CAPÍTULO 2 OTTON

OTTON

Tenho uma vida muito corrida, não é fácil comandar um dos maiores escritórios de advocacia de Los Angeles entre outros espalhados por outras cidades. Sempre que posso estou viajando a trabalho com a minha equipe e a minha secretária competente, Alina, que já trabalha há alguns anos comigo. A nossa relação é somente a trabalho e nada mais.

Antes de ir trabalhar vou para a academia malhar para enfrentar um novo dia, e ao voltar para a casa vejo o carro da minha mãe e ela me chama ao me avistar.

— Filho querido da mamãe, como está meu bebê? Desde que resolveu vir morar aqui, quase não vai me visitar. — Dona Marina fala.

— Mamãe estou trabalhando demais, muitos processos, não me esqueci da senhora e nem da minha irmã.

— Trouxe uma ótima notícia, Késsia voltou a estudar arquitetura. — Mamãe fala toda contente.

— Fico muito feliz, mas lhe conheço bem mamãe, sei que não veio aqui só para avisar que Késsia voltou a estudar. — Falo de uma vez.

— Não, claro que não! Vim lhe trazer o convite do baile da sua tia.

— Não vou prometer ir, mas vou fazer o possível. — Digo coçando a cabeça.

— Faça o impossível também, porque Evelin está de volta e ela já me confirmou que estará presente. Quem sabe vocês não reatam.

— Evelin é somente uma amiga, não nego que já tivemos um breve romance, mas foi na época da faculdade, nada demais. — Falo sério, lembrando que foi a relação mais morna da minha vida.

— Querido filho, o tempo passou e aqui está um homem decidido, bem-sucedido e que sabe o que quer da vida, lembre-se que ela é uma mulher de boa família.

— No momento eu só quero paz e, se a senhora me dá licença, quero tomar um banho daqui a pouco terei que ir ao trabalho.

A deixo sozinha e vou tomar um banho. Após sair do banheiro olho-me no espelho. Às vezes acho que a minha mãe tem razão, já estou quase com 33 anos, já é hora de procurar uma mulher da minha preferência. Evelin é até uma mulher interessante, que combina comigo, tem a mesma idade que a minha, uma mulher independente que sabe o que quer. Nunca gostei de ficar com garotas de vinte e poucos anos, acho as mesmas imaturas não tenho mais paciência para infantilidades, nem em sonho me vejo relacionando com garotas.

Me arrumo completamente, e ao descer para tomar café minha mãe está dando ordens à minha colaboradora sobre como por corretamente a mesa do café da manhã.

— Mãe, por favor, deixe a senhora Eulina em paz e venha tomar café comigo. — Falo sem um pingo de paciência.

Ela vem até onde estou, sentamos juntos. Minha mãe fala ao extremo e em silêncio, ao lhe ouvir, fico imaginando ao meu lado uma mulher calma. Até hoje só conheci duas mulheres assim - Evelin é uma, mais calma do que ela só a minha secretária Alina. Enfim voltei os meus pensamentos para à Terra, me despedi da minha mãe e fui para o trabalho.

Quando cheguei ao escritório tudo estava limpo e organizado, dou bom dia a todos e Alina b**e levemente na porta, ao entrar já traz o meu café.

— Bom dia senhor Otton, aqui está o seu café. — Alina fala tímida.

— Alina, como está a minha agenda? — Pergunto sério.

— Está tranquila, senhor, tem muito processos para analisar, muitos documentos para serem analisados, inclusive os contratos que chegaram no nome do Malvino Cruz.

— Malvino Cruz... dê preferência a tudo o que for dele e me envie imediatamente, e caso ele venha pessoalmente aqui deixe-o entrar.

— Sim, senhor pode deixar, posso ajudar em algo mais? — Alina pergunta de cabeça baixa.

— Não Alina, pode se retirar. — Falo de olho no computador.

Preciso dar preferência ao Malvino, ele odeia receber não nessa vida e tudo dele tem que dar certo nem que seja na força do ódio. Mas enfim, trabalho é trabalho e esse é só mais um desafio na minha vida.

