Capítulo 2- Acaso

Oliver

Dormi mal a noite, pensando no que iria fazer. Poderia me casar com outra? Comprar uma mulher para ficar comigo por um ano? Enfim, preciso resolver essa questão. Dentro de dois meses poderei dirigir as empresas normalmente, mas depois disso... serei pressionado a fazer o que Pedro e Antônio quiserem. Me sinto de mãos atadas, mas não é um sentimento que sentirei por muito tempo, pois irei dar um jeito nisso.

Assim que cheguei na empresa, fui recepcionado por Gutto. Meu assessor,  amigo e advogado. Ele segurava dois copos de café nas mãos. Me olhou sorrindo e disse:

- Bom dia chefe! Agora podemos nos aposentar?- Disse ele rindo. Me entregou o café e ajeitou seu terno. Só para constar, meu humor estava péssimo hoje. - Fiz questão de ajeitar as coisas que gosta para que dê tudo certo hoje. - Gutto estendeu a mão mostrando o caminho e saiu andando. Fomos rumo ao elevador. Assim que a porta se abriu, ele continuou dizendo- Você precisa conhecer a senhorita Ana.

- Acho que por agora...- Disse eu quando vi alguém segura a porta do elevador. A porta se abriu e uma linda loira, alta e de belíssimas curvas entrou sorrindo.

- Bom dia! Posso acompanhar os cavalheiros.

- Bom dia! - Respondemos juntos. Ela entrou no elevador e ficou à minha frente. Dava para ver seu sorriso sedutor, e olhar intenso que ela fazia pelo espelho do elevador.

A porta estava quase se fechando quando abriram novamente. Cocei os olhos e quando olhei vi ela... Laura. Ela está radiante com um vestido azul marinho. O vestido não tinha decote, um pouco justo e não era curto. Uma sandália prata discreta e uma bolsa preta no braço. Ela entrou mexendo no Tablet, com um fone no ouvido. A outra moça era uma morena alta, muito bonita. Mas, não sei por que, não consegui tirar os meus olhos de Laura.

Acredito que ela não tenha me visto, pois estava tão concentrada em seu Tablet, que parecia não existir ninguém ali. A morena carregava dois copos de café e parecia ansiosa e cansada.

- Meninas, acho que terão que pegar o próximo! - Disse Ana, segurando a porta do elevador. A morena olhou para ela e disse:

- Por quê?

- Porque estamos com o chefe aqui, e não queremos interrupções com funcionárias como vocês. - Disse Ana apontando para fora do elevador. A mulher morena, cutucou Laura com o ombro e disse:

- Gata, você ouvir isso?

- Ouvi, mesmo não querendo ouvir. Mas, hoje é seu dia de sorte Ana, não estamos nem um pouco afim de puxar o saco de chefe algum. - Disse Laura olhando para Ana. Aproveite para ver o que ela estava fazendo no Tablet. Ela estava editando algumas imagens. Acho que é do marketing. - Vamos Cloe, o chefe é realeza! - Laura saiu do elevador puxando o braço de Cloe. A porta começou a se fechar, quando Laura ergueu a cabeça e me viu. Seus olhos estavam em choque, como se não acreditasse no que estava vendo. Subimos para o quarentésimo terceiro andar.

Estava nervoso para ficar à sós e falar com Gutto.

Assim que entramos no andar da presidência, Ana nos levou até minha sala e nós deixou sozinhos. Mas não antes, de acariciar meu ombro...

A sala era linda com vidro, dando uma vista única para o centro de Nova York. As portas eram de madeira. Uma estante de mdf na parede de um lado e do outro uma porta falsa e belos quadros. Poltronas e um sofá perto da mesa de vidro no centro.

Meu avô sempre teve um ótimo gosto para tudo.

Após Gutto me mostrar a sala, contei sobre Laura e se tinha algo para reverter essa situação. Ele disse que era muito difícil. Conseguiríamos reverter se fizéssemos alegações de problemas de ordem mental, questionar sua índole e de Laura.

Preciso pensar se realmente vale a pena manchar a reputação de meu avô.  O complicado é que ele trabalhou até no dia em que faleceu, e alegar problemas mentais a um homem que estava ótimo, não é fácil.

