Vinculo

Para Philip, aquilo também não estava sendo fácil, ainda mais com Zeus animado em sua cabeça, se ele estivesse bem, provavelmente estaria saltando por ali. O cheiro da excitação de Rachel também o excitava, sabia que era o vínculo falando, apenas não imaginava que poderia mexer tanto assim com ele. 

Ele estava lutando com Zeus; sua vontade, mesmo estando debilitado, era de assumir o controle e tomar Rachel ali mesmo, e depois marcá-la, mas esse não era bem o plano de Philip, que estava se contendo ao máximo. 

Ela cheira tão bem, ela gosta de nós, Philip, ouça e sinta como ela está nervosa e excitada. — Estava com a língua de fora, respirando pesadamente. 

— Se não se comportar, vou ter que te bloquear. Já disse que não é tão simples. Parou para pensar que ela pode nos rejeitar quando souber o que somos? Não fique animado antes da hora. — ouviu seu lobo choramingar e ficar triste. 

— Se estiver doendo, me avise — falou com ele, percebendo a careta que fazia. 

— Está tudo bem, pode continuar — afirmou, olhando para outro lado. 

Rachel terminou um dos braços de Philip; em seguida, colocou um soro, na intenção de ajudar com sua fraqueza. Sabia que não tinha um antídoto que pudesse usar para tirar aquele veneno do corpo dele, então lhe restava improvisar. 

Sua respiração permanecia ofegante enquanto cuidava dos ferimentos dele, conseguia aproveitar para olhar para o corpo dele. Imaginou que ele deveria ter gastado muito tempo para construir todos aqueles músculos. Para evitar continuar tendo pensamentos impróprios, resolveu fazer algumas perguntas. 

— Não precisa avisar ninguém de que está vivo? 

— Quer saber se tenho uma esposa ou namorada para quem deveria ligar? — Deu um sorriso de lado. 

Mesmo que ele não pudesse ver, os lábios dela se separaram e ela o olhou. Não percebeu que sua pergunta pudesse deixar transparecer o que ela realmente queria saber. 

— E você tem? — Fingiu desinteresse. 

— Não tenho, apenas uma irmã que ficou para trás. — Seu semblante mudou. 

— Desculpe se perguntei algo que o deixou desconfortável. — Notou que ele ficou tenso. 

— Não se preocupe, tenho certeza de que em breve vou dar um jeito de voltar e acabar com quem fez isso comigo. 

Rachel olhou para alguns ferimentos e sua curiosidade estava falando mais alto; ela precisava saber se ele foi atacado por algum animal. 

— Vi que você tem ferimentos que parecem que foram feitos por mordidas e até por garras. Você foi atacado por algum animal? 

Cães sarnentos da pior espécie. Rosnou Zeus ao se lembrar. 

— Sim, fui atacado por lobos. 

Aquela era a melhor explicação que ele poderia dar; ele não poderia dizer que foi atacado por um lobisomem, até porque imaginava que ela apenas iria sorrir do que ele dissesse. 

— Então precisa tomar uma injeção, isso não posso fazer aqui. 

— Não vou precisar disso — afirmou com confiança. 

— Que tipo de homem você é? Afirmou que não morreria com o acônito, agora diz que não precisa da vacina. Tem superpoderes ou algo parecido? 

Philip teve uma grande vontade de responder aquela pergunta, mas não adiantaria e teria que provar o que era. Naquele momento, ele não conseguiria se transformar tão facilmente para dar uma pequena demonstração para sua companheira. 

— Se eu tivesse poderes, não teria sido afetado pelo veneno. Apenas tenho certeza de que não vou precisar. 

— Bom, isso é com você — respondeu demonstrando sua irritação pela teimosia dele. 

Rachel olhou para as feridas mais profundas; teria que dar pontos, mas o que mais a estava preocupando era o tornozelo dele, que parecia mais sério. 

— Não se preocupe com ele, apenas faça um torniquete, se conseguir — falou quando viu que ela olhava para sua perna. 

— Como sabia o que eu estava pensando? — Olhou intrigada para ele. 

— Apenas vi para onde estava olhando. 

Aquele era um dos benefícios do vínculo; ele sabia quando ela estava com medo, nervosa, aflita e preocupada. Ele iria conseguir sentir até mesmo quando ela sentisse dor. Aquilo chegava a assustar alguns lobos, pois uma das piores partes era saber quando seu companheiro estava dormindo com outra pessoa; a dor que se sentia no peito era cruel. 

Para a maioria dos lobisomens e lycans, o vínculo conjugal era algo sagrado. Normalmente, as lobas se guardavam para seus companheiros predestinados, que poderiam ser encontrados quando fizesse dezoito anos. Apenas alguns resistiam e rejeitavam seus companheiros, por serem ômegas na maioria das vezes ou escravos, para as matilhas que ainda praticam esse ato. 

Rachel não questionou a resposta dele e continuou. Explicou para ele o que iria fazer e começou com os pontos, depois seguiria para a perna machucada. Enquanto fazia aqueles curativos, se perguntava como ele conseguiu sair vivo de uma briga com lobos; a cena deveria ter sido aterradora. 

Durante todo o procedimento, Philip não esboçou nenhuma dor, apenas quando ela foi para sua perna, que ele deu alguns gemidos. Sua cura estava acontecendo, mas era de forma lenta, já que seus dons curativos vinham de sua parte lobo, aquele processo poderia ser mais rápido se ele bebesse o sangue de um Alfa, ou melhor ainda, de um Lycan. 

— O que eu poderia fazer aqui de forma improvisada, eu já fiz. Vou aplicar um antibiótico no seu soro, sei que isso vai ajudar, além de um analgésico. Quando o soro acabar, você pode se deitar no meu escritório, tem um sofá lá, ou pode dormir nessa mesa. Apenas não vou deixar que entre na minha casa, me desculpe. Não conheço você, acabei trazendo você para minha casa, mesmo sem saber o motivo. Espero que entenda. 

Rachel tirou as luvas e a máscara; tinha uma expressão cansada e preocupada. Não podia deixar de se perguntar se realmente não se meteu em alguma roubada. 

— Vou retirar um pouco do seu sangue para verificar como está. Por enquanto, descanse. Amanhã conversamos sobre o que fazer. — Espirrou assim que terminou de falar. 

— Vá tomar um banho quente e tome um chá. Você pegou aquela chuva e não se cuidou. Não quero que fique doente por minha causa. 

A expressão que Philip tinha no rosto era de preocupação, mas aquelas palavras soaram quase como uma ordem que seu corpo reconhecia como algo que ela teria que fazer. Se despediu dele e mostrou o cobertor, dizendo que voltaria para tirar o soro, mas a verdade era que ela estava cansada e confusa daquele dia. Suas emoções e reações eram uma bagunça, mas sabia que a causa era o homem deitado na mesa em sua clínica.

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