Os olhares de todos os convidados pousaram nos noivos, esperando aquele matrimônio ser selado com um beijo. Desse jeito, Dandara não teve mais nenhuma escolha a não ser se aproximar de Paco e pelo menor e curto milésimo de segundo, os lábios dos dois se chocaram, mas não o suficiente para que pudessem sentir algo. Apenas o bastante para que a legitimidade daquele casamento não fosse contestada. — Não precisava me beijar com tanta vontade assim. — Paco sussurra para Dandara, o tom baixo e coberto de ironia. — Foi o meio segundo mais torturante de toda minha existência. — Dandara rebate, um sorriso sarcástico nos lábios. E assim, após a cerimônia naquela igreja, todos os convidados juntamente com os noivos seguiram até a mansão dos LeBlanc, para a recepção daquela festa. A primeira coisa que Dandara fizera assim que pisou em sua casa, foi sair em passos apressados até os seus aposentos. Enquanto assistia o seu reflexo no espelho e via o rasgão em seu vestido, Dandara sentiu ou
Aquela festa passou mais rápido do que Dandara esperava. Em instantes, os minutos se transformaram em horas e não demorou muito para que a noite caísse e todos os convidados fossem embora. Enquanto Dandara, juntamente com Paco, subiram para o seu quarto. Os dois sabiam perfeitamente qual era a natureza daquela reação de tal modo que nenhuma palavra precisou ser dita para que Paco se encaminhasse para o quarto anexado ao de Dandara, tendo a sua privacidade e respeitando todo o espaço que Dandara precisava e valorizava. Dandara passou grande parte da noite pensando nos comentários de Paco em relação ao seu sorriso, pensou nas suas palavras confusas e pelo modo que ele a ignorou durante todas as horas seguintes. No entanto, Dandara sabia que tinha assuntos mais sérios e relevantes do que suas simples suposições sobre um comportamento masculino. Porque, na verdade, ela pensou, nunca se deve fazer tanto caso a um homem. Portanto, no dia seguinte, bem cedo, Dandara se levantou, se a
No exato instante em que Paco atravessa aquela sala de reunião, e os olhos de Dandara caem sobre ele, ele percebe que havia feito a escolha certa. Porque mesmo que os olhos verdes da mulher estivessem surpresos, uma faísca de alívio e esperança reluziu ali. Paco se sentiu orgulhoso, mas isso foi momentâneo. E como Paco premeditou, a voz de um dos opositores presentes naquela reunião encheu o ambiente: — O que esse homem está fazendo aqui? — Clóvis gritou, completamente fora de si. — Essa é uma reunião de negócios e não um encontro familiar. — Perdão? — Paco intervém, a voz totalmente calma e fria, só para enfatizar o desiquilíbrio presente naquele senhor de quase 50 anos de idade. Clóvis o encara, completamente surpreso pela tranquilidade que Paco o entregava, como se fosse imparcial ao colapso de emoções velada de revolta que ocorria em seu peito. Mesmo afetado, Clóvis não se detém e volta a destilar o seu veneno. — Você é apenas o marido, o genro. — Ele atiça. — Não tem n
— Do que está falando, Dandara? — Paco pergunta assim que aquela insinuação saiu dos lábios da mulher. Ele sabia que ela estava certa, mas Paco gostaria de descobrir tudo o que Dandara sabia e como ela havia chegado aquela conclusão de modo tão abrupto. — Você se casou comigo para unir as nossas famílias. Não para herdar a herança da sua. — Dandara declara lentamente enquanto cruza aquela sala, se aproximando do homem que a observa imparcialmente. — Porque se você herdar a liderança da sua família nos negócios, com o tempo as nossas famílias acabariam sendo uma só. Estou no caminho certo? Paco apenas a entrega um pequeno sorriso de lado, não confirma e tampouco nega as suas conclusões. Dandara arqueia a sobrancelha, tomando aquele sorriso como um incentivo para que ela continuasse as suas teorias. — Desse modo, a minha família com o tempo poderia acabar tendo um único herdeiro ligado as duas famílias e ele iria liderar tudo. — Dandara conclui com um sorriso, cruzando os braços
