Capítulo 2

Vitória White 

Eu não conseguia acreditar na arrogância desse homem a ponto de puxar o celular da minha mão e falar como se estivesse comigo. 

Ana e eu ficamos estagnadas no mesmo lugar, tentando entender a falta de educação, mas no fundo tenho certeza que ela também estava sentindo um certo sentimento de gratidão por ele nos ajudar com Yan.

- Yan Jones - Yan fala com um tom baixo, quase um sussurro.

- Bom já tirei sua dúvida, tenha uma boa tarde -  Henrique fala, desligando na cara de Ian e  me devolve o celular. 

- Sem educação - falo com uma sobrancelha levantada. 

- Não vai agradecer? - ele pergunta.

- Devo agradecer pela sua falta de educação? senhor Mendonça?

- Sinto muito pelo meu irmão - o homem de terno azul fala - prazer Arthur Mendonça e esse é o meu irmão Henrique Mendonça.

- Prazer, Vitória White e essa é minha irmã Ana White. 

- Então os boatos eram verdade? O senhor Roberto saiu da presidência? - pergunto e Ana encara os dois.

- Sim, eu sou o novo presidente das indústrias Mendonça. - Henrique fala.

Olhei para Ana que me olhava em choque, provavelmente por eles terem ouvido as nossas conversas tanto com Lua quanto com Yan.

O elevador voltou a pegar, Ana e eu suspiramos pesadamente.

Assim que o elevador abriu, passei na frente deles e fui direto para minha sala, ao invés de ir para a sala de reuniões, Ana já previa meu surto e falou para o meu assistente e ele guiou os Mendonças  para a sala de reunião. 

- Eu mal o conheço e já não fui com a cara daquele homem - digo.

- Relaxa Vitória - ela fala e eu tenho vontade de bater nela.

- Ok, vamos ser profissionais - tirei o blazer ficando de saia e com a camisa de alça, fiz um coque no cabelo. 

Sai da minha sala seguida pela Ana, passamos pela sala dela e paramos, entramos na sala e ela jogou a bolsa encima da mesa e nos direcionamos para a sala de reunião.

A porta estava entreaberta e ouvimos algo.

- Elas além de lindas, me parecem profissionais - Arthur fala e Henrique responde.

- Estamos aqui para sermos profissionais, o corpo delas não vai tirar minha atenção, mas também não me importo se tiver um pouco de diversão - Henrique falou. 

Olhei para Ana que estava em choque.

- Com licença - digo entrando na sala sem bater.

Henrique me olhou de uma forma tão penetrante que quase me senti nua, o olhar dele foi dos meus olhos para a boca, depois para o meu decote e parou nos meus pés. 

Arthur bateu no ombro do irmão e falou.

- Tem uma baba escorrendo aqui - e apontou para a boca do irmão, começando a rir. Ana sorriu e eu dei um tapa no braço dela. 

- Tá muito palhaço né? Tá rindo de que? - Henrique pergunta. 

O irmão dele dá de ombros e se senta, Henrique se senta em uma ponta e eu com ana na outra. 

- Os dados informam que a ambas empresas cresceram depois do nosso acordo, faremos um baile beneficente, para festejar e ajudar um orfanato e uma outra instituição, alguma oposição?

- Nenhuma - Henrique diz.

Acho que Arthur e Ana estavam sentindo o clima pesado porque ambos fizeram caretas.

- Ótimo, o baile será em uma de nossas casas.

- Vou chamar o seu assistente - Ana fala já se levantando.

- Ok, eu só preciso do contrato.

- Ok - Ana fala.

 Alguns minutos depois, ela volta acompanhada do Lucca, meu assistente.

- Assine por favor, neném - Lucca fala se referindo à mim. 

Arthur e Henrique levantaram uma sobrancelha. 

- No mínimo profissional - Henrique diz em tom de desprezo.

- Não que eu lhe deva alguma satisfação, mas Lucca era meu amigo muito antes de ser contratado pelo Rh, não sou o tipo que se relaciona com os próprios funcionários - falo e Henrique bufa - sempre fui profissional e é só por isso que eu estou aqui, porque eu fiz um acordo com o seu pai e é por ele que estou fazendo isso aqui - concluo e Ana ri de lado.

