Constrangimento

Philip podia ouvir os batimentos cardíacos de Rachel e sabia que ela estava constrangida, mas não se importava por estar sem roupa. Normalmente, os lobisomens não sentem vergonha por estarem nus, pois se transformam com frequência e acabam vendo uns aos outros pelados. No entanto, ele precisava lembrar que esse não era um costume dos humanos.

— Você tem algum problema com a nudez? — perguntou a ela, apenas com o interesse de provocá-la.

— Diferente de você, que parece não ter nenhum problema com isso. Por acaso, veio de alguma comunidade de naturistas? — Ela ainda permanecia de costas.

— De onde venho, é normal ver outras pessoas nuas.

— Não sei de onde você vem, mas não é normal por aqui que um homem fique pelado como você está agora, na frente de uma mulher, principalmente uma que ele acabou de conhecer. Isso é algo feito entre casais. — Rachel não sabia se estava apenas piorando a situação com seus argumentos.

Por que não diz para ela que somos seus companheiros? Explique que vamos acasalar com ela, mais cedo ou mais tarde — aconselhou Zeus, animado.

Philip revirou os olhos diante da animação de seu lobo. Suspirou e pegou novamente o cobertor, se cobrindo para evitar aquele constrangimento.

— Pronto, pode se virar agora.

Rachel se virou, sabia que seu rosto poderia estar um pouco vermelho, pois sentia que ele estava queimando naquele momento.

— Tem um banheiro de funcionários logo ali na frente. — Apontou para a direção — Vou ver o que consigo para você vestir. Não acho que vou ter alguma camisa que vá servir, mas vou trazer toalhas limpas e enquanto você toma banho, vou pedir algumas coisas da farmácia. Acha que consegue ficar sozinho no banheiro? Vou colocar uma cadeira para não ficar muito tempo em pé

— Não se preocupe, eu consigo. O máximo que pode acontecer é eu cair no banheiro, mas duvido que a dor seja maior do que as que passei essa noite. Não acho que a dose de acônito será o suficiente para me matar.

— Acônito? — perguntou surpresa.

Philip travou o maxilar, percebendo que acabou falando demais. Teria que inventar alguma coisa para reverter os danos.

— Tentaram me matar me envenenando, mas a dose não é letal. Não para alguém como eu.

— O que quer dizer com isso? Você me pediu, ou quase ordenou, que eu não te levasse para o hospital, mas é para lá que deveria ir. Não sei como você continua de pé. — Ficou apreensiva.

— Como eu disse, a dose não era letal. Felizmente, ele não conseguiu aplicar toda a dose em mim. Não se preocupe, eu não vou morrer aqui. Tenho uma vingança para elaborar, preciso recuperar o que é meu.

— Eu vou querer saber do que você está falando. Não me diga que você é um daqueles gangsteres que está no meio de uma guerra de máfias? Eu estou em uma enrascada por ajudar você? — Seu coração voltou a acelerar.

Pensar naquilo a fez ficar realmente com medo. Sempre teve uma vida pacata, o máximo que sabia lutar era com os cachorros ou animais valentes que apareciam na clínica. O pavor a consumiu, e Philip pôde sentir seu medo e nervosismo.

Acalme nossa companheira, Philip. Ela não pode ficar com medo de nós. — Mais uma vez, Zeus falou com ele.

— Rachel, se acalme. Não sou da máfia, e você não está encrencada. Eu jamais deixaria que alguém machucasse você por ter me ajudado. Mesmo que eu não possa fazer outra promessa. — Ouviu seu lobo rosnar em sua cabeça, pois ele estava falando sobre o vínculo conjugal — Essa promessa eu posso te fazer.

Philip deixou que seu cheiro se espalhasse pela sala, pois sabia que isso a deixaria mais calma, mesmo que ela não soubesse que aquele cheiro pudesse ter algum efeito sobre ela. Assim como o cheiro de jasmim que ele sentia vindo dela, o deixava mais calmo e fazia seu lobo ronronar em sua cabeça.

— Vou acreditar em você, mesmo te conhecendo apenas há algumas horas. — Suspirou em seguida — Vamos, vou te ajudar a ir até o banheiro. Enquanto você toma banho, eu busco as coisas e troco de roupa, também estou molhada. Depois que terminar com você, eu tomo banho.

Rachel o ajudou a ir para o banheiro, colocou a cadeira e saiu de lá, indo para a parte que correspondia a sua casa. Ela morava no fundo da clínica, o espaço não era dos maiores ou melhores, mas ela pensou que assim poderia economizar, pois se tivesse que pagar por dois aluguéis, não seria fácil para alguém como ela, que estava começando.

A porta que dava acesso a sua casa, ela trancou assim que entrou, era um hábito que ela tinha, mesmo que não tivesse um estranho tomando banho no local. Ela tirou aquela roupa molhada, mas seus pensamentos estavam uma bagunça. Aquele homem dizia coisas estranhas, aquele cheiro persistente que vinha dele, além dos choques que sentia sempre que encostava nele. Aquilo já estava a deixando perturbada, e ela precisava descobrir alguma coisa sobre aquele homem misterioso, que mexia com todos os seus sentidos.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo