Capítulo 5

Paco ainda ponderava a proposta de Dandara em sua mente. Estavam seguindo para uma terceira dança, quando foram interrompidos. 

O segurança que horas antes atendeu as ordens da mulher, estava em sua frente e de modo imediato, Dandara se afastou de Paco, atendendo ao homem que claramente gostaria de falar com ela. Dandara sempre fora muito atenciosa com seus ajudantes, não o viam como empregados, mas sim como pessoas que estavam ali apenas para a ajudar. A justiça e bondade sempre fizera parte de seus valores de vida.

— Com licença, senhor Benrouissi – ela disse, antes de se afastar e não esperou a resposta da sua pergunta anterior. 

Quando se aproximou do segurança, a mulher perguntou:

— Aconteceu algo?

O homem atrás do paletó negro e bem engomado apenas negou, antes de informar:

— Fiz o que pediu, senhorita LeBlanc. Aquela mulher já está fora da festa, no entanto, ainda segue ao redor da mansão. 

Aquela notícia fez Dandara franzir o cenho, se perguntando por que e como aquela mulher ainda poderia ter a coragem de estar tão próxima dela. Isso rapidamente fez acender o senso de desconfiança em sua mente, e Dandara sentia em seu peito que estava para enfrentar um tipo de batalha que ela só entraria para ganhar. 

— Obrigada, Cooper – ela disse ao seu ajudante, antes de se afastar e atravessar aquele jardim.

Dandara só estava decidida a lutar e arruinar qualquer plano que aquela mulher ainda pudesse ter, e em seu íntimo, ela sabia que todos os seus inimigos iriam se derrotar sozinhos, antes mesmo que ela pudesse ter uma chance de se preparar. 

Quando Dandara deu o primeiro passo para fora do jardim da mansão, a avistou. A mulher estava de costas, o cabelo negro, liso e longo cobrindo o vestido da mesma cor, e ela falava em alto e bom som e foi quando Dandara se deu conta de que ela não estava sozinha. Decidiu se esgueirar, e por trás de um arbusto intensamente verde, se posicionou sorrateiramente, numa posição que a desse total acessibilidade para ouvir aquela discussão. 

Assim que se aproximou, Dandara respirou fundo, porque no mesmo instante, um aroma de um perfume que ela conhecia muito bem invadiu todo o seu espaço. Mesmo em outra vida, se sentindo enganada e até mesmo uma tola, ela reconheceria aquele cheiro em todo lugar. Pertencia a Curtis, ao único homem que ela gostou o suficiente para quebrar o seu coração. E que agora, planejava a sua destruição.

— O que você pensou que estava fazendo? — Curtis esbravejou e rosnou ao mesmo tempo. — Michaela, você só tinha um trabalho e arruinou tudo.

A mulher em sua frente apenas deu uma risada, mesmo que em seu tom e expressão não existisse humor algum. 

— Você tem certeza de que estava tudo sobre controle, Curtis? — ela grunhe, irritada pela maneira que aquele homem jogava toda a culpa sobre ela. — Ela havia renegado você antes mesmo que eu chegasse. 

Curtis a olhou, os olhos cobertos de um ódio velado, ao se dá conta de que talvez tudo o que esteve planejando nos últimos meses, simplesmente se dissipasse. Tudo por confiar em uma mulher, mesmo ele sempre dizendo que tudo o que uma mulher toca sempre é arruinado, e agora ele se sentia culpado e estúpido por ter aceitado ser misturar a Michaela desse modo. 

— Que maravilha você ter tocado nesse assunto. — Curtis murmura, antes de a segurar pelo braço. — O que você fez? A Dandara jamais me trataria desse modo, ao menos que descobrisse a verdade. A verdade que só você conhece. 

Michaela engoliu em seco, irritada pelo modo rude que as palavras saiam da boca de Curtis. Ao passo em que Dandara, atrás daqueles arbustos, ainda sentindo a mágoa e o rancor a corroendo, estava desejando profundamente descobrir a verdade sobre aquele homem. 

—  Não sei do que está falando, Curtis – Michaela dissimulou, ainda que sua mente gritasse que ela sabia muito bem o que fez na noite passada. — Talvez ela só esteja suspeitando de algo.

Curtis sorriu, sem humor algum, e levando as mãos aos cabelos, olhou friamente para Michaela. 

— A Dandara me ama. Jamais a dei razão para desconfiar de mim.

Essa foi a voz de Michaela sorrir, porque era cômico ouvir da boca do homem que se espreitava em sua cama de modo rotineiro, agir como se fosse o mais leal dos homens, quando só a razão de estarem ali, no meio daquela discussão, só comprovava o quão perverso e hipócrita aquele homem poderia ser.

— Exceto pela maneira que você me possui toda a noite. — Profere Michaela, se rendendo a ironia. 

Por outro lado, quando aquelas palavras saem da boca daquela mulher, Dandara sente o seu mundo se desfazendo, as palavras cruéis a fere tão profundamente que ela sente em seus ossos. Não era como se ainda se surpreendesse com a capacidade ou falta de caráter do homem que ela julgava conhecer por completo, mas existia algo que era agonizante demais ao descobrir que você jamais foi suficiente para um homem a quem se entregou de corpo, alma e coração. 

Dandara deixou sua respiração se esvair lentamente dos seus lábios, a lembrando outra vez que deveria respirar, dizendo a si mesma que aquele homem, que aquela história jamais a poderia tocá-la ou machucá-la outra vez, porque agora que renasceu, jamais permitiria que um homem voltasse a matá-la, diariamente. 

O amor é um perigo letal, Dandara pensou, porque toda vez que deixava alguém entrar, ela sabia que era questão de tempo até vê-los ir embora de novo e arrancar tudo que ela tinha.

— Não fale isso em voz alta. Não aqui. – Curtis sussurrou, de repente. — Irei reaver essa situação e buscarei ter o controle mais uma vez. Mas se você fizer mais alguma besteira...

— Não farei. — Michaela o interrompeu, antes de ouvir sua possível ameaça. — Agora, diga—me, qual é o novo plano?

Ao ouvir aquela sentença, Dandara sentiu que a vida outra vez estava lhe presenteando com outra chance e sabia que, ao descobrir qual poderia ser o perverso e jogo sujo de Curtis e sua amante, ela saberia perfeitamente qual deveria ser o seu ponto de partida no seu plano de vingança e na destruição dos seus nêmesis. 

Se esgueirando, enquanto buscava ter acesso aquela informação, Dandara deu um passo em frente, e se esquecendo momentaneamente de onde estava e do trabalho de vigilante que estava praticando, o seu salto atingiu as folhas secas nos seus pés, causando mais barulho do que ela poderia prever. 

O ruído se tornou mais alto do que deveria, e foi exatamente nesse instante que aquelas duas cabeças viraram em sua direção. 

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