Rachel não estava entendendo o que levou aquele homem a responder daquela forma, não deveria perguntar, mas não conseguia manter sua boca fechada, queria saber se ele tinha algum motivo para não querer ir para o hospital.
— Você é algum fugitivo da polícia? Por isso não quer ir ao hospital? Ou você prefere ir para Ames?
— Você é bem curiosa, não é mesmo?
— Mesmo que eu tenha atropelado você, ainda tenho o direito de saber que tipo de pessoa estou levando no meu carro. — O encarou pelo espelho interno — Nem mesmo sei o seu nome.
— Ok, senhora curiosa e posso dizer, corajosa, vou responder suas perguntas. Não sou fugitivo da polícia e não sou um assassino, mas tem pessoas atrás de mim, uma pessoa em específico, que me tomou tudo, se puder ir para algum lugar, eu vou ficar bem, de preferência em Des Moines. Quanto ao meu nome, é Philip.
Aquele era o máximo de informações que ele poderia dar a ela, não teria como dizer o que tinha realmente acontecido, nem que era um metamorfo, não era o tipo de coisa que ele saia dizendo por aí.
— Está bem, Philip, vou levar você para lá, então, tente ficar relaxado aí atrás, vou ver onde posso deixar você. — Hesitou, mas também se apresentou — Me chamo Rachel.
Ela seguiu e ainda olhava algumas vezes pelo espelho, para ver se ele estava mesmo quieto lá trás, mas diminuiu um pouco mais a velocidade, não queria passar por aquilo de novo.
Philip fechou seus olhos e recostou sua cabeça no banco, ainda estava com muitas dores, sentia o efeito do veneno em seu corpo, podia ver seu lobo deitado e choramingando em sua mente.
— Como você está, Zeus? — perguntou ao seu lobo, pelo link mental.
— Estou fraco, Philip, precisamos encontrar um lugar para descansar, se eu não me recuperar, não posso te ajudar a se curar, mas ao menos estou feliz, nós a encontramos.
Philip abriu seus olhos e olhou para Rachel, que dirigia concentrada, sabia que iria travar uma boa briga com seu lobo, mas discordava de algumas coisas.
— Ela é humana, não posso aceitar uma companheira humana, Zeus. — Tentou argumentar.
— Não me importa o que ela seja, ela é nossa companheira, nem se atreva a rejeitá-la. — Tentou se levantar, mas caiu novamente.
— Fique quieto e descanse, não vou fazer nada por agora, não estamos em condições de discutir sobre isso, o que importa agora, é conseguir sobreviver a esse veneno e voltarmos para recuperar nossa alcateia.
Zeus se acalmou um pouco e ficou quieto novamente, enquanto Philip ainda ficou observando Rachel. Os olhares dos dois se encontravam algumas vezes pelo espelho e ele pensava que mesmo seu lobo discordando dele, ainda achava uma falta de sorte que sua companheira fosse humana. Se ela ao menos fosse uma loba assim como ele, as coisas poderiam melhorar, ela poderia se tornar uma aliada, o deixando mais forte, mas pensava apenas que ela o deixaria mais fraco.
Ele fechou novamente seus olhos, tentou relaxar como ela disse, mas não conseguia, as dores não deixavam, além de que ficava pensando em Quinton e em sua traição, em como as coisas estariam naquele momento na alcateia, se seu Beta e sua irmã estariam em segurança, ou se eles haviam sido mortos, assim como seu antigo Gamma tentou fazer com ele.
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Na alcateia lua de sangue, o tumulto ainda estava alastrado do lado de fora, enquanto no escritório do novo Alfa, ele deslizava sorridente pelo cômodo, até finalmente se sentar na cadeira que sempre achou que combinaria melhor com ele.
— Acha mesmo que o Alfa… quer dizer, que o Philip sobreviveu? — perguntou um dos lobos que estava do seu lado.
— Não é tão fácil sobreviver ao mata-lobos, ele está ferido e se o rio o levou, ele pode acabar em um território diferente e ser morto por outra matilha, isso seria ainda melhor.
— Acredito que não podemos falar muito sobre o acônito, eles precisam acreditar que o senhor venceu porque é o mais forte. — Um dos lobos comentou.
Quinton não gostou do que ouviu, se levantou de sua cadeira confortável e foi até aquele lobo, que, em sua opinião, já estava falando demais. A garganta do homem foi agarrada, ele o levantou um pouco acima do chão, falando com ele de forma ameaçadora.
— Eu deveria matar todos que sabem desse detalhe, começando por você, então esqueça o que você sabe, quanto a ser o mais forte, eu sou e posso acabar com ele, mesmo sem o acônito.
