Uma semana havia se passado desde a última vez em que Dandara esteve na empresa. Nos últimos dias, ela manteve sua cabeça ocupada, trabalhando constantemente para a sua apresentação frente aos sócios da empresa. Toda a sua ausência, fizera com que Paco mal visse a mulher, pois sempre se encontrava presa em seu quarto ou no escritório. A última vez em que se viram, havia sido quando ele fizera aquela m*****a pergunta a Dandara, que mesmo a mulher não respondendo, aquelas palavras ficaram girando em sua cabeça. Enquanto sua vida pessoal e emocional se encontravam em uma intensa bagunça, a sua vida profissional estava em plena ascensão. Porque Dandara havia conseguido convencer todos aqueles homens a competirem por aquela licitação, e naquele momento, ela havia acabado de atravessar as portas do local marcado para a reunião. — Bom dia! — Dandara saudou assim que colocou os pés naquela sala. No entanto, Dandara parou de andar bruscamente assim que o seu olhar pousou nas pessoas ao
Dandara andou em passos lentos e ensaiados em direção aquele homem. A primeira coisa que Curtis pôde ouvir era o modo que os saltos da mulher tintilavam no assoalho. Ele estava surpreso assim que a viu em sua frente, e ele sorria, dissimulando uma falsa estima pela mulher que ele ajudou em sua quase destruição. — Dandara! — Curtis exclama em entusiasmo. — Parabéns, você conseguiu! Como sempre soube que conseguiria! — Não se dependesse de você, é claro. — Dandara o responde e sorri, cercada de desdém e de uma frieza que faz Curtis recuar. Curtis tenta refletir sobre a insinuação que saía dos lábios de Dandara em contraste com a calmaria presente em seus olhos. Dandara agia de modo pacífico porque ela não se sentia nem um pouco decepcionada, porque o que sucedeu era exatamente o que Dandara esperava e havia previsto, algo baixo e maquiavélico. — Do que está falando? — Curtis pergunta, parece genuinamente confuso, o que faz Dandara sorrir. Enquanto encarava os olhos de Curtis, e
Dandara não teve tempo para ponderar todas as questões que cercavam a sua cabeça, porque no mesmo instante sua mãe voltou a falar: — Acabei de preparar os convites para o casamento. Deem uma olhada e vejam se esqueci alguém. Elizabeth entregou uma cópia da lista dos convidados para Paco e Dandara. Enquanto deslizava os olhos sobre aquela folha, Dandara percebeu que sua mãe estava agindo como uma dama de honra, ou algum tipo de cerimonialista. Elizabeth estava entusiasmada, totalmente enérgica por ter a chance de casar sua filha com um tipo de noivo que ela sempre sonhou ter como genro. Talvez Elizabeth quisesse aquele casamento muito mais que os próprios noivos e ela não tinha nenhum receio em demonstrar isso. — Está tudo certo com seus convidados, Paco? — Elizabeth pergunta, se aproximando do homem. — Me reuni com a sua mãe e ela me falou dos seus poucos conhecidos. Você não é um homem de muitos amigos, não é? É um homem difícil de lidar? Quando diz aquelas palavras, Paco
Dandara estava parada em frente ao espelho enquanto observava o seu estado atual. O longo vestido de noiva, completamente branco e com as mangas longas e super bordadas. Um amplo decote desenhava o seu busto, pequenos pedaços de diamantes enfeitando o tecido da mais cobiçada renda. — Você está perfeita. — Dandara ouve a voz da sua mãe entrando naquele salão. Ela se vira e a longa cauda do seu vestido se arrasta no chão. Dandara sorri, sabendo que aquele dia era o mais esperado por sua mãe. Também deveria ser por ela, no entanto, Dandara estava indo casar-se com um homem que ela não amava, e mesmo sabendo todas as razões positivas em continuar com aquele matrimônio, a ausência de amor deixava aquele dia menos mágico. Contudo, ela ainda sorriu para sua mãe. A verdade era que ela deveria realmente se sentir grata só pelo simples fato de ter tido o que escolher, de reviver e fazer tudo outra vez, do jeito certo. — O motorista já está esperando por você. Vamos! A mãe de Dandara
