As mulheres se voltaram para a recém chegada, algumas com sorrisos abertos, outras com expressões de surpresa. Ela era impossível de ignorar. Tábata reparou imediatamente na mudança de atmosfera nas irmãs Perez. Paulina ficou visivelmente tensa, baixando os olhos, enquanto Paola, que até então estava alegre e despreocupada, franziu a testa, visivelmente irritada.Precisando fazer algo, e saber mais daquela mulher, Tábata levantou a mão de forma hesitante.Olhos podiam perfurar alguém? Os daquela mulher pareciam capazes de tal feito conforme ela se aproximava de Taby, encarando-a como uma fera pronta para atacar.— Ah, finalmente! — disse a mulher, pousando as mãos delicadas na mesa entre elas. Seu sorriso se transformou em algo levemente esquisito ao comentar: — Estou tão feliz em conhecer a mulher que o meu noivo abrigou!Tábata piscou, confusa, dominada pela desagradável sensação de déjà vu[1].— Noivo? — perguntou franzindo as sobrancelhas.— Sim, meu noivo: Guilherme Perez — a loi
Acostumada a ser alvo de desaprovação e comentários depreciativos, não se deixando abalar, Tábata devolveu serena:— Ah, não se preocupe com quem é o pai da minha filha. Garanto que ela terá tudo o que precisar. — Um sorriso sutil de determinação surgiu em seus lábios ao acrescentar mordaz: — Incluindo o carinho e cuidado do Guilherme.— E com o meu também — Paulina anunciou de repente, surpreendendo os demais, pois costumava não se envolver em discussões.— De todos os Perez — Paola concordou lançando um olhar desafiador para Simone.— E o nosso! — se incluíram as amigas de Taby.Tábata sorriu para todas, agradecida pelo apoio.A sala se encheu com murmúrios e olhares entre as convidadas. Alguns rostos exibiam surpresa, outros um sutil desconforto.Simone, no entanto, parecia imune ao mal-estar que causava. Ela continuou a sorrir, como se estivesse completamente no controle da situação. Para Tábata, cada segundo ao lado dela parecia uma eternidade, e até o simples ato de respirar o m
Tábata virou-se para se despedir de Mirela e as primas dele.— Obrigada por tudo, dona Mirela. — Tábata disse abraçando a Salvatore. — Foi tudo perfeito e bonito.— Imagina, querida.Paola deu um abraço apertado em Tábata, enquanto Paulina acenou discretamente, observando-a se afastar com Guilherme em direção ao carro.Dirigindo calmamente pelas ruas iluminadas artificialmente, Guilherme lançou um rápido olhar para Tábata, que olhava para a janela, quieta e absorta. Não era o comportamento animado que ele esperava após um evento como aquele.— Como foi o chá de bebê? — perguntou quebrando o silêncio.Tábata demorou alguns segundos para responder. Quando finalmente falou, sua voz era baixa e estranhamente desanimada.— Foi bom... Ganhei muita coisa para a bebê. Não precisarei me preocupar com fraldas tão cedo — comentou com um sorriso fraco.Logo depois, voltou a se calar, acariciando distraidamente a barriga arredondada, o olhar fixo novamente na janela, como se a paisagem noturna fos
Ao contrário do beijo acidental de tempos atrás, em que ele se afastou rapidamente como no passado, aquele foi diferente. Guilherme encaixou a mão na nuca dela, puxando-a para mais perto, a língua escorregando por entre os lábios macios.Amargando duas frustrantes tentativas dez anos atrás, Taby sonhou com aquele momento diversas vezes, mas nada a preparou para o sabor e paixão dos beijos dele.O beijo foi intenso, apaixonado, e seus corações batiam em ritmo acelerado. A língua de Guilherme explorou a boca de Tábata, que o recebia e correspondia sem reservas.O mundo ao redor desapareceu. Ela passou as mãos ao redor do pescoço dele, se mantendo nas pontas dos pés, gemendo contra os lábios beijando-a com voracidade.— Taby... — chamou entre beijos, a voz rouca e cheia de algo que ela não conseguiu definir.Guilherme aprofundou o beijo, inclinando-se levemente para acomodar o corpo menor dela contra o seu. O perfume amadeirado dele a envolvia, fazendo os bicos de seus seios endurecer co
