Estamos na metade do livro. O que estão achando? O que acham que pode melhorar? sempre tenho espaço para adaptações ao revisar os capítulos e amarei responder cada incentivo que me enviarem <3
O bairro da Liberdade estava um espetáculo. Lanternas vermelhas e douradas enfeitavam as ruas, o som ritmado dos tambores preenchia o ar, e os aromas das barracas de comida tradicional despertavam lembranças da infância de Tábata. Guilherme segurava sua mão ao atravessarem a multidão, desviando de crianças empolgadas e adultos sorridentes celebrando o Ano-Novo Chinês. — É incrível! — exclamou Tábata, os olhos brilhando ao ver os movimentos do dragão colorido deslizando graciosamente entre a multidão, as fitas douradas refletindo a luz do sol. — Tenho que gravar tudo pra enviar pro Lee e pro Tomás — disse pegando o celular. — Era o nosso dia favorito com a vovó — contou, sorrindo ao ver os bailarinos em trajes vibrantes ondulando como um único ser.— Gravo pra você — ele decidiu pegando o próprio aparelho, apontando a câmera para ela. — Fala alguma coisa pra ele.Ela riu, ajeitando o cabelo, o rosto iluminado pela felicidade. — Você tinha que estar aqui! Está maravilhoso, e o cheiro
Os dias que seguiram o Festival da Primavera passaram como uma névoa para Tábata. A intensidade no olhar, no beijo e no toque de Guilherme naquele dia, somando a declaração de desejo pairava como um enigma em sua mente acostumada as armadilhas das emoções. “Eu te desejo, Taby”, a voz dele rouca e baixa, ecoava em seu coração como uma melodia doce e convidativa pela qual esperou por anos. Mas, depois do festival, ele não tinha tentado nada no sentido que as palavras levavam, tendo o comportamento habitual que se tornou a rotina deles: Dormiam juntos, abraçados, como ele atrás dela envolvendo-a em seus braços com carinho, sem nenhum toque mais ousada, tão íntimo quanto casto. Ele a beijava sempre ao sair para o trabalho e ao voltar para casa, mas eram beijos suaves, simples, diferentes do turbilhão que havia sentido na noite do festival.Guilherme a desejava mesmo? Ou aquelas palavras ditas no festival haviam sido apenas um momento impulsivo? Ele parecia tão tranquilo, como se tudo es
O motor do Ford Ranger rugiu suavemente quando Guilherme começou a manobrar para fora da garagem. De pé na calçada, Tábata observava, ainda perdida nas implicações da conversa que tiveram na cozinha. Segurava a vassoura, que pegou para limpar a calçada, mas seus pensamentos estavam fixos no homem dentro do carro, imaginando a conversa que teriam quando ele voltasse do trabalho.O som de freios a despertou para outro carro parando perto dela. Moveu os olhos para o sedan preto de janelas escurecidas, reconhecendo-o imediatamente: era o veículo que sempre trazia Paulina. Apesar do retorno de Guilherme, a prima dele a visitava todos os dias pela manhã.Curvando-se com uma mão pousada no ventre, sorridente acenou para Paulina enquanto o carro terminava de estacionar. Deu um leve pulo ao sentir um abraço em seus ombros. Confusa, percebeu que o Ranger estava parcialmente para fora da garagem, a
A cozinha estava mergulhada em um silêncio sereno, quebrado apenas pelo som suave da colher que Tábata girava na xícara de chá. Seu olhar pairava sobre o pequeno vaso de hortelã no peitoril da janela. As folhas verdes pareciam brilhar sob o sol, contrastando com a opressão pesando em seu peito.A conversa com Paulina girava em sua mente. Era irônico e doloroso pensar que a prima de Guilherme tentou empurra-la para um quase estranho, mas nunca pareceu enxergá-la como uma opção para Guilherme, mesmo conhecendo a proximidade dos dois.— Deve me achar indigna — murmurou para si mesma, os dedos pousando instintivamente sobre o ventre arredondado.Os pensamentos lhe escapavam em fluxo desordenado. O que Paulina e a família Perez pensariam dela quando soubessem a verdade? Não sobre o bebê, uma luz pura em sua vida, mas sobre o homem que a deixou nessa s
