— Então, Luan. – Comecei tentando parecer amigável.
— Nathan. – Corrigiu.
— Que?
— Meu nome é Nathan.
— Ah claro. – Não foi o que eu disse? – Nathan. Você é parente próximo da Isa?
— Sim.
Ok... bom... esclarecedor.
— Hum entendi. E o que você faz? – Tentei novamente.
— Bom, eu trabalho no setor administrativo.
— Que legal, parece até importante. — Sorri simpática.
— Não é nada demais. É uma coisa da minha família – Respondeu o homem enquanto olhava impacientemente ao redor, procurando o que eu imaginava ser sua prima.
— Ah... sim. – Respondi meio espantada com a grosseria do moreno que parecera na porta tão gentil. Agora ele parecia entediado e sem um pingo de vontade de conversar comigo.
Olhei ao redor também esperando que os dois retornassem para que eu pudesse dar um chute em Lia por me deixar sozinha com aquela espécie de Nate Archibald pirata. Ele não parecia estar animado. Talvez fosse o calor, não culparia se fosse. Ou talvez ele não tenha ido muito com minha cara.
Como os dois não voltavam e o tal Luan não parecia querer conversar, sentei-me na grama e aproveitei para responder as mensagens que havia recebido.
Thiago
|Como assim você vai no show e não me chamou?Belle
Foi tudo muito rápido. A Lia me |avisou ontem.|Thiago
| Vacilão morre cedo.Belle
Estou falando sério, garoto! Preferia que você estivesse aqui| O primo da Isa é chato.|Thiago
Pq?Belle
Sei lá. É meio calado. |Thiago
| Bonito? Manda foto.Belle
Não, garoto.|
Depois mando. Vai ver foto do seu namorado. |
Thiago
| Ele tá do meu lado e quer ver também.
Affs!— Voltamos. – Anunciou Isa com as mãos cheias de biscoitos e coca cola.
— Só te perdoo porque trouxeram coca. – Disse enquanto eles me passavam a latinha de refrigerante.
— E aí, foi legal com ele? – Questionou Lia já me acusando.
— Por que vocês já pensam mal de mim? Eu sou um amor. – Disse me fazendo de vítima antes de adicionar. – Seu amiguinho novo que é um cuzão.
- Por quê? - Sei lá. Acho que ele não gostou de mim. - Ah não. O que você... - Já ia me acusando novamente. - Mas que coisa! - Reclamei impaciente. - Vem, vamos nos aproximar mais do palco. - Disse puxando Lia mais pra frente, logo sendo acompanhada pelos outros dois.O show começou 2 horas depois. Alguns cantores que eu não conhecia se apresentaram no início e logo depois veio a Lud. Gritei tanto que parecia que eu tinha engolido farpas, tamanho era minha empolgação.
O evento acabou por volta das 22 horas e nem eu e o querido voltamos a conversar novamente. Até nas conversas em grupo eu senti que estava sendo ignorada. Eu não conseguia entender o que havia feito de errado.
Na saída a mulher se despediu do namorado e de mim com um abraço sincero e gentil.
—Foi muito legal hoje, não é? Nós quatro podíamos sair mais vezes, o que você acha?
Até parece!
— Claro. - Obriguei-me a fingir um sorriso. - Quando quiser estamos aí.
Despedi-me do primo dela com um aceno e junto com o Lia voltei para casa. O dia havia sido bom, o show foi incrível, os grupos eram ótimos e apesar do primo rude de Isa, estar ao lado de pessoas que aquecem nosso coração torna até os menores passeios os melhores de toda vida.
Tentei não levar para o coraçao a atitude de Nathan, mas não pude deixar de me sentir irritada porque sabia que aquilo havia me incomodado. Nathan era bonito, mas não era somente isso. A cada vez que eu o olhava, alguma coisa que eu ainda não compreendia, se agitava dentro de mim.