A secretária veio me avisar que já estava na hora de descermos para o saguão. Já tinham repórteres, sócios e os diretores me aguardando.

Arrumei meu terno e desci...

Laura

- Até que enfim! - Disse Jorge quando chegamos no escritório. - Por onde vocês andaram?

- Atrasos acontecem! - Disse eu.

- Espero que esteja mais atenta ao telefone na próxima vez. Isso serve para todos.

- O que esta acontecendo com você, chefe? - Disse Cloe.

- Você sabe que todas as vezes que muda de chefe, algo de ruim acontece. Estou falando de cortes e demissões. E não quero que isso aconteça aqui.

- O homem acabou de chegar aqui, não vai fazer nada disso, sendo que as empresas vão melhor do que nunca. - Respondi. - Estive na segunda com a contabilidade, e está tudo indo muito bem.

- Laura, aff! - Disse Jorge. - Aproveitando que todos já estão aqui, quero pedir para que todos desçam para o saguão. Vamos mostrar que somos unidos e a melhor equipe que essa empresa já viu.

- Jorge, temos muito serviço aqui. Acho que só você representando é melhor. - Disse eu não querendo ver Oliver.

- Quero todos lá em baixo em dez minutos!- Disse ele indo para o elevador. Cloe estendeu a mão e disse:

- Vamos, vai ter comida e champanhe! - Levantei-me e fui em direção ao elevador. Apertamos o botão e ficamos esperando o elevador. De repente, ouvi meu celular tocando. Olhei e vi o nome...

- Vão na frente, preciso atender essa ligação. - Disse eu quando o elevador abriu a porta. Assim que a porta se fechou, atendi a ligação. - Bom dia!

- Bom dia senhorita Laura! Precisamos falar sobre o pagamento...

- Sim, me envie o boleto por e-mail, já vou efetuar o pagamento. - Disse eu interrompendo.

- Preciso que faça isso até segunda-feira.

- Ainda hoje irei efetuar.

- A senhora sabe que não pode atrasar os pagamentos.

- Eu sei! Me envie que irei pagar hoje mesmo.

- Antes que me esqueça, ela precisou realizar alguns exames. O médico precisa que esteja presente para ver o resultado.

- Tudo bem, amanhã estarei aí!

- Obrigada!

- Ahhh! - Respirei ao desligar o telefone. - Exames, quer dizer mais dinheiro. - Apertei o botão do elevador e entrei. Assim que cheguei no saguão, Oliver estava terminando o discurso:

- Meu avô sempre foi um homem formidável. Espero alcançar um pouco do homem que ele foi...- Ele foi aplaudido enquanto cumprimentava os sócios e diretores da empresa.

Ali, de longe ele parecia ser diferente... sexy, sedutor, forte...Não sei explicar, mas agora entendo a razão por todas as mulheres beijarem o chão por onde ele passa.

Para minha sorte ele ficou do outro lado do saguão. Fiquei com Cloe comendo perto da mesa de comida, que por sinal estava farta.

Jorge se aproximou e disse sorrindo:

- Meninas ele é encantador. Não parece o monstro que as revistas falam.

- Chefe! - Disse eu interrompendo. - Querida ver com você, se consegue nos dar o adiantamento das comissões.

- Laura, sabe muito bem que eu nunca pude fazer isso. Paull, era quem autorizava.

- Sim, mas podia ver com o chefe... Digo, não hoje, mas na semana que vem.

- Laurinha, linda, não vou ficar enchendo o saco do chefe com isso. Faz dois meses para acabar o ano, e vocês vão receber tudo. Então, por gentileza querida, espere! - Disse ele se afastando.

- O que aconteceu? Por que precisa de dinheiro? - Disse Cloe.

- A clinica me ligou, preciso fazer o pagamento desse mês e de alguns exames também.

- Amiga, qual o valor? - Disse Cloe. Peguei o celular e abri meu email. Assim que abri a mensagem da clinica, vi o valor. Comecei a coçar a cabeça, enquanto segurava o choro. - Amiga, fala? Qual o valor? - Cloe pegou meu celular e disse- Meu Deus! Amiga,... Você...

- Já vendi meu carro, vou ter que hipotecar meu apartamento para poder pagar as dívidas dessa clinica até o final do ano.