Os dois irmãos se entreolham.

- Ok - Henrique fala.

- Desculpe - Arthur fala, creio eu que completando a frase do irmão. 

- Preciso de uma bebida - Ana fala.

- Nem me fale - digo com cara de tédio. 

Lucca perguntou ainda na sala de reunião se tínhamos um par para o baile, ambas falamos que não, depois ele perguntou para os Mendonças e eles também falaram que não. 

Seguimos com a reunião, já que tínhamos coisas pendentes para resolver. 

(...)

- Aceita ir comigo ao baile Ana? - Arthur pergunta e Ana olha para mim. Antes que ela possa responder, o irmão dele fala. 

- Você tinha me dito que ia com uma das suas fodas casuais, porque mudou de ideia? - Henrique pergunta.

- Cala a boca Batman - Arthur diz se referindo a Henrique e eu troco olhares com Ana.

-Batman? - perguntei surpresa.

- Longa história gatinha - Henrique fala com um sorriso brincalhão nos lábios. 

- Eu aceito - Ana fala e eu olho para trás em choque. 

- Enlouqueceu - digo com deboche e Arthur me olhou com cara de quem não entendeu. 

- Vai com o Batman Vitória - ela fala e eu coloco a mão no peito ofendida.

- Prefiro ir sozinha - digo e Henrique se levanta.

Ana e Arthur estavam lado a lado, eu estava quase encostada na mesa, quando Henrique veio na minha direção me fazendo encostar na mesa e colocando um braço em cada lado do meu corpo, eu pude ver como os olhos dele são lindos, um cinza quase preto. 

- Você está muito perto - sussurro para só ele ouvir.

- Essa era a minha intenção - ele sussurra de volta, me fazendo respirar pesadamente.

- Tem certeza que não quer ir ao evento comigo? - ele fala só que desta vez para que todos da sala ouçam.

- Já que eu não tenho com quem ir e você tá me pedindo de uma forma tão educada, eu vou com você - falo e ele sussurra no meu ouvido. 

- Boa garota - é morde o lóbulo do meu ouvido, fazendo minha respiração acelerar consideravelmente. 

(...)

- Estou exausta - digo para Ana assim que chegamos no meu apartamento. 

- Nem me fale - Ana diz.

- O que foi aquilo na sala de reunião? - ela me pergunta, me fazendo engolir seco.

- Não foi nada, aquele sem educação que veio para cima de mim - falei.

- Eu vi a sua cara, qual é Vitória, fala a verdade - ela diz.

- Eu falei a verdade, ele é completamente sem educação e eu acabei de conhecer ele.

 Falei, mas nem eu mesma acreditava nisso, ele não saía da minha cabeça depois daquele mínimo contato físico inesperado pelo menos por mim. 

- O irmão dele deve ter gostado bastante de você, já que ele não tirava os olhos de você. - digo e ela me olha feio. 

- Não vou cair no charme dos Mendonça - ela fala mas eu fico desconfiada.  

- Fala sério, e o Yan? Ele não vai nem tão cedo desistir - digo.

- Então vamos fazer assim, não irei me envolver com o Arthur e você não vai se envolver com Henrique, nenhum tipo de contato físico, e em relação a Yan, darei um jeito de manter ele longe. - olho para ela com deboche e depois coloco a mão no peito como se tivesse levado um tiro. 

- Famosa empata foda - digo e ela ri alto - mas eu aceito, não vou ter nenhum contato com ele, sem ser, o braço dele que eu vou precisar tocar quando for entrar no salão da festa - logo depois de falar isso eu ri.

- 60 mil dólares se você descumprir! - ela diz e eu fiz um "o" com a boca.

- 110 mil - eu falei e ela arregalou os olhos. 

- Fechado - ela diz.

- Se eu ouvir falar de algum contato seu com ele, eu ganho - digo e sorri.

- O mesmo serve para você - ela fala e aponta um dedo para mim. 

Ana e eu tínhamos o costume de fazer apostas, ela sempre perdia, mas algo dentro de mim, indicava que eu perderia desta vez.

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