Philip começou aquele banho, deixando a água morna cair por seu corpo, tentando relaxar, mas ainda sentia dor quando a água passava por suas feridas. Se seu lobo estivesse bem, aquelas feridas já estariam curadas, mas o veneno o enfraquecia.
— Tem um cheiro diferente nesse lugar, quem nossa companheira deixou entrar aqui?
— Zeus ficou inquieto.— Sei o quanto o vínculo pode nos tornar possessivos, mas não se esqueça que ela não sabe nada sobre isso. Ela disse que esse é um banheiro de funcionários; ela deve ter um, ou até mesmo um namorado.
O pensamento fez Zeus rosnar em sua mente, mas ele também se sentiu incomodado ao imaginar Rachel com outro homem, mesmo que não tivesse a intenção de ficar com ela. O vínculo ainda estava lá, e era inevitável sentir ciúme dela.
— Esse é o problema com os humanos, ela não vai entender a profundidade do vínculo conjugal, já vi lobos quase enlouquecendo por causa disso, Zeus.
— Se ela tiver um namorado, eu arranco a cabeça dele e fica tudo bem.
— Não se esqueça de que não estamos na alcateia, você não pode simplesmente sair arrancando a cabeça de quem se aproximar dela. — Revirou os olhos com a impulsividade de seu lobo.
— Quero ver você dizer isso quando ver alguém abraçado com ela, ou até mesmo a beijando. — O provocou e ficou quieto, mostrando que estava nervoso.
Philip tentou não pensar naquilo e procurou focar em como recuperar sua alcateia, em como faria Quinton pagar pelo que tinha feito.
Rachel terminou de se vestir e procurou por algo que Philip pudesse usar. Ela acabou encontrando um short de basquete que seu ex-namorado deixou ali, e aquilo teria que servir.
Ela ligou para uma farmácia e pediu várias coisas que não tinha em sua clínica, para fazer um tratamento adequado para humanos. Pegou toalhas e um cobertor antes de voltar para verificar como ele estava. Rachel esperava que ele estivesse no banheiro, não nu pela sala, mesmo que tivesse sentido todo seu corpo esquentar com aquela visão.
Rachel não conseguiu deixar de reparar no V que se formava no baixo ventre dele, a barriga com gomos definidos e sua parte íntima bem-dotada. Ao se lembrar, sentiu um frio percorrer sua barriga.
— Por que diabos estou pensando nisso? Nem sei quem ele é. Até mesmo casado ele pode ser. Mesmo cheio de feridas, dá para ver que ele é um homem bonito. Um homem como ele não fica sozinho.
Ela terminou aqueles pensamentos assim que entrou na parte da clínica. Suspirou ao ver que ele não estava por ali, foi até o banheiro e bateu na porta.
— Philip, está tudo bem por aí? — Tinha medo de que ele desmaiasse ali.
A porta se abriu, e ela virou o rosto para o outro lado, mesmo que a vontade de olhar novamente fosse grande, assim como era o corpo dele.
— Trouxe uma toalha e um short que encontrei. Depois de se vestir, me avise para que eu te ajude a sair e vou olhar melhor suas feridas.
Ela sentiu o toque dele ao pegar a toalha. Aquela sensação de formigamento era boa, ao mesmo tempo que era inquietante sentir aquilo. Era como se algo fosse ligado em seu corpo. A porta se fechou, e ela soltou a respiração que estava presa, suspirou e foi em direção aos medicamentos que tinha por ali. Pegou algumas coisas que poderia usar nele, mas parou, incomodada com os latidos que vinham da parte onde os bichos ficavam.
Rachel foi até o lugar, ligou a luz e pôde ver todos inquietos, latindo e se movendo dentro das gaiolas. Sabia que eles poderiam ficar agitados em uma tempestade, mas a chuva já estava passando. Antes que ela pudesse chegar mais perto, ouviu a campainha e imaginou ser da farmácia. Depois voltaria para tentar acalmar os animais.
— Já volto, preciso atender a porta — falou para Philip, passando por ele na porta do banheiro.
Rachel pegou as sacolas e pagou ao entregador. Enquanto guardava as coisas em uma das mesas, ouviu um rosnado que lhe deu calafrios e voltou para onde os cães estavam. Ela não viu Philip no banheiro e, ao entrar na parte onde os animais ficavam, o viu parado, suas costas largas e definidas com alguns cortes.
Não foi apenas as costas de Philip que chamou sua atenção, mas a forma como os animais estavam. Todos estavam quietos e deitados no fundo das gaiolas, quase como se estivessem com muito medo.
— O que aconteceu aqui? — perguntou, olhando em volta para os animais.
— Nada, apenas mandei que ficassem quietos — respondeu, se virando, mancando e voltando para a outra sala.
