(Siegfried)— ...Mas eu a reconheci na porta do bordel. Fui chamado porque ela matou um cara e eu fiz a ligação, o golpe certeiro na jugular. — Passo a mão na barba de novo, ponderando. — Só conheço uma pessoa tão mortal em seus golpes, você Dallas.— Ensinei Jordan a se defender. — Ela explica calma, mas como se tivesse um motivo maior por trás de tudo isso. — Mas e aí? Você simplesmente achou por boa ideia levá-la do bordel, colocá-la no porão de uma casa imunda e ter um relacionamento com ela? — Acusa-me apontando o dedo no meu nariz. — Quantas noites deitou-se com Jordan?— Não tínhamos um relacionamento! — Ergo as mãos para frente. — Eu não deitei!— Ah, tá bom! — Dallas não acredita. — E o que você fazia quando ia lá?— Conversar. Ver o que ela precisava! Uma vez vimos um filme no Netflix.— Você quer que eu acredite nisso?— Acredite ou vou ficar violento. — Ameaço.— Não! — Jordan fica em pé, passando por entre nós cortando o fio de tensão em nosso olhar. Seus passos elegantes
(Dallas)Eu não estava conseguindo dormir. Era capaz de ouvir o ronco de Siegfried cortando o vazio da noite, por cima do crepitar do fogo da lareira e o cheiro de lenha queimada. Jordan estava com as pernas trançadas com as minhas, com a bunda empinada para cima, nossos corpos por dentro de uma manta de peles que não dava para duas pessoas.Eu a abracei com força, mas ela estava largada, dormindo tranquila depois de vários sedativos que tinha no porta-luvas do carro e do esgotamento de tanto chorar. A culpa era minha. Um maldito buraco negro para o qual eu a tinha atraído sem querer. Vai saber o que fizeram com ela antes de chegar no bordel, ou quando estava lá dentro? E droga, Jordan não merecia nada disso. Ela tinha cicatrizes de um ferimento nos punhos, desses de quem foi amarrada e torturada, acho que levou socos, talvez tenha sido estuprada.Meu coração rasgava dentro do peito com a certeza de que eu tinha falhado. Fui incapaz de protegê-la e agora, mesmo que eu desse o meu máxi
(Dallas)Não ficamos para ver o avião decolar, nem poderíamos. Siegfried ligou o rádio e seguiu para a estrada. Ficamos em silêncio por uns dez minutos, mas pareceu uma eternidade.Nesse tempo, muitas coisas se passaram por minha cabeça, mas eu deixei ir embora, toda a raiva e os pensamentos ruins. Acontece que a maldita tinha razão. Eu estava com ciúmes e não sabia lidar com aquilo, o sentimento era novo para mim. Sempre soube que me casaria com Siegfried e nunca tinha, nunca mesmo, cultivado sentimento de posse dentro de mim.Com um suspiro pesado eu deslizei a mão pela perna dele, causando um imediato susto em meu marido, que simplesmente virou-se para mim com os cabelos presos como sempre e um olhar franzido de desentendimento. Porém, foi reconfortante como ele segurou na minha mão e coçou a garganta, como se testasse o som.— Desculpe. — Pedi.— Ahn? — Siegfried estranhou.— Desde que nos conhecemos, quer dizer, nos reencontramos para o casamento, tenho sido injusta contigo. — Co
(Siegfried)— Amarre esse cretino. — A voz baixa e calma de Dallas cortou o silêncio maculado pelo crepitar do fogo da lareira. Eu ainda não conseguia acreditar no que estava acontecendo.O quarto estava entregue a uma escuridão insana, as chamas laranjas e amarelas pintavam nossas pele exposta e deixavam seu rosto avermelhado como um espírito de fogo. Dallas estava sentada na poltrona como uma maldita espectatora e seus olhos castanhos escuros sobre mim eram como a brasa quente de uma fogueira, aquecendo meu corpo por inteiro e fazendo aquele maldito negócio com vontade própria se endurecer e latejar dentro da minha cueca.Eu não queria gostar desse momento e quando topei essa parada pensava apenas em satisfazer minha esposa para as coisas voltarem ao normal. Estava bem estranho e frio entre a gente, eu toparia qualquer coisa por Dallas. Quando ela deu a ideia no carro, achei loucura, mas quis provar a Dallas o quanto ela sentiria ciúmes de mim e me desejaria como um cachorro deseja