- Eu tenho uma economias...

- Não! Sabe que não pode fazer isso.

- Pode pedir para o...

- Não me fale dele! - Disse eu passando rapidamente o olhar para ver onde ele estava.

- Amiga, se não quer minha ajuda, não quer a ajuda dele, como você vai fazer para pagar...

- Com licenca! - Disse Oliver aparecendo todo sério e interrompendo Cloe. Assustei com ele aparecendo de repente enquanto o procurava. Arregalei os olhos e me afastei.

- Agora que acabou, preciso voltar para terminar...- Uma lágrima caiu do meu olho, mas a limpei rapidamente.

- Você está me perseguindo? - Disse Oliver enquanto saia e o deixava falando sozinho. Apertei o botão do elevador, mas parecia que nunca iria aparecer e como estava quase para chorar, decidi ir de escada. Subi o primeiro andar e parei, pois comecei a chorar.  - Como que conseguiu esse emprego? - Disse Oliver aparecendo atrás de mim. - Digo, deu para algum chefe?? Para meu avô?

- Acho que você está me perseguindo. - Disse eu segurandono choro. Não me virei para olha-lo.

- Será que podemos esquecer tudo e tentarmos conversar como duas pessoas civilizadas?

- Sobre o que você quer conversar?

- Olha para mim! - Disse ele subindo alguns degraus para ficar de frente comigo. - O que aconteceu? Por que está chorando.

- Não é nada. É assunto meu!

- Tudo bem! Será que podemos subir para a minha ou sua sala?? Acho que podíamos conversar para chegarmos em um acordo sobre o que meu vô queria.

- Olha Oliver! - Disse eu mostrando meu corpo. - Não sou como as garotas que é acostumado a ficar.

- Isso não quer dizer que não possamos nos aguentar por um ano.

- Eu não vou me casar com você!

- Como você acabou de dizer, você não faz meu tipo. Mas podemos encontrar alguma forma de unirmos nossas necessidades... Não estou falando de sexo, mas sim de dinheiro. Você não precisa?

- O que está querendo dizer?

- Estou dizendo que podemos muito bem mentir, fingir esse casamento. Eu nem vou tocar em você. Cumprimos tudo, e fazemos todos acreditar que nós amamos, até esse ano acabar.

- Você é maluco! Não vou me casar com você, para fazer parte dessa farsa. Isso é maluquice. - Disse eu passando por ele para ir embora, quando Oliver me puxou pelo braço me fazendo desequilibrar e cair em seus braços. Ficamos cara a cara. Ele é tão charmoso, sexy...

Ele aproximou seus lábios... Me ergueu.

Respirei fundo e sai de lá o mais rápido que pude assim que ouvi um barulho e também para não dar tempo a ele de dizer mais alguma coisa.

Oliver

Assim que Laura subiu o andar, desci rapidamente para ver quem estava nas escadas. Precisava ver se tinham nos ouvido, porém não deu tempo.

O saguão ainda tinha alguns diretores e sócios. Dei atenção para mais alguns e chamei Gutto para sairmos de lá direto para minha sala:

- Vá até o RH, quero a ficha de Laura. Quero um detetive também, preciso saber tudo sobre ela.

- Chefe, isso já é loucura!

- Preciso saber tudo sobre ela.

- O que está pretendendo fazer?

- Acabei de oferecer que se case comigo, mas um casamento falso.

- Ela aceitou?

- Não! Mas está se fazendo de difícil. Tenho que saber o que for preciso para pressiona-lá. Não vou deixar a direção da minha empresa na mão daquele advogado...

- Vou agora mesmo no Rh pedir a ficha dela. - Disse Gutto saindo da sala.

1 hora depois...

- Chefe! - Apareceu Gutto abrindo a porta. Estava focado vendo o fechamento da contabilidade. Gutto entrou e se sentou com um envelope nas mãos e colocou na mesa. - Antes de você abrir, a moça do RH pediu para suplicar para você que não mande ela embora.

- Não entendi! - Respondi pegando o envelope.

- Chefe, pelo que a moça me disse, Laura entrou aqui como estagiária...olhe as fichas. Ela começou a trabalhar aqui como assistente de RH. Se tornou assistente pessoal do seu avô um ano depois. E quatro anos depois entrou para o RH. A moça colocou aí um papel falando sobre a contabilidade de marketing.