Trabalhei toda a manhã revisando vários processos e a minha equipe de advogados está de parabéns. Paro para ver o quanto estou cercado de pessoas competentes e tenho que reconhecer isso, sei que às vezes sou um chefe chato porque exijo muita responsabilidade e eficiência, mas isso tudo é para o nosso crescimento.

Quando estou saindo para almoçar percebo a senhorita Alina comendo biscoitos. Quando ela me viu, os escondeu. Qual pessoa come biscoito a essa hora? Pago ela muito bem, não é possível que ela esteja passando necessidade.

— Senhorita Alina, estou saindo para almoçar, aceita vir comigo? — Faço o convite.

— Senhor Otton, melhor não, tenho que sair também agora. — Alina fala sem graça.

— Venha comigo, vi você comendo biscoitos, essa refeição não é a mais adequada para um almoço — Ao falar isso, a secretária Alina abaixa a cabeça.

— Eu aceito. — Alina fala timidamente.

Não entendo tamanha vergonha. Ela já é uma mulher, praticamente da minha idade, e às vezes se comporta como uma adolescente, parece ter medo de homens. Alina pega a sua bolsa e me acompanha e durante o caminho fizemos o trajeto todo em silêncio.

Quando entramos no restaurante, a primeira cara que vejo é a do Malvino Cruz que nos encara enquanto a minha secretária está fascinada pela decoração do restaurante.

— Alina, vamos nos sentar — Falo tocando no seu braço.

— Claro, senhor — Alina fala despertando.

Alina me segue e é lógico que eu passo na mesa para cumprimentar Malvino.

— Como vai, Malvino? Prazer em revê-lo. — Demos um aperto de mãos.

— Advogado Otton, prazer é meu. — Malvino me cumprimenta, mas os seus olhos estão em Alina.

— Malvino, deixa eu apresentar Alina, a minha secretária.

— Alinaaa! — Malvino fala e estende a mão para ela.

Alina segura a sua mão e eu, o conhecendo muito bem, sei que ele ama mulheres independentes da idade.

— Façam-me companhia! Claro se não estiver atrapalhando o casal. — Malvino fala.

— Não somos “o casal” — Falo rápido. — A nossa relação é somente profissional.

Sentamos na mesma mesa que Malvino e aproveitamos para conversar sobre vários assuntos. Ele mostra-me o seu novo condomínio - aliás, um dos! – o homem é o rei da engenharia e só tenho a ganhar com a nossa sociedade.

Voltamos ao escritório para continuar a trabalhar durante toda a tarde. Exatamente seis da tarde (horário que marquei para sair e beber um pouco para relaxar, estou precisando transar), desligo o computador e Alina invade o meu escritório.

— Senhor Otton, me ajuda pelo amor de Deus — Alina fala, chorando bastante.

— Fala o que aconteceu, Alina — Falo coçando a cabeça sem saber o que fazer com ela e continuo a falar. — Senhorita Alina, respira fundo, não sei lidar com mulheres chorando.

— A minha irmã, senhor Otton, foi presa. Recebi a notícia agora, por favor senhor Otton, tire a minha irmã da cadeia, ela é a coisa mais importante da minha vida! Eu prometo trabalhar todas as minhas folgas, lavo as suas roupas, faço qualquer coisa — Alina diz, desesperada.

— Quantos anos tem a sua irmã? — Pergunto curioso.

— Vinte e dois anos, senhor Otton. Aconteceu algo na faculdade e me ligaram da delegacia falando que ela precisa de um advogado. — Alina fala desolada.

Tinha que ser uma garota de vinte e dois anos, e por sinal delinquente, para parar numa delegacia deixando a Alina desolada. Nunca imaginei ver essa mulher nesse estado. Respirei fundo, vesti o meu terno e busquei a minha maleta.

— Alina, é o seguinte: Se acalma que vou soltar a sua irmã, arrume as suas coisas e vai para casa. Se acalma e anote aqui o seu endereço e o nome da sua irmã. — Falo tentando manter a calma.

Alina anota o seu endereço e o nome completo da sua irmã, que se chama Yanah Moutis. Respiro fundo - faz um bom tempo que não vou a uma delegacia, m*****a hora que essa garota foi aprontar estragando os meus planos para a noite em que eu ia saciar os meus desejos.

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