto?" — pensou.Aquele dia deveria ser especial — era o seu aniversário de 18 anos. Em vez disso, ela estava sendo arrastada para um destino incerto. Nem mesmo seu pai, que sempre prometera protegê-la, parecia se lembrar disso.— "Papai disse que me buscaria depois da cerimônia..." — pensou Sarah, sentindo o desespero crescer. — "Então, por que me deixou com esse homem horrível?"O carro finalmente p
Acordei com o coração disparado, o corpo latejando em cada centímetro. Cada fibra do meu ser parecia gritar em dor, mas não sabia dizer se a dor física superava o peso esmagador no peito.Ao abrir os olhos, vi rastros de sangue pelo chão. Eles começavam na cama e terminavam onde eu estava caída. O sangue — seco e fresco — era um lembrete cruel do que eu havia suportado. A cabeça latejava, e o ar parecia denso, carregado de desespero.— O que restou de mim depois disso? — perguntei a mim mesma, tentando encontrar uma fagulha de força dentro do caos.O menor movimento fazia a dor aumentar. Meu corpo inteiro parecia prestes a ceder, mas a mente estava em frenético alerta, dividida entre a necessidade de sobreviver e a tentação de desistir.— Se nem mesmo minha família é capaz de me amar, quem mais poderia? Talvez essa dor seja tudo o que me resta agora.Com um suspiro derrotado, apoiei-me nos braços trêmulos e me obriguei a levantar. Cada passo era como um golpe contra a exaustão, mas eu