— O que você está dizendo, garota? — Estou dizendo que meu corpo quer dar para o Nathan, mas meu cérebro está me dizendo "se afasta da tentação, Belle". É sério, eu até sonhei com ele. — E o que você sonhou? – Quis saber Lia aos risos. — Não vamos entrar em detalhes. O que? Não foi nada demais não. — Belle sendo Belle. Mas o que você quer? Vai falar com ele? — Eu não, ele é todo estranho. E além disso, ele me deixa meio desconcertada. Desci para o primeiro andar até a sala vazia e sentei-me ao sofá para esperar o resto do pessoal se arrumar enquanto Lia foi até o quarto dos meninos. Estava tentando não pensar no que tinha acontecido, e mesmo que Lia quisesse saber se eu me sentia melhor e conversar sobre o assunto, eu apenas dizia que estava tudo bem. No entanto existia um pequeno problema. Embora minha mente odeie isso, eu tenho necessidades que precisam que eu me desloque ao banheiro. Adiei isso o máximo que pude, mas eu não podia aguentar mais. O plano era utilizar aquele e
Essa definitivamente foi uma péssima ideia. Eu era péssima naquilo. Surfar com certeza não era meu dom. — Como ele consegue fazer isso? – Questionou Lia ao observar Nathan em cima da prancha. — Sei lá, às vezes parece que ele sabe tudo. E se nós fingirmos que queremos ir ao banheiro e nos distrairmos acidentalmente em um bar? – Sugeri. — Acho que você tem as melhores ideias. Avisamos para o pessoal e saímos da água a procura de um local legal acompanhado de Nicolas que também viu em nossa saída uma ótima ideia. Atravessamos a rua e encontramos um pequeno bar para a felicidade dos três. Sentamos em uma mesa próxima a janela, e pedimos algumas cervejas e coca cola enquanto podíamos observar de longe nossos amigos tentando surfar. — Você acha que o Luíz consegue? – Perguntou Nicolas um segundo antes do amigo cair na água. – É assim que se aprende, não é? — Eu não sei como eles fazem isso. É muito difícil. - Desabafei. — A Isa surfa desde pequena, acredito que o Nathan também. Fa
- Posso ficar aqui com você? – Perguntou Nathan ao se aproximar. – Você está chorando? O que aconteceu? Eu não tinha percebido isso até ouvi-lo dizer. Rapidamente virei minha cabeça para o outro lado e limpei as lágrimas que estavam escorrendo, na tentativa inútil de amenizar o que ele já havia visto. - Tudo bem eu ficar aqui? – Perguntou novamente vacilante. - Claro. A casa é sua. – Tentei sorrir. Ele sorriu de volta, mas pude perceber o receio em seus olhos ao se sentar. - Você quer conversar? Neguei com a cabeça. Como eu explicaria isso? Era complicado. Ai meu Deus! Olha eu não explicando alguma coisa para alguém porque é complicado. Eu me tornei quem eu mais julgava. - Eu também gostava de ficar aqui quando era pequeno. – Comentou Nathan ao examinar a praia. – Olhar a paisagem daqui é... - Relaxante? - É. - Seus lábios se moveram um pouco num pequeno sorriso. - Meus pais costumavam vir muito aqui, mas acho que eles não se importam mais com esse local. Por algum motivo e
Nossa volta para a casa foi longa e desconfortável porque Nicolas deu a ideia genial de convidar Anne para ir de carro com eles, já que ela morava mais perto deles do que de Isa ou Nathan. Sendo assim Isa e Lia sentaram-se atrás e eu estava ao lado do cara que não disse mais nada desde que eu o beijara. Era como se o mundo estivesse me lembrando como eu era uma idiota. Talvez não fosse tão ruim se Isa e Lia não estivessem se beijando atrás de mim. Revirei os olhos. Se eu os escutar mais uma vez, acho que taco os dois do carro. — Posso botar uma música? – Pedi. Nathan assentiu e eu liguei o rádio. Estava tocando Kiss me in the car do John Berry. Desliguei o rádio. Aquelas foram as duas horas mais longas da minha vida. Uma semana se passou desde que retornamos. É tão bom se afastar de tudo, mas ao mesmo tempo eu senti falta de casa. Eu podia fazer o que eu quisesse, quebrar o que eu quisesse – a menos que fosse de Lia, claro – e podia andar pelada por aí. Liberdade. Minha dor de
— Como você conseguiu subir sem o porteiro me avisar? — A porta estava aberta, e acho que ele estava dormindo. Que seguro. Nathan me levou para um local aberto, com uma paisagem agradável e calma. Algumas crianças brincavam ao redor e umas famílias estavam sentadas na grama rindo e comendo alimentos aparentemente deliciosos que trouxeram. Havia um espaço repleto de pessoas andando de bicicleta. Algumas crianças iniciantes e animadas seguindo atentamente o conselho dos pais, ao contrário de mim que já havia passado por isso o suficiente para saber das futuras quedas que teria pela frente. — Que lugar legal. Eu nunca vim aqui. — Não é? E adivinha... foi aqui que eu aprendi a andar de bicicleta. A Isa também. Se tem um lugar que você aprende é aqui. — Já me disseram isso. Mas tudo bem, não custa tentar. Nathan foi um ótimo professor. Ele estava sempre calmo e paciente, mesmo quando eu fazia tudo errado. Em nenhum momento ele pareceu desistir quando eu mesma já não acreditava mais.