Rachel ainda ficou por alguns segundos olhando para aqueles animais. Nunca tinha visto nada parecido. Várias vezes ela mandava que ficassem quietos, mas eles não obedeciam, e agora Philip os fez ficar assim, como se fossem todos adestrados.
Ela voltou para sua sala e o encontrou sentado, segurando sua perna machucada. Ela seguiu para a bancada onde cuidava dos animais, colocou as luvas e a máscara, preparou todas as coisas e começou a limpar aquela mesa, não era o ideal, mas era o que tinha, ela pediu que ele se deitasse e começou a limpar suas feridas. Ele olhou algumas vezes para ela, que parecia concentrada no que fazia, mas conseguia ouvir seu coração acelerado e seus lábios se curvaram em um leve sorriso.
Rachel ainda conseguia sentir aquele cheiro, mesmo estando de máscara. Era estranho a sensação de conforto, paz e excitação que aquele cheiro lhe causava. Por mais que ela estivesse sendo profissional naquele momento, ela queria tirar as luvas e percorrer suas mãos por cada parte do corpo dele. Esse desejo a assustava, pois nunca sentiu nada parecido por nenhum homem com quem já teve contato, nem mesmo com seu ex. Ela olhou para o rosto de Philip e encontrou seus olhos a encarando, com a íris com um leve tom de âmbar. Pela expressão dele, parecia estar em algum tipo de luta interna, assim como ela estava lutando contra seus próprios desejos.
Para Philip, aquilo também não estava sendo fácil, ainda mais com Zeus animado em sua cabeça, se ele estivesse bem, provavelmente estaria saltando por ali. O cheiro da excitação de Rachel também o excitava, sabia que era o vínculo falando, apenas não imaginava que poderia mexer tanto assim com ele. Ele estava lutando com Zeus; sua vontade, mesmo estando debilitado, era de assumir o controle e tomar Rachel ali mesmo, e depois marcá-la, mas esse não era bem o plano de Philip, que estava se contendo ao máximo. — Ela cheira tão bem, ela gosta de nós, Philip, ouça e sinta como ela está nervosa e excitada. — Estava com a língua de fora, respirando pesadamente. — Se não se comportar, vou ter que te bloquear. Já disse que não é tão simples. Parou para pensar que ela pode nos rejeitar quando souber o que somos? Não fique animado antes da hora. — ouviu seu lobo choramingar e ficar triste. — Se estiver doendo, me avise — falou com ele, percebendo a careta que fazia. — Está tudo bem, pode co
Na alcateia, Quinton havia mandado levar Taylor; aquela conversa era para ser a sós com Sara. — Agora podemos conversar tranquilamente. Acredito que nossa conversa possa ser longa. — Passou a mão pelo ombro de Sara — Sente-se. Quinton deu a ordem, e ela obedeceu. Afinal, não teria muita escolha naquele momento. Ela ainda não era forte o suficiente, havia acabado de completar dezoito anos e ganhou sua loba recentemente. Não conseguiria lutar contra um guerreiro habilidoso como ela sabia que Quinton era. — Muito bem, vamos direto ao assunto. Agora que sou o novo Alfa, vou precisar de uma Luna ao meu lado. Tenho certeza de que você seria a escolha perfeita — falou, sentando-se na mesa, próximo a ela. — Você sabe muito bem que não somos companheiros, Quinton — respondeu com desgosto na voz — E mesmo se fôssemos, saiba que eu o rejeitaria. — Agora irá aprender a me chamar de Alfa. — Segurou seu queixo com firmeza — Você não é mais a irmã do Alfa para manter essa arrogância. Tenho cert
Rachel voltou à clínica após tomar banho para remover o soro que havia deixado em Philip. Ela aproveitou a oportunidade para coletar um pouco de sangue e guardou-o, alegando que iria fazer uma análise pela manhã.— Gostaria de dormir no escritório? Essa mesa é um pouco dura para passar a noite — perguntou, ajudando-o a se levantar.— Concordo. Um sofá é definitivamente mais confortável do que esta mesa.Enquanto caminhavam em direção ao escritório, Rachel ainda sentia aquele aroma agradável que emanava de Philip. Isso a intrigava, uma vez que ele não estava usando perfume. Ela ficou curiosa, pois esse aroma não deveria estar vindo dele.— Como você pode ter um cheiro tão agradável?Somente após fazer a pergunta, ela percebeu que isso poderia ser interpretado de forma inadequada. Rachel endireitou sua postura, sentindo-se um pouco envergonhada ao notar o leve sorriso no rosto de Philip.— Esse é o meu cheiro natural, mas acredito que somente você consegue senti-lo tão intensamente. Com
Aquela noite nenhum dos dois conseguiu dormir direito, tanto Rachel, quanto Philip, demoraram para pegar no sono. Ele sabia o motivo de toda aquela insônia, mas ela não e aquilo a deixava inquieta. — Caramba! Que noite ruim… preciso ir ver como está o meu hóspede, espero que ele ainda esteja vivo. Ela se levantou e se arrumou, indo em direção à sala da clínica, quando abriu a porta não o viu por lá e imaginou que ele ainda estivesse dormindo e seguiu em direção ao seu escritório. Rachel entrou devagar e o encontrou dormindo, ela se aproximou e o cheiro dele voltou a inundar os seus sentidos, fazendo seu corpo arrepiar. Ela ficou parada o olhando, com a desculpa de ver se ele estava respirando e ficou olhando seu peito nu subir e descer. — Gosta do que está vendo? — perguntou, ainda com os olhos fechados. Rachel se assustou e deu um passo para trás, ela não sabia que ele estava acordado e ficou constrangida por ser pega o observando. — Apenas estava olhando se estava respirando.
