Taylor e Sara foram levados para a sala que agora era de Quinton, ambos foram obrigados a se ajoelharem na frente dele, que não gostou muito que Taylor ainda o olhava nos olhos, não ficando de cabeça baixa em sua presença.
— Você deveria estar olhando para baixo. — Socou o rosto dele.
— Quinton! Você não precisa fazer isso, não estamos resistindo. — Sara interveio.
— Essa é uma decisão sábia, minha querida. — Segurou seu queixo — Não pense que vou deixar vocês se rebelarem.
— Assim como fez com meu irmão? — perguntou, sentindo seu queixo ser empurrado.
— Seu irmão era um fraco, ele não pensava grande, como um verdadeiro Alfa deve fazer. Insisti para que ele expandisse nossas fronteiras, mas ele não quis, sempre insistiu em ficar nessa mesmice.
— O Philip pensava no seu povo, coisa que você não está fazendo. Vivemos bem aqui, não precisamos entrar em conflito com nenhuma matilha, isso apenas traria mortes, era nisso que meu irmão pensava, se fosse preciso defender nossa matilha com sua vida, ele defenderia, mas não estava disposto a iniciar uma guerra sem sentido.
Quinton bateu palmas e tinha um sorriso no rosto, ele voltou para sua cadeira e se sentou, estalando os dedos e pedindo uma bebida para ele.
— Falou como uma verdadeira Luna. — Sorriu de lado para ela.
— Luna? Do que está falando? — perguntou confusa.
— Levante-se, vamos conversar, tenho uma proposta para fazer para você.
Sara se levantou, olhou primeiro para Taylor, antes de se aproximar. Ela era esperta e ao ouvir ele falar sobre ela ser uma verdadeira Luna, imaginou o que ele fosse querer, mas não estava disposta, seu Alfa sempre seria seu irmão.
— Como você sabe, ainda não encontrei minha companheira, um Alfa precisa de sua Luna, assim a matilha se fortalece, inclusive, esse era um ponto que também explicava para seu irmão. Eu dizia que ele deveria escolher uma Luna, mas ele continuava com a ideia fixa de que iria esperar por sua companheira.
— Não culpe meu irmão por querer seguir nossas crenças.
— Do que adiantou essas crenças? Ele foi derrotado e saiu daqui como um cão, com o rabo entre as pernas.
— Tinha alguma coisa errada com ele e você sabe disso — afirmou, pois percebeu que seu irmão não estava bem.
— Não procure desculpas para a perda dele, mas eu trouxe vocês aqui por outro motivo. — Tentou mudar de assunto — Quero saber se ele entrou em contato com vocês, como ele foi banido, não quero saber desse contato entre vocês.
— Contato? — Estreitou seus olhos para ele — Sabe bem que o vínculo se rompe, quando alguém é expulso da alcateia, não teria como ele se comunicar, não estamos com nossos telefones.
Quinton analisou Sara, não farejou mentira em sua voz, talvez houvesse mesmo a possibilidade de ele estar morto. Ele estava satisfeito com aquela resposta, apenas ficaria mais satisfeito se conseguisse que Sara fosse sua Luna.
****************
Em Des Moines, a chuva havia diminuído, o que possibilitou que Rachel andasse um pouco mais rápido, ela ficou mais calma quando viu que o desconhecido em seu carro, não estava se movendo, ou tentando puxar conversa com ela.
Rachel pensou um pouco para onde levaria aquele homem, como ele não queria ir para o hospital, ficou sem saber onde poderia deixá-lo, mas dentro dela, parecia ter uma voz que dizia que ela poderia confiar em Philip, acabou fazendo algo que jamais pensou que faria.
— Chegamos — falou, esperando que ele abrisse seus olhos.
Ele abriu os olhos e olhou primeiramente para ela, antes de olhar em volta, sua visão não estava muito boa, mas ao menos, ela não o havia levado para o hospital.
— Enrole esse cobertor em volta do seu corpo, não queremos que os vizinhos vejam a cena de um homem pelado entrando na minha clínica.
Philip ouviu aquelas palavras e se perguntou se ela era médica, mas logo a dúvida bateu, pois ela não seguiu os procedimentos que um médico faria. A chuva ainda caia, mas estava fraca, ela saiu do carro e foi até a porta da clínica, enquanto ele a observava. Ela destrancou e ligou as luzes, voltando para o ajudar.
Ele saiu com a ajuda dela, sem seu lobo para ajudar na cura, ele ainda sentiu muita dor na perna que estava com o tornozelo quebrado, ela o ajudou a enrolar o cobertor em volta dele, mais uma vez o ajudando, até que finalmente entraram na clínica.
Mesmo fraco, Philip olhou em volta e ouviu alguns latidos, se dando conta de que a clínica a que ela se referiu, era uma clínica veterinária, ele não queria, mas teve que sorrir daquela ironia.
