Como se reza mesmo o pai nosso?Ave Maria que... não, espera. Pai nosso, tem que começar assim.Pai nosso que estás no céu...E foi esse os pensamentos que chegavam tão depressa em minha mente, como um bala saindo de uma pistola, enquanto eu largava todas as sacolas de memórias seguras e corria em direção a porta vermelha que me levaria até as escadas.Santificado seja o vosso nome...Se eu voltasse para a rua, encontraria um local vasto e solitário, mas ao subir para meu apartamento, seríamos dois humanos contra um demônio. E, se eu excluísse essa ultima parte, eu estava na vantagem.Venha a nós o vosso reino...Corri tão rápido que já estava difícil de respirar.Maldito sedentarismo! Acho que estou tonta!Parei por um segundo colocando minhas mãos nos joelhos tentando recuperar o ar e identificar quanto havia subido. Nunca me arrependi tanto de nunca ter ido a uma academia quanto agora.Ri agora dos homens bombados que tiram fotos no espelho todo dia levantando a camisa para mostra
Fechei a porta de imediato e virei-me de costas para a porta colocando as mãos ao joelho em busca de mais oxigênio. Depois de breves segundos tentando recuperar o fôlego, espiei pelo olho mágico em busca de algum movimento, mas apenas o vazio inquieto ressoava lá fora. Acho que estava segura.Por enquanto.Olhei novamente a saleta de Lee. Os móveis ainda continuavam no mesmo lugar. A não ser pelo acizentado indicando que não havia sido limpo há algum tempo, nada parecia estar diferente de quando Lee estava ali. Se fechasse os olhos por um instante e ignorasse a leve coceira no nariz provocada pelo ácaro, ainda conseguiria sentir o perfurme de ervas, o barulho da chaleira e o aconchego de seu lar.Espero que ela saiba que mesmo que não haja mais alguém de sua família aqui, em meu coração, sua lembrança permaneceria viva e vibrante enquanto eu ainda estivesse por aqui.Embora talvez isso possa não dizer muito tempo. Sentei-me em seu sofá deixando que as lembranças felizes se mesclassem
O fato de ter ali uma mensagem de Lee para mim, me deixou comovida e enfraquecida. Minhas mãos suavam por sobre a imagem e algumas lágrimas inconvenientes insistiam em tentar aparecer ali. Podia ouvir a voz de Lee em minha mente através de suas palavras gravadas naquele simples objeto, tão valioso, diante de mim.Enxuguei meus olhos e respirei fundo à medida que tomava coragem e estendia a mensagem para perto de meus olhos embaçados."Querida, Isabelle,acredito que as dificuldades ainda permaneçam inquietantes em sua mente. Gostaria de ter ajudado mais, porém existem barreiras que nem eu consigo ultrapassar. Escrevo essa simples mensagem porque espero que consiga ajudá-la em sua busca. Espero que possa entregá-la diretamente a você, mas receio que depois disso não tenha muito tempo. Caso eu não tenha entregue e não ter tido a oportunidade de dizer, saiba que eu torço muito por você. Aqui ou em outra vida, você estará presente em meu coração.Isabelle, uma alma gêmea é forte demais
- Era você.Minha voz mal saía por meus lábios chocados. Embora estivesse ali bem diante de mim, não conseguia acreditar. Era tão difícil e tão fácil. Eu tive tanto medo de errar que não percebi o que estava explicito ali.- Era você esse tempo todo. - Disse mais firme. - Por que...- Eu não podia. Você sabe.- Mas...- Eu tentei, Belle. Deus sabe como eu quis, mas eu não consegui. - Respondeu Lia nervosa. - Eu... você quase morreu quando eu tentei. - Suas mãos gesticulavam inquietas à medida que as palavras saiam apressadas por seus lábios. - Aquele carro quase te atropelou... eu não podia te perder de novo. Desculpa, eu...Mal dei tempo de Lia terminar e corri apressada para seus braços. Não entendia nossa relação, não entendia nada, mas sabia que Lia era minha melhor amiga e tudo o que importava era que ela estava ali. Que nós estávamos. - Está tudo bem. - Respondi, tentando dar fim a sua preocupação. Seus braços pareceram relaxar enquanto sentia seu corpo tremer à medida que seu
