O mundo de Tábata parou e aflita apertou Lean contra si, querendo proteger ambas dos desejos egoístas daquele homem. Guilherme deu um passo à frente, a expressão endurecida, os punhos fechados e o olhar carregado fixo em Mateus. — Você nunca quis assumir a paternidade. Até me pediu para Taby tirar a bebê. Por que isso agora? — questionou Guilherme, firme e acusador. — As circunstâncias mudaram. — Mateus deu de ombros. — Estou casado a mais de cinco anos e minha esposa não pode ter filhos. Assim que tiver a prova de que o problema não está em mim, levarei a menina para ser criada ao meu lado — disse encarando Tábata com um semblante frio. — Pode morar na casa que providenciarei por perto, assim poderá vê-la de vez em quando. Ou, se preferir, pode trabalhar como empregada na minha casa. É bom que ela tenha contato com a mãe biológica. O choque fez o sangue de Tábata gelar. Apertou Lean ainda mais contra si, protegendo-a instintivamente. Guilherme, ao seu lado, tinha a expressão endur
As súplicas de Tábata logo foram atendidas. O sedan que trazia Paulina todo dia estacionou, de dentro saiu a prima de Guilherme acompanhada pelo motorista, Simon, que correu para apartar a briga. Um dos vizinhos, um homem corpulento com uma expressão alarmada, se juntou ao Salvatore. Com esforço, conseguiram separar os dois. Simon segurando Mateus, o vizinho puxando Guilherme.Mateus ainda tentava avançar, mas o Simon o segurava firme.— Já chega! Não é assim que se resolve as coisas! — repreendeu, comentando friamente: — E sou amigo da outra parte, então é melhor se acalmar.Mais pessoas surgiram das casas, curiosas e preocupadas com o pandemônio no meio da rua. Paulina foi para junto de Tábata, que apertava uma chorosa Lean contra o peito.— Suma da minha frente, cretino — urrou Guilherme, ainda sendo contido pelo vizinho. — Nunca mais
Decidido a impedir que tirassem de Tábata a guarda da filha, assim que chegou no trabalho, armado com a documentação entregue por Mateus, Guilherme procurou a melhor advogada do Direito da Família do escritório Ramos Advogados Associados.Bateu na porta do escritório de Sara Lopes, aguardando a advogada permitir sua entrada.— Guilherme, que surpresa! — Sara o recebeu com um sorriso profissional, organizando alguns papéis em sua mesa.— Bom dia, Sara. Desculpe aparecer sem avisar, mas preciso da sua ajuda. É sobre um caso de guarda.Ela apontou a cadeira a sua frente. — Fique a vontade e me diga do que se trata.Guilherme sentou-se e inspirou profundamente antes de falar:— É para a minha namorada — iniciou gostando de poder enfim usar o termo sem pesar se chegaria aos ouvidos de seus parentes. — Ela foi notificada hoje de manhã pelo ex, que ameaçou pedir a guarda exclusiva da filha dela se for provado a paternidade.Entregou para a colega o documento analisar. Sara colocou seu óculo
Entregue aos beijos, Tábata se deixou deitar na cama, o corpo dele contra o seu, a paixão fremente circulando quente por suas veias. Sentindo os lábios formigando e ansiosos ao fim de outro beijo apaixonado, resmungou quando Guilherme recuou levemente, os olhos âmbar fixos nos dela. O quarto estava silencioso, exceto pelo som abafado da respiração acelerada de ambos. Ele segurou suas mãos acima da cabeça, entrelaçando os dedos nos dela.— Eu te amo, Taby — disse suave, inclinando-se para pousar um beijo em seu pescoço. — Você e Lean são tudo o que eu quero na minha vida. Quero levar nossa relação a sério, cuidar de vocês. — Ergueu o rosto, um brilho frágil reluzindo nas íris douradas. — Por isso, se você permitir, quero assumir Lean como minha filha diante de todos a partir de hoje.Tábata arregalou os olhos, o coração martelando no peito. As palavras dele eram tão intensas, tão inesperadas, que a deixaram momentaneamente sem fala.— Gui... — começou, a voz quase um sussurro. — Tem ce