Quinton ficou irritado e o jogou do outro lado da sala, um rosnado saiu de sua boca mostrando sua irritabilidade, aquele homem se levantou segurando seu pescoço, achou até mesmo que fosse morrer.
— Não se esqueça que agora eu sou seu Alfa, saia daqui e me traga a Sara e o Taylor, talvez eles tenham conseguido alguma comunicação pelo elo mental.
O homem inclinou seu pescoço em submissão e saiu apressado, Quinton andou pela sala, pegando um porta-retrato na mesa, o olhou e passou o dedo pela imagem de Sara.
— Não posso me livrar de você por agora, quem sabe posso fazer de você minha Luna. — Sorriu e jogou aquela fotografia na lata do lixo.
Quinton sabia que não seria fácil ganhar a confiança da sua alcateia, mas se tivesse Sara ao seu lado, aquilo poderia mudar, ela sendo a irmã do antigo Alfa, poderia fazer com que todos o vissem de uma maneira diferente.
Taylor e Sara foram levados para a sala que agora era de Quinton, ambos foram obrigados a se ajoelharem na frente dele, que não gostou muito que Taylor ainda o olhava nos olhos, não ficando de cabeça baixa em sua presença. — Você deveria estar olhando para baixo. — Socou o rosto dele. — Quinton! Você não precisa fazer isso, não estamos resistindo. — Sara interveio. — Essa é uma decisão sábia, minha querida. — Segurou seu queixo — Não pense que vou deixar vocês se rebelarem. — Assim como fez com meu irmão? — perguntou, sentindo seu queixo ser empurrado. — Seu irmão era um fraco, ele não pensava grande, como um verdadeiro Alfa deve fazer. Insisti para que ele expandisse nossas fronteiras, mas ele não quis, sempre insistiu em ficar nessa mesmice. — O Philip pensava no seu povo, coisa que você não está fazendo. Vivemos bem aqui, não precisamos entrar em conflito com nenhuma matilha, isso apenas traria mortes, era nisso que meu irmão pensava, se fosse preciso defender nossa matilha c
Philip podia ouvir os batimentos cardíacos de Rachel e sabia que ela estava constrangida, mas não se importava por estar sem roupa. Normalmente, os lobisomens não sentem vergonha por estarem nus, pois se transformam com frequência e acabam vendo uns aos outros pelados. No entanto, ele precisava lembrar que esse não era um costume dos humanos.— Você tem algum problema com a nudez? — perguntou a ela, apenas com o interesse de provocá-la.— Diferente de você, que parece não ter nenhum problema com isso. Por acaso, veio de alguma comunidade de naturistas? — Ela ainda permanecia de costas.— De onde venho, é normal ver outras pessoas nuas.— Não sei de onde você vem, mas não é normal por aqui que um homem fique pelado como você está agora, na frente de uma mulher, principalmente uma que ele acabou de conhecer. Isso é algo feito entre casais. — Rachel não sabia se estava apenas piorando a situação com seus argumentos.— Por que não diz para ela que somos seus companheiros? Explique que vam
Philip começou aquele banho, deixando a água morna cair por seu corpo, tentando relaxar, mas ainda sentia dor quando a água passava por suas feridas. Se seu lobo estivesse bem, aquelas feridas já estariam curadas, mas o veneno o enfraquecia. — Tem um cheiro diferente nesse lugar, quem nossa companheira deixou entrar aqui? — Zeus ficou inquieto. — Sei o quanto o vínculo pode nos tornar possessivos, mas não se esqueça que ela não sabe nada sobre isso. Ela disse que esse é um banheiro de funcionários; ela deve ter um, ou até mesmo um namorado. O pensamento fez Zeus rosnar em sua mente, mas ele também se sentiu incomodado ao imaginar Rachel com outro homem, mesmo que não tivesse a intenção de ficar com ela. O vínculo ainda estava lá, e era inevitável sentir ciúme dela. — Esse é o problema com os humanos, ela não vai entender a profundidade do vínculo conjugal, já vi lobos quase enlouquecendo por causa disso, Zeus. — Se ela tiver um namorado, eu arranco a cabeça dele e fica tudo bem.