Acordei espantada, tentando me proteger, antes de me dar conta de que estava ao chão do meu quarto. Meu peito doía tanto que parecia ter sido real. Contudo, conforme compreendia que apenas sonhava e o medo se esvaia, a dor continuava ali. Levantei minha blusa, já compreendendo bem antes de ver as marcas de unha em meu peito. O que aquilo queria dizer? Tentei levantar e falar com Belle. Nem sabia se ela estava em casa, mas antes de confirmar, outra dor surgiu forte por minha mente e caí novamente ao chão.- Edward? Cadê você? - Chamei baixo. Olhei ao redor para me certificar de que nenhum soldado estava próximo, mas estava completamente vazio. O exército estava se preparando para avançar por mais um território, enquanto os outros soldados ficavam de vigia do lado norte do campo de prisioneiros. - Edward.- Paolo? - Falou o homem ainda incerto. - É você?- Vamos, amigo. Precisamos sair daqui. - Disse enquanto puxava o homem. Mas ele não entendeu de imediato meu inglês apressado. - Preci
Belle's pov - Desculpe-me. Eu queria muito de contar. Muito mesmo. Mas naquele momento soube que isso te mataria. Conversei com a senhora Lee e acho que pensar em te contar também a matou. Naquele dia do evento da família do Nathan eu ia te contar, Belle. Eu tentei, mas aí veio aquele carro... e....você ia morrer de novo. O carro não era para mim, era para você. Eu não podia correr o risco de te matar novamente.- Você não me matou. Eu entendo, de verdade. Obrigada por me salvar e por tentar todas as vezes. Deve ter sido bem pior para você.- Acho que não sofri todas as dores e essas experiências sobrenaturais que você viveu.- Mas você viveu tudo isso sozinha. - Enquanto eu sempre tive Lia para desabafar, ela nunca teve a mim. - Ficamos alguns minutos em silêncio enquanto eu absorvia aquelas palavras.Meu coração batia frenético em expectativa da mesma forma que minha mente se aquietava com alívio. Era como se eu tivesse correndo e parada ao mesmo tempo. Como se um mundo caótico tive
Eu nem gostava tanto assim de casamentos. Não via sentido. Sempre pareceu uma perda de tempo.Mas ver Lia vindo em nossa direção vestida de noiva encheu meu coração de algo que eu nunca pensei que sentiria. Ela caminhava nervosa sob as pétalas brancas caídas cuidadosamente desenhadas ao chão enquanto Isa a esperava ao meu lado com um grande sorriso no rosto.Seus olhos se voltaram para mim e neles vi tanta felicidade. Finalmente, minha menina ia casar. Ela sorriu para mim antes de se colocar à frente de Isadora.Em um lindo jardim com um ipê-rosa ao fundo, cheiro de rosa e a calmaria de um passeio pela natureza, apenas a voz do mestre de cerimônia e às vezes de Lia e Isa. As pessoas ao redor apenas olhavam deslumbradas o casal, dando alguns sorrisos ocasionalmente. Thiago estava sentando ao lado de Rafael, que, sorridente, observava orgulhoso o casal. Alana e Arthur estavam um pouco mais adiante, ao lado de Nicolas e minha mãe. Ela chorava tanto que não consegui deixar de soltar uma
Inglaterra, 1217 O céu estava escuro e EIisabeth sabia que logo iria começar a chover, por isso suspendeu seu vestido e apressou os passos enquanto olhava ao redor para se certificar de que ninguém a seguia. Seu coração batia depressa e sua respiração aumentava o ritmo conforme se aproximava da antiga casa do ferreiro. Era lá onde ela marcara com Frederick e seu coração pulsava inseguro porque sabia que a essa altura não poderia desistir, caso contrário ele correria grande risco de ser preso ou pior, morto. Sendo filha de nobres, Elisabeth nunca havia andando por essa parte mais humilde da cidade. Lembrava-se das orientações que ele a dera quando combinaram de fugir, mas não tinha mais tanta certeza se as estava seguindo corretamente. Estava com medo de se perder, com medo de andar sozinha a essa hora e acima de tudo, pensar na possibilidade de conseguir chegar de fato a casa do ferreiro e alguém os encontrar a apavorava. De longe encontrou a velha cabana. O casebre de madeira pare