Na manhã seguinte, para surpresa das recepcionistas do escritório Ramos Advogados Associados, Guilherme saiu do elevador carregando uma miúda bebê, nos ombros uma bolsa cor-de-rosa e ao seu lado uma mulher pequena de preocupados olhos amendoados, os dedos apertando nervosamente a alça da valise dele.Assim que caminharam em direção as portas de vidro que separavam a recepção do escritório, Mila e Vanessa, as duas recepcionistas, interromperam a conversa para olhar na direção deles.— Ah, meu Deus! São elas! — Vanessa exclamou, os olhos brilhando diante da mais nova fofoca para o almoço, provavelmente da semana toda.Foi impossível prosseguir com ambas acenando e pedindo para eles se aproximarem do balcão.— Ela é ainda mais fofa do que nas fotos! — Mila comentou, apoiando o queixo nas mãos enquanto sorria para o bebê.— Fotos? — Tábata perguntou, olhando de Guilherme para as recepcionistas. — Ah, sim! Ele nos mostrou várias fotos de vocês — Vanessa contou animada. — No celular, na te
Antes de Tábata voltar para casa, segurando Lean no colo, ao sair da sala de seu colega, Guilherme levou ambas em direção à própria.O ambiente do escritório parecia fluir em sua habitual movimentação: Papéis espalhados sobre as mesas, teclados soando, o barulho da impressora ecoando e o burburinho pairando no ar. Porém, conforme prosseguiam, papéis eram esquecidos, teclas paravam de ser pressionadas, a impressora foi desligada e o burburinho diminuiu.Guilherme compreendia a curiosidade dos colegas, e agradecia a discrição.— Ora, ora, Perez. Decidiu trazer a família para a firma? — Guilherme inspirou fundo ao reconhecer a voz inconfundível de Julian Carelli. O colega barrou a passagem, no sorriso e olhar uma mistura de curiosidade e provocação. — Então essas são as mulheres que laçaram o grande Guilherme Perez? Não vai nos apresentar?Tábata mordeu o lábio, rindo baixinho, enquanto Guilherme revirou os olhos com exasperação. Julian adorava qualquer oportunidade de provocá-lo. No ent
Guilherme e Tábata caminharam lado a lado em direção ao estacionamento do prédio do escritório Ramos Advogados Associados. Ela segurava a filha contra o peito, embalando-a, acalmando os próprios nervos após a cena que a ex dele causou.— Você está bem? — ele perguntou ao chegarem ao veículo.Ela respirou fundo, tentando controlar-se para não acabar transmitindo seus sentimentos à bebê.— Estou bem. Mas confesso que ela me assusta — confessou olhando para baixo, como se o ato de admitir em voz alta a tornasse mais vulnerável.Girando-a distraidamente entre os dedos a chave da caminhonete, Guilherme a observou com mais atenção.— A Simone não é perigosa, só voluntariosa — disse para tranquilizá-la. No entanto, não foi suficiente para convencê-la.— Não sei. — Tábata balançou a cabeça, tentando organizar os pensamentos. — Ela parece descontrolada às vezes. Sempre tão intensa, lançando ameaças e hoje... ela está claramente perto de explodir a qualquer momento.Chegando ao veículo, Guilh
O silêncio preenchia o quarto, quebrado apenas pela respiração suave de Lean no berço. Tábata ajeitou o cobertor delicadamente, um gesto quase ritualístico, enquanto Guilherme observava da porta. A luz amena do abajur iluminava os traços serenos da bebê, e, por um momento, tudo parecia perfeito e sem as complicações ameaçando a paz de ambas. Depois de ligar a babá eletrônica, afastou-se devagar, fazendo o mínimo barulho possível para não despertá-la, deixando a porta entreaberta.No corredor, Guilherme a envolveu a cintura de Tábata por trás, pousando o queixo em seu ombro ao seguirem vagarosamente em direção ao quarto principal. — Amor, o que está te incomodando? — ele perguntou fazendo-a virar o rosto para olhá-lo, a confusão estampada em seus olhos, fazendo-o explicar: — Desde que cheguei está calada, desanimada e distante. Nem mesmo Lean arrancou um sorriso desse seu rosto lindo — complementou beijando-a de leve.Ela desviou o olhar, deslizando os dedos pelo braço mantendo-a cat