Os dias ao lado de Guilherme passaram a ter um ritmo gostoso para Tábata. Se entendiam com perfeição e ela não tinha dúvidas sobre os sentimentos dele, tão pouco sobre os próprios. A única razão para não aceitar expor que estavam juntos era o temor de como seria a aceitação dos parentes dele, principalmente quando soubessem do passado dela.
Ele dizia para não se preocupar, mas Tábata não conseguia. Sabia que Guilherme valorizava a família e queria fazer parte dela junto com sua filha. No entanto, não era boba de achar que Simone desistiu de afastá-la de Guilherme, e era bem capaz de contar de um jeito deturbado seu passado para os parentes dele se soubesse que estavam juntos.
Preferia ir com calma. Com essa intenção, além de aproveitar as visitas matinais de Paulina para firmar uma amizade com a prima dele, sempre ia com Gui
Onze dias depois, o silêncio da madrugada foi interrompido pelo gemido de dor escapando dos lábios de Tábata. Uma pontada intensa atravessou seu ventre, e ela levou a mão automaticamente à barriga arredondada, se sentando desajeitada na cama.— Ai...! — soltou arfante, iniciando a respiração aprendida nas aulas e tentando não entrar em pânico. Outra contração a atingiu e ansiosa bateu no ombro de Guilherme, deitado ao seu lado. — Gui... Guilherme...! Acorda...!Sonolento, ele abriu os olhos sem se mover muito e quase voltando a dormir, mais outro gemido de dor dela o despertou por completo, fazendo-o sentar assustado.— Taby? O que foi? — perguntou confuso, a voz rouca e ainda carregada de sono.— Acho que... ela... está chegando...! — A mistura de dor e ansiedade transparecia em cada palavra solta por Tábata entre
Descansando na cama do quarto da maternidade, Tábata repousava apoiada por travesseiros macios, o olhar maravilhado preso na filha adormecida no bercinho ao lado, o rostinho delicado envolto por um cobertor cor-de-rosa.Guilherme tinha saído para recepcionar a família dele e, segundo ele, impedir que a prima mais nova entrasse fazendo festa no quarto e despertasse Lean.Ao ouvir o barulho da porta se abrindo, moveu a atenção para Guilherme, o pai dele e as primas entrando no quarto, se esforçando para não fazer nenhum barulho que acordasse a bebê.Depois de parabenizarem a mãe, sempre mantendo o tom de voz baixo, os Perez se voltaram para o berço colocado ao lado da cama de Tábata.— Meu Deus, ela é tão pequenininha! — Paulina exclamou baixinho ao se aproximar do bercinho. — E tão lindinha! — complementou Paola, que parou ao lado da irmã, colocando as mãos na boca para conter a vontade de soltar um grito de admiração. — Olha esse rostinho... Parece uma bonequinha. Pedro Perez sorriu
O motor da Ford Ranger cessou quando Guilherme estacionou na garagem. Tábata desceu cuidadosamente, Lean aninhada em seus braços, enquanto ele seguia logo atrás, carregando a malinha da bebê. Rapidamente, ele abriu a porta de acesso, deixando-a passar na frente, olhando para ambas com carinho após trancar a casa.— Bem-vindas ao lar, meu amores — disse ele, a voz cheia de ternura e baixa para não acordar a bebê, que dormiu durante o caminho.Tábata sorriu, o coração aquecido pelas palavras dele. Caminhou lentamente pela sala, embalando Lean, que soltava sons suaves em seu sono.Ele se aproximou, colocando a mão livre nas costas dela, acompanhando-a pelo corredor até o quartinho preparado para a bebê. Ao chegar à porta, ajeitou a malinha em uma mão e, com a outra abriu o quarto para as duas.Caminharam até o berço, ond
A luz suave da manhã entrava pelas cortinas semiabertas do quarto da bebê, iluminando o rosto sereno de Tábata sentada na poltrona embalando Lean. Guilherme apareceu na porta com um sorriso tranquilo.— Hora do revezamento, amor — disse ele, aproximando-se e estendendo os braços.Tábata sorriu, aliviada. Entregar a bebê para Guilherme tinha se tornado uma parte natural de sua rotina. Ele sempre soube o momento certo de intervir, fosse para ela descansar ou apenas respirar.— Troquei a fralda e amamentei — informou ela, entregando Lean com delicadeza. — Ela está quase cochilando — contou encantada pela filha.— Vá tomar seu café da manhã — ele comandou baixinho, aconchegando a bebê. — E nada de reclamar. Já deixei a mesa pronta — declarou ele lhe dando um beijo breve e suave que a fez sorrir.Ela balanço
