CAPÍTULO 5 YANAH

YANAH

Mal chego na porta de casa, e Alina abre rapidamente a porta e me abraça apertado. Retribuo o seu abraço porque agradeço, em silêncio, a irmã forte que tenho e que não me abandonou.

— Você está bem, Yanah? Graças a Deus você está aqui sã e salva. — Alina fala enxugando as lágrimas.

— Estou bem, Alina, você me perdoa pelo que eu fiz hoje? — Pergunto de cabeça baixa.

— O diretor me contou o que aconteceu, Yanah, você não poderia ter perdido o controle com aquela moça.

— O meu sangue ferveu quando ela me chamou de pobretona. Estou cansada, Alina, perdão por não ser tranquila como você, não aguento muita coisa calada. — Resmungo.

— Você é a minha irmã. Sabemos que vai ser expulsa da faculdade. Só te peço uma coisa, Yanah, que você não desista dos seus estudos. — Alina fala calma.

— Alina, como vai pagar o advogado? Ele é caríssimo. — Pergunto e fico à espera da sua resposta.

— Prometi trabalhar nas minhas folgas, lavar as suas roupas, só não podia te deixar mofar na cadeia. Tudo vai se resolver. Agora vá tomar um banho, que vou esquentar o seu jantar. — Alina fala feliz.

Faço o que ela me mandou, tomo um banho e enquanto me visto lembro das mãos de Otton apertando a minha bunda, só pelo beijo sei que pegaríamos fogo dentro daquele carro. Nosso irmão já dormia tranquilo na sua pequena cama, resolvo olhar o meu celular e tinha uma mensagem de um número desconhecido.

“Olá, me chamo Késsia, a mulher que tirou você de cima da moça que estava sendo agredida. Vi o vídeo, elas que começaram toda a discussão. Infelizmente você foi presa... salva meu número.”

Lembro que alguém me mandou soltar a loira oxigenada. Se não fosse ela poderia acontecer o pior. Salvei o seu número e agradeci o apoio.

Ao chegar à sala, a minha irmã já estava pondo o meu jantar na mesa. A minha vontade é de falar que beijei o gato do seu chefe, mas conhecendo bem a minha irmã ela vai me chamar de louca igual Otton. Para ser sincera, tem horas que nem eu acredito no que fiz. Não resisti ao seu jeito bravo, sorrio sozinha lembrando.

— Do que ri, Yanah? — Alina pergunta curiosa.

— Nada Alina, estou feliz por estar fora daquela cela fedida, prometo que não vou mais me meter em problemas. — Falo disfarçando.

— Amanhã vou à igreja pela manhã, agradecer pela sua vida. — Alina fala contente.

Alina não existe. Comi a comida que ela preparou e, após o jantar, continuei conversando com Késsia. Ela estuda arquitetura também e hoje era o seu primeiro dia. Desabafo com ela a possibilidade de ser expulsa da faculdade e ter que me matricular em outra.

Bastante cansada, conversamos um pouco mais, mas o sono toma conta de mim. Me despeço dela e durmo.

No dia seguinte acordo cedo para voltar à minha rotina normal, só que agora sem ir para a faculdade. Arrumei Ikaro, vou deixa-lo na escola e Késsia me liga.

— Yanah, será que podemos nos encontrar? — Késsia pergunta.

— Para te falar a verdade, Késsia, não sei se você viria ao subúrbio, moro num bairro pobre da cidade. — Falo enquanto caminho pela rua.

— Claro que vou! Me dá o seu endereço. — Késsia pede do outro lado da linha.

— Vou mandar o endereço de um Cyber café perto da minha casa.

Mando por mensagem o endereço e fico sempre atenta se ela virá mesmo. Enquanto a espero, sentada numa mesa, penso que não sou de ter amigas e Késsia só me viu uma vez e já quer ter contato. Espero que ela não pense que sou lésbica, porque gosto de homem com “H”.

Alguns minutos depois ela chega de táxi e, sem vergonha nenhuma, aceno e ela vem até a minha mesa. Vendo Késsia pessoalmente, pelas suas roupas, sei que ela é uma garota fina e rica.

— Você está bem, Yanah? — Késsia pergunta me abraçando.

— Estou ótima. — Falo correspondendo o seu abraço sem entender tamanha intimidade.

— Yanah, não consegui ficar na faculdade quando descobri que você foi expulsa, eu odeio injustiças, vi tudo, até a forma que ela humilhou você. — Késsia fala nervosa.

— Eu já esperava isso, Késsia, mas o que me resta é continuar a estudar. A porta fechou, eu abro outra, só não posso desistir. Onde conseguiu o meu número de telefone? Afinal, o que você quer comigo? Não é comum uma mulher como você se interessar por uma garota pobretona como eu. É isso o que pensam de mim, somos muito diferentes, eu não seria a amiga certa para você.

— Não tem interesse nenhum, não pense o pior de mim. Fiquei muito mal com o que fizeram com você ontem, afinal íamos estudar juntas e naquele momento eu queria te apoiar, te conhecer e aqui estou eu, não tem maldade na minha vinda aqui.

— Claro, eu agradeço o seu apoio e obrigada por vir. — Falo, desconfiada.

— Você mora há muito tempo por aqui? — Késsia pergunta analisando tudo ao seu redor.

— Sim, Késsia. Por mim não moraria aqui, mas também não tenho vergonha da minha realidade. Essa aqui é a minha verdade, não preciso fingir ser quem não sou. — Falo triste.

— Adoro gente de verdade, forte, valente, determinada e que sabe o que quer. Admiro você, Yanah. — Késsia sorri.

Conversa vai, conversa vem e Késsia está muito à vontade na minha companhia. A sensação que eu tenho é que ela vive sozinha e necessita de alguém para conversar. Vejo tristeza no seu olhar, mas não quis saber mais da sua vida e tive que me despedir dela para ir para casa.

O dia foi um tédio para mim, fiz uma faxina em casa, organizei tudo e fui buscar o meu irmão na escola. No fim de tarde o levei para passear, ainda tinha algum dinheiro e o levei para tomar um sorvete numa praça, e o meu irmão adorou o nosso dia juntos.

Ao voltarmos para casa, Alina me dá a notícia de que fui realmente expulsa da faculdade, e ainda vou ter que trabalhar em lugares públicos. Ponho as mãos na cabeça.

— Alina, o seu chefe é solteiro? — Pergunto de uma vez.

— Até onde sei é, mas o porquê da pergunta Yanah?

— Por nada, Alina, só achei ele lindo demais para estar solteiro. — Falo sem graça.

— Homens com poder são assim, do nada aparecem comprometidos. — Alina fala séria.

Alina é uma mulher jovem com alma de velho, mal ela sabe que se eu fosse secretária daquele gato já teria sido demitida por me insinuar para ele.

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