Capítulo 85O silêncio no quarto de hospital era quebrado apenas pelo leve som do monitor cardíaco, marcando o ritmo constante e frágil de Solène. Gael estava sentado ao lado da cama, suas mãos apertadas em punhos sobre o colo. Ele ainda não conseguia tirar os olhos dela. A mulher que amara profundamente, cuja vida estava suspensa em um fio tênue por sua causa."Você está presa aqui porque eu errei, porque eu era um idiota egoísta e te arrastei comigo..."Esses pensamentos o assombravam constantemente, e agora, mais do que nunca, ele sentia o peso de sua indecisão. Era ele quem tinha a chave para libertá-la desse tormento ou deixá-la nesse limbo permanente.Os minutos passavam lentamente enquanto Gael permanecia imóvel, o rosto marcado pela tensão.Finalmente, ele se levantou, aproximando-se da cama. Ele olhou para ela por um longo momento, como se tentasse memorizar cada detalhe de seu rosto — os traços que ele amava, as curvas suaves de suas feições que agora pareciam fantasmagórica
Capítulo 86 Gael voltou ao quarto de Solène com passos mais lentos e mente pesada. Ele fechou a porta atrás de si, inclinando-se contra ela por um momento antes de se aproximar da cama. Já tinha sua decisão.— É isso, então? — murmurou, olhando para ela. — Todos dizem que chegou a hora. Que eu preciso deixá-la ir. Mas o que significa realmente deixar você ir, Solène?Ele puxou uma cadeira para perto da cama e sentou-se, segurando a mão dela. Era fria, como sempre, mas ainda era um contato. Ainda era algo que ele podia segurar enquanto sentia que estava caindo.— Por tanto tempo, eu esperei por uma resposta — continuou ele, a voz baixa. — Por um sinal de que você me perdoaria, ou de que isso faria sentido. E agora... mesmo depois de tudo, eu ainda não sei.Seus olhos encheram-se de lágrimas, mas ele não deixou nenhuma cair. Respirou fundo, os dedos apertando levemente a mão dela.De repente, houve uma batida suave na porta. Gael se levantou de imediato, o corpo rígido como uma mola.
Capítulo 87 A mansão estava envolta em um silêncio estranho quando o carro parou na entrada principal. O retorno foi lento, cada um mergulhado em seus próprios pensamentos. Paco estacionou o veículo e saiu primeiro, lançando um olhar para Dandara e Gael. Ambos estavam visivelmente desgastados, mas era Gael quem parecia carregar o maior peso.Sem dizer nada, os três caminharam até a porta principal, onde Diane, curiosamente ausente de seus comentários usuais, observava da escadaria com uma taça de vinho. Ela os encarou, a expressão intrigada, mas não disse uma palavra.Foi então que Jack apareceu, emergindo do escritório com passos deliberados e a postura tão imponente quanto sempre.— Finalmente — disse ele, com sua voz rouca e cheia de autoridade. — Estava esperando por vocês.Os três pararam, trocando olhares cautelosos. Havia algo no tom de Jack que os deixava alerta.— Tem algo a dizer, Jack? — Paco começou, cruzando os braços, seu tom carregado de impaciência.Jack sorriu de can
Capítulo 88 A mansão estava envolta em um silêncio profundo, um silêncio que parecia ser o prenúncio do fim. O sol mal havia começado a despontar no horizonte, trazendo uma leve luz dourada que tocava as paredes imponentes da casa, mas para Dandara e Paco, parecia que a escuridão estava os envolvendo ainda mais.Após todas as revelações — as palavras de Jack, a dor de Gael, os segredos que haviam vindo à tona —, eles estavam tentando juntar as peças do quebra-cabeça, tentando entender como suas vidas tinham se entrelaçado não apenas nessa linha do tempo, mas ao longo das várias existências que viveram e morreram. A conexão que existia entre eles era muito mais do que o que viam na superfície; era algo mais profundo, imensurável, e ainda assim, tão fragilizado pelas circunstâncias.Na manhã seguinte, Dandara encontrou-se de frente para o espelho no quarto. Ela não sabia o que esperar da vida dali em diante. As visões, os sentimentos, tudo parecia girar, tudo tão confuso ainda, como se
