Eu estava nos últimos degraus da escada, esperando minha mulher sair do quarto. Era a noite do seu aniversário. Minha mãe tinha convidado muitas pessoas, pois a casa e todo o jardim estavam lotados. Eu não tinha visto mais a Tamara após a nossa corrida na floresta; parecia que era até o dia do nosso casamento, quando eu não podia ver a noiva. Eu já estava começando a ficar ansioso, pois fazia meses que não ficávamos tão longe um do outro. Minha bonequinha estava em meus braços, babando toda a manga da minha camisa social. Ela balbuciava algumas palavras que só outro bebê poderia entender.— Alfa? — A avó de Tamara tocou em meus ombros.— Já pedi para a senhora me chamar pelo nome; afinal, eu também me tornei seu neto.— É costume, meu filho, porém eu prometo que tentarei lhe chamar pelo nome, assim como chamei meus netos.— Muito bem. — Sua mão continuou no lado esquerdo do meu ombro. — Como posso lhe ajudar?— Vim pegar minha bisneta. — Ela olhou para cima do meu ombro. — Eu cuidarei
O dia foi uma correria só. Após chegar à casa da alcateia, eu não saí do meu quarto até a hora da festa. Minha sogra não mentiu quando disse que eu teria um dia de princesa e que eu não precisaria fazer nada, nem mesmo me levantar para beber um copo de água, e ela realmente cumpriu o que prometeu. Passei a tarde com minha tia, minha amiga, minha cunhada e Ravenna. Nos arrumamos juntas, e elas me ajudaram a cuidar de Maitê, se bem que minha menina quase não dá trabalho; ela é uma bebezinha maravilhosa, só reclama quando está suja ou quando está com fome. Fiquei feliz em ver minha tia se dando bem no nosso meio, se bem que, tendo Rosana em uma sala, era impossível uma pessoa não se sentir bem. Minha amiga conseguia transformar qualquer ambiente; eu via como as pessoas ao meu redor eram apaixonadas por ela. Ravenna conseguiu conquistar o coração da minha tia. Elas conversavam muito; minha tia disse que, se Ravenna não fosse a mulher de Ian, ela adoraria tê-la como nora.— Que Ian não te
Eu estava em cima de um palco, mesmo com os olhos em lágrimas, conseguia rir, pois nas cadeiras da frente estavam as pessoas que lutaram junto comigo para que aquele dia pudesse se realizar. Cada um me ajudou da forma que pôde. Jonathan continuou sendo um ótimo marido. Sim, nós nos casamos um mês depois do seu pedido; foi uma cerimônia pequena. Eu sempre quis me casar em uma cerimônia íntima, onde estivessem apenas as nossas famílias e, mesmo contra a vontade, minha sogra aceitou e conseguiu deixar tudo maravilhosamente lindo. Foi um dia muito emocionante, em que eu e meu companheiro nos tornamos um, de acordo com a lei da nossa alcateia. No mesmo dia do casamento, houve a coroação de Jonathan e a minha, nos tornando alfa e lua da alcateia da Lua Vermelha. A primeira mudança que Jonathan fez como alfa coroado foi unir nossa alcateia com a de Ian. Os dois conversaram muito sobre isso; eles conversaram com seus pais e os quatro decidiram unir as alcateias.Falando em Ian, ele também cas
Cinco anos em que estávamos vivendo tudo na mais santa paz. Nossa alcateia já tinha vivido muitos ataques no passado, e foi pensando em proteger as pessoas que amávamos que Ian e eu tomamos a decisão de unificar nossas alcateias. Não haveria um líder maior, pois cada uma continuaria cuidando dos seus. Só que, no momento em que precisássemos da ajuda um do outro, a assistência seria fornecida sem nem pensar duas vezes. A união dos nossos povos foi para manter Tamara e Ravenna mais unidas, pois, com a mudança de Ravenna para a alcateia de Ian, as meninas que ficaram mostraram tristeza por não terem mais a amiga ruiva entre elas. Quando os homens se uniam, nós as chamávamos pela cor dos cabelos. Tamara era a castanha, Rosana era a preta, Ravenna a ruiva e Elisabeth era a loira. Colocamos esses apelidos, pois achávamos incrível que, no grupo de quatro mulheres, não havia nenhum cabelo da mesma cor ou até mesmo o mesmo modelo de cabelo. Tamara tinha o cabelo liso com as pontas onduladas. R