Para Philip, aquilo também não estava sendo fácil, ainda mais com Zeus animado em sua cabeça, se ele estivesse bem, provavelmente estaria saltando por ali. O cheiro da excitação de Rachel também o excitava, sabia que era o vínculo falando, apenas não imaginava que poderia mexer tanto assim com ele. Ele estava lutando com Zeus; sua vontade, mesmo estando debilitado, era de assumir o controle e tomar Rachel ali mesmo, e depois marcá-la, mas esse não era bem o plano de Philip, que estava se contendo ao máximo. — Ela cheira tão bem, ela gosta de nós, Philip, ouça e sinta como ela está nervosa e excitada. — Estava com a língua de fora, respirando pesadamente. — Se não se comportar, vou ter que te bloquear. Já disse que não é tão simples. Parou para pensar que ela pode nos rejeitar quando souber o que somos? Não fique animado antes da hora. — ouviu seu lobo choramingar e ficar triste. — Se estiver doendo, me avise — falou com ele, percebendo a careta que fazia. — Está tudo bem, pode co
Na alcateia, Quinton havia mandado levar Taylor; aquela conversa era para ser a sós com Sara. — Agora podemos conversar tranquilamente. Acredito que nossa conversa possa ser longa. — Passou a mão pelo ombro de Sara — Sente-se. Quinton deu a ordem, e ela obedeceu. Afinal, não teria muita escolha naquele momento. Ela ainda não era forte o suficiente, havia acabado de completar dezoito anos e ganhou sua loba recentemente. Não conseguiria lutar contra um guerreiro habilidoso como ela sabia que Quinton era. — Muito bem, vamos direto ao assunto. Agora que sou o novo Alfa, vou precisar de uma Luna ao meu lado. Tenho certeza de que você seria a escolha perfeita — falou, sentando-se na mesa, próximo a ela. — Você sabe muito bem que não somos companheiros, Quinton — respondeu com desgosto na voz — E mesmo se fôssemos, saiba que eu o rejeitaria. — Agora irá aprender a me chamar de Alfa. — Segurou seu queixo com firmeza — Você não é mais a irmã do Alfa para manter essa arrogância. Tenho cert
Rachel voltou à clínica após tomar banho para remover o soro que havia deixado em Philip. Ela aproveitou a oportunidade para coletar um pouco de sangue e guardou-o, alegando que iria fazer uma análise pela manhã.— Gostaria de dormir no escritório? Essa mesa é um pouco dura para passar a noite — perguntou, ajudando-o a se levantar.— Concordo. Um sofá é definitivamente mais confortável do que esta mesa.Enquanto caminhavam em direção ao escritório, Rachel ainda sentia aquele aroma agradável que emanava de Philip. Isso a intrigava, uma vez que ele não estava usando perfume. Ela ficou curiosa, pois esse aroma não deveria estar vindo dele.— Como você pode ter um cheiro tão agradável?Somente após fazer a pergunta, ela percebeu que isso poderia ser interpretado de forma inadequada. Rachel endireitou sua postura, sentindo-se um pouco envergonhada ao notar o leve sorriso no rosto de Philip.— Esse é o meu cheiro natural, mas acredito que somente você consegue senti-lo tão intensamente. Com
Aquela noite nenhum dos dois conseguiu dormir direito, tanto Rachel, quanto Philip, demoraram para pegar no sono. Ele sabia o motivo de toda aquela insônia, mas ela não e aquilo a deixava inquieta. — Caramba! Que noite ruim… preciso ir ver como está o meu hóspede, espero que ele ainda esteja vivo. Ela se levantou e se arrumou, indo em direção à sala da clínica, quando abriu a porta não o viu por lá e imaginou que ele ainda estivesse dormindo e seguiu em direção ao seu escritório. Rachel entrou devagar e o encontrou dormindo, ela se aproximou e o cheiro dele voltou a inundar os seus sentidos, fazendo seu corpo arrepiar. Ela ficou parada o olhando, com a desculpa de ver se ele estava respirando e ficou olhando seu peito nu subir e descer. — Gosta do que está vendo? — perguntou, ainda com os olhos fechados. Rachel se assustou e deu um passo para trás, ela não sabia que ele estava acordado e ficou constrangida por ser pega o observando. — Apenas estava olhando se estava respirando.
Rachel dirigiu-se ao mercado sem qualquer preocupação de que estivesse sendo observada. Caminhou por lá, escolhendo algumas coisas, e pensou que, devido ao tamanho de Philip, ele provavelmente comeria bastante. Por momentos, sentiu uma sensação estranha, olhou ao redor e para trás, mas não notou nada diferente ou alguém escondido, por exemplo. — Que coisa estranha! Será que tem fantasmas por aqui? — perguntou, passando a mão pelo braço. Ela continuou a percorrer o mercado, pegou carne e alguns vegetais. Quando chegou à seção de bebidas, não resistiu à tentação de escolher um vinho para levar, talvez precisasse dele para dormir melhor naquela noite. Rachel retornou ao seu carro com as compras que havia feito e dirigiu-se para casa. Devido àquela sensação estranha, sentia como se algo a alertasse que estava em perigo de alguma forma. Começou a olhar mais frequentemente pelo retrovisor interno e percebeu que um carro sempre seguia na mesma direção. Ela não reconheceu o carro que a es