— Viu, nossa companheira pode nos ajudar — falou Zeus.
— O único que precisa de veterinário aqui é você, Zeus e não eu. — O respondeu, percebendo que ele estava um pouco mais animado.
Rachel voltou ao carro e pegou sua mala, trancando a porta atrás de si, quando entrou de volta na clínica, percebeu a expressão dele.
— Do que está rindo? — perguntou, ao ver a expressão relaxada em seu rosto.
— Uma piada interna. — Deu um leve sorriso para ela.
— Como você pode ver, essa é uma clínica veterinária, não tenho os produtos necessários para cuidar de um humano, mas posso tentar ajudar com as feridas pelo seu corpo — falou, enquanto andava pelo local — O ideal era que você tomasse um banho primeiro, posso pedir algumas coisas na farmácia, assim posso fazer seu curativo.
— Onde tem um banheiro?
Rachel se virou para o responder, mas Philip já estava sem o cobertor novamente, daquela vez ela não conseguiu ficar sem o olhar, mas se virou em seguida, não sabia como iria ser, com aquele homem andando nu por sua clínica.
Philip podia ouvir os batimentos cardíacos de Rachel e sabia que ela estava constrangida, mas não se importava por estar sem roupa. Normalmente, os lobisomens não sentem vergonha por estarem nus, pois se transformam com frequência e acabam vendo uns aos outros pelados. No entanto, ele precisava lembrar que esse não era um costume dos humanos.— Você tem algum problema com a nudez? — perguntou a ela, apenas com o interesse de provocá-la.— Diferente de você, que parece não ter nenhum problema com isso. Por acaso, veio de alguma comunidade de naturistas? — Ela ainda permanecia de costas.— De onde venho, é normal ver outras pessoas nuas.— Não sei de onde você vem, mas não é normal por aqui que um homem fique pelado como você está agora, na frente de uma mulher, principalmente uma que ele acabou de conhecer. Isso é algo feito entre casais. — Rachel não sabia se estava apenas piorando a situação com seus argumentos.— Por que não diz para ela que somos seus companheiros? Explique que vam
Philip começou aquele banho, deixando a água morna cair por seu corpo, tentando relaxar, mas ainda sentia dor quando a água passava por suas feridas. Se seu lobo estivesse bem, aquelas feridas já estariam curadas, mas o veneno o enfraquecia. — Tem um cheiro diferente nesse lugar, quem nossa companheira deixou entrar aqui? — Zeus ficou inquieto. — Sei o quanto o vínculo pode nos tornar possessivos, mas não se esqueça que ela não sabe nada sobre isso. Ela disse que esse é um banheiro de funcionários; ela deve ter um, ou até mesmo um namorado. O pensamento fez Zeus rosnar em sua mente, mas ele também se sentiu incomodado ao imaginar Rachel com outro homem, mesmo que não tivesse a intenção de ficar com ela. O vínculo ainda estava lá, e era inevitável sentir ciúme dela. — Esse é o problema com os humanos, ela não vai entender a profundidade do vínculo conjugal, já vi lobos quase enlouquecendo por causa disso, Zeus. — Se ela tiver um namorado, eu arranco a cabeça dele e fica tudo bem.
Para Philip, aquilo também não estava sendo fácil, ainda mais com Zeus animado em sua cabeça, se ele estivesse bem, provavelmente estaria saltando por ali. O cheiro da excitação de Rachel também o excitava, sabia que era o vínculo falando, apenas não imaginava que poderia mexer tanto assim com ele. Ele estava lutando com Zeus; sua vontade, mesmo estando debilitado, era de assumir o controle e tomar Rachel ali mesmo, e depois marcá-la, mas esse não era bem o plano de Philip, que estava se contendo ao máximo. — Ela cheira tão bem, ela gosta de nós, Philip, ouça e sinta como ela está nervosa e excitada. — Estava com a língua de fora, respirando pesadamente. — Se não se comportar, vou ter que te bloquear. Já disse que não é tão simples. Parou para pensar que ela pode nos rejeitar quando souber o que somos? Não fique animado antes da hora. — ouviu seu lobo choramingar e ficar triste. — Se estiver doendo, me avise — falou com ele, percebendo a careta que fazia. — Está tudo bem, pode co
Na alcateia, Quinton havia mandado levar Taylor; aquela conversa era para ser a sós com Sara. — Agora podemos conversar tranquilamente. Acredito que nossa conversa possa ser longa. — Passou a mão pelo ombro de Sara — Sente-se. Quinton deu a ordem, e ela obedeceu. Afinal, não teria muita escolha naquele momento. Ela ainda não era forte o suficiente, havia acabado de completar dezoito anos e ganhou sua loba recentemente. Não conseguiria lutar contra um guerreiro habilidoso como ela sabia que Quinton era. — Muito bem, vamos direto ao assunto. Agora que sou o novo Alfa, vou precisar de uma Luna ao meu lado. Tenho certeza de que você seria a escolha perfeita — falou, sentando-se na mesa, próximo a ela. — Você sabe muito bem que não somos companheiros, Quinton — respondeu com desgosto na voz — E mesmo se fôssemos, saiba que eu o rejeitaria. — Agora irá aprender a me chamar de Alfa. — Segurou seu queixo com firmeza — Você não é mais a irmã do Alfa para manter essa arrogância. Tenho cert
Rachel voltou à clínica após tomar banho para remover o soro que havia deixado em Philip. Ela aproveitou a oportunidade para coletar um pouco de sangue e guardou-o, alegando que iria fazer uma análise pela manhã.— Gostaria de dormir no escritório? Essa mesa é um pouco dura para passar a noite — perguntou, ajudando-o a se levantar.— Concordo. Um sofá é definitivamente mais confortável do que esta mesa.Enquanto caminhavam em direção ao escritório, Rachel ainda sentia aquele aroma agradável que emanava de Philip. Isso a intrigava, uma vez que ele não estava usando perfume. Ela ficou curiosa, pois esse aroma não deveria estar vindo dele.— Como você pode ter um cheiro tão agradável?Somente após fazer a pergunta, ela percebeu que isso poderia ser interpretado de forma inadequada. Rachel endireitou sua postura, sentindo-se um pouco envergonhada ao notar o leve sorriso no rosto de Philip.— Esse é o meu cheiro natural, mas acredito que somente você consegue senti-lo tão intensamente. Com
Aquela noite nenhum dos dois conseguiu dormir direito, tanto Rachel, quanto Philip, demoraram para pegar no sono. Ele sabia o motivo de toda aquela insônia, mas ela não e aquilo a deixava inquieta. — Caramba! Que noite ruim… preciso ir ver como está o meu hóspede, espero que ele ainda esteja vivo. Ela se levantou e se arrumou, indo em direção à sala da clínica, quando abriu a porta não o viu por lá e imaginou que ele ainda estivesse dormindo e seguiu em direção ao seu escritório. Rachel entrou devagar e o encontrou dormindo, ela se aproximou e o cheiro dele voltou a inundar os seus sentidos, fazendo seu corpo arrepiar. Ela ficou parada o olhando, com a desculpa de ver se ele estava respirando e ficou olhando seu peito nu subir e descer. — Gosta do que está vendo? — perguntou, ainda com os olhos fechados. Rachel se assustou e deu um passo para trás, ela não sabia que ele estava acordado e ficou constrangida por ser pega o observando. — Apenas estava olhando se estava respirando.
Rachel dirigiu-se ao mercado sem qualquer preocupação de que estivesse sendo observada. Caminhou por lá, escolhendo algumas coisas, e pensou que, devido ao tamanho de Philip, ele provavelmente comeria bastante. Por momentos, sentiu uma sensação estranha, olhou ao redor e para trás, mas não notou nada diferente ou alguém escondido, por exemplo. — Que coisa estranha! Será que tem fantasmas por aqui? — perguntou, passando a mão pelo braço. Ela continuou a percorrer o mercado, pegou carne e alguns vegetais. Quando chegou à seção de bebidas, não resistiu à tentação de escolher um vinho para levar, talvez precisasse dele para dormir melhor naquela noite. Rachel retornou ao seu carro com as compras que havia feito e dirigiu-se para casa. Devido àquela sensação estranha, sentia como se algo a alertasse que estava em perigo de alguma forma. Começou a olhar mais frequentemente pelo retrovisor interno e percebeu que um carro sempre seguia na mesma direção. Ela não reconheceu o carro que a es
O clima entre Philip e Victor estava muito tenso. A situação de Philip não era boa; ele sabia que não conseguiria fazer muita coisa contra aquele vampiro, mas não deixaria que ele percebesse. — Tem certeza de que quer começar isso, lobo? — Olhou para o corpo do oponente à sua frente — Você não parece estar na melhor forma possível. — Mas ainda posso te dar uma surra — respondeu Philip, não demonstrando fraqueza nem medo. Victor colocou suas presas para fora, mas antes que pudessem começar aquela briga, ouviram a voz de Rachel vinda da porta. — Chamei a polícia, Victor. Se não quer parar na cadeia, sugiro que dê o fora da minha propriedade. Ele retraiu suas presas, assim como Philip, que também escondeu suas garras. Nenhum dos dois queria deixar que ela soubesse o que eles realmente eram. — Deixa para a próxima. Da próxima vez que cruzar meu caminho, não terei pena de você — falou Victor, mudando a cor de seus olhos mais uma vez. Ele começou a se afastar de costas, precavido, sa