Rachel dirigiu-se ao mercado sem qualquer preocupação de que estivesse sendo observada. Caminhou por lá, escolhendo algumas coisas, e pensou que, devido ao tamanho de Philip, ele provavelmente comeria bastante. Por momentos, sentiu uma sensação estranha, olhou ao redor e para trás, mas não notou nada diferente ou alguém escondido, por exemplo. — Que coisa estranha! Será que tem fantasmas por aqui? — perguntou, passando a mão pelo braço. Ela continuou a percorrer o mercado, pegou carne e alguns vegetais. Quando chegou à seção de bebidas, não resistiu à tentação de escolher um vinho para levar, talvez precisasse dele para dormir melhor naquela noite. Rachel retornou ao seu carro com as compras que havia feito e dirigiu-se para casa. Devido àquela sensação estranha, sentia como se algo a alertasse que estava em perigo de alguma forma. Começou a olhar mais frequentemente pelo retrovisor interno e percebeu que um carro sempre seguia na mesma direção. Ela não reconheceu o carro que a es
O clima entre Philip e Victor estava muito tenso. A situação de Philip não era boa; ele sabia que não conseguiria fazer muita coisa contra aquele vampiro, mas não deixaria que ele percebesse. — Tem certeza de que quer começar isso, lobo? — Olhou para o corpo do oponente à sua frente — Você não parece estar na melhor forma possível. — Mas ainda posso te dar uma surra — respondeu Philip, não demonstrando fraqueza nem medo. Victor colocou suas presas para fora, mas antes que pudessem começar aquela briga, ouviram a voz de Rachel vinda da porta. — Chamei a polícia, Victor. Se não quer parar na cadeia, sugiro que dê o fora da minha propriedade. Ele retraiu suas presas, assim como Philip, que também escondeu suas garras. Nenhum dos dois queria deixar que ela soubesse o que eles realmente eram. — Deixa para a próxima. Da próxima vez que cruzar meu caminho, não terei pena de você — falou Victor, mudando a cor de seus olhos mais uma vez. Ele começou a se afastar de costas, precavido, sa
Rachel esperou estar perto do carro, para poder falar o que queria com seu amigo e sabia que ele estaria bem curioso com que acabou de ver. — As roupas que pedi são para ele. Na verdade, eu o atropelei na noite passada e ele está bem machucado. — Começou sua explicação. — Como assim atropelou? Mas por que você não o levou para o hospital? Sei que disse que ele parece um urso, mas você é uma veterinária, ele precisa de cuidados médicos para humanos. — Ele não quis ir. Acho que ele está fugindo de alguém. Ele veio da floresta nos arredores de Ames. Quando eu o atropelei, ele já estava bastante machucado, com mordidas e marcas de garras de lobo, sem falar no tornozelo fraturado. Xander olhou para ela ainda incrédulo do que ela havia acabado de falar, como se fosse impossível tudo aquilo. — Espera. Rachel, estamos falando de um ser humano, não do incrível Hulk. Como ele poderia estar em pé na sua porta, depois de tudo isso que acabou de falar? Ele sobreviveu a um ataque de lobos? El
Philip percebeu como o clima ficou estranho quando ele fez aquela pergunta e a expressão dos dois não conseguia esconder que aquela pergunta causou incômodo aos dois. — Disse alguma coisa errada? — perguntou Philip, confuso com a reação dos dois. — Melhor mudar o assunto. Mas me diz você, tem família em Ames? Philip não conseguiu decifrar o motivo daquela atitude, mas entendeu que havia algum problema relacionado a família dela. Ele não iria insistir naquele assunto, afinal, eles não o conheciam, provavelmente não queriam dar informações. — Tenho uma irmã — respondeu, aceitando mudar aquele assunto. A resposta veio, mas o clima ainda permaneceu o mesmo, talvez até um pouco mais tenso do que antes. O silêncio constrangedor voltou ao local e apenas se ouvia os movimentos de Rachel na cozinha e Philip ainda tinha que aguentar Zeus o perturbando. Alguns minutos se passaram, que mais parecia uma eternidade e o silêncio foi rompido apenas por Rachel pedindo ajuda para Xander, com a org