Eu nem gostava tanto assim de casamentos. Não via sentido. Sempre pareceu uma perda de tempo.Mas ver Lia vindo em nossa direção vestida de noiva encheu meu coração de algo que eu nunca pensei que sentiria. Ela caminhava nervosa sob as pétalas brancas caídas cuidadosamente desenhadas ao chão enquanto Isa a esperava ao meu lado com um grande sorriso no rosto.Seus olhos se voltaram para mim e neles vi tanta felicidade. Finalmente, minha menina ia casar. Ela sorriu para mim antes de se colocar à frente de Isadora.Em um lindo jardim com um ipê-rosa ao fundo, cheiro de rosa e a calmaria de um passeio pela natureza, apenas a voz do mestre de cerimônia e às vezes de Lia e Isa. As pessoas ao redor apenas olhavam deslumbradas o casal, dando alguns sorrisos ocasionalmente. Thiago estava sentando ao lado de Rafael, que, sorridente, observava orgulhoso o casal. Alana e Arthur estavam um pouco mais adiante, ao lado de Nicolas e minha mãe. Ela chorava tanto que não consegui deixar de soltar uma
Inglaterra, 1217 O céu estava escuro e EIisabeth sabia que logo iria começar a chover, por isso suspendeu seu vestido e apressou os passos enquanto olhava ao redor para se certificar de que ninguém a seguia. Seu coração batia depressa e sua respiração aumentava o ritmo conforme se aproximava da antiga casa do ferreiro. Era lá onde ela marcara com Frederick e seu coração pulsava inseguro porque sabia que a essa altura não poderia desistir, caso contrário ele correria grande risco de ser preso ou pior, morto. Sendo filha de nobres, Elisabeth nunca havia andando por essa parte mais humilde da cidade. Lembrava-se das orientações que ele a dera quando combinaram de fugir, mas não tinha mais tanta certeza se as estava seguindo corretamente. Estava com medo de se perder, com medo de andar sozinha a essa hora e acima de tudo, pensar na possibilidade de conseguir chegar de fato a casa do ferreiro e alguém os encontrar a apavorava. De longe encontrou a velha cabana. O casebre de madeira pare
Rio de Janeiro, Brasil. Agora. Meu corpo ainda estava imóvel, mas minha mente começava a se encher de um barulho irritante. Eu gritava para que parasse, mas a cada minuto a música se tornava mais alta e mais irritante até que de fato meu corpo começou a despertar. Meus olhos ainda estavam fechados enquanto eu tateei pela cabeceira procurando o causador do barulho e finalmente o localizei tocando para desligar o alarme. Eu costumava amar essa música, Light On dos Backstreet Boys. Entretanto, depois de 5 anos com ela como despertador, eu queria me matar toda vez que tocava, pois eu sabia que precisava levantar. Olhei para o relógio desejando adicionar mais 10 minutos, porém eu sabia que não poderia mais enrolar. Decidida, levantei depressa antes que meu sono ganhasse e caminhei até o banheiro. A porta estava fechada e ao lado de fora pude ouvir o som da água do chuveiro caindo. Lia provavelmente estava tomando banho, o que significava que eu, com toda certeza, chegaria atrasada no tra
Não, eu não procurei a mulher maluca do prédio, eu apenas segui minha vida dizendo a mim mesma que foi tudo uma estranha coincidência. Também tentei esquecer a cicatriz porque era apenas algo que provavelmente tinha arrumado me arranhando em algum lugar como sempre fazia. Lia me distraiu a maior parte do tempo. Ela tinha ficado bem mais bem humorada nos últimos dias desde que Isa entrara de férias e passou a ficar mais tempo com ela. Ai, ai. O amor. — Ah não, Lia fez isso? – Perguntei curiosa. — Ela entrou em pânico quando se deu conta da altura que estávamos. Quando olhei para trás, ela já havia fugido. – Comentou Isa a respeito da sua tentativa de levar a namorada para pular de asa delta, enquanto Lia se contraia constrangida e nós ríamos. — Frouxa. – Provoquei. Nós rimos e Lia encheu novamente nossas taças com vinho. Estávamos apenas em casa e eu estava segurando vela, mas nos divertimos muito enquanto ela contava como tinha sido. O que eu mais gostava em nossa amizade era a f