(Siegfried)Deslizei a mão trêmula pelo rosto. A manhã estava fresca demais, com um nevoeiro branco cobrindo as ruas da ilha. Inspirei fundo nervosamente, colocando as mãos para dentro do bolso da jaqueta de couro, onde achei um maço velho de cigarros e ofereci para o rapaz na minha frente.Ele apertou os lábios em uma espécie de sorriso do silêncio e puxou um cigarro, colocando na boca. Peguei o isqueiro, acendi a chama e deixei ele aproximar o cigarro, chupando e sugando o ar. Lembrei de todas as merdas que fizemos, como aquela boca naturalmente rosada se encheu com meu sêmen.Acordei do lado dele ainda de madrugada, saí da cama e o deixei lá, fui para o sofá na sala depois de um banho morno no banheiro do corredor. Dallas trancou seu quarto, não sei o motivo, ainda não tínhamos conversado.Quando amanheceu Dallas me acordou. O rapaz estava do lado dele segurando suas coisas, tudo o que Dallas me disse foi venha se despedir. Por que eu tinha que me despedir de um prostituto era um m
(Dallas)Eu estava batendo os dedos em cima da mesa de madeira, encarando o prato principal que eu tinha feito com muito carinho esfriar. Rangi os dentes, cutuquei o suéter e mofei um tempo sentado até a garrafa de vinho acabar e as velas derreterem.Levou tudo isso de tempo até que a porta se abriu, trazendo um vento frio. Arrepiei, sentindo as bochechas quentes do álcool e fiquei observando enquanto Siegfried batia a neve das roupas e entrava.— Nossa, demorou, achei que não ia vir mais. — Rosnei. Ele estreitou os olhos azuis irado e entrou na sala, olhando a mesa posta. Cruzei os braços. Eu estava ferido. — Por que demorou? Estava tão divertido assim com aquele prostituto?— Ah, então ficou mesmo com ciúmes? — Perguntou colocando as mãos na mesa.— Transou com ele lá fora, ou não? — Rangi os dentes.— Não, Dallas. Quer dizer, teve ontem a noite, que você me convenceu a fazer aquela coisa ridícula. — Afastou-se da mesa com um suspiro, puxou a cadeira e sentou-se em seu lugar à minha
(Dallas)— Não, Sieg, eu não quero. Mas… Agora que testei aquilo, talvez eu queria ir além.— Hm. — Resmungou bebendo o chá. — Psicopata maldita.— Confesso que gostei de vê-lo sofrer.— Sádica.— Foi divertido também chicotear você.— Cruel.— E… — Continuei fazendo uma pequena pausa para erguer uma sobrancelha. — Adorei ter você me obedecendo sem se revoltar!— Tirana.— Mas você ama com todos esses defeitos?— Tsc. — Siegfried deslizou o dedo no meu rosto, pela têmpora até a orelha, prendendo uma mecha de cabelo. — Você me deixa totalmente ligado, Dallas. Já estou duro de novo.— Hmmmm, gosto assim, sabe. Você me dá o controle.— Eu te dou tudo o que você quiser.Mordi a boca, soltei a caneca e virei para ele, beijando-o. Segurei na caneca dele, tirando-a de sua mão e coloquei na mesinha. O vi arfar de prazer quando desci as mãos por seu torso bem musculoso e alcancei seu membro por dentro da calça. Não, eu ainda não conseguia fazer sexo tão seguidamente, mas eu estava dando o meu
(Siegfried)— Siegfried Turgard! — A porta da saleta superior da boate abriu com um chute.O som da música eletrônica de uma apresentação que as garotas estavam ensaiando vazou. Ergui os olhos da mesa cheia de papel. Os soldados apontaram suas armas para porta.— Por Thor, Karvel! — Alyssa abaixou a arma cromada, seus cabelos bagunçados estavam com a pontinha por cima das sobrancelhas e o brinco de ouro pequeno com uma pérola reluziu ao lado dos piercings.— Estamos em reunião. Não tenho tempo pra você. — Cuspi olhando rapidamente para Ulrich, que estava sentado à minha frente na poltrona verde com uma pasta de couro marrom como seu terno cheia de documentos na mão, e abaixando os olhos novamente para a planilha de gastos daquela espelunca.— Você tem tempo, sim. — Ouvi apenas os passos pesados e rápidos do brutamontes. Karvel estava de terno, jaqueta pesada e os cabelos tocados pela neve que ao pouco começava a derreter e molhar os fios castanhos. Sua mão envolveu minha camisa cinza