Capítulo 7. Me apaixonei por ela.

Eu me via como um homem feito de concreto; não havia suavidade em mim ou no meu jeito de ser. Gostava de ter tudo em ordem; se algo saísse fora do planejado, eu enlouquecia. É por esse motivo de gostar de ter tudo em ordem que não gostei de saber que minha companheira era outra e não minha namorada Talita. Eu conhecia todos da família Marinha, sabia que Talita era gêmea, mas nunca tinha visto Tamara de perto; ela sempre foi bem reservada, nunca gostou de sair de casa, o que era o oposto de Talita, que sempre amou estar em lugares cheios. Foi assim que fiquei encantado por ela e pedi-a em namoro.

— Você me ama? — Ela perguntou no momento em que a pedi em namoro.

— Não, eu nunca amei ninguém, mas, pelo que vejo, não há ninguém melhor do que você para governar a alcateia ao meu lado.

— E se, após eu aceitar ser sua namorada, você encontrar sua companheira?

— Se ela for alguém de quem eu não me agradar, eu a rejeito, pois você tem tudo para ser minha companheira e tenho certeza de que Selene não rejeitará um pedido nosso.

— Eu aceito, pois você também sempre chamou minha atenção, mas, se você encontrar sua companheira e desejar ter uma vida ao seu lado, eu irei aceitar sem nem questionar.

Naquele momento, tivemos nosso primeiro beijo. Pensei que sentiria pelo menos meu estômago revirar, mas nada aconteceu. Por um lado, achei bom não sentir nada com o beijo de Talita, pois só assim eu ainda teria controle da minha vida, sem nenhum sentimento me governando. Marcamos um jantar para ela me apresentar à sua família. Eu já tinha certeza de que eles gostariam de saber que eu estava namorando sua filha, pois eu era o seu alfa, e todas as famílias da minha alcateia que tinham uma filha me desejavam como genro.

Meu melhor amigo Túlio não gostou muito de saber. Ele disse que é contra os lobos se envolverem com alguém sem ter a certeza de que é a sua predestinada, mas eu o convenci a acreditar que Talita era a minha companheira, pois ela tinha todas as qualidades de uma Luna, e não existia outra naquela alcateia que tivesse a beleza e as qualidades que ela tinha. E foi nesse momento que ele me lembrou que existia, sim, na alcateia, uma garota que tinha a mesma beleza de Talita.

— Por um momento, eu até esqueci que Talita era gêmea. — Nós dois estávamos em meu carro a caminho da casa dela. — Você tem certeza de que essa outra garota existe?

— Você acha que minha irmã não existe? — Ele virou o rosto para me encarar. — Por que eu mentiria? Tamara existe e é a melhor pessoa que eu já conheci em toda a minha existência. Apesar de ela e Talita serem idênticas, elas são bem diferentes. — Os olhos do meu beta brilhavam. — Espero que minha garotinha encontre um ótimo companheiro, seja ele lobo, humano ou até mesmo a raça ruim de vampiro.

— Você entregaria sua irmã a um vampiro? — Questionei, sem acreditar.

— Se existisse amor entre eles e ele me prometesse que cuidaria bem dela, eu a entregaria com todo prazer. Tamara sempre foi a esquecida por todos, inclusive pelos meus pais, que só olham para mim e Talita. Então, se um dia ela encontrar alguém que a ame e a priorize, eu farei questão de que ela largue tudo por essa pessoa.

Fiquei tão abismado com o que ele falou que minhas palavras se silenciaram. Por um momento, fiquei curioso sobre essa irmã que fazia os olhos do meu beta brilharem. Ele foi o caminho todo falando de sua família, mas seus olhos só brilhavam quando tocava no nome da gêmea da minha namorada.

Chegamos à frente da casa dele; na mesma hora, meu celular tocou e, como era uma ligação importante, pedi para ir ao escritório do pai de Túlio, e ele me indicou a direção. Atendi a ligação e pedi para a pessoa do outro lado da linha me ligar dali a uns dois minutos. Entrei no escritório do meu sogro e, ao abrir a porta, vi uma escada em frente à estante de livros. Abri a porta devagar para não fazer barulho e a vi no topo da escada; ela admirava os livros, como se estivesse procurando o melhor entre eles. Vi um sorriso se formando no momento em que ela encontrou aquele que queria.

Ela desceu da escada sem nem perceber que havia alguém com ela ali dentro. Seus cabelos, que viviam sempre amarrados, estavam soltos. Ver ela sorrindo, olhando para a capa do livro, fez meu coração acelerar. Quando dei por mim, já estava em sua frente. Algo nela estava diferente naquele momento, mas não consegui resistir; levantei seu rosto e, antes mesmo de Talita saber quem estava à sua frente, eu a beijei. Foi um beijo rápido, porém o que aquele beijo fez em meu corpo foi algo que eu nunca tinha sentido. Sentir frio na barriga, meu coração acelerou; eu abracei sua cintura e vi que ela se encaixava perfeitamente em meus braços, mas ela se afastou de mim.

— Você está louco? — Então minha ficha caiu; eu não tinha beijado Talita, mas sim sua irmã gêmea. Eu realmente deveria estar louco.

Ao perceber meu erro, fiquei sem chão, pois tinha quase certeza de que me apaixonei pela irmã da mulher que eu escolhi para governar minha alcateia ao meu lado.

— Eu sou seu alfa e, nesse momento, eu ordeno que você esqueça tudo que aconteceu aqui. Você irá sair dessa sala e nem lembrará que entrou nela hoje. — Usei meu poder nela. Nunca tinha usado o dom que recebi como presente da deusa Selene; na minha família, todos nasciam com algum dom, mas nem todos da alcateia sabiam, apenas os mais próximos.

A deusa à minha frente balançou a cabeça e caminhou para fora do escritório. Fiquei tentando entender tudo que tinha acontecido ali; eu não acreditava ter beijado minha cunhada, aquela que eu nem mesmo lembrava da existência.

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