Na minha alcateia e em muitas outras das quais já ouvimos falar, os lobos eram reconhecidos por sua classe. Existem aquelas mais respeitadas, que são os alfas e seus braços direitos; e há as que ninguém se importa, os ômegas. Eu nasci em uma família que se considerava o braço direito dos alfas. Cada membro da minha família era considerado importante na alcateia. Eu também era um dos membros importantes, até o fatídico dia em que perdi a minha irmã e fui culpada pela sua morte. Desde então, lembrar daquele dia não é fácil, não quando sua irmã também era sua melhor amiga e a mulher que o futuro alfa da alcateia mais amava. — -—-—-—-—-—-—-—-—-—- Eu me chamo Tamara Marinho, faço parte de uma família de betas e, além de mim, meus pais tiveram mais dois filhos. Talita nasceu no mesmo dia e hora que eu; a diferença é de apenas uns 10 minutos. Éramos as únicas gêmeas da alcateia. Túlio, meu irmão mais velho, dizia para nós que, assim que nascemos, muitos dos velhos da alcateia se espantar
Enquanto minha irmã se aproximava do seu namorado, que também se revelou ser meu companheiro, percebi que, por mais que fôssemos tão idênticas, algo nos tornava tão diferentes. Talita caminhava cheia de graça; até a forma como ela sorria diferia da minha. Minha irmã chegou perto de Jonathan e o abraçou. Senti uma vibração dentro de mim, mas foi o oposto do que senti ao ouvi-lo me chamando de companheira. — O que está acontecendo aqui? — Ela olhou para nós dois. — Maninha, eu não te vi durante a festa. Onde você estava? — Vim ver se o Eliot estava por aqui, mas não o encontrei. — Jonathan rosnou novamente. — O que você tem, Jonathan? — Talita olhou para ele, o questionando. — Infelizmente, é ela! — Ele me olhou com ódio nos olhos. — O que tem minha irmã? — Talita questionou, mas ao ver como ele estava me olhando, teve logo sua resposta. — Sua companheira é a minha irmãzinha? — Nunca gostei de ouvir ela me chamando daquela forma. — E agora, o que vamos fazer? — Seu choro aument
Ainda agarrada à minha irmã, eu concordei com a pergunta que Jonathan me fez. Voltei à minha forma humana, me agarrei ao corpo da minha irmã e balancei a cabeça, concordando. Eu fui a única culpada pela morte de Talita, minha irmã gêmea. O que seria de mim sem minha outra metade? Senti alguém me cobrindo e, pelo carinho e pela voz, percebi que era meu irmão. — Vem, Tamara, deixem levar o corpo de Talita. Vou te levar para casa. — Ouvi meu irmão chorando, e meus pais também, o que rasgou ainda mais minha alma. — Ela não vai a nenhum lugar que não seja a cela da prisão. — O namorado de minha irmã falou. — Jonathan, minha irmã não é esse monstro que você está pensando. Elas se amavam, eram carne e unha. — Mas ele teve um motivo bem mais forte para matar a minha namorada. — Só então percebi que ele também chorava pela morte da minha irmã. — E qual motivo seria esse, meu filho? — Creio que a voz que ouvimos era do alfa Joel. Eu estava tão destruída que não conseguia olhar para nin
— Que intimidade é essa? — A porta da cela se abriu e, aos poucos, a pequena sala se encheu. O guarda que tinha se tornado meu amigo naqueles meses, e, devido aos seus cuidados, eu ainda conseguia me manter viva, se levantou devagar, me ajudando a apoiar as costas na parede. Por mais que eu estivesse sentada na cama, não tinha forças para ficar reta. — Quando aplicamos a dose de Wolfsabe nela, a menina fica sem forças. O que o alfa viu foi só um cuidado paternal; ela lembra muito minha irmã. — Jonathan não deixou ele terminar e pediu para ele calar a boca. — Sim, Alfa. — Ele virou o rosto para mim e pediu desculpas, se afastando da cama. — Acenda a luz dessa sala. E que fedor é esse? — Jonathan falou novamente. — Desculpe, meu alfa, mas todos os prisioneiros só têm direito a um banho por semana. — Foi a vez do meu amigo guarda responder. — Como vocês podem tratar minha irmã dessa forma? — A voz de Túlio me fez levantar a cabeça e olhar para ele. Meu irmão sorriu e piscou o olho