Cinco anos em que estávamos vivendo tudo na mais santa paz. Nossa alcateia já tinha vivido muitos ataques no passado, e foi pensando em proteger as pessoas que amávamos que Ian e eu tomamos a decisão de unificar nossas alcateias. Não haveria um líder maior, pois cada uma continuaria cuidando dos seus. Só que, no momento em que precisássemos da ajuda um do outro, a assistência seria fornecida sem nem pensar duas vezes. A união dos nossos povos foi para manter Tamara e Ravenna mais unidas, pois, com a mudança de Ravenna para a alcateia de Ian, as meninas que ficaram mostraram tristeza por não terem mais a amiga ruiva entre elas. Quando os homens se uniam, nós as chamávamos pela cor dos cabelos. Tamara era a castanha, Rosana era a preta, Ravenna a ruiva e Elisabeth era a loira. Colocamos esses apelidos, pois achávamos incrível que, no grupo de quatro mulheres, não havia nenhum cabelo da mesma cor ou até mesmo o mesmo modelo de cabelo. Tamara tinha o cabelo liso com as pontas onduladas. R
Na minha alcateia e em muitas outras das quais já ouvimos falar, os lobos eram reconhecidos por sua classe. Existem aquelas mais respeitadas, que são os alfas e seus braços direitos; e há as que ninguém se importa, os ômegas. Eu nasci em uma família que se considerava o braço direito dos alfas. Cada membro da minha família era considerado importante na alcateia. Eu também era um dos membros importantes, até o fatídico dia em que perdi a minha irmã e fui culpada pela sua morte. Desde então, lembrar daquele dia não é fácil, não quando sua irmã também era sua melhor amiga e a mulher que o futuro alfa da alcateia mais amava. — -—-—-—-—-—-—-—-—-—- Eu me chamo Tamara Marinho, faço parte de uma família de betas e, além de mim, meus pais tiveram mais dois filhos. Talita nasceu no mesmo dia e hora que eu; a diferença é de apenas uns 10 minutos. Éramos as únicas gêmeas da alcateia. Túlio, meu irmão mais velho, dizia para nós que, assim que nascemos, muitos dos velhos da alcateia se espantar
Enquanto minha irmã se aproximava do seu namorado, que também se revelou ser meu companheiro, percebi que, por mais que fôssemos tão idênticas, algo nos tornava tão diferentes. Talita caminhava cheia de graça; até a forma como ela sorria diferia da minha. Minha irmã chegou perto de Jonathan e o abraçou. Senti uma vibração dentro de mim, mas foi o oposto do que senti ao ouvi-lo me chamando de companheira. — O que está acontecendo aqui? — Ela olhou para nós dois. — Maninha, eu não te vi durante a festa. Onde você estava? — Vim ver se o Eliot estava por aqui, mas não o encontrei. — Jonathan rosnou novamente. — O que você tem, Jonathan? — Talita olhou para ele, o questionando. — Infelizmente, é ela! — Ele me olhou com ódio nos olhos. — O que tem minha irmã? — Talita questionou, mas ao ver como ele estava me olhando, teve logo sua resposta. — Sua companheira é a minha irmãzinha? — Nunca gostei de ouvir ela me chamando daquela forma. — E agora, o que vamos fazer? — Seu choro aument
Ainda agarrada à minha irmã, eu concordei com a pergunta que Jonathan me fez. Voltei à minha forma humana, me agarrei ao corpo da minha irmã e balancei a cabeça, concordando. Eu fui a única culpada pela morte de Talita, minha irmã gêmea. O que seria de mim sem minha outra metade? Senti alguém me cobrindo e, pelo carinho e pela voz, percebi que era meu irmão. — Vem, Tamara, deixem levar o corpo de Talita. Vou te levar para casa. — Ouvi meu irmão chorando, e meus pais também, o que rasgou ainda mais minha alma. — Ela não vai a nenhum lugar que não seja a cela da prisão. — O namorado de minha irmã falou. — Jonathan, minha irmã não é esse monstro que você está pensando. Elas se amavam, eram carne e unha. — Mas ele teve um motivo bem mais forte para matar a minha namorada. — Só então percebi que ele também chorava pela morte da minha irmã. — E qual motivo seria esse, meu filho? — Creio que a voz que ouvimos era do alfa Joel. Eu estava tão destruída que não conseguia olhar para nin