O som característico do elevador atraiu o interesse parcial das recepcionistas do escritório Ramos Advogados Associados, acostumadas ao abrir e fechar das portas metálicas, mas, assim que perceberam quem chegou, ambas se ergueram como se movidas por molas. Depois de quase dois meses sem aparecer no escritório, Guilherme estava ali, lançando um cumprimento rápido as duas e caminhando com passos largos para dentro do escritório.Sua presença inesperada despertou imediata curiosidade conforme andava em direção as salas de reunião, recebendo cumprimentos cordiais dos colegas.— Olha quem decidiu dar o ar da graça! — exclamou Julian Carelli provocador, lançando um braço em volta de seus ombros, com isso parando-o antes que chegasse ao destino. — Achei que tinha se esquecido como era trabalhar com esses humildes colegas.— Tenho uma reunião marcada com um cliente — Guilherme disse se desfazendo do abraço, mas não seguindo para dentro da sala que reservou dias antes.— Ora, ora, o nosso pai
Levando todos para dentro, Tábata ofereceu bebidas e foi para a cozinha buscar suco e alguns biscoitos para os visitantes.As amigas seguiram direto para Lean, encantadas com os pequenos movimentos da bebê e seu olhar curioso.— Nossa sobrinha é a coisa mais fofucha do mundo — soltou Maya, buscando um chocalho colorido da bolsa que comprou para a bebê. — Olha o que a titia comprou pra bebê mais linda do mundo!Balançou o brinquedo na frente de Lean, que soltava sons babados que arrancaram suspiros e risadinhas fascinadas das amigas de sua mãe.Depois de uma olhadinha na bebê, Tomás foi atrás da irmã, que abria e fechava armários atrás de potes para colocar os biscoitos amanteigados que pegou no armário.— Finalmente conseguiu escapar da mãe pra vir me ver — Taby comemorou olhando sorridente para o tenso irmão.— Mais ou menos... — ele murmurou lançando um olhar para as amigas da irmã.— Como assim? — Taby questionou, parando de arrumar a bandeja que levaria para a sala, para encarar o
Era como um pequeno pedaço do céu, Tábata concluiu abraçando cuidadosa o embrulho com a sua filha para oferecer o peito. Lean abocanhou com gosto, dando sugadas vigorosas, levando um sorriso doce aos lábios de sua mãe.Guilherme escolheu esse momento para entrar no quarto. Parou no vão da porta por um segundo, os olhos claros observando-as.Tábata sentiu as bochechas esquentarem, por estar com o seio à mostra, porém logo a vergonha sumiu, pois, além daquele momento ser especial entre ela e sua bebê, Guilherme as olhava com nada além de admiração e encantamento.Ele se aproximou carregando uma caixa de bombons e um ursinho. Depois de colocar os objetos na cômoda perto do berço, limpou a garganta e apontou para o doce e a pelúcia com laço amarelo no pescoço.— Comprei para vocês.— Lean vai amar.
Depois de tomar um banho e se preparar mentalmente, Tábata foi para a sala com Lean, deixando a bebê dormindo tranquilamente no moisés ao lado do sofá. O som de panelas na cozinha ecoava enquanto Guilherme preparava o jantar, de tempos em tempos lançando olhares zelosos na direção de Tábata. Sentada no sofá, com o celular nas mãos, seus dedos pairavam hesitantes sobre a tela antes de enviar a mensagem ao irmão. "Não posso ir. Lean ainda é muito pequena, mas vocês podem me visitar ou ligar quando quiserem.”Pronto! Respirou fundo, pressionou enviar e pousou o celular sobre a almofada ao lado. Mal teve tempo de relaxar antes de o aparelho começar a vibrar. O nome "Mãe" piscava na tela.— Ai, não, não... — murmurou fechando os olhos por um instante antes de atender com relutância. — Alô? Do outro lado da linha, a voz de Agnes soou afiada como uma faca. — Que história é essa, Tábata? Seu pai está doente, estamos falindo e você se recusa a nos ver? — Lean tem só dois meses e precisa d