Mas eu não sabia se estava tudo bem. Estava? Era bom ou ruim? O lado bom é que eu não estava surtando. Algo realmente aconteceu naquela noite. O lado ruim é que coisas estranhas estão acontecendo comigo e que podem voltar a acontecer. Isso me deixou em pânico. — Eu preciso fazer uma ligação, dê-me um minuto. Levantei-me antes de Nathan responder e disquei o número de Lia. — Hey, onde você está? Trouxe lanche para comermos e você não estava aqui... — Eu saí com o Nathan. Longa história. Mas peguei. Enfim, eu preciso falar sobre o espelho. — O que aconteceu? Você está bem? – Sua voz substituiu o tom descontraído por uma evidente preocupação. — Eu não estou maluca, eu disse. Um caco de vidro me atingiu, é real. Eu posso sentir, o Nathan também viu. Lia demorou alguns segundos para responder. — Quando você vem para a casa? — Daqui a pouco eu chego aí. Deixe-me só aproveitar um pouco mais meu encontro. Eu não andei de bicicleta à toa. — Como você pode pensar isso nesse tipo de si
Acordei ao sentir meu celular vibrar no bolso traseiro. Peguei o celular ainda um pouco sonolenta e me assustei ao perceber o tanto de mensagens que tinha ignorado ao longo do dia. Ajeitei-me na cama e decidi abrir a do Thiago primeiro. Thiago | Hey, Belle. Estava aqui pensando e... | Seu aniversário é semana que vem. | Vamos fazer o quê? | Oh garota, acorda!!! Isso não é hora de a princesa estar dormindo. | Eu vi seus stories e quem é aquela delícia ao seu lado? Pegou? | Me ignora mesmo!!! Eu sabia que começariam a falar sobre meu aniversário, que droga! Eu queria não pensar sobre isso. Mas é um pouco complicado quando você ama a vida inteira aniversários e inferniza todos os anos com isso. Eu queria sumir! Belle Desculpa, cara. Estava vendo série | e depois o Nathan apareceu | É aquele primo da Isa, lembra? | Você está carente? Quer um abraço? | E não vamos falar sobre | meu aniversário, por favor.| Fechei a conversa. Eu podia fingir que estava doente, não sei. Ab
7 anos atrás. — Lia, sabe o garoto bonito da rua ao lado? — Uhum, o que tem? — Descobri o nome dele. Alex. Até o nome é bonito, não é? — Acho que sim. — Respondeu Lia sorrindo. — Como você descobriu? — Eu cheguei nele e perguntei ué. Ele estava com um grupo e aquela amiga da Alana, Clara, estava lá. Aí fui falar com ela e conheci o grupo. — Que interesseira! — Comentou Lia incrédulo. — Eu sempre fui legal com ela, ok? Mas você está se desviando do assunto principal, Alex. Então... eles gostaram de mim e me convidaram para sair com eles, eu fiz a sonsa no início, obviamente, dizendo que não sabia se dava, mas no fim, fui com eles. O Alex é a pessoa mais legal que eu conheci na minha vida. — Espera, essa não era eu? — Depois de vocês, Lilia. É claro. Lia sorriu satisfeita. (...) — Belle, você vem? — Perguntou Alex. — Sim, sim. Estou indo. Hoje eu confesso que gosto dele. — Afirmei baixo para que apenas Lia escutasse. — Boa sorte! Nos últimos 7 meses eu havia adiado esse