Capítulo 4

Dandara encara Paco, demonstrando sua desconfiança pela revelação que acabara de sair dos seus lábios. Os dois seguem naquela pista de dança e enquanto Paco guia os passos da mulher de acordo com a melodia, ele a observa.

Paco a puxa para mais perto, o suficiente para sentir seu perfume inebriante. 

— Não me segure assim. — murmurou ela, e Paco percebeu que a segurava com mais força do que o necessário, e então diminuiu o aperto em sua cintura e sorriu ao vê-la corar.

 — Quem irá se casar? — questiona, mesmo que em seu íntimo, ela já saiba a resposta da sua indagação.  

Paco ainda se sente instigado a observá-la, os seus lábios estavam pintados do tom mais escarlate de vermelho e estão entreabertos, os seus cabelos negros caem como ondas sobre os seus ombros, roçando na palma da mão do homem que a guia de acordo com a música. 

Naquele instante, Paco a gira ao som dos violinos, e ver os seus cabelos negros voando ao seu redor, uma cortina negra que a cobria, deixando seu aroma hipnótico no ar.

Quando a música assume um tom mais suave, ela retorna para seus braços.

— Você sabe quem irá se casar. — Ele se sussurra em sua orelha, enquanto seus corpos seguem no ritmo da melodia — Mas você não consegue dizer as palavras em voz alta, não é? — Paco diz, sua voz grave e provocativa.

Dandara o encara imediatamente, e arqueia apenas uma sobrancelha, o seu modo clássico de desafiar alguém. Os seus olhos seguem firmes nos de Paco, o desafiando, mas o homem também não vacila, continua a provocando, enquanto um leve sorriso se pronuncia em seu rosto.  

Nesse momento, Dandara vacilou e desviou o seu olhar, por fim. 

— Sim, consigo – ela profere solenemente — E eu digo que não irei me casar com você. 

No mesmo instante em que diz isso, ela fica pensativa, como se ponderasse aquela afirmação, do mesmo modo que Paco sabia que ela faria, porque ele sabia que os dois estavam na mesma posição: Ela também precisaria se casar tanto quanto ele. 

— Por que não, Dandara? — pergunta Paco, por fim.

Ela o encara, piscando os seus olhos e se libertando do transe em que lista mentalmente todas as razões de casar-se ou não com aquele homem. 

— Porque eu não gosto de você. — Ela diz simplesmente, o sorriso petulante nos lábios.  

— Então temos algo em comum. — Paco sorri, e vira a cabeça para o lado, a encarando de maneira minuciosa, ele se inclina novamente e sussurra em seu ouvido — Porque eu também não gosto de você. 

Quando diz isso, Paco a segura firme pela cintura quando o jazz clássico se inicia. Ela não parece notar que ele a arrasta para uma segunda dança.

Quando os dedos do homem apertam a sua pele, a respiração de Dandara se torna ofegante, no mesmo instante em que Paco desvia sutilmente o olhar para o decote chamativo do seu vestido. 

— Seu olhar o trai. — Ela diz, e Paco sabe exatamente do que ela fala, pois não havia sido nada sutil.

— Posso dizer o mesmo do seu. — Paco sorri lentamente e ela semicerra os olhos. — O toque das minhas mãos a desperta.

Quando diz isso, ela o encara, os olhos flamejantes, enquanto em sua mente pondera como seria o assassinato perfeito para aquele homem. Mesmo que os seus olhos e a sua expressão demonstrassem o quão cálido ele poderia ser, Dandara não poderia deixar de pensar que o seu coração deveria ser frio como um iceberg.  

Ignorando sua provocação, e mais uma vez arqueando sua sobrancelha, voltou a perguntar: 

— Então você não gosta de mim e claramente, eu também não gosto de você — ela começa, um sorriso desafiador — Então por que você quer casar comigo? — pergunta a mulher.

Quando ela sorri daquele modo, Paco desce seu olhar para seus lábios e ele se dá conta que, mesmo aparentando-a ser uma mulher forte, sem receios e com uma expressão totalmente fria, o seu coração queimava como labaredas. 

— Eu não quero me casar com você, Dandara. Eu apenas preciso. — Paco responde a sua pergunta honestamente. — E sei que você também precisa. É apenas um negócio.

No mesmo instante, a mulher respirou fundo, sua mente distante, em algum lugar muito mais além daquele jardim, e ela pondera todas as suas razões entre aceitar ou não aquilo. As palavras de Paco girando em sua cabeça, mas no final ela percebe que não tinha nenhuma opção melhor que ele, mas antes precisava entender suas motivações. 

— Por que precisa se casar? — Dandara pergunta e ele a responde de imediato.  

— Ordem de família – diz prontamente — Não me tornarei herdeiro desde que esteja casado. 

— E como eu me tornei sua opção? — a mulher pergunta.

— Na lista de possíveis noivas havia muitas mulheres bonitas, contudo, eu não queria uma desconhecida. — Ele fala enquanto a faz girar novamente. — Pode presumir que eu queria um rosto conhecido, lembro-me de você na infância.

Dandara fica em silêncio, enquanto em sua mente pergunta-se se realmente poderia chamar aquele pequeno e distante contato de infância de ´´conhecer´´

Ela o conhecia? Não realmente.

— Tudo bem. — Ela cedeu de repente, mas havia um brilho de desafio em seus olhos. — Desde que se submeta a mim. — Acrescentou. 

Paco deixou escapar um sorriso, porque aquela condição só era cômica demais. Qual a mínima possibilidade de deixar uma mulher o dominar dessa forma, pensou. 

— Eu me submeter? Depende da situação. — Ele sorriu maliciosamente. — Não sabia que era tão dominadora. 

No mesmo instante ela cora terrivelmente, e involuntariamente, entreabriu os lábios, a respiração se tornando ofegante. Paco mantem o olhar preso no dela, porque aquela imagem o atraia, ela parecia inocente, e ele sabia que ela não era.

— Não disse dessa forma! — Ela disse, de repente, irritada. 

— Não deseja mais me dominar? — Paco dissimula e ignora como seu rosto corado é charmoso.

— Aceitarei me casar com você, desde que saiba que eu não seguirei você, você quem me seguirá. Eu tomarei as decisões. — Sua voz é imponente, e seu olhar indomável. 

— Mas o que eu ganharia com isso? — Paco a provoca.

— Além de conseguir o que você quer ao se casar comigo? — indaga Dandara, coberta de ironia. — Você poderá continuar vivendo como um homem solteiro, desde que seja discreto.

Sua proposta realmente chama a atenção do homem, que fica surpreso por diversas razões. A primeira seria porque Dandara não parecia nem um pouco incomodada com a possibilidade de compartilhar seu futuro marido, e a segunda seria porque ele nunca havia pensado que a ideia de um casamento poderia o deixar tão feliz como aquela proposta o fez.  

Talvez não tirasse a sua liberdade como imaginou.

— E então? Vai se submeter a mim?

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