— O que você quer dizer? — Guilherme questionou, duvidando da resposta que lhe vinha à mente.Ela hesitou por um momento, mas então soltou as palavras de uma vez. — É uma cama grande. E, francamente, seria mais confortável do que você dormir espremido do sofá. Houve um instante de completo silêncio. Guilherme ficou parado, encarando-a, em uma mão um prato ensaboado e na outra a esponja, tentando processar o que ela havia acabado de dizer. — Dividir a cama? — repetiu, incapaz de manter a mente fria e a analítica que o tornou conhecido em sua área, precisando confirmar que tinha ouvido direito. Tábata corou violentamente, mas manteve o queixo erguido e a voz firme. — Não faz sentido você dormir no sofá e ir trabalhar todo quebrado de manhã.— Tábata, não sei se isso seria... apropriado — indicou desconfortável com a ideia. Ela revirou os olhos, optando por adotar um ar brincalhão na esperança de diminuir o constrangimento. — Gui, somos adultos. E você tem sido incrível comigo e
Na copa do escritório Ramos Advogados Associado, Mila, a recepcionista, e Zuleide, a copeira, conversavam enquanto a primeira esquentava o almoço. Ignoraram a presença de Simone, que entrou silenciosamente e estava de costas para elas, enchendo um copo de plástico no bebedouro.— Você viu que o doutor Guilherme saiu mais cedo hoje? — comentou Zuleide, observando Mila pegar sua marmita. — Vi, sim! Ele foi participar de um curso para casais grávidos. — Mila deu um sorriso largo. — Com certeza deve estar muito apaixonado. Meu marido não quis me ajudar em nada na criação dos nossos filhos, nem mesmo nos primeiros dias — Zuleide queixou-se.— Ah, o senhor Guilherme é todo certinho, com certeza pretende ser um pai exemplar. Simone parou de encher o copo, as mãos tensas amassando o copo, os nós dos dedos embranquecendo. O sangue fervia em suas veias diante dos comentários. "Casais grávidos. Apaixonado. Pai exemplar". Era como se cada palavra fosse uma facada em seu orgulho.Irada, bateu o
Sentada em sua luxuosa cadeira de couro, em frente à mesa impecavelmente organizada de seu escritório, Simone tamborilava as unhas longas e bem cuidadas no tampo de madeira. Seu olhar pairava na tela de seu notebook, os pensamentos longes. Nem tão longe assim, concluiu franzindo o cenho, as íris azuladas se movendo para a parede, pensando no homem do outro lado. A frieza e desprezo atual de Guilherme tornou-se um espinho cravado em sua vaidade. Sensação piorada pelas saídas dele para acudir a “amiga” que todos no escritório achavam estar grávida dele.O toque intermitente do interfone tirou-a de seus devaneios.— O que foi? — perguntou, apertando o botão de contato com a recepção com impaciência.— Doutora Simone, o diretor da Saadi S/A, senhor Pierre Franklin Renoir, está aqui e pediu para falar com você.— Pierre Franklin Renoir? — repetiu lentamente, o cenho franzido. — Mande-o subir — decidiu antes de desligar o interfone e ajeitar o
Deslizando as mãos pelo vestido simples que usava, caminhou até o portão com passos hesitantes, parando próximo o suficiente para conversarem, mas sem intenção de abri-lo.— Posso ajudá-la? — perguntou, tentando soar neutra e não transparecer seu nervosismo.Simone Muller ergueu o rosto com um sorriso calculado, os olhos azuis analisando cada detalhe de Tábata através das grades do portão.— Boa tarde, Tábata. — Sua voz era doce, porém, carregando um tom que fazia Tábata se sentir pequena. — Posso entrar?— Guilherne está no trabalho — indicou, imaginando que a outra estava à procura dele.Simone inclinou levemente a cabeça.— Eu sei. Trabalhamos no mesmo escritório — disse com um ar casual, mas seus olhos cintilaram ao identificar a surpresa no rosto d