Senti uma forte emoção com o abraço que Manuela me deu depois do assédio que sofreu. A verdade é que eu sempre a enxerguei como uma mulher forte e destemida. Uma verdadeira guerreira, batalhadora, que corre atrás do que quer. E ali, em meus braços, eu vi o seu outro lado. Senti que precisava de mim, que precisava da minha proteção. Notei o medo em seu olhar, insegurança no seu abraço e odiei ainda mais aquele miserável por lhe fazer sentir isso. Eu sabia bem das minhas fraquezas, porém, não sei por que criei a ilusão de que ela não era como eu.
A verdade é que nesses últimos meses em que ela pôde ser minha amiga, sem mentiras, sem precisar interpretar nada; ser apenas a doce e incrível Manuela, e me incluir na sua vida, eu a conheci melhor, entendi a sua história
Eu sempre deixava o celular embaixo do travesseiro para que eu pudesse senti-lo vibrar e conseguir ouvir o toque do despertador. Já o programava para despertar em três horários, acho que isso faz com que o meu cérebro e corpo se adaptem com a ideia de ter que acordar. No entanto, hoje tudo fugiu do meu controle. Estava atrasada. Pode até parecer exagero para alguns, mas eu me cobro demais em todos os aspectos. Acordei com a minha mãe batendo insistentemente à porta perguntando se eu não iria trabalhar, e por um segundo fiquei desnorteada. Apalpei a cama com a vista um pouco turva até encontrá-lo. Quando me dei conta de que estava no silencioso, saltei em direção ao guarda-roupa pegando o primeiro vestido que vi, prendi meus cabelos na tentativa de disfarçar todo o emaranhado que a cama o deixara, pois como eu, meu cabelo cacheado e volumoso, sempre acordava de ma
Eu me assusto um pouco com a ideia de tê-la por perto durante todo o meu dia. Realmente não me acostumo com isso. Ainda não é natural. Namoramos há pouco mais de um ano, mas acordar ao seu lado só passou a fazer parte da minha rotina há aproximadamente dois meses.Acordei às nove horas e fui preparar a mesa para o café da manhã. Nesses momentos eu me lembro de sua insistência a respeito de termos uma empregada. Às vezes, eu até chego a concordar mentalmente, mas não externo para não dar corda às ideias de Samantha. Gosto de manter o controle sobre o meu espaço; cuidar das minhas coisas me faz bem. Na minha opinião, seria muita luxúria alguém arrumando o meu apartamento, já que eu sempre mantive tudo limpo e organizado, mesmo com a correria dos meus dias. As roupas
Na noite passada, assisti ao filme do Julian e mais uma vez fiquei me imaginando como par romântico dele nas cenas, pois é mais fácil me imaginar no lugar da protagonista do que no da Samantha. Quero que saiba que eu não me orgulho de parecer uma adolescente enlouquecida. Mas é incontrolável. Eu. Amo. Esse. Homem. Amor de fã ninguém explica, ponto final.Já era tarde quando desliguei a TV e comecei a organizar o meu material para a aula de hoje. Mesmo cansada, fiquei rolando na cama tentando dormir. Eu não conseguia, estava ansiosa demais e não entendia por que me sentia assim. Foi de repente que senti as lágrimas. Elas simplesmente começaram a escorrer e quase que instantaneamente eu estava soluçando. Não quero e nem sou de reclamar da vida, afinal, eu tenho tudo: saúde, casa, família, emp
Quando cheguei ao restaurante, Rafael já havia revisado todo o contrato junto com Edgar e seu assessor. Os três conversavam entusiasmados sobre o início das gravações. Eles não perceberam que eu estava preocupado. Heitor ainda não havia chegado. Samantha estava a caminho, avisou-me através de mensagens que trocamos enquanto eu estava no estacionamento. Minutos depois, os avistei adentrar no restaurante e pude notar a felicidade nos olhos do meu amigo. Já nas feições de minha namorada, o sentimento visível era o de aborrecimento.— Por que não me avisou que ele estaria aqui? — disse ela, disfarçadamente, enquanto se sentavaao meu lado.— Amor, depois nós conversamos sobre isso — falei, na tentativa de contornar a situaç&ati
Eu observava a fisionomia dele e sabia que não era o melhor momento para conversar sobre algo tão sério, mas não tinha outra saída, precisava correr contra o tempo. Fui até o meu quarto e imprimi tudo que pude a respeito da viagem para auxiliar na minha defesa; precisava de argumentos bem estruturados, quem sabe dessa forma eles poderiam compreender melhor essa grande oportunidade para o meu futuro e não somente achar que era um capricho meu. Ir para o México sempre foi um grande sonho, mas não só pelo Julian, também admiro o país, a cultura... Vivenciar tudo isso é o que eu mais quero! Praticar o espanhol, conhecer lugares, pessoas, e sim, eu confesso que acredito que terei mais chances de conhecê-lo estando lá.— Manuela, vai demorar muito aí, filha? Ainda temos que enrolar a
O domingo foi cansativo, porém muito gratificante. Era o único dia em que me atrevia a dormir até mais tarde. Acordei no susto com o toque do telefone. Era ligação de Rafael para saber se eu estava pronto para o compromisso que tínhamos com uma empresa de cosméticos. Mas é claro que eu havia me esquecido completamente.— Rafael, por que não me lembrou disso ontem? — resmunguei.— Julian, eu te falei. Assim que saímos da Telemont, você não lembra?— Mas você tinha que ter me falado depois que saímos do estúdio. Tudo bem, vou correr aqui para me arrumar.O almoço era para apresentar a ideia de uma propaganda de um de seus perfumes e tí
A semana foi muito agitada. Estava mentindo para todos e isso não me deixava confortável, mas não tinha alternativa. No dia em que fui demitida do trabalho, fui correndo para casa. Precisava separar toda a minha documentação e procurar o meu passaporte, pois teria que me apresentar no dia seguinte bem cedo ao consulado do México, localizado no bairro do Flamengo. No entanto, não fazia a mínima ideia de onde havia guardado. Por esse motivo, entrei em casa na ponta dos pés, tentando não fazer barulho. Não queria que minha mãe me visse.Comecei a vasculhar todo o quarto. Procurei nas gavetas da cama, onde costumava guardar documentos, verifiquei na cômoda também, e nada. Abri o guarda-roupa e comecei a tirar as caixas com livros antigos e pastas. Quando olhei ao meu redor, me dei conta da enorme bagunça que
Como de costume, fui o primeiro a acordar. Coloquei a discografia da banda Camilla para escutar enquanto adiantava o café, precisava chegar cedo ao set. Aproveitei que Samantha ainda dormia para checar as redes sociais e responder ao máximo de fãs que conseguisse, mas pouco depois ela acordou. Mexi no e-mail para disfarçar, no intuito de não começarmos a discutir tão cedo. A coragem ainda não vinha para contar sobre a cena que faria. Tomamos café e nos despedimos no estacionamento, ela iria para a academia e eu para a emissora.Gravei algumas tomadas com Heitor e Pietra e, logo depois, me dirigi para o camarim. Enquanto trocava de figurino para a cena com Pâmella, Samantha chegou. Fiquei nervoso, cheguei a suar frio. Queria falar de forma que amenizasse o problema, o qual certamente ela