— E aí, Belle, como conseguiu uma folga de uma semana? – Perguntou-me Nicolas. — Eu combinei com a minha chefe que tiraria uma semana das minhas férias. Acho que ela queria se livrar de mim um pouco, então concordou. Nathan puxou uma cadeira, logo após pegando uma garrafa de cerveja e sentou-se conosco. Todos os outros três estavam bebendo, mas eu não gosto muito de cerveja então fiquei ali apenas fazendo companhia. —Você não bebe? – Questionou-me o gostoso, digo, Nathan. — Não gosto. – Disse secamente. — Hmm. – Respondeu-me. Isso me lembrou nossa primeira conversa no evento, quando eu ainda estava tentando ser uma pessoa gentil. Mas ao contrário de mim, o homem não tentou novamente e aproximou-se de Lia para fazer parte da conversa. — A Isa disse que seu pai é muito rico. – Mencionou Lia levemente alterada. — A Isa sempre falando demais. - Ele tentou não transparecer, mas deu uma olhada rígida para a menina que se encolheu tímida ao lado de Lia. - Não é muito rico. É um pouco
Seus lábios estavam cada vez mais próximos aos meus, assim como suas mãos estavam no elástico da minha calça. Podia sentir cada vez mais sua respiração, apenas um pequeno fio de ar separava sua boca da minha. Isso ia acontecer. Eu ia beijar um cara que eu achava que nem gostava de mim e jogar fora todo drama que tinha feito na minha mente até então. Ninguém precisava saber... O barulho do celular me assustou fazendo-me levantar depressa. Minha mente estava confusa e rodando devido a velocidade com a qual sentei. Pisquei algumas vezes no intuito de colocar minha cabeça do lugar. O ambiente estava mais escuro agora. Olhei ao redor à procura de um alguém especifico, mas eu estava sozinha. Eu havia sonhado. O celular tocou novamente. — Alô. – Atendi ainda meio sonolenta. — Finalmente. O que você prefere comer? Pode ser pizza? – Perguntou Lia. — Pode ser qualquer coisa comestível. — Ok, pizza. Desliguei o telefone tentando pensar o que tinha acabado de acontecer. Me sentia patética
Todos já estavam dormindo, mas eu não conseguia devido ao fato de ter dormido mais cedo. Pretendia assistir alguns vídeos no Youtube ou saber da vida das pessoas do Twitter enquanto o sono não vinha. No entanto, minha cabeça estava doendo mais e eu não conseguia ficar olhando para a tela do celular. Por que diabos minha cabeça tem doido tanto? Eu devia ter falado isso com o médico também. Peguei um analgésico. O que restava era ficar ali deitada olhando para o teto enquanto ouvia Anne roncar e esperava o remédio fazer efeito. Estava demorando bem mais do que havia imaginado. Fiquei dessa forma por umas duas horas e a dor não passou. Eu devia estar muito estressada por conta dos desentendimentos com a Sabrina e com essa doideira de alma gêmea. Tinha muita coisa na minha cabeça e não podia julgá-la por não aguentar sem nenhum problema. De tantas pessoas do mundo, talvez até de fora dele, um homem louco decide jogar uma maldição em mim. Logo eu que não faço nada com ninguém. Por que n
O barulho ficava cada vez mais alto, incomodando meu ouvido e fazendo meus pelos se eriçarem. A rachadura ia cobrindo quase todos os cantos do espelho, até que o vidro não suportou e quebrou fazendo-me cobrir meu rosto com a mão me protegendo dos cacos. Senti algo arder em minha pele. O que era aquilo?Não quis pensar muito sobre o que estava acontecendo, só sabia que eu precisava sair imediatamente dali. Aproveitei que tinha reagido para correr e pedir ajuda. Eu estava correndo tão depressa que mal conseguia respirar direito. A adrenalina havia envolvido meu corpo, eu só pensava em chegar ao quarto da única pessoa que poderia me acalmar. A porta estava se aproximando de mim rapidamente, e sem ao menos pensar entrei ofegante no quarto. - Ai meu Deus! Eu voltei a realidade ao perceber o corpo nu de Lia em cima de Isa. - Meu Deus, Isabelle! – Exclamou Lia enquanto Isa se cobria até o rosto com o lençol. - Desculpe. – Foi a única coisa que consegui dizer antes de sair do quarto. O
