Dandara não teve tempo de responder o comentário ambíguo de Paco, mesmo que ela já soubesse a resposta. Paco jamais teria vindo de um lugar como aquele, pois o conhecia desde a infância, assim como sabia que o nome da sua família valia ouro, mesmo de gerações atrás. Paco havia acabado de relatar todos os privilégios que Dandara carregava ao ter nascido em uma família rica, esquecendo-se de citar de suas próprias regalias ao nascer em um berço de ouro. — Ambos sabemos que... — Dandara tentou falar, no entanto foi interrompida. Um barulho alto surgiu na janela do carro, um estrondo que a fez pular no assento, assustada e nervosa sobre o que aquilo poderia ser, principalmente em um local como aquele no meio da noite. Paco estava alheio aquela reação, porque ele sorria. — O que está fazendo? — Dandara arfou quando o viu descer o vidro da janela e começou a abrir a porta do carro. Naquele momento, Dandara pensou que iria morrer pela segunda vez, no entanto, todo o seu receio foi
— Do que está falando? – Dandara arfou no exato momento que aquelas palavras cruéis saíram dos lábios de Paco. Ela estava confusa e indignada com aquela insinuação. Paco apenas respirou fundo e levou os olhos para o alto, parecendo exasperado. — Eles estão em uma favela, Dandara, e se alguém souber que eles contam com muito dinheiro, isso atrairá pessoas perigosas. – Ele responde, por fim. Ao ouvir aquelas palavras, Dandara assentiu lentamente, sabendo que aquilo fazia sentido. Porque mesmo que Dandara não vivesse em uma favela, o fato dela ter muito dinheiro também atraiu pessoas perigosas até ela. E naquele instante, ela percebe o que estava na sua frente o tempo todo. Quanto mais riqueza acumulasse, mais gente perigosa iria atrair. Mais pessoas gananciosas iriam rondar ao seu redor, até chegar ao ponto de matá-la, assim como aconteceu em sua primeira vida. Essa revelação a faz cambalear um pouco, extremamente apavorada. — Você está bem? — Paco perguntou em seguida, pr
Assim que os primeiros raios do sol apareceram na janela, Dandara já estava de pé. A mulher realmente estava decidida em tomar as rédeas da sua vida, e sabia que aquele dia seria o escolhido para mudar a sua realidade. Mesmo não tendo conseguido dormir pelo resto da noite, ela estava bem desperta. E após um longo e quente banho, ela resolveu sair do seu quarto. Vestida em um terninho preto e elegante, desceu as escadas e apenas parou quando chegou na sala de jantar. Dandara não se deu conta que sentia tanta falta daquelas manhãs, até ver a sua família ali reunida. Os seus pais tomavam café animadamente, mesmo que um intruso também estivesse ali. — Bom dia! — Dandara saudou, sentando-se a mesa. — Bom dia, querida! — seus pais responderam com ânimo. Ela sorriu levemente quando Paco em sua frente apenas assentiu de volta, um sorriso também presente em seu rosto. — Estávamos conversando, Dandara... — Elizabeth começou, com uma intenção oculta em seu tom. — Queríamos saber
O peito de Dandara sobe e desce freneticamente, sua respiração ofegante a trai, revelando o quão afetada estava por aquela visita. Não era como se ainda se sentisse abalada pelo Curtis, ou como se aquele homem ainda obtivesse algum poder sobre ela. No entanto, existe uma explicação cientifica para o modo como Dandara se sentia naquele momento: o coração disparado, a pressão aumentando. Isso ocorre quando alguém sente raiva e naquele momento, isso é tudo que ela sente. — Onde está minha mãe? — Dandara pergunta a Zélia, ainda encarando a porta da mansão trancada. — A senhora Elizabeth saiu. Disse que iria tratar dos preparativos para o seu casamento. — A empregada responde. No mesmo instante, Dandara revira os olhos, porque o tema casamento era o menor dos seus problemas agora. No entanto, se sente aliviada, porque se sua mãe visse o Curtis ali, em seu espaço, ela poderia ter um colapso. — Tudo bem. — Dandara diz, por fim. E dizendo isso, ela começou a andar em frente, i