Apesar dos acontecimentos infelizes, Dandara e Paco conseguiram almoçar juntos sem comentar sobre os minutos anteriores. Enquanto realizavam aquela refeição, os dois conversaram sobre assuntos banais, sobre planos futuros individuais, e certamente conheceram mais um do outro em uma hora de conversa do que nos últimos meses que conviveram. Logo após o almoço, Dandara precisou retornar até a empresa, para então iniciar suas atividades como vice-presidente. Paco a acompanhou de volta, alegando que teria assuntos pessoais para resolver no setor de tecnologia da empresa. Assim que os dois colocaram os pés no corredor amplo do 13° andar, uma senhora baixinha e de óculos de grau parou em sua frente, quase ofegante. — Senhorita LeBlanc, eu sou a Berenice. — Ela se apresentou rapidamente. — Sou a secretária do seu pai, mas enquanto a senhorita ainda procura a sua assistente pessoal, estarei disponível para ajudá-la no que precisar. — Obrigada, Berenice. — Dandara disse no mesmo instant
Antes que Dandara fizesse algo que a faria se arrepender pelo resto da vida, e a derrubasse de um tipo de penhasco que ela jurou jamais cair novamente, um barulho na porta a trouxe para o presente, para a realidade. E a realidade a fez se afastar de Paco de modo abrupto, como se sua pele estivesse em chamas. — Pode entrar! — Dandara gritou, a voz ofegante que a traía ao demonstrar que ela estava completamente afetada com o que se passara nos últimos minutos. A secretária surge através da brecha da porta, e tudo que ela faz é dizer que todos estavam prontos para a primeira decisão que Dandara tomaria. Mesmo de costas, Dandara sente o olhar de Paco sobre ela porque ela sentia uma ardência colossal bem ali, em suas costas. E por isso, sabendo que precisaria lutar mais do que esperava para se manter longe daquele olhar e de todas as sensações que ele trazia, ela soube que precisaria fugir. E encontrou o pretexto perfeito bem em sua frente quando disse: — Por favor, diga que es
Dandara encara Paco, completamente ansiosa pelas próximas palavras que sairiam dos seus lábios. — O que planeja? — ela perguntou, não tendo certeza se qualquer plano funcionaria naquela altura do tempo. Paco enfiou as mãos no bolso, e a encarou de volta e ele parecia confiante o suficiente de sua decisão. — Eu sei onde encontrar esse material. — ele revela. — E sei como encontrar, em pouco tempo. — Como? — Dandara arfa, completamente entusiasmada e para em frente a Paco, ansiando para que ele falasse todo o seu plano de uma vez. — Como você disse, só podemos encontrar no exterior. E é isso que farei. — Paco anuncia. — Irei viajar e trarei o que precisa. No mesmo momento em que diz aquelas palavras, Dandara hesita por um instante. Não esperava que aquela fosse uma solução, e a ideia de ver Paco partindo para tão longe a incomodava intimamente. No entanto, Dandara não podia negar o que aquele ato significava para ela. Não saberia nomear o porquê Paco parecia se esforçar ta
Dandara não havia voltado a vida para morrer daquele jeito, no escuro de um estacionamento deserto. Ela havia retornado mais forte que nunca, pensa consigo mesma, e por causa disso, relembra que ela possuía uma habilidade que nem todos sabiam. Quando criança, Dandara havia tido algumas aulas isoladas de caratê, e certos movimentos perduravam em sua mente. Por isso, no exato momento em que aquele homem a segura de costas, as suas mãos imundas em sua boca, Dandara reage. Seu cotovelo acerta fortemente as costelas daquele homem, o fazendo desequilibrar por um curto milésimo de segundos, e soltar um gemido abafado, mas alto o suficiente para chamar atenção dos seguranças que estavam há metros de distância. — Senhorita LeBlanc. — O segurança aparece em passos rápidos, as mãos sobre os quadris, prontos para empunhar sua arma. Antes que Dandara pudesse responder o que havia acontecido, o cafajeste que tentou atacá-la sai correndo, tremendo ao estar diante de um homem de quase dois