- Entendi que ela é muito querida...

- Você não entendeu! Se isso se espalhar, vai começar a vir um monte de gente aqui para querer salva-la. - Abri o envelope e a primeira folha era da contabilidade. Os valores eram altos.

- O que é esses valores?

- Pelo que entendi, ela é muito boa nas publicidade, tanto para nos, como para outras empresas que nos contratam. Esse rendimento foi do primeiro semestre chefe.

- Disse que não iria manda-la embora?

- Disse que estava cogitando dar outras oportunidades a ela.

- Se ela é tão importante assim, por que ela não é chefe? Ou por que ela não saiu daqui para abrir sua própria empresa?

- Isso eu não sei, mas aos poucos ouviremos as fofocas e saberemos isso. Mudando de assunto... Vamos sair para tomar alguma coisa hoje a noite. Aqui perto tem um barzinho muito bom. Se quiser posso chamar a Ana...Viu como ela tentou chamar sua atenção de todo jeito?

- Vi! Mas vamos só nos dois mesmo. Preciso pensar!

- Não esquece que teremos algumas apresentações dos diretores enquanto fazemos o tur pelo prédio.

- Isso vai ser que horas?

- Agora! - Disse Gutto. No mesmo instante revirei os olhos, fechei o notebook e me levantei.

- O senhor precisa de algo?

- Não! Vamos acabar logo com isso. Tenho um império para comandar.

Fomos para a recepção do andar e lá estavam todos os diretores para puxar meu saco. Permaneci sério e inabalável.

Me entregaram mais alguns presentes, cestas, vinhos e whisky.

- Achei que seria um tur!- Disse eu sussurrando para Gutto.

- Eles queriam fazer surpresa!

- Na próxima vez, impeça!

- Você sabe muito bem que isso tudo é medo.

- Tranquulize-os! - Disse eu, tentando me afastar de tanta atenção. Até que chegou no andar um homem muito animado. Ele se aproximou como se fossemos bons amigos, pegando em minha mão e puxando-me para abraçá-lo. Todos nós olharam como se fossemos amigos. - Quem é você?

- Chefe, meu nome é Rafael, sou do grupo de tecnologia.

- Diretor?

- Sim, do RH!

- Nunca mais me abrace como se fossemos amigos, pois não somos! - Ele começou a dar risada e se afastou.

O restante do dia foi terrível, pois os diretores vinham a todo tempo me falar algo engraçado ou me mostrar o seu trabalho.

Assim que todos foram embora, terminei de rever a ficha de Laura.

- Gutto! - Disse eu encontrando ele a caminho do elevador. - Vamos deixar para sair outro dia. - O elevador se abriu e entramos, descemos e tivemos que parar no vigésimo andar. Quando o elevador abriu dei de cara com Laura e Cloe.

- Pegamos o próximo! - Disse Laura segurando o braço de Cloe. Permaneci imóvel, como se ela nem existisse.

- Não precisa disso, pode entrar! - Disse Gutto sendo simpático.

- Obrigada! - Cloe entrou e Laura parecia resistente, mas acabou entrando. Tirou o Tablet da bolsa, colocou os fones no ouvido e se concentrou em trabalhar. Mas dessa vez ela não estava editando nada... Estava vendo uma ficha financeira. Logo Laura pegou o celular e enviou uma mensagem para um homem que dizia " Amanhã cedo estarei aí!"

Será que é um namorado?

- Você trabalha no que mesmo Laura?

- Eu trabalho...

- Na verdade a pergunta está errada senhor! - Disse Cloe interrompendo Laura. A porta logo se abriu e elas desceram o mais rápido que podiam.

- Elas fugiram rápido chefe! - Disse Gutto.

- Está de carro? - Perguntei. Gutto afirmou balançando a cabeça. - Segue a Laura e descobre onde ela mora. Amanhã cedo você segue ela também.

- Aconteceu alguma coisa, chefe?

- Só segue ela e descobre o que puder.

- Sim senhor! - Disse Gutto saindo do elevador.

- Ela deve ter alguém! - Disse eu sozinho...

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