Eu não via sentindo em contornar uma escada por medo de passar por debaixo dela, também não acreditava que teria sete anos de azar ao quebrar um espelho ou que algo ruim fosse me acontecer por ver um gato preto na rua. Inclusive amo gatos pretos e quando encontrei um, o adotei. O que eu acreditava era que se uma pessoa é considerada maluca por todos os moradores de um prédio, é porque algum motivo tem. Marquei uma consulta com o clínico no dia seguinte que a senhora Lee foi me visitar. Consegui agendar para uma semana depois disso. Já havia me consultado com esse doutor diversas vezes e me sentia mais aliviada por estar ali. Não ignorei as marcas depois que vi que elas tinham se multiplicado. Não achava que era apenas algo sem importância, embora também não achasse que eram marcas resultantes das unhas de um ser do mal. Um pouco mais de 30 minutos depois meu nome foi chamado pelo doutor. Levantei-me da cadeira depressa e caminhei até a pequena e aconchegante sala sentindo minhas m
— É o que? – Gritou Lia. — Eu sei que parece loucura, mas você tem que me escutar de coração aberto. — Como a senhora maluca do prédio sabe disso? — Eu não sei. Talvez ela não seja maluca, talvez nós que não conseguimos acompanhá-la. Lia continuou me observando em silêncio. O que será que ela estava pensando? Que eu sou maluca também? Não, ele não acharia isso. Talvez achasse que eu estou assustada o suficiente para encontrar sentido nisso tudo. Talvez fosse isso mesmo, eu não sei. No entanto, ao contrário do que eu esperava, ela sentou-se ao meu lado e disse: — Posso ver? Demorei uns segundos para entender sobre o que ela estava falando até me dar conta de que ela se referia as cicatrizes. Feliz por não a ter espantado, levantei minha blusa e mostrei as três marcas em meu peito. Elas não haviam piorado desde que mostrei ao médico e ainda não doíam, então imagino que era um bom sinal. Lia aproximou-se analisando com curiosidade. Pela sua expressão, ela estava levando a sério tu
Errado. Assim que chegamos ao local que Lucas pretendia, ele me aproximou da parede e colou seus lábios novamente nos meus. Coloquei minhas mãos em seu pescoço enquanto abria minha boca e deixava que sua língua viesse em encontro da minha. O cheiro do álcool não parecia ter muita importância agora. Suas mãos se moviam lentamente da minha cintura para meu quadril, ele me pressionava na parede e sua boca descia por meu queixo e posteriormente ao meu pescoço. Sua mão se entrelaçou nas minhas puxando-as para seu corpo em seguida descendo por sua barriga. Foi nesse momento que percebi que ele havia desabotoado seu jeans. — O que você está fazendo? – Perguntei enojada. — O que foi, linda? Vai dizer que você não quer também. — Que? Ai meu Deus! Bastante indignada e constrangida com a situação eu me afastei do homem e caminhei em direção ao bar. Embora já tivesse vindo algumas vezes e beijado homens aleatórios com bastante frequência, não gostava de ir tão rápido assim. Eu gostava de faze
Faltavam apenas uma semana para as férias da Isa acabar, logo ela já estava sofrendo antecipadamente pelos próximos meses de aula. Eu a entendo perfeitamente porque eu fazia a mesma coisa. A faculdade foi a pior fase da minha vida. Os alunos eram na maioria ricos, vindo de escolas caras, que sempre falavam palavras como execrável para mostrar quão inteligentes eram. Eu, por outro lado, cresci em um bairro simples, com pessoas simples e não consegui me adaptar muito bem. Na maior parte do tempo ficava sozinha. Devido ao fim das férias, Isa queria aproveitar os últimos dias intensamente, então ela teve a ideia de nos convidar para uma viagem na casa de praia de sua tia. Pelo que entendi, a casa tinha espaço suficiente para convidar a mim, Lia, seus amigos, Nicolas e Luíz, uma amiga dela, Anne, e obviamente o filho da dona, ou seja, seu primo mal educado. No momento que ela me disse que ele ia, um desânimo muito forte caiu em cima de mim. Eu não sei explicar o porquê, mas aquele garoto
— E aí, Belle, como conseguiu uma folga de uma semana? – Perguntou-me Nicolas. — Eu combinei com a minha chefe que tiraria uma semana das minhas férias. Acho que ela queria se livrar de mim um pouco, então concordou. Nathan puxou uma cadeira, logo após pegando uma garrafa de cerveja e sentou-se conosco. Todos os outros três estavam bebendo, mas eu não gosto muito de cerveja então fiquei ali apenas fazendo companhia. —Você não bebe? – Questionou-me o gostoso, digo, Nathan. — Não gosto. – Disse secamente. — Hmm. – Respondeu-me. Isso me lembrou nossa primeira conversa no evento, quando eu ainda estava tentando ser uma pessoa gentil. Mas ao contrário de mim, o homem não tentou novamente e aproximou-se de Lia para fazer parte da conversa. — A Isa disse que seu pai é muito rico. – Mencionou Lia levemente alterada. — A Isa sempre falando demais. - Ele tentou não transparecer, mas deu uma olhada rígida para a menina que se encolheu tímida ao lado de Lia. - Não é muito rico. É um pouco
Seus lábios estavam cada vez mais próximos aos meus, assim como suas mãos estavam no elástico da minha calça. Podia sentir cada vez mais sua respiração, apenas um pequeno fio de ar separava sua boca da minha. Isso ia acontecer. Eu ia beijar um cara que eu achava que nem gostava de mim e jogar fora todo drama que tinha feito na minha mente até então. Ninguém precisava saber... O barulho do celular me assustou fazendo-me levantar depressa. Minha mente estava confusa e rodando devido a velocidade com a qual sentei. Pisquei algumas vezes no intuito de colocar minha cabeça do lugar. O ambiente estava mais escuro agora. Olhei ao redor à procura de um alguém especifico, mas eu estava sozinha. Eu havia sonhado. O celular tocou novamente. — Alô. – Atendi ainda meio sonolenta. — Finalmente. O que você prefere comer? Pode ser pizza? – Perguntou Lia. — Pode ser qualquer coisa comestível. — Ok, pizza. Desliguei o telefone tentando pensar o que tinha acabado de acontecer. Me sentia patética
Todos já estavam dormindo, mas eu não conseguia devido ao fato de ter dormido mais cedo. Pretendia assistir alguns vídeos no Youtube ou saber da vida das pessoas do Twitter enquanto o sono não vinha. No entanto, minha cabeça estava doendo mais e eu não conseguia ficar olhando para a tela do celular. Por que diabos minha cabeça tem doido tanto? Eu devia ter falado isso com o médico também. Peguei um analgésico. O que restava era ficar ali deitada olhando para o teto enquanto ouvia Anne roncar e esperava o remédio fazer efeito. Estava demorando bem mais do que havia imaginado. Fiquei dessa forma por umas duas horas e a dor não passou. Eu devia estar muito estressada por conta dos desentendimentos com a Sabrina e com essa doideira de alma gêmea. Tinha muita coisa na minha cabeça e não podia julgá-la por não aguentar sem nenhum problema. De tantas pessoas do mundo, talvez até de fora dele, um homem louco decide jogar uma maldição em mim. Logo eu que não faço nada com ninguém. Por que n
O barulho ficava cada vez mais alto, incomodando meu ouvido e fazendo meus pelos se eriçarem. A rachadura ia cobrindo quase todos os cantos do espelho, até que o vidro não suportou e quebrou fazendo-me cobrir meu rosto com a mão me protegendo dos cacos. Senti algo arder em minha pele. O que era aquilo?Não quis pensar muito sobre o que estava acontecendo, só sabia que eu precisava sair imediatamente dali. Aproveitei que tinha reagido para correr e pedir ajuda. Eu estava correndo tão depressa que mal conseguia respirar direito. A adrenalina havia envolvido meu corpo, eu só pensava em chegar ao quarto da única pessoa que poderia me acalmar. A porta estava se aproximando de mim rapidamente, e sem ao menos pensar entrei ofegante no quarto. - Ai meu Deus! Eu voltei a realidade ao perceber o corpo nu de Lia em cima de Isa. - Meu Deus, Isabelle! – Exclamou Lia enquanto Isa se cobria até o rosto com o lençol. - Desculpe. – Foi a única coisa que consegui dizer antes de sair do quarto. O