— Que intimidade é essa? — A porta da cela se abriu e, aos poucos, a pequena sala se encheu. O guarda que tinha se tornado meu amigo naqueles meses, e, devido aos seus cuidados, eu ainda conseguia me manter viva, se levantou devagar, me ajudando a apoiar as costas na parede. Por mais que eu estivesse sentada na cama, não tinha forças para ficar reta. — Quando aplicamos a dose de Wolfsabe nela, a menina fica sem forças. O que o alfa viu foi só um cuidado paternal; ela lembra muito minha irmã. — Jonathan não deixou ele terminar e pediu para ele calar a boca. — Sim, Alfa. — Ele virou o rosto para mim e pediu desculpas, se afastando da cama. — Acenda a luz dessa sala. E que fedor é esse? — Jonathan falou novamente. — Desculpe, meu alfa, mas todos os prisioneiros só têm direito a um banho por semana. — Foi a vez do meu amigo guarda responder. — Como vocês podem tratar minha irmã dessa forma? — A voz de Túlio me fez levantar a cabeça e olhar para ele. Meu irmão sorriu e piscou o olho
No dia seguinte à visita do alfa e de seus aliados em minha cela, eu fui obrigada a tomar um banho em uma água muito gelada. Ainda estava fraca pela dose de Wolfsabe que aplicaram em minhas veias na noite anterior. Meus lábios tremiam violentamente devido ao choque do frio da água com meu corpo; não conhecia nenhum lobo que aguentaria banhar-se em uma água tão gelada, mas tinha certeza de que não era aquela água que iria me matar. Antes de entrar no banho, eu peguei a tesoura que um dos guardas me deu e a levei para o banheiro. Cortei minhas unhas como realmente havia falado que faria e, ao passar as mãos pelos meus cabelos, separei mechas por mechas e as cortei. Nunca tinha cortado o cabelo curto, mas o cabelo comprido me lembrava de Talita e me deixava igual a ela. Eu não tinha o direito de morrer parecida com ela, então mudei meu cabelo; pelo menos assim estaria um pouco diferente. Dois guardas agarraram meus braços, um de cada lado, e me levaram para o local onde aconteceria meu
— Você não pode estar falando sério? — Jonathan perguntou, e eu disse que estava falando muito sério. — Você sabe que se desligar da alcateia é ter que se desligar de todos nela? — Eu olhei para Eliot e Túlio, que pediam para eu reconsiderar, mas eu já tinha decidido. — Desculpe. — Falei, olhando para eles. Virei meu rosto para Jonathan e disse: — Eu, Talita Marinho, quebrou agora. — Filha, não faça isso. — Meu pai pediu, vindo em minha direção. — Foi tudo um mal-entendido, não me faça perder outra filha. — Eu não sou sua filha. Pode pensar que tuas duas filhas morreram pelas mãos daquele desgraçado naquela noite, na floresta. — Apontei para o homem no chão, levantei minha cabeça novamente e mirei meus olhos em Jonathan. — Tamara, pense bem. — Jonathan falou, vindo em minha direção. — Você não pode tomar uma decisão tão séria de cabeça quente. — Ele tentou colocar as mãos em meus ombros, mas eu me afastei. — Eu, Tamara Marinho, com o poder e a misericórdia da deusa Selene, qu
Eu me via como um homem feito de concreto; não havia suavidade em mim ou no meu jeito de ser. Gostava de ter tudo em ordem; se algo saísse fora do planejado, eu enlouquecia. É por esse motivo de gostar de ter tudo em ordem que não gostei de saber que minha companheira era outra e não minha namorada Talita. Eu conhecia todos da família Marinha, sabia que Talita era gêmea, mas nunca tinha visto Tamara de perto; ela sempre foi bem reservada, nunca gostou de sair de casa, o que era o oposto de Talita, que sempre amou estar em lugares cheios. Foi assim que fiquei encantado por ela e pedi-a em namoro. — Você me ama? — Ela perguntou no momento em que a pedi em namoro. — Não, eu nunca amei ninguém, mas, pelo que vejo, não há ninguém melhor do que você para governar a alcateia ao meu lado. — E se, após eu aceitar ser sua namorada, você encontrar sua companheira? — Se ela for alguém de quem eu não me agradar, eu a rejeito, pois você tem tudo para ser minha companheira e tenho certeza de