— Talvez eu morra essa noite, Zélia. – Sussurro. – É uma linda noite para morrer, você não acha? A mulher apenas nega com a cabeça, provavelmente cansada de todos os meus comentários mórbidos, mas daquela vez era diferente. Sinto o ar queimando enquanto entra em meus pulmões. Ainda que sinta frio em meu corpo todo, o suor atravessa os lençóis da cama a qual estou deitada. É noite e a brisa noturna balança as cortinas da janela e eu tento me concentrar naquele movimento na esperança de parar de sentir a dor que ameaça parar o meu coração. E apesar de me sentir assim, existe algo no mais profundo do meu coração que me dá esperança. Sei que preciso lutar, porque a vida ainda me reservava coisas incríveis, mesmo no meio de tanta dor. O som da televisão chama a minha atenção e eu sigo o seu olhar para a tela, apenas para sentir meu sangue gelar. — As indústrias LeBlanc realiza hoje a festa anual de fundação de 50 anos da empresa. — Um jornalista informa em frente a enorme mansão que apa
A primeira coisa que sinto é a forte pressão em meu peito. O mundo que havia se escurecido ao meu redor foi se iluminando até que vi o rosto familiar de Zélia. E é quando percebo que estou de volta a vida. — Graças a Deus! — é a voz de Zélia, e quando abro os olhos, a vejo tirando as mãos do meu coração. — Você estava morta... — murmura ela. Sua voz está estrangulada, seus olhos me encaram arregalados, enquanto eu me sento com as mãos no meu coração. As palavras que saem da boca de Zélia me deixam desnorteada, porque nada daquilo fazia sentido. Me vejo tentando resolver os enigmas por trás daquela informação, mas tudo que consigo é ficar ainda mais confusa. O que ela diz segue rodando em minha cabeça, e antes que eu possa reagir, percebo que toda a minha dificuldade para respirar havia ido embora, como se nunca tivesse existido. Levantei-me daquela cama, mas sem a fraqueza que me dominava antes. Ciente do olhar de Zélia sobre mim enquanto eu caminho até a janela, vejo a tempe
Volto até onde minha mãe permanecia em pé, me avaliando dos pés à cabeça até o momento que parei em seu lado. — Quem era aquela mulher? — é a primeira coisa que me pergunta. Respiro fundo, liberando o meu corpo de qualquer tensão e pego uma taça de champanhe que o garçom equilibra em uma bandeja ao passar por mim. Apenas olho para minha mãe e sorrio. — Não era ninguém. Minha mãe não parece convencida e me observa, desconfiada. Eu sabia que deveria ser mais paciente e provavelmente mais expressiva porque ela não conhecia a nova Dandara que estava em sua frente, na verdade, eu ainda estava me descobrindo também. — E ele? — ela resmunga baixinho e sei que se refere a Curtis. — Tão irrelevante quanto. — disse simplesmente. — Não há razão para se preocupar, mãe. Os nossos seguranças já receberam minhas ordens. Ela assente lentamente, e acaba cedendo de sua insistência. — Você está realmente diferente, Dandara. — Ela murmura. Sorrio de volta e levo minha taça aos lábi
Dandara encara Paco, demonstrando sua desconfiança pela revelação que acabara de sair dos seus lábios. Os dois seguem naquela pista de dança e enquanto Paco guia os passos da mulher de acordo com a melodia, ele a observa. Paco a puxa para mais perto, o suficiente para sentir seu perfume inebriante. — Não me segure assim. — murmurou ela, e Paco percebeu que a segurava com mais força do que o necessário, e então diminuiu o aperto em sua cintura e sorriu ao vê-la corar. — Quem irá se casar? — questiona, mesmo que em seu íntimo, ela já saiba a resposta da sua indagação. Paco ainda se sente instigado a observá-la, os seus lábios estavam pintados do tom mais escarlate de vermelho e estão entreabertos, os seus cabelos negros caem como ondas sobre os seus ombros, roçando na palma da mão do homem que a guia de acordo com a música. Naquele instante, Paco a gira ao som dos violinos, e ver os seus cabelos negros voando ao seu redor, uma cortina negra que a cobria, deixando seu aroma