— Senhora, Lee. Como vai? — Muito bem, e você? — Ah, bem, é... posso ajudar? – Adicionei enquanto o casal nos observava curioso. — Na verdade, eu vim ajudar você. Podemos conversar a sós? Não, não e não. — Claro. - Forcei um sorriso. Olhei para as duas novamente. Elas pareciam estar achando aquilo instigante, mas na mesma hora levantaram depressa explicando que estavam indo dar uma volta e logo em seguida sumiram pelo corredor do prédio. Voltem aqui! Sentei-me ao lado da senhora, em uma direção que dava para chegar correndo a porta caso algo acontecesse. Felizmente Lia havia a deixado aberta. — Não precisa ficar assustada. – Informou Lee notando minha inquietação ao observar a porta. – Eu sou apenas uma mulher. — Foi mal, é que eu realmente acho um pouco estranho... Não a senhora, quer dizer, isso aqui, a senhora aqui. É que não nos falamos muito e...a senhora mencionou uma cicatriz. – Meu Deus alguém cala minha boca. — É exatamente por isso que estou aqui. Eu não vou te f
Estava um dia extremamente ensolarado e nós três estávamos parados em frente à entrada do evento esperando o tal primo chegar. Sendo que ele que morava mais perto do local, não eu nem Lia. Eu não estava acostumada a esperar pessoas, eram as pessoas que me esperavam. Esse é o problema de estar sempre atrasada, você acostuma a fazer os outros de otário. Ah meu Deus! Eu sou uma pessoa horrível! Os dois estavam esperando pacientemente sentados no chão perto de uma grade que nos separava do pessoal que estava entrando, enquanto eu estava em pé olhando ao redor, não sei por qual motivo porque eu nem sabia como era a aparência do homem. Minha cabeça começava a latejar devido ao calor e meus olhos estavam quase se fechando por conta da luminosidade do sol. Eu só queria entrar e procurar alguma sombra em que eu pudesse me esconder do inferno que havia se tornando o mundo. Depois de quase meia hora o homem apareceu se desculpando imediatamente pelo atraso. Ele era bem diferente do que eu havi
— Então, Luan. – Comecei tentando parecer amigável. — Nathan. – Corrigiu. — Que? — Meu nome é Nathan. — Ah claro. – Não foi o que eu disse? – Nathan. Você é parente próximo da Isa? — Sim. Ok... bom... esclarecedor. — Hum entendi. E o que você faz? – Tentei novamente. — Bom, eu trabalho no setor administrativo. — Que legal, parece até importante. — Sorri simpática. — Não é nada demais. É uma coisa da minha família – Respondeu o homem enquanto olhava impacientemente ao redor, procurando o que eu imaginava ser sua prima. — Ah... sim. – Respondi meio espantada com a grosseria do moreno que parecera na porta tão gentil. Agora ele parecia entediado e sem um pingo de vontade de conversar comigo. Olhei ao redor também esperando que os dois retornassem para que eu pudesse dar um chute em Lia por me deixar sozinha com aquela espécie de Nate Archibald pirata. Ele não parecia estar animado. Talvez fosse o calor, não culparia se fosse. Ou talvez ele não tenha ido muito com minha cara.
Eu não via sentindo em contornar uma escada por medo de passar por debaixo dela, também não acreditava que teria sete anos de azar ao quebrar um espelho ou que algo ruim fosse me acontecer por ver um gato preto na rua. Inclusive amo gatos pretos e quando encontrei um, o adotei. O que eu acreditava era que se uma pessoa é considerada maluca por todos os moradores de um prédio, é porque algum motivo tem. Marquei uma consulta com o clínico no dia seguinte que a senhora Lee foi me visitar. Consegui agendar para uma semana depois disso. Já havia me consultado com esse doutor diversas vezes e me sentia mais aliviada por estar ali. Não ignorei as marcas depois que vi que elas tinham se multiplicado. Não achava que era apenas algo sem importância, embora também não achasse que eram marcas resultantes das unhas de um ser do mal. Um pouco mais de 30 minutos depois meu nome foi chamado pelo doutor. Levantei-me da cadeira depressa e caminhei até a pequena e aconchegante sala sentindo minhas m