Os olhares de todos os convidados pousaram nos noivos, esperando aquele matrimônio ser selado com um beijo. Desse jeito, Dandara não teve mais nenhuma escolha a não ser se aproximar de Paco e pelo menor e curto milésimo de segundo, os lábios dos dois se chocaram, mas não o suficiente para que pudessem sentir algo. Apenas o bastante para que a legitimidade daquele casamento não fosse contestada. — Não precisava me beijar com tanta vontade assim. — Paco sussurra para Dandara, o tom baixo e coberto de ironia. — Foi o meio segundo mais torturante de toda minha existência. — Dandara rebate, um sorriso sarcástico nos lábios. E assim, após a cerimônia naquela igreja, todos os convidados juntamente com os noivos seguiram até a mansão dos LeBlanc, para a recepção daquela festa. A primeira coisa que Dandara fizera assim que pisou em sua casa, foi sair em passos apressados até os seus aposentos. Enquanto assistia o seu reflexo no espelho e via o rasgão em seu vestido, Dandara sentiu ou
Aquela festa passou mais rápido do que Dandara esperava. Em instantes, os minutos se transformaram em horas e não demorou muito para que a noite caísse e todos os convidados fossem embora. Enquanto Dandara, juntamente com Paco, subiram para o seu quarto. Os dois sabiam perfeitamente qual era a natureza daquela reação de tal modo que nenhuma palavra precisou ser dita para que Paco se encaminhasse para o quarto anexado ao de Dandara, tendo a sua privacidade e respeitando todo o espaço que Dandara precisava e valorizava. Dandara passou grande parte da noite pensando nos comentários de Paco em relação ao seu sorriso, pensou nas suas palavras confusas e pelo modo que ele a ignorou durante todas as horas seguintes. No entanto, Dandara sabia que tinha assuntos mais sérios e relevantes do que suas simples suposições sobre um comportamento masculino. Porque, na verdade, ela pensou, nunca se deve fazer tanto caso a um homem. Portanto, no dia seguinte, bem cedo, Dandara se levantou, se a
No exato instante em que Paco atravessa aquela sala de reunião, e os olhos de Dandara caem sobre ele, ele percebe que havia feito a escolha certa. Porque mesmo que os olhos verdes da mulher estivessem surpresos, uma faísca de alívio e esperança reluziu ali. Paco se sentiu orgulhoso, mas isso foi momentâneo. E como Paco premeditou, a voz de um dos opositores presentes naquela reunião encheu o ambiente: — O que esse homem está fazendo aqui? — Clóvis gritou, completamente fora de si. — Essa é uma reunião de negócios e não um encontro familiar. — Perdão? — Paco intervém, a voz totalmente calma e fria, só para enfatizar o desiquilíbrio presente naquele senhor de quase 50 anos de idade. Clóvis o encara, completamente surpreso pela tranquilidade que Paco o entregava, como se fosse imparcial ao colapso de emoções velada de revolta que ocorria em seu peito. Mesmo afetado, Clóvis não se detém e volta a destilar o seu veneno. — Você é apenas o marido, o genro. — Ele atiça. — Não tem n
— Do que está falando, Dandara? — Paco pergunta assim que aquela insinuação saiu dos lábios da mulher. Ele sabia que ela estava certa, mas Paco gostaria de descobrir tudo o que Dandara sabia e como ela havia chegado aquela conclusão de modo tão abrupto. — Você se casou comigo para unir as nossas famílias. Não para herdar a herança da sua. — Dandara declara lentamente enquanto cruza aquela sala, se aproximando do homem que a observa imparcialmente. — Porque se você herdar a liderança da sua família nos negócios, com o tempo as nossas famílias acabariam sendo uma só. Estou no caminho certo? Paco apenas a entrega um pequeno sorriso de lado, não confirma e tampouco nega as suas conclusões. Dandara arqueia a sobrancelha, tomando aquele sorriso como um incentivo para que ela continuasse as suas teorias. — Desse modo, a minha família com o tempo poderia acabar tendo um único herdeiro ligado as duas famílias e ele iria liderar tudo. — Dandara conclui com um sorriso, cruzando os braços