Uma semana havia se passado desde a última vez em que Dandara esteve na empresa. Nos últimos dias, ela manteve sua cabeça ocupada, trabalhando constantemente para a sua apresentação frente aos sócios da empresa. Toda a sua ausência, fizera com que Paco mal visse a mulher, pois sempre se encontrava presa em seu quarto ou no escritório. A última vez em que se viram, havia sido quando ele fizera aquela m*****a pergunta a Dandara, que mesmo a mulher não respondendo, aquelas palavras ficaram girando em sua cabeça. Enquanto sua vida pessoal e emocional se encontravam em uma intensa bagunça, a sua vida profissional estava em plena ascensão. Porque Dandara havia conseguido convencer todos aqueles homens a competirem por aquela licitação, e naquele momento, ela havia acabado de atravessar as portas do local marcado para a reunião. — Bom dia! — Dandara saudou assim que colocou os pés naquela sala. No entanto, Dandara parou de andar bruscamente assim que o seu olhar pousou nas pessoas ao
Dandara andou em passos lentos e ensaiados em direção aquele homem. A primeira coisa que Curtis pôde ouvir era o modo que os saltos da mulher tintilavam no assoalho. Ele estava surpreso assim que a viu em sua frente, e ele sorria, dissimulando uma falsa estima pela mulher que ele ajudou em sua quase destruição. — Dandara! — Curtis exclama em entusiasmo. — Parabéns, você conseguiu! Como sempre soube que conseguiria! — Não se dependesse de você, é claro. — Dandara o responde e sorri, cercada de desdém e de uma frieza que faz Curtis recuar. Curtis tenta refletir sobre a insinuação que saía dos lábios de Dandara em contraste com a calmaria presente em seus olhos. Dandara agia de modo pacífico porque ela não se sentia nem um pouco decepcionada, porque o que sucedeu era exatamente o que Dandara esperava e havia previsto, algo baixo e maquiavélico. — Do que está falando? — Curtis pergunta, parece genuinamente confuso, o que faz Dandara sorrir. Enquanto encarava os olhos de Curtis, e
Dandara não teve tempo para ponderar todas as questões que cercavam a sua cabeça, porque no mesmo instante sua mãe voltou a falar: — Acabei de preparar os convites para o casamento. Deem uma olhada e vejam se esqueci alguém. Elizabeth entregou uma cópia da lista dos convidados para Paco e Dandara. Enquanto deslizava os olhos sobre aquela folha, Dandara percebeu que sua mãe estava agindo como uma dama de honra, ou algum tipo de cerimonialista. Elizabeth estava entusiasmada, totalmente enérgica por ter a chance de casar sua filha com um tipo de noivo que ela sempre sonhou ter como genro. Talvez Elizabeth quisesse aquele casamento muito mais que os próprios noivos e ela não tinha nenhum receio em demonstrar isso. — Está tudo certo com seus convidados, Paco? — Elizabeth pergunta, se aproximando do homem. — Me reuni com a sua mãe e ela me falou dos seus poucos conhecidos. Você não é um homem de muitos amigos, não é? É um homem difícil de lidar? Quando diz aquelas palavras, Paco
Dandara estava parada em frente ao espelho enquanto observava o seu estado atual. O longo vestido de noiva, completamente branco e com as mangas longas e super bordadas. Um amplo decote desenhava o seu busto, pequenos pedaços de diamantes enfeitando o tecido da mais cobiçada renda. — Você está perfeita. — Dandara ouve a voz da sua mãe entrando naquele salão. Ela se vira e a longa cauda do seu vestido se arrasta no chão. Dandara sorri, sabendo que aquele dia era o mais esperado por sua mãe. Também deveria ser por ela, no entanto, Dandara estava indo casar-se com um homem que ela não amava, e mesmo sabendo todas as razões positivas em continuar com aquele matrimônio, a ausência de amor deixava aquele dia menos mágico. Contudo, ela ainda sorriu para sua mãe. A verdade era que ela deveria realmente se sentir grata só pelo simples fato de ter tido o que escolher, de reviver e fazer tudo outra vez, do jeito certo. — O motorista já está esperando por você. Vamos! A mãe de Dandara