Tábata despertou lentamente, os olhos piscando preguiçosos enquanto o calor familiar do corpo de Guilherme a envolvia por trás. O braço dele estava sobre sua cintura, aconchegando-a, a mão grande cobrindo seu ventre de uma forma que a fazia sentir-se protegida.Sorriu, um sorriso cheio de uma felicidade serena e infinita. Deslizou os dedos delicadamente pela mão dele, sentindo a textura da pele, os calos que denunciavam sua dedicação ao treino de artes marciais e, ao mesmo tempo, tinham uma suavidade ao tocá-la.Era difícil acreditar que fosse real. Que, depois de tantas reviravoltas, estavam juntos. Mesmo que em segredo.Inspirou fundo, recordando que sua relação anterior, com o pai de sua bebê, quando passou do flerte para namoro, também foi segredo, porém, por decisão dele.Havia se permitido sonhar naquela época, acreditando nas promessas vazias de casamento, de que ele precisava de tempo para apresenta-la aos pais, por morarem em outro es
Na consulta com a obstetra, Guilherme estava sentado ao lado de Tábata, segurando sua mão, enquanto ela olhava os quadros com imagens de bebês e mensagens sobre maternidade preenchendo as paredes brancas.— Está se sentindo bem? — ele perguntou apertando de leve a mão dela, sentindo o nervosismo dela desde que entraram na sala.— Sempre sinto um pouco de receio nas consultas — admitiu acariciando a barriga. — É como se estivesse prestes a fazer uma prova, mas o resultado é a saúde dela.Compreendendo o motivo da insegurança, visto que tinham passado por momentos delicados na primeira consulta a respeito da saúde da bebê, ele inclinou-se beijando a testa dela com carinho.— Estou aqui por vocês! — garantiu recebendo um beijo doce em retorno.A porta se abriu e a Dra. Mariana entrou com o costumeiro sorriso calmo, os olhos verdes
Os dias ao lado de Guilherme passaram a ter um ritmo gostoso para Tábata. Se entendiam com perfeição e ela não tinha dúvidas sobre os sentimentos dele, tão pouco sobre os próprios. A única razão para não aceitar expor que estavam juntos era o temor de como seria a aceitação dos parentes dele, principalmente quando soubessem do passado dela.Ele dizia para não se preocupar, mas Tábata não conseguia. Sabia que Guilherme valorizava a família e queria fazer parte dela junto com sua filha. No entanto, não era boba de achar que Simone desistiu de afastá-la de Guilherme, e era bem capaz de contar de um jeito deturbado seu passado para os parentes dele se soubesse que estavam juntos.Preferia ir com calma. Com essa intenção, além de aproveitar as visitas matinais de Paulina para firmar uma amizade com a prima dele, sempre ia com Gui
Onze dias depois, o silêncio da madrugada foi interrompido pelo gemido de dor escapando dos lábios de Tábata. Uma pontada intensa atravessou seu ventre, e ela levou a mão automaticamente à barriga arredondada, se sentando desajeitada na cama.— Ai...! — soltou arfante, iniciando a respiração aprendida nas aulas e tentando não entrar em pânico. Outra contração a atingiu e ansiosa bateu no ombro de Guilherme, deitado ao seu lado. — Gui... Guilherme...! Acorda...!Sonolento, ele abriu os olhos sem se mover muito e quase voltando a dormir, mais outro gemido de dor dela o despertou por completo, fazendo-o sentar assustado.— Taby? O que foi? — perguntou confuso, a voz rouca e ainda carregada de sono.— Acho que... ela... está chegando...! — A mistura de dor e ansiedade transparecia em cada palavra solta por Tábata entre