— O que você está dizendo, garota? — Estou dizendo que meu corpo quer dar para o Nathan, mas meu cérebro está me dizendo "se afasta da tentação, Belle". É sério, eu até sonhei com ele. — E o que você sonhou? – Quis saber Lia aos risos. — Não vamos entrar em detalhes. O que? Não foi nada demais não. — Belle sendo Belle. Mas o que você quer? Vai falar com ele? — Eu não, ele é todo estranho. E além disso, ele me deixa meio desconcertada. Desci para o primeiro andar até a sala vazia e sentei-me ao sofá para esperar o resto do pessoal se arrumar enquanto Lia foi até o quarto dos meninos. Estava tentando não pensar no que tinha acontecido, e mesmo que Lia quisesse saber se eu me sentia melhor e conversar sobre o assunto, eu apenas dizia que estava tudo bem. No entanto existia um pequeno problema. Embora minha mente odeie isso, eu tenho necessidades que precisam que eu me desloque ao banheiro. Adiei isso o máximo que pude, mas eu não podia aguentar mais. O plano era utilizar aquele e
Essa definitivamente foi uma péssima ideia. Eu era péssima naquilo. Surfar com certeza não era meu dom. — Como ele consegue fazer isso? – Questionou Lia ao observar Nathan em cima da prancha. — Sei lá, às vezes parece que ele sabe tudo. E se nós fingirmos que queremos ir ao banheiro e nos distrairmos acidentalmente em um bar? – Sugeri. — Acho que você tem as melhores ideias. Avisamos para o pessoal e saímos da água a procura de um local legal acompanhado de Nicolas que também viu em nossa saída uma ótima ideia. Atravessamos a rua e encontramos um pequeno bar para a felicidade dos três. Sentamos em uma mesa próxima a janela, e pedimos algumas cervejas e coca cola enquanto podíamos observar de longe nossos amigos tentando surfar. — Você acha que o Luíz consegue? – Perguntou Nicolas um segundo antes do amigo cair na água. – É assim que se aprende, não é? — Eu não sei como eles fazem isso. É muito difícil. - Desabafei. — A Isa surfa desde pequena, acredito que o Nathan também. Fa
- Posso ficar aqui com você? – Perguntou Nathan ao se aproximar. – Você está chorando? O que aconteceu? Eu não tinha percebido isso até ouvi-lo dizer. Rapidamente virei minha cabeça para o outro lado e limpei as lágrimas que estavam escorrendo, na tentativa inútil de amenizar o que ele já havia visto. - Tudo bem eu ficar aqui? – Perguntou novamente vacilante. - Claro. A casa é sua. – Tentei sorrir. Ele sorriu de volta, mas pude perceber o receio em seus olhos ao se sentar. - Você quer conversar? Neguei com a cabeça. Como eu explicaria isso? Era complicado. Ai meu Deus! Olha eu não explicando alguma coisa para alguém porque é complicado. Eu me tornei quem eu mais julgava. - Eu também gostava de ficar aqui quando era pequeno. – Comentou Nathan ao examinar a praia. – Olhar a paisagem daqui é... - Relaxante? - É. - Seus lábios se moveram um pouco num pequeno sorriso. - Meus pais costumavam vir muito aqui, mas acho que eles não se importam mais com esse local. Por algum motivo e
Nossa volta para a casa foi longa e desconfortável porque Nicolas deu a ideia genial de convidar Anne para ir de carro com eles, já que ela morava mais perto deles do que de Isa ou Nathan. Sendo assim Isa e Lia sentaram-se atrás e eu estava ao lado do cara que não disse mais nada desde que eu o beijara. Era como se o mundo estivesse me lembrando como eu era uma idiota. Talvez não fosse tão ruim se Isa e Lia não estivessem se beijando atrás de mim. Revirei os olhos. Se eu os escutar mais uma vez, acho que taco os dois do carro. — Posso botar uma música? – Pedi. Nathan assentiu e eu liguei o rádio. Estava tocando Kiss me in the car do John Berry. Desliguei o rádio. Aquelas foram as duas horas mais longas da minha vida. Uma semana se passou desde que retornamos. É tão bom se afastar de tudo, mas ao mesmo tempo eu senti falta de casa. Eu podia fazer o que eu quisesse, quebrar o que eu quisesse – a menos que fosse de Lia, claro – e podia andar pelada por